segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Logo dois

Fiquei na dúvida sobre qual imagem usar para o cartão de fim de ano. Então, achei que valia usar logo as duas. Com base nisso, seguem então meus cartões.


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Caos na cidade


Sem textos, apenas a foto acima. Foi tirada em um dos costumeiros dias de caos na cidade, quando estava indo pro prédio das Nações Unidas. Levei mais ou menos meia hora para andar 1 km. Mas essa foto ficou bonita né?


Outras imagens (clique para ampliar):





domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma nota rápida sobre honestidade e pessoas boas

Hoje fui, como de costume, ao clube aqui do lado de casa para nadar. Parei no estacionamento, peguei mochila apenas com os itens necessários para a prática, fui, tudo certo.

Quando voltei ao carro, mais ou menos 1 hora depois, apertei o botãozinho do chaveiro para abrir o carro, quando notei que o vidro do carro estava aberto. TOTALMENTE aberto. Segundos depois, o segurança do clube veio falar comigo. Na hora já pensei "olha, você deixou aberto o carro e veio alguém aí, pegou alguma coisa". Sei lá, pensei o pior.

O cara então me disse que eu tinha esquecido o carro com o vidro aberto, então pediu para que fizessem um anúncio no sistema de auto-falante do clube. Como eu estava nadando, não ouvi. Então ele ficou de olho durante toda minha ausência, para ter certeza de que ninguém estacionaria ao lado ou chegasse muito perto. Foi além: anotou todos os itens que viu no carro, incluindo a carteira que estava logo ao lado do volante, o celular, óculos escuros e outras coisas (ele chegou a me mostrar o papel com tudo anotado).

Valmir, o nome do rapaz. Agradeci-o mais de uma vez, e fiz questão de dizer que é bom ver que ainda tem gente muito honesta por aí (vale dizer que o estacionamento do clube não se responsabiliza nem pelos carros, quanto mais pelo que está dentro deles). Ainda farei um e-mail para o departamento social elogiando o rapaz pela nobre atitude.

São pequenos momentos como esses que nos mostram que ainda há coisas legais por aqui (apesar do que diz o Bon Jovi nas letras (vide post anterior).

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Bon Jovi - The Circle


Estou ouvindo The Circle, novo disco do Bon Jovi. E qualquer pessoa sensata sabe que, para fazer um bom review de um CD, ouví-lo apenas uma vez não é suficiente. Normalmente, é raro escutar e se apaixonar logo na primeira vez (isso só com álbuns antológicos). Com a maioria, você precisa deixar seu ouvido se acostumar com aquela novidade. Deixar que seja notado mais do que apenas a voz do cantor ou o solo da guitarra. Você precisa perceber o fôlego do vocalista puxando um novo verso. As discretas, porém ricas variações do baixo. As viradas e mudanças na bateria. E assim vai, até que os instrumentos presentes se esgotem.

Feita essa introdução, posto agora um review de The Circle. E, em vez da análise habitual, farei algo faixa a faixa, mais detalhado. Para seu conforto, caro leitor, incluí o link de cada música no sagrado YouTube, assim você pode acompanhar enquanto vê o que eu achei:

1. We Weren't Born To Follow - Essa é a a famosa "música de trabalho" do álbum. Na primeira vez que ouvi, não empolgou. Na segunda, menos. Na terceira, idem. Somente após ouvir uma cinco vezes comecei a pegar a música - mas, até aí, já não sabia se era pelo ouvido habituado demais da conta. De qualquer forma, essa é uma clássica música do Bon Jovi, que entoa sempre hinos de diferenciação e de curtir a vida. Claro, vocês sabem que todo disco do Bon Jovi tem uma música no estilo "viva ao máximo" - a lista é enorme e inclui "It's My Life", "One Wild Night", "We Got It Goin' On", "Someday It Will Be Saturday Night" e por aí vai. Será que é essa a carpe diem do disco? Veremos.

2. When We Were Beautiful - Essa melhorou. Lenta, mas bem arranjada, com batidas pesadas da bateria, que tentam encarnar bem o que a letra diz: a época em que éramos bonitos. Pelo jeito, o Jon Bon Jovi já não é mais essa beleza toda. Afinal, os caras começaram nos lamentáveis anos 1980, quando ainda eram cabeludos, sobreviveram aos lamentáveis anos 1990 e ainda estão de pé. Será que eles se achavam mais bonitos quando tinham aquela cabeleira horrível?

3. Work For The Working Man - Qualquer semelhança com Livin' on a Prayer ou qualquer música famosa do Michael Jackson será coincidência (ou não?). A entrada do baixo é bem parecida. Mais uma canção na linha "protesto-estou-dando-meu-recado", como a faixa 1. Essa, inspirada na crise mundial e nos problemas econômicos recentes. Mas também parece remeter um pouco ao 11/09. Apesar da levada triste, tem um ritmo bom. Achei meio piegas ele falar "esses eram meus sonhos, esses eram meus amigos". Não chega aos pés de concorrentes como "Working Class Hero", de John Lennon.

4. Superman Tonight - A letra é bonita. Fala de desilusão, fala de tristeza e questiona valores interessantes. Uma das melhores do disco. Backing vocal quase durante toda a música (mas o melhor trecho é quando Sambora faz o "Superman Tonight" junto). Mas não me agradou a batida do refrão. Pela primeira vez no disco, Bon Jovi fala de amor, o tema mais usado por eles e por 99% das bandas e artistas do planeta. Mas é um amor perdido, meio desesperado.

5. Bullet - Até agora, o ponto alto do disco. Saiu da chuva no molhado. Uma levada mais pesada, mais rápida, mais ardida. O teor me lembrou, em um primeiro momento, "O Calibre", aquela canção-protesto dos Paralamas (os títulos, aliás, são parecidos. Será coincidência?). Fato é que, de novo, eles cantam a indignação pelas coisas erradas. Destaque para o trecho: how can someone take a life / in the name of God and say it's right / how does money lead to greed / when there's still hungry mouths to feed. O refrão questiona se Deus desisitiu de nós. Curti bastante.

6. Thorn In My Side - Que paulada! A música é boa, mas a letra chama mais a atenção. De novo, desafios, problemas, amores perdidos (alguns tragicamente), má sorte, um teste de fé. Mas o orgulho permanece. Uma música pesada. Até agora, temos um disco que vem se mostrando obscuro, pesado, nebuloso, quase triste - uma versão não-suicida de "Tempestade", da Legião. Apesar disso, o ritmo das músicas não passa a mensagem. É necessário ler, ouvir, escutar não apenas as letras, mas como é entoada.

7. Live Before You Die - Aqui! Achamos a música carpe diem do Bon Jovi? Não, ainda não. Apesar do título, a canção é triste. Interessante notar que a letra no encarte não está totalmente igual. Em alguns pontos, a primeira pessoa do plural no papel vira a primeira pessoa do singular na voz de JBJ - isso só reforça o peso que ele coloca na letra. A faixa segue a linha do disco. Fala em perdas desde a adolescência e passa o claro recado "aproveite logo, você vai ficar velho rapidamente". O ritmo é gostoso.

8. BrokenPromiseLand (tudo junto mesmo) - Falar o quê de uma faixa dessa? O título, somado ao que venho analisando acima, já explica. Mais uma música que escancara uma decepção de alguém que esperava algo que não veio. Não adianta ajoelhar e rezar, respire, você vive apenas o agora e tem apenas o que está em suas mãos, enquanto os anjos caem dos céus. Sofrida, nossa. O que houve com o Bon Jovi?

9. Love's The Only Rule - Quem disse que a vida (ou o disco) tem de ser tão cruel? O amor rules - esse é mais ou menos o que quer dizer essa música. Nesse fôlego positivo do disco, Bon Jovi mostra uma mensagem parecida com a Live Before You Die, mas de outra maneira. Faça tudo que quiser, pois all you need is love. Claro, na levada Sambora de ser. Gostei. Tem um riffzinho de guitarra (creio), com um som que lembra um videogame, legal.

10. Fast Cars - Dispensável. Quando estava ouvindo, achei que Love's The Only Rule deveria ser a última do disco. Afinal, após tanto desabafo, seria legal fechar com a mensagem de amor. Mas ainda há espaço para mais três músicas após o amor. Aqui, ele mostra que somos todos carros velozes, capazes de vencer na vida. Uma forma estranha de passar a mensagem. Não gostei, boba. Não seja uma peça sobressalente ou um ferro-velho no quintal? A pior do disco.

11. Happy Now - Essa começa com um fade (bem baixinho e vai aumentando), como se já estivesse tocando quando demos o play. E JBJ pergunta, quase em um tom de voz que alcançava com muito mais facilidade quando era mais novo: posso ser feliz agora? Parece que, após as agruras do disco (e da vida), ele quer o direito de sorrir, sem que o puxem de volta pra baixo. O ritmo, de novo em forma de protesto, meio pesado.

12. Learn To Love - Estamos a um passo do dia do julgamento. Portanto, aprenda a amar o mundo do jeito que ele é. É a única faixa light do disco. Mais lenta, mais bonitinha. Uma "My Way" a la Bon Jovi. Será que só eu achei que os acordes lembram, vagamente, "I Still Haven't Found What I'm Looking For", do U2? Não sei, veja você. Anyway, eu gostei.

Resumo:

Com a última faixa, fica clara que a mensagem final do disco, apesar de tantas tristezas em tantas letras sofridas, é positiva. Na verdade, procure pela palavra "hope" (esperança) nas lyrics e você a encontrará em quase todas as músicas. Sim, segundo Bon Jovi, ainda há esperança para viver nesse mundo. Não por muito tempo. Estamos pertos do fim. Devemos ser únicos, viver ao máximo e, apesar de tudo, amar. E, caso não saiba como, escute a última faixa e aprenda (algo como Loving for Dummies).

Em suma: The Circle mostra que Bon Jovi voltou a ser Bon Jovi. Isso é bom? Depende. Se você gostou de Lost Highway, o último disco deles (que resultou na melhor turnê da banda na década) que navegou em mares country, talvez não goste. Já se você nem sabe de que disco estou falando, talvez goste. Ou ache mais do mesmo. As músicas soam todas meio parecidas com as feitas por eles no fim da década de 1990 (de novo, se isso é bom ou ruim, só o ouvinte pode dizer).

Pessoalmente, eu sou um dos que não gosta. O disco é legal, claro. Vou continuar ouvindo-o, mas sem tanta paixão. O negócio é que sempre curti Bon Jovi, mas me encantei particularmente com Lost Highway. Bon Jovi pode ser country e não perder o rock da veia. Talvez pela minha predileção pelo country-gospel-rythm'n blues (que originou o rock'n roll), tenha gostado tanto desse CD. Em The Circle, tudo isso construído foi desprezado. Não há influências gritantes do último disco neste trabalho. Os instrumentos folk sumiram quase que totalmente (cadê o violino da morena ou a steel guitar?) e o rock característico deles voltou a ser predominante.

Para o grande público, talvez The Circle seja um sucesso. Para o fã do Bon Jovi cabeludo, pode ser que sim. Para mim, não faz sombra ao disco anterior.

domingo, 29 de novembro de 2009

Os 9 (+1) melhores shows que já fui

9 - Hollywood Rock, algum dia dos anos 1980 - Não me lembro de muita coisa. Mas sei que minha empregada, que foi conosco, adorava cantar "Moro na periferia, aqui pra você!". Eu, criança de tudo, tentava entender o que era aquele "aqui" que ela estava tentando me oferecer com tanta vontade.

8 - Skank, agosto de 2004 - Mais um que rolou de graça (aliás, pensando agora, foram poucos os que paguei). Foi um show exclusivo, no Credicard Hall, para clientes e funcionários da Transitions, empresas que eu fazia assessoria na época. O trabalho de assessoria era um porre, mas valeu por esse show. Ficamos na cara do palco, com espaço para dançar e tudo mais. O destaque foi "Vou Deixar", que ele fez com direito a reprise completa.

7 - Bruno e Marrone, agosto de 2007 - Sim, também tenho meu lado sertanejo. Além da dupla em questão, também já compareci a Gino e Geno e algumas outras. Esse show tava legal porque eles tocaram aquela da pescaria da boa - com direito a trocar a letra para "ver a mulherada no Villa Country ficando louca".

6 - Madonna, dezembro de 2008 - Será que ela canta bem? Não sei. É um espetáculo de luzes e cores tão intenso e bem montado que você fica na dúvida se não era um CD rolando do início ao fim. Mas ela consegue animal. Foi bem legal. Veja mais aqui.

5 - Nenhum de Nós, janeiro de 2008 - Quem? Pois é. Eu já fui a um show do Nenhum de Nós, em Bento Gonçalves, coração da Serra Gaúcha. Não conhecia nenhuma música, mas jamais estive em um show tão lotado (a casa era pequena). Mal havia espaço para andar. Deu apenas para aprender a canção "Me difame, me odeie, só não esqueça que eu amei você". Esse show está aqui pelo contexto. Ao lado do meu melhor amigo, os trocadilhos infames com a banda eram feitos à exaustão, e tenho certeza de que nenhum de nós já foi a um show melhor.

4 - Roberto Carlos, novembro de 2006 - O que falar do Rei, que também está descrito neste blog? Todo mundo deveria ir pelo menos uma vez a um show de Roberto Carlos. É um privilégio. Algo como ter ido a um show de Elvis ou Sinatra. Fui, fiquei em um dos piores lugares, mas mesmo assim curti como nunca clássicos como "Cavalgada", com um show da banda, ou a eterna "Café da Manhã", minha preferida.

3 - AC/DC, novembro de 2009 - Showzaço, e nem tinha como ser diferente. É só olhar no post anterior a este.

2 - Cássia Eller, setembro de 2001 - Fui apresentado à Cássia Eller por uma ex-namorada (ela também me ensinou muitas outras coisas). Fui meio preconceituoso no início, confesso, mas me rendi quando saiu o "MTV Acústico", em 2001 mesmo. Por iniciativa da namorada, fomos ao show dela. E adorei. Ela mandou muito bem, fazendo quase o repertório inteiro daquele disco. Mesmo desplugada, ela mostrou o rock, fazendo "Smells Like Teen Spirit", do Nirvana, e "Há Tempos", da Legião. E ainda tirou um sarro fazendo a dancinha da garrafa.

1.2 - Gaúcho da Fronteira, setembro de 2005 - Fui lembrado por um grande amigo deste show memorável, e portanto tive de adicioná-lo após o post já ter sido publicado. Este show não foi único apenas pelo artista, que já é grandioso, mas pelo contexto. Consegui pegar e gravar o ensaio. Assistimos ao show de camarote; e pouco antes de começar, o grande GF sentou-se em nossa mesa. Tiramos fotos e ele autografou discos e camisas. Histórico, tão pedindo um vanerão. Foi muito bom, as cozinheiras faturaram com pastel, cachorro quente.

1 - James Burton, setembro de 2008 - Mais um que está no Teremos. James Burton, guitarrista de Elvis por toda sua fase de shows nos anos 1970, é um dos mestres da guitarra. Ele tocou no Bourbon Street com uma banda local e mostrou pq acompanhava o Rei. Além disso, esse ganha a primeira posição pelo contexto. Assisti o show ao lado de pessoas incríveis, no melhor lugar da casa, bebendo e comendo bem. Esquema patrão.

Faltou um para fechar 10? Conto, como sempre, com a sua participação. Deixe nos depoimentos um show que marcou sua vida e sua história.

Bônus - Aproveito e incluo aqui também os piores que já fui:

Mallu Magalhães e Marcelo Camelo, setembro de 2009 - Show fraco. Mallu Magalhães é crua, é comum, é normal. Marcelo é bom, mas preferiu reclamar do barulho na plateia. O resultado em detalhes você vê na descrição deste blogueiro.

Chico Buarque, abril de 2000 - Esse entra na lista dos piores simplesmente por quê não vimos o show. O Credicard Hall, então recém-inaugurado, era alto demais. Minha namorada na época ficou com vertigem do lugar alto em que estávamos e sequer chegamos a ver o cantor no palco.

Tem algum pra adicionar entre os sofríveis também? Comenta lá!
For Those About To Rock -
AC/DC no Morumbi

Não pesquisei para fazer esse texto. Não me preparei. Apenas escreverei o que sinto, o que senti, o que vivi. Só sei que nada sei de AC/DC. Na verdade, quase nada. Até pouco tempo, ainda confundia canções do Kiss com as deles. Sim, apesar de adorar música e rock, não estou nessa praia. Antes do show, só conhecia duas faixas da banda: "Back in Black" (que a propaganda da Ford está destruindo) e "Highway to Hell". Coisas do destino, ganhei ingressos para a apresentação única deles no Brasil, no Estádio do Morumbi, sexta passada. E aí começou a história desse show incrível.

Em dezembro último, também tive a oportunidade de ir a um megashow de graça. Foi o da Madonna (o post, inclusive, está aqui). Como a cantora, AC/DC é um nome clássico no meio musical em todo o mundo. Estão por aí há um tempaço e, por todos os lugares que tocam, é sempre garantia de lotação máxima. Mas acho que qualquer tentativa de comparação acaba aí.

AC/DC, como falei no começo do texto, não está no meu vocabulário musical. (aliás, até hoje nem sei o que esse nome significa). É uma banda muito popular entre fãs de rock - assim como Kiss, Led Zepellin, Black Sabbah, Ramones (punk) e outros similares. Basicamente, o fã perfil "Escola do Rock".

Mas esse tipo de rock, por alguns chamado de metal, não faz parte das músicas que escuto diariamente no carro ou no computador. Não curto vocalistas de voz aguda e que em alguns momentos parecem mais gritar que cantar (é a minha opinião, fazer o quê?).

Quem me conhece sabe que minha vertente do rock vai mais nas origens (Elvis, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash) e/ou para um rock com levadas blues/funk/soul (Blues Travelers, Marvin Gaye, J.J. Cale), sulista (Allmann Brothers, Lynyrd Skynyrd, Tony Joe White) ou britânicas (Rolling Stone, The Beatles), entre algumas outras. Mesmo em bandas com uma pegada soft metal, como Bon Jovi, eu curto mais quando é um esquema acústico ou mais leve.

Mas isso jamais me impediria de ir a um show do AC/DC. Fui sem preconceitos, esperando alguma coisa boa. Claro que o famoso esquenta, à base de Jim Beam, ajudou muito. O próprio AC/DC, tocando no volume máximo no som do quarto, também. Chegamos para o show 22h (sem filas, sem confusão, tudo tranquilo) e, pouco depois, os cara já começaram. E, para resumir: curti demais. Os caras do AC/DC já estão velhões. Mas tocam muito. Mandam muito bem. O guitarrista dos caras fez um solo de uns 15 minutos. A banda mostra porque está na estrada há tantos anos. Domina a plateia e faz dela o que quer. Setenta mil pessoas foram comandadas pelo grupo australiano. Foram à loucura, gritaram, perderam as vozes. E comigo não foi diferente. Cantei as poucas que conhecia. Aprendi na horas as várias que não sabia. E pulei até cair, literalmente.

Em meu currículo de shows que já fui, o AC/DC não ocupa o primeiro lugar da lista. Mas certamente fica entre os cinco mais, talvez entre os três. A presença no show deles também não vai mudar muita coisa. Não vou comprar CDs ou começar a ouvir mais do que antes. Até porque a diferença entre o que se ouve em um CD e no estádio é colossal, abismática, discrepante.

Colocando à parte toda a importância que eles têm para o rock, eu digo tranquilamente: AC/DC, eu os saúdo.

Obs.: estou subindo as fotos. Enquanto isso não acontece, fica só o texto.

Update: sei que prometi fotos, mas o estado alcóolico em que estávamos garantiu que todas - todas mesmo - ficassem absolutamente lamentáveis. Portanto, o post fica sem foto mesmo.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte final - Caracas, favelas e Chávez


Você sabia que o nome "Venezuela" vem de "pequena Veneza"? Então, isso não tem nada a ver com o resto do texto. Nossa parada final em terras venezuelana foi a capital federal, Caracas. E, de certa forma, o lugar que menos alimentávamos expectativas. Todos que já conheciam a cidade deixaram claro que ela não tinha muito a oferecer. Com base nas informações, reservamos apenas dois dias para a estadia.

Nossa expectativa, de certa forma, se confirmou. Caracas lembra muito a parte ruim do Rio de Janeiro. Muitas favelas, enormes, incríveis, espalhadas por serras longas e altas. A ida do aeroporto ao hotel também me associou à volta do litoral paulistano. Uma enorme rodovia, cercada por serras, e favelas espalhadas. Leva-se um tempo para chegar à porção boa da cidade. Deixo aqui um vídeo, que fiz no banco de trás do táxi, que mostra bem a quantidade e tamanho das favelas em Caracas.

O hotel que ficamos, o Pestana, é altamente recomendável. Hotel cinco estrelas, uma piscina na cobertura invejável e quarto de altíssima qualidade. Nas ruas, os postes têm os fios aterrados. Não há buracos no asfalto, nem motoboys. E a gente tem aquela sensação de "por que só na minha cidade...?" (momento desabafo). A frota de carros é relativamente boa, a maioria dos veículos vindo dos EUA mesmo. E os ônibus são uma piada. O metrô é muito bom, bem parecido com o de São Paulo. Mas espalhado de cartazes do Chávez. E é proibido tirar fotos...

Chávez

E, já que começamos nesse tema, vamos lá. Desde o primeiro post sobre a Venezuela, ainda não falei de Hugo Chávez. Foi proposital. Deixei tudo para o último texto. Embora só fale nele agora, conversamos sobre o tema com venezuelanos desde o primeiro dia de viagem. Primeiro, para sentir o que achavam do polêmico líder. Seriam apaixonados por ele? Seguidores fieis? Teriam alguma opinião formada? O detestariam, talvez?

Sim, o detestam. Prezamos por conversas com os locais por todos os países que vamos. E por lá não foi diferente. De taxistas aos hóspedes em Isla Margarita, todos são unânimes: Chávez está acabando com o país. Eis algumas das frases que ouvimos:

"Chávez é um imbecil que está no poder. Ele cria leis estúpidas apenas para mostrar que pode fazer o que quiser".


"Esse animal acabou com a minha carreira. Era um funcionário público há mais de vinte anos, e perdi tudo por causa dele. Minha esposa e eu temos de trabalhar como taxistas para nos sustentar."


"Chávez não é militar. Não é político. Não é ditador. É um idiota no poder".


Tudo seguia mais ou menos nessa linha. No caso de Isla Margarita, tivemos a oportunidade de conversar bastante com os abastados venezuelanos que por lá estavam. Muitos pensam deixar o país. Não concordam com a política de Chávez em nenhuma maneira. Entre as críticas, mais curiosas, estava a mudança do fuso horário: a Venezuela tem uma diferença de 1 hora e meia em relação ao Brasil. Pois é. Apenas o Irã e um país asiático quebram o fuso em meia hora. A razão, dizem as pessoas que falaram conosco, era "garantir mais tempo na escola para as crianças".

As mudanças de Chávez

Chávez também mudou o nome do país, para República Bolivariana da Venezuela. Idolatra Simón Bolívar, o conquistador de países como Colômbia, Venezuela e Panamá. Chávez muda nome de praças e parques. Troca-os por nomes de heróis políticos. Chávez determinou que toda cidade venezuelana tenha ao menos uma praça de nome Simón Bolívar. E com um obrigatório busto do herói no meio dela.

Chávez trocou o dinheiro dos venezuelanos. E cortou três zeros. Agora, estão com o bolívar fuerte, sendo que 1 Bf. equivale a 1000 bolívares. Alguma semelhança com um passado muito recente nosso?

Pois é. A Venezuela em algumas coisas lembra o Brasil dos anos 1980. Incerteza econômica, muita inflação, taxas de especulação, mercado negro, overnight e outros nomes que já não fazem parte do nosso repertório econômico doméstico.

Nas ruas de Caracas, ainda é possível ver a influência histórica dos EUA. Redes de fast food americanas estão espalhadas por todos os cantos (muito mais do que aqui). Grifes de roupas norte-americanas aparecem em qualquer shopping. Termos em inglês são comuns.

Resta saber quanto tempo vai levar para que elas saiam dali.

Epílogo: termino a série Venezuela com a foto abaixo. O cenário? Uma favela, ao fundo. Mas, de noite, parece quase mágico. Foi a foto mais bonita que fiz em Caracas. Talvez não mostre a beleza real na tela de seus computadores. Mas aqui vai (clique na imagem para ampliar).


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ráris 7 Cereais


Recebi da assessoria de imprensa da Mars, há algumas semanas, uma embalagem do arroz Ráris 7 cereais. Arroz? Bem, o que você menos vai encontrar por ali é o que conhece como arroz. A Mars juntou o arroz integral, o arroz selvagem, centeio, aveia integral, trigo integral, triticale e cevada (o mesmo da cerveja) nesse bem bolado da saúde.

E o resultado? Não tenho fotos aqui, mas o sabor é bem interessante. A embalagem diz que em 45 minutos está pronto (em uma nova versão, 30), mas a verdade é que demoramos bem mais para ficar bom lá em casa - na verdade, quase 1 hora. A demora se justifica. O Ráris possui uma consistência bastante diferente do arroz - inclusive, do arroz integral. Ele é mais duro, e você sente que está comendo algo parecido com grãos. Firme mesmo.

Adicionalmente, a firmeza também se confunde com o sabor. Ráris é um arroz tão saboroso que pode ser consumido puro, e preparado sem necessidade de temperos mil, como se faz comumente com o arroz branco.

A embalagem de 500g custa R$ 6,99. Rende aproximadamente 11 porções.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

A mando

Olho para o vazio do futuro
Cheio e inseguro
Olho para tudo ao meu redor
Vejo sonhos, sentimentos, bem melhor
Meço meus medos e fujo do mesmo
Mas sempre esbarro no medo

Torço por um mundo sem postes
Vivo um dilema de fortes
Crio ilusões em volta de mim
E, sei que no mais acaba tudo
Como sempre foi, sempre sujo
Em volta de um mesmo fim

Sofro por paixões que não vieram
Sinto pena de quem vive-as em um sonho
Sonho com tristezas de um inverno
Vivo sