Encantado pela sereia do Starbucks - Parte I
Esse é um post que já estava em minha mente há muito tempo e só agora conseguiu ser digitalizado. Nunca fui de visitar lugares "da moda" assim que surgem. Normalmente, costumo esperar muito, muito mesmo, até que aquilo já se estabeleça. Os exemplos são vários, mas o Starbucks é o mais interessante. E o motivo é simples.
Não bebo café. Nunca gostei, nunca vi graça, não acho o sabor interessante e ainda odeio o hálito que ele deixa, sem falar no gosto amargo na boca que implora por uma bala de menta. Café me lembra trabalho. Me lembra patéticas reuniões da minha antiga empresa que levavam horas e raramente eram produtivas. Me remete àquelas pequenas xícaras embebidas com um líquido que ora parecia preto demais, ora aguado demais. Ver minha antiga chefe tomando café era sempre lamentável. Sua boca fazia um bico que só não me incomodava mais que o pequeno barulho de quem está sugando um líquido. Enquanto a reunão seguia, posteriormente, era possível notar as marcas de batom misturadas ao provável gelado resto de bebida. Em suma, imagens e lembranças que sempre foram motivos que me repeliam a um cafezinho e me fazem até hoje ser o único a declarar "só água, por favor" no começo de reuniões (hoje, ao menos, as reuniões são úteis).
Na infância, o interesse também era pouco. Nas raras vezes em que era autorizado a sorver o líquido, o fazia com tanto açúcar que um especialista em café certamente teria um ataque caso visse aquilo. Nunca entendi a razão dessa bebida fazer sucesso por aqui. Em um país tropical, as pessoas deviam tomar água de côco, chá gelado, suco, etc. Não algo quente e que pede açúcar ou adoçante.
A primeira vez que fui a uma loja da Starbucks praticamente não conta. Foi em Miami, em 2006, época em que eu ainda não sabia absolutamente nada sobre a loja ou sobre a histórica bebida energizante. Entrei no local apenas para dizer que entrei, sabe como é isso? Olhei os cardápios, me entreti por alguns segundos e saí de lá apenas com memória suficiente para dizer no Brasil "estive em uma loja da Starbucks".
Foi somente dois anos depois, em 2008, que tudo isso começou a mudar. À época, ganhei de cortesia do meu editor um livro que contava a história da loja. O objetivo do presente era me inspirar para escrever uma nova obra. A minha idéia nunca (ou ainda não) chegou ao papel de fato, mas pelo menos aproveitei para ler o livro - aliás, chamado "A Febre Starbucks", da Matrix Editora (escrito por um gringo, muito legal e bem traduzido).
Conforme avancei nas páginas da obra, comecei a entender um pouco mais sobre o café. O livro traz uma interessante e breve história do grão, desde os tempos antigos, quando o café foi inventado quase sem querer, até chegar, enfim, aos tempos modernos. E, claro, começa a falar dos apreciadores da bebida que moravam em Seattle (terra natal da Starbucks, do Nirvana e do Google), de como eles estavam fartos de beber um café ruim e mal feito e começaram a fazer seus próprios cafés.
Mais: o livro nos apresenta o interessante conceito do terceiro lugar. A idéia de que um café pode ser um terceiro ponto de encontro, além da casa e do trabalho. A Starbucks não foi o primeira nem a criadora da teoria, mas foi quem a popularizou de forma global (a idéia veio mesmo da Itália).
Hoje, os cafés no Brasil ficam cada vez mais populares como já são em diversos países. Um local onde pode-se "jogar conversa fora" e comer algo rápido sem o trabalho de se deslocar até sua residência ou a pressão de um ambiente corporativo. Quer o maior exemplo da popularidade do terceiro lugar? Assista Friends e note como os inseparáveis amigos estão sempre no "Central Perk", um café com clara alusão ao Starbucks.
A globalização na rua de baixo | Ainda não terminei o livro, já que sou meio lento para ler textos longos. Mas, há algum tempo, fui informado de que uma unidade da Starbucks estava se instalando a poucas quadras de casa. Confesso que fiquei perplexo. Justamente naquele momento, em que estava mergulhado na cultura do café de Seattle, uma filial daquela mesma loja do livro estava chegando ali, a poucos metros de meu lar.
Sim, a rede Starbucks tem a tradição histórica de se espalhar como vírus (em Nova Iorque, eles chegam ao ponto de terem duas lojas na mesma esquina, uma de cada lado da rua). Mas tão perto de casa? Não era possível. Tinha de ver isso de perto. E botar à prova tudo que estava lendo no livro sobre como eram criadas as unidades da Starbucks e todos os estudos girando em torno de suas caras bebidas.
E eu fui. Mas isso fica pra outro post (não ficou claro ainda que odeio textos muito grandes?)
