quinta-feira, 29 de março de 2007

Ótimo texto de Cynara Menezes, enviado por Natália Fava para mim

MAKTUB-SE QUEM PUDER
OU A ARTE DE SE LIVRAR DOS PROBLEMAS SEM RESOLVÊ-LOS

Os problemas são a mais democrática das instituições. Não poupam ninguém: pobre ou rico, anônimo ou celebridade. Quando você pensa que está indo tudo às mil maravilhas, tcharã... surge um problema! Enfrentá-los é uma arte. Tem gente que prefere sentar e chorar à mera aparição de um deles, sentindo-se a pessoa mais azarada do mundo. Outros simplesmente fingem que nada está acontecendo.

Por mais amalucado que pareça, há várias técnicas para fugir dos problemas. Uma delas é a de jogar para Deus: você perdeu o emprego, está devendo grana no banco, sua namorada tá dando mole praquele amigo bem-sucedido, seu cachorro adoeceu, sua unha encravou e está doendo pacas. Aí você diz pra si mesmo: “Quer saber? Vou jogar praDeus!”. Não adianta nada, mas dá uma paz...

Uma maneira ótima de evitar resolver questões importantes é passar a aplicar os desígnios do destino aos acontecimentos do dia-a-dia. Por exemplo: você perdeu aquele concurso para o qual estudou meses a fio,deixando de dormir noites seguidas e que lhe rendeu uma gastrite de tanto nervoso. “Ah, era o destino!”, você pensa. E deixa pra lá.

O bom de praticar o maktub (“assim estava escrito” em árabe) como um mantraé que você deixa de ter decepções. Por que arrancar os cabelos se estava escrito antes de eu nascer que ia ser assim? O maktub é uma maravilha que pode ser usada do mais reles chulé à morte de um ente querido.

Veja: você chegou a uma lanchonete seco para tomar uma Coca, mas só tinha Fanta. Em vez de se aborrecer perguntando no boteco ao lado, você aceita: tudo bem, é o destino! Deu uma mancada daquelas e perdeu a mulher da sua vida? Maktub, ué. Nem pense que teve participação naquilo. Era o d-e-s-t-i-n-o.

PERSONAL PROBLEMATOR

É muito reconfortante pensar que fios invisíveis nos conduzem até os problemas (e até a solução deles) sem que nada do que façamos interfira. Lá em cima, as mãos do grande manipulador de marionetes é que estão guiando tudo... Responsabilidade zero pra nós.

Outra estratégia de fuga é criar frases engraçadinhas, mostrando ser superior às adversidades. Foi demitido? Arqueie a sobrancelha e filosofe: “O único defeito do desemprego é a falta de dinheiro”. Uau! Está napindaíba porque gastou mais do que ganha? Diga: “Resolvi meus problemas com o banco. Cada vez que meu extrato aparece na tela eusimplesmente viro o rosto”. Gênio.

Há mais truques: ligar o botão do foda-se; sentar em cima dos problemas; enfiá-los no congelador; deixar pra resolver depois das férias; empurrar com a barriga... Qualquer dia desses alguém inventa um“personal problemator” para resolver os problemas em nosso lugar. Vai ficar rico.

Invejo quem consegue virar avestruz diante de um problema. Eu nem consigo dormir até que os resolva, como uma equação difícil do segundo grau. Vi outro dia uma frase da escritora Patricia Mello no filme O Homemdo Ano (baseado em seu livro O Matador):“A vida é uma coisa engraçada. Ela vai sozinha, como um rio, se você deixar. Você também pode botar um cabresto, fazer da vida o seu cavalo. A gente faz da vida o que quer.Cada um escolhe sua sina, cavalo ou rio.”

Não dá pra ser rio diante de um problema. Pelo menos não dos quedependem de nós para serem resolvidos. Tem coisas sobre as quais nada podemos fazer a não ser torcer: um caso de doença na família, um amigo deprimido ou a fome no mundo. Outras dependem de mexermosos pauzinhos - e não o destino. Sabe esse lance de “deixa a vida me levar”?

Só funciona em letra de pagode.

sexta-feira, 23 de março de 2007

Blog de Luís Joly apresenta novo visual
Jornalista e escritor, que possui blog desde 2003, investe no portal
São Paulo, 24 de março de 2007 - Conforme anunciado há algumas semanas, entrou ontem no ar o novo layout para o blog do jornalista e escritor Luís Joly. O blog, que agora apresenta imagens do jornalista, além de fotos de momentos de sua vida, ganha uma interface mais amigável. Em algumas semanas, o site deverá ganhar sua forma final. A arte ficou por conta do artista Marcos Carvalho.
"Há algum tempo vinha querendo mudar a apresentação do meu blog", comenta Joly. O processo de mudança teve início após o acordo finalizado com o designer e artista Marcos Carvalho, que cedeu realizar o trabalho mediante o pagamento de um almoço. "Fico feliz em poder contribuir com um site que registra um aumento constante no número de pageviews", diz Carvalho. Para ele, sua contribuição poderá render frutos. "Muitas pessoas influentes acessam o site diariamente. É bom saber que meu trabalho estará exposto a gênios de nossa sociedade", reforça.
O blog, que nasceu em 2003 após recomendações da assessora de imprensa Caru Fogaça, completa agora 4 anos no ar, após altos e baixos. "Tive períodos de incerteza com relação ao site, mas senti que ia dar certo após 2005", confessa o criador. O layout, segundo ele, ainda deverá sofrer pequenas alterações ao longo das próximas semanas. "Faremos mudanças em detalhes como os posts e quem sabe o tamanho das imagens", diz. Sobre a escolha das fotos, Joly manteve a preferência por símbolos que retratassem um pouco de seu passado e presente: "Chaves, Elvis e Senna costumam ser associáveis. Portanto, não poderiam deixar de estar na nova interface", admite.
O blog de Joly, "Teremos Coisas Bonitas pra Contar", recebe uma média de 6 a 7 visistantes por mês. Em períodos de pico, até 10 ususários acessam o endereço, que recebeu o nome de um trecho da música da Legião Urbana, "Metal Contra as Nuvens". "Uma antiga história que hoje é passado, mas acabou ficando como o nome do blog", desconversa o criador.

sexta-feira, 16 de março de 2007

A Frustração Humana


A frustração faz parte do dia-a-dia de todos: como lidar com isso?

(Antes de se iniciarem no texto, convido-os a clicar na imagem [abrindo-a em uma nova janela, claro], e que a analisem melhor, ampliada)

Hoje recebi um e-mail muito interessante. Tão interessante, de fato, que decidi abrir mão das "obras" do blog, e deixar esse último post antes que o site tenha seu novo (e a aguardado) visual.

O e-mail falava do "Princípio 90/10". Ele diz, por meio de um exemplo bem cotidiano, que 1o% da sua vida está relacionado com o que se passa com você, enquanto 90% se relacionam à forma como você reage ao que se passa (ou seja, aos 10% restantes).

Na prática, isso significa que, se você encarar toda situação ruim de maneira negativa, vai carregar isso e levar para os outros.
Se você ficar mal humorado quando encontrar alguém que não quer, irá guardar o mal humor dentro de você e fazer pior o seu dia.

Nem sempre temos tudo que queremos. E aí entram meus comentários sobre a foto acima, que encontrei após uma despretensiosa busca no Google. Um jovem Ayrton Senna, ainda com sonhos de ser campeão mundial, em um raro momento de solidão, acompanhada de um sentimento de impotência e frustração.

Um Ayrton Senna que um dia era meu grande ídolo. Meu herói de adolescência, minha meta, meus parâmetros de conquista, obstinação e garra - palavras que tão bem combinam com a Fórmula 1 e o brasileiro. Sentado aos pés de sua Lotus, à pé, parece olhar para o horizonte, como quem enxerga o sonho que tinha naquele momento se distanciar; estar tão longe quanto as montanhas que fazem o deslumbrante fundo da imagem.

Sua Lotus, imponente e majestosa, estampa a imagem e faz o contrate com o amarelo brilhante de seu capacete, ali, vazio, sem a essência que o tornou imagem de vitória e patriotismo. Para um piloto de Fórmula 1, nada é pior do que ver seu bólido colorido sem funcionamento. Não há maior frustração para um profissional desse esporte do que ser abandonado pelo carro que tanto confia; que passou pela revisão de tarimbados engenheiros e profissionais bem pagos.

E nós, meros mortais, como lidamos com a frustração?

Outro exemplo de hoje. Uma outra grande amiga me contou um pouco do seu dia-a-dia: lidar com pacientes terminais. Sua missão: ajudá-los, de alguma maneira, a enfrentar o que lhes resta com o minimo de dignidade. Uma tarefa árdua e fascinante ao mesmo tempo.

Hoje, minha chefe me sorriu latindo. E eu ainda reclamo disso? Não. Faço pior. Deixo isso dentro de mim, e ainda repasso aos demais. Faço das tripas coração para que todos saibam de seus pecados e imperfeições.

Bobagem. Somos todos imperfeitos. Sempre seremos.
Somos também mesquinhos. Somos imediatistas, e egoístas demais, até.

Como ter a cabeça para enfrentar um "não"? A negação chega logo antes da frustração.
Acho que a foto sintetiza um pouco, nos traços do rosto de Senna, do que sentimos: ódio, arrependimento, angústia, estagnação, dúvida.

Nossa maior dúvida é saber se um dia deixaremos de tê-las.

Até a volta.

LJ

sábado, 10 de março de 2007

O burro... (2)

É tão difícil ser diferente?

Por que as pessoas não podem respeitar que você não é igual a todo mundo, ou pelo menos a maioria? Que você não faz questão daquilo, não importa a mínima pra você. Por que é tão difícil para os outros respeitarem a sua opinião?

Acho que venho conseguindo dizer os "nãos" que quero, mas tem vezes que dói demais. Amores são arranhados ou até destruídos por isso.

O banho não adiantou. O cheiro de cigarro permanece. Junto com ele, um enorme vazio, de quem sabe que lábios não preenchem uma noite, ou uma vida. Mas que, mesmo assim, sofre por não querer mais do mesmo.
O Burro empaca perto do trigo

Como costumo falar pra alguns, momento de extremo sentimento pedem um poema. Não importa a hora.

Aqui estou, 6h da manhã, e resolvi vir escrever. Só que não será um poema.

Por que persistimos com os erros?
A persistência em um erro causou uma grande desilusão com um dos meus melhores amigos, agora pouco.
A insistência que eu mantive. Mais uma vez, mais uma balada fracassada. Saí para dar boas risadas, voltei furioso, estraguei a noite do amigo, a minha e ainda fiquei com a sensação de incompetência.

Por que valorizamos demais as pessoas?
No caso, essa pessoa simplesmente não notou, por livre e espontânea vontade, que eu não estava bem ali. Que queria ir embora. Eu teria parado tudo e todos por ele, fosse o contrário. Mas não foi. E ele não parou. Ou melhor, só parou quando eu pedi. Mas pedi mesmo, com vontade.

Qual o valor de uma amizade?
Durante um dado momento, a sensação de raiva, de frustração e arrependimento eram enormes. Sempre sou eu a abrir mão, a pensar, pesar e penar. Eu não pedi essa sensibilidade. Às vezes, ela atrapalha demais. Ajuda sim, mas também atrapalha.

Mais uma vez, o burro empacou perto do trigo.

sexta-feira, 9 de março de 2007


Somente com o passar do tempo
Só sabendo se suamos ou subimos
Sabendo disso, sentimos certeza.

Só com sangue, soluço e saltos
Suplício, cegueira e sonrisal
Temos cerveja, sol e sapucaí

Sou super, sou assim, sou normal
Sei silenciar o celeste solitário
E sei que só isso, sem salário

Caiu a ficha, sacou o cinto
Sambou na pista, salgou o anísio
Saiu de cena, sentiu-se só

Se em cada sino, soar em sí
Que o certo é sofrer assim
Saio correndo, pois já sofri

E agora, super, sou só sorriso
Pois sei que sendo super normal
Sou eu mais certo, sou só legal

E como quem quebra o copo com mãos de fel
Sigo, rumando solto ao sabor do céu

quinta-feira, 8 de março de 2007


Enquete: O mousse ou a mousse?
Nas últimas semanas, uma grande enquete foi se formando em torno dessa sobremesa que tanto sucesso faz em nossas vidas. Alguns chamam o mousse; outros, preferem a mousse. Sendo assim, peço aos usuários regulares do blog, que postem as suas opiniões. Afinal de contas, é o ou a?


domingo, 4 de março de 2007

Anão: Um clássico das baladas que entram pra (minha) história



Inferno Eletrônico


O dia em que anunciei minha retirada das baladas


Há tempos que eu já vinha pensando nisso. Afinal, desde adolescente não fui fãs das chamadas "baladas" - aliás, na época em que comecei a ir nelas, ainda nem era usado esse nome. Acho que simplesmente íamos pra "night", ou pra "danceteria", algo assim.


O tempo chega para todos nós. Pra mim, acho que sempre chegou um pouco antes. Claro, afinal sempre convivi com pessoas mais novas que eu na escola. Até hoje sou, entre essa turma, alvo de piadas sobre o tema.


Mas voltando às baladas. Desde que passei pela 3ª Grande Mudança, saí para eventos como esse duas vezes. As duas foram terríveis. E decidi, finalmente, anunciar algo que já queria fazer há uns 10 anos. Não vou mais em baladas.


Calma, há exceções. Um aniversário, baladas com música ao vivo, ainda são bem-vindas. Não pretendo me tornar um ermitão que odeia todo e qualquer programa noturno em danceterias.

Porém, quando se trata de ir à baladas com "música" eletrônica, nem pensar. Chega.


Atingimos um ponto em nossa vida em que começamos a exigir alguns confortos, não é mesmo? Sempre falo disso com um amigo meu. Não é frescura. É simplesmente a idade. Chega de programas duvidáveis, dores de cabeça desnecessárias, acomodações que cheiram mal, coisas assim. No entanto, apesar das conversas com o amigo aí de cima serem tão boas, era justamente ele um dos que estava comigo ontem, naquele lugar horrivelmente lotado, apertado, fedendo a cinzeiro e sem dar a menor chance de uma conversa amigável com qualquer semelhante.


Sim, confesso que eu também sou um pouco culpado nisso. Nunca gostei de coisas assim. "Ficar" por ficar nunca existiu pra mim. A idéia de não saber quem é a pessoa que está com você naquele momento é muito estranha pra mim. Romantismo? Covardia? Insegurança? Acho que nada disso. Só sou assim, e assim sou feliz.


Ontem, o local em que estávamos era algo como a antesala do inferno - eu sei que estou exagerando, mas me dá um desconto, estou nervoso. A batida forte daquele ritmo que alguma ameba - que não deve saber achar o "dó" no piano - algum dia chamou de "música" eletrônica é simplesmente aterrorizante! Quem algum dia conseguiu classificar aquilo como "música"???


Aquilo não é canção, não tem melodia, não tem sentimento, não tem paixão, não tem imperfeições, não tem rima, não tem sequência. A "música" eletrônica é um barulho que mais lembra a seqüência de Laranja Mecânica com a lavagem cerebral. Só que lá ainda é melhor, pois ao menos a música é clássica!


Antes de ir à deprimente balada, recebi um conselho de uma namorada de um enorme amigo. Deveria ter ouvido, seguido. Mas, ao menos aprendi. Vale isso, não?

O lugar em que estava com eles continha música. Fosse ao vivo, fosse no aparelho de som. Tinha bateria, tinha voz, tinha respiração e era humanizada.


Saí de um local onde me sentia muito bem. Pleno. Mandei uma mensagem a uma amiga: "estou me sentido feliz". Estava onde queria estar, com os amigos, ouvindo um som, bebendo umas. Lógico, outros amigos poderiam melhorar ainda mais a festa, mas naquela tarde, tudo estava perfeito pra mim.


A mudança de um ambiente para o outro foi tão drástica, brusca que me fez abreviar essa decisão há muito planejada: não vou mais à baladas. Não suporto "música" eletrônica. Não suporto o olhar das pessoas-robô, em seus olhares hipnóticos, dançando ao som das batidas de baterias fajutas que jamais receberam o toque humano.


Nunca fui um rato de baladas. Portanto, acho que não vou fazer a mínima falta nesse meio. Felizmente, ainda tenho muito rock and roll, blues, moda de viola, country, jazz e afins para me consolar diante de tão abrupta decisão e perda.


Sou um mais novo adepto à campanha "Não use drogas! Não ouça 'música' eletrônica". Não sei se já existe, mas que dá vontade de criar pelo menos uma comunidade no Orkut, isso dá.



P.S: Ah, e caso alguém tenha ficado ofendido com o que disse sobre as baladas eletrônicas, cada um na sua. É possível ir até elas e ainda ser uma pessoa encantadora. Mas, de qualquer forma, isto é um blog, ou seja, é a minha opinão e quem não quiser, é só não ler.


P.S 2: Não sei nem a razão de ter falado isso... Quem vê pensa que os 4 leitores regulares vão se incomodar tanto...