quinta-feira, 22 de abril de 2010

Na mesma


Pra variar chego na sala e aqui não há ninguém. Há uma nuance de angústia no meu ser. O medo de crescer e de notar que esse medo nada muda a não ser a mesmice de mudar merda nenhuma. Me mexo, me machuco, misturo morfina e medicina, nadando em meio a minas de minério novo. Não há meio de mesclar minhas manias com o nada que magnetiza o momento.

Mudei, negando murmúrios e nutrindo um medo nostálgico. Nessa mistura maléfica, ninguém notou que nem meus amigos ou minhas mulheres negaram que eu era mais do mesmo. Nada, nada me mudou. Meses passaram, medos minguaram e mesmo minha mãe neutralizou esse mistério que eu mantinha manhoso.

Na hora que me esmurraram, me rendi, desnorteado. Ah, muito se muda sobre mentiras. Mas, na hora matreira em que o murro é bem no meio, nem mesmo um eunuco não nega o que mentaliza com mantras de nudez. Mientras tanto, minha sala no meio do nada segue na mesma. nada mudou e amanhã me dirijo ao mesmo norte, que tanto machuca, mortifica, mas embriaga e enaltece o meu nó.

Observação do autor: calma, gente. Não é bigráfico. Apenas reconheci que tenho um talento especial em criar textos melancólicos.

domingo, 18 de abril de 2010

Eficiência ou espetáculo?

Parece clichê de início de temporada, mas não é: esse campeonato mostra-se um dos mais equilibrados da Fórmula 1 de todos os tempos. Massa, o líder na última prova, agora não está nem entre os cinco primeiros. Claro, como bem sabemos, muita água (sem trocadilhos) ainda vai rolar após o início da temporada na Europa “séria”, com a próxima etapa, na tradicional Barcelona. A síntese dessa primeira porção do calendário é feira por Fernando Alonso, após a China: “espero uma corrida normal de vez em quando”. Fato. Das quatro corridas que já rolaram este ano na Fórmula 1, todas tiveram fatores climáticos instáveis – alguns na corrida, outros apenas nos treinos, mas que com isso tornaram o grid de largada igualmente atípico.

O telespectador, claro, adora uma boa corrida com chuva – já brincam que os circuitos deveriam ter um sistema de irrigação no asfalto. Mas, para as equipes e pilotos, é um tormento – e isso vai muito além do óbvio fator extra de dificuldade devido às péssimas condições de visão e condução do carro. É ruim mesmo porque o carro e os pilotos não se desenvolvem. E todo o trabalho que é feito nos treinos, com pista seca e sol, de nada serve em verdadeiras loterias molhadas.

Mas a chuva potencializa duas características que se mostram predominantes este ano: o espetáculo e a eficiência. Espetáculo, que pode também ser chamado de Lewis Hamilton, como mencionei na última coluna. Não tenho os números aqui, mas não duvido que ele tenha sido o piloto que mais fez ultrapassagens até agora. De novo, para a audiência, nada melhor do que um ótimo piloto largando de trás, com um carro mais rápido que a maioria. Mas, para a McLaren, será que isso é realmente interessante? Não, certamente.

Do outro lado do grid (normalmente), Jenson Button, que chegou campeão e discreto no time para 2010, não preza pela agressividade. Prefere a discrição, sua característica mais forte. E, assim, sem provocar muitos sorrisos ou olhares espantados no público, já levou duas corridas no ano. Nas duas, fez a melhor estratégia de pneus e paradas, enquanto Hamilton trocava sopapos com o resto do circo, galgando suadas posições, uma a uma, para em seguida perdê-las de novo em uma rodada ou nova troca de calçados.

Qual dos dois leva? Impossível dizer. Quem foi melhor, Senna ou Prost? Torcedores fervorosos dirão Senna, claro. Era quem arriscava, ousava, errava, mas empolgava.

Mas, entre os dois, quem teve mais títulos na carreira?

RETA OPOSTA

Sempre atrás do alemão
Já faz tempo que estou devendo uma coluna só sobre o desempenho de Michael Schumacher na temporada. Mas estou postergando isso em prol de uma corrida melhor do campeão, que ainda não veio – e, honestamente, tenho medo de achar que pode não vir...

Fernando X Felipe
Finalmente apareceu uma faísca no duelo de Alonso, que vinha sempre aparecendo com Massa a sua frente nas corridas. Felizmente, Massa não reclamou da manobra. Já era hora do espanhol deixar claro que não vai ficar atrás do companheiro pra sempre.