Não bebo café. Nunca gostei, nunca vi graça, não acho o sabor interessante e ainda odeio o hálito que ele deixa, sem falar no gosto amargo na boca que implora por uma bala de menta. Café me lembra trabalho. Me lembra patéticas reuniões da minha antiga empresa que levavam horas e raramente eram produtivas. Me remete àquelas pequenas xícaras embebidas com um líquido que ora parecia preto demais, ora aguado demais. Ver minha antiga chefe tomando café era sempre lamentável. Sua boca fazia um bico que só não me incomodava mais que o pequeno barulho de quem está sugando um líquido. Enquanto a reunão seguia, posteriormente, era possível notar as marcas de batom misturadas ao provável gelado resto de bebida. Em suma, imagens e lembranças que sempre foram motivos que me repeliam a um cafezinho e me fazem até hoje ser o único a declarar "só água, por favor" no começo de reuniões (hoje, ao menos, as reuniões são úteis).
Na infância, o interesse também era pouco. Nas raras vezes em que era autorizado a sorver o líquido, o fazia com tanto açúcar que um especialista em café certamente teria um ataque caso visse aquilo. Nunca entendi a razão dessa bebida fazer sucesso por aqui. Em um país tropical, as pessoas deviam tomar água de côco, chá gelado, suco, etc. Não algo quente e que pede açúcar ou adoçante.
A primeira vez que fui a uma loja da Starbucks praticamente não conta. Foi em Miami, em 2006, época em que eu ainda não sabia absolutamente nada sobre a loja ou sobre a histórica bebida energizante. Entrei no local apenas para dizer que entrei, sabe como é isso? Olhei os cardápios, me entreti por alguns segundos e saí de lá apenas com memória suficiente para dizer no Brasil "estive em uma loja da Starbucks".
Foi somente dois anos depois, em 2008, que tudo isso começou a mudar. À época, ganhei de cortesia do meu editor um livro que contava a história da loja. O objetivo do presente era me inspirar para escrever uma nova obra. A minha idéia nunca (ou ainda não) chegou ao papel de fato, mas pelo menos aproveitei para ler o livro - aliás, chamado "A Febre Starbucks", da Matrix Editora (escrito por um gringo, muito legal e bem traduzido).
Conforme avancei nas páginas da obra, comecei a entender um pouco mais sobre o café. O livro traz uma interessante e breve história do grão, desde os tempos antigos, quando o café foi inventado quase sem querer, até chegar, enfim, aos tempos modernos. E, claro, começa a falar dos apreciadores da bebida que moravam em Seattle (terra natal da Starbucks, do Nirvana e do Google), de como eles estavam fartos de beber um café ruim e mal feito e começaram a fazer seus próprios cafés.
Mais: o livro nos apresenta o interessante conceito do terceiro lugar. A idéia de que um café pode ser um terceiro ponto de encontro, além da casa e do trabalho. A Starbucks não foi o primeira nem a criadora da teoria, mas foi quem a popularizou de forma global (a idéia veio mesmo da Itália).
Hoje, os cafés no Brasil ficam cada vez mais populares como já são em diversos países. Um local onde pode-se "jogar conversa fora" e comer algo rápido sem o trabalho de se deslocar até sua residência ou a pressão de um ambiente corporativo. Quer o maior exemplo da popularidade do terceiro lugar? Assista Friends e note como os inseparáveis amigos estão sempre no "Central Perk", um café com clara alusão ao Starbucks.
A globalização na rua de baixo | Ainda não terminei o livro, já que sou meio lento para ler textos longos. Mas, há algum tempo, fui informado de que uma unidade da Starbucks estava se instalando a poucas quadras de casa. Confesso que fiquei perplexo. Justamente naquele momento, em que estava mergulhado na cultura do café de Seattle, uma filial daquela mesma loja do livro estava chegando ali, a poucos metros de meu lar.
Sim, a rede Starbucks tem a tradição histórica de se espalhar como vírus (em Nova Iorque, eles chegam ao ponto de terem duas lojas na mesma esquina, uma de cada lado da rua). Mas tão perto de casa? Não era possível. Tinha de ver isso de perto. E botar à prova tudo que estava lendo no livro sobre como eram criadas as unidades da Starbucks e todos os estudos girando em torno de suas caras bebidas.
E eu fui. Mas isso fica pra outro post (não ficou claro ainda que odeio textos muito grandes?)
5 comentários:
Adorei o texto, um pouco longo - hehehe -, mas muito bom. Bateu a saudade de uma grande amiga que agora mora na Argetina e que sempre a gente ia no Fran´s toma um "café", mas na verdade era so um pretexto para colocar a conversa em dia.
nossa, é mesmo! o central perk é muito parecido com o starbucks hahahaha e eu nunca tinha reparado nisso...
eu tbm não gosto de café mas o frapuccino deles é muito bom (apesar do preço pretensioso).
hehehe, gostei da ironia sobre o texto longo.
E sobre o Central Perk, também passei a reparar muito mais nele depois de ler o livro...
Acho que mais que não gostar de textos longos, você adora fazer um suspense (eu que o diga).
Não sabia desse seu asco por café. Morri de rir com a descrição da sua chefe "sorvendo o líquido"... hahahaha
Saudade sempre.
Várias lembranças sobre a chefe sorvendo o líquido (prrrrrrrr - onomatopéia)
Ao sair do show da Madonna tive a mesma surpresa que vc - Starbucks ali, ao lado do estádio!
Bjão
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