quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Lembranças... achei esse texto, que escrevi quando tinha os meus 15 ou 16 anos... uma época de inocência, em que um beijo era um sonho distante...

Estava frio.
A noite parecia silenciosa, apesar do trânsito e das buzinas. E ela estava na minha frente. Eu ainda não conseguia acreditar muito bem naquilo. Parecia flutuar nas nuvens. Minha barriga estava gelada. Minhas mãos suavam.
Enquanto conversávamos, procurava escolher bem as palavras. As risadas iam ficando mais tímidas. Já não era como antes. Os dois sabiam. Algo estava pra acontecer.
Olhei. Ela também, mas desviou.
Então parei de olhar. Disse já era tarde, melhor eu ir indo, amanhã acordo cedo.
Na porta, ela veio falar comigo de novo. Falou até logo, amanhã nos vemos. Deu um beijo no rosto. Um beijo demorado, que me arrepiou. O beijo demorou-se, então, quase que como em um passe de mágica, os lábios dela tocaram no meu.
Uma sensação indescritível me consumiu. Tremia dos pés à cabeça, enquanto minha mente lutava para assimilar o que acontecia, se era real, e ao mesmo tempo, procurava manter uma seriedade, como se fosse algo previsível para mim. O maldito machismo.
Felizmente, os lábios dela, molhados, me fizeram desprender-me de qualquer prerrogativa. Beijei-a como há muito queria. Toquei seu cabelo com as mãos enquanto nossas bocas se descobriam.
Os olhos, fechados. O coração palpitava, e a preocupação maior naquele momento era que eu conseguisse aproveitar e me lembrar de cada segundo daquele eterno breve momento.
Sabia que iria acabar. E, antes mesmo que o beijo chegasse ao fim, chorei.

A lágrima chegou às nossas bocas e interrompeu o beijo. Seguido de um sorriso misto de excitação e alegria, nos despedimos. Aquele, sabíamos os dois, seria o primeiro, o mais inesquecível e mais belo de uma longa série de beijos apaixonados que estariam por vir.

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