Enfim, um horário de gente
Momento desabafo: finalmente, as corridas voltam para os tradicionais domingos de manhã, quando chegarem à Europa. Valeu a pena assistir a todas as provas até agora, mas os horários eram cada vez mais cruéis.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dia do jornalista


O dia em si já foi (sete de abril), mas coloco aqui o cartão feito pela firma.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Dá gosto ver o Lewis Hamilton correr

Hamilton na época do kart: o capacete já lembrava o de Ayrton Senna, seu eterno ídolo

Somos saudosistas por natureza. É do ser humano lembrar com orgulho dos tempos antigos, que os mais jovens não testemunharam. O “antigamente” é sempre melhor. Se seguirmos essa lógica e a aplicarmos ao universo da Fórmula 1, é fácil elogiar Lewis Hamilton, o piloto que evoca os grandes nomes do automobilismo - já falei sobre o estilo de pilotagem dele em outras colunas, mas nunca exclusivamente sobre isso.

Dá gosto ver o piloto da McLaren correndo. Hamilton é a antítese da obviedade, do previsível, na categoria. Uma combinação que parece unir Ayrton Senna, Gilles Villeneuve e Nigel Mansell em apenas uma pessoa. Hamilton talvez não seja o melhor piloto do grid. Para isso, é necessária uma combinação de diversos elementos, e isso talvez ele só consiga com o tempo – ou talvez não consiga nunca. Mas, fato é que ele é o mais rápido em momentos de adversidade.

O Grande Prêmio da Malásia, se não teve chuva no domingo, teve no sábado. E isso (somado a um erro de estratégia) ajudou no processo de colocar as duas Ferrari e McLaren no fim do grid. Naturalmente que os quatro pilotos fariam, de um jeito ou de outro, as ultrapassagens que precisavam para alcançar a zona de pontuação. Mas Hamilton vai além: ele arrisca mais que qualquer um. Enquanto muitos passaram apenas nos boxes, ele ousou, na pista, ultrapassar. O preço para isso é alto: entre genial e genioso, há uma linha tênue, e o jovem piloto alterna momentos maravilhosos com erros bobos. Mas garante a audiência da corrida e ganha uma legião de fãs em todo o mundo.

Lewis Hamilton ainda encaixa-se como uma luva nos planos de Jean Todt de fazer a F-1 voltar aos tempos de ouro, mas com a segurança de hoje. Mesmo que isso gere dúvidas. Na etapa malaia, mais uma vez o piloto da McLaren remeteu ao passado. Quando o valente Vitaly Petrov, da Renault, tentou recuperar a vaga roubada por Hamilton, viu o inglês “dançar” na pista, de um lado para o outro, evitando que o russo pegasse o vácuo para ultrapassá-lo. Esperada, diversas críticas por parte da Renault sobre a manobra, que lembra, em muito, o que Senna fazia com Alain Prost nas brigas de McLaren. Em uma delas, em Estoril, 1988, Prost reclamou após a corrida. Nada mudou, mesmo assim. Senna seguiu ousado até o fim da vida.

Pilotos como Lewis Hamilton sempre serão alvo de polêmicas, críticas, ofensas e dúvidas. Porém, isso não irá mudar a maneira como ele conduz seu carro. Sempre buscando a ultrapassagem, algo a mais e um segundo a menos. Talvez não sejam os maiores campeões da categoria, mas são sempre os mais admirados e lembrados nos especiais de TV e vídeos da internet.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Na piscina

Buzz, brainstorm, corporativismo. A tendência é que, com o passar dos anos, a gente se esqueça da infância. Deixe escondido, ou se livre mesmo, do que era importante antes. As pessoas deixam de sorrir de fato; deixam de revelar seus sentimentos. E tudo se torna um grande teatro social (também conhecido como "crescer").

Nesse palco em que vivemos, tudo tem que ocorrer como quer a sociedade; a felicidade é efêmera, é fraca e fugaz. Sorrimos, mas sem a autenticidade de outrora.

Outro dia estava na piscina do clube. Sozinho. Nadando, em uma área onde várias crianças brincavam. Três ou quatro delas estavam com uma bola. Um era o goleiro, usando dois chafarizes como traves. Os outros arremessavam para que ele fizesse as famosas "pontes", caindo em seguida, são e salvo, na água.

Fiquei com inveja. Queria brincar com eles. Fiquei com saudades de quando era criança. De uma época boa demais, em que tudo parecia enormemente mais simples - e era mesmo. Sim, as pressões já existiam. E muitas delas eu não faço questão de sentí-las de novo. Nem tudo da infância a gente quer de novo.

Mas, pelo menos naquele domingo ensolarado, eu queria ser o goleiro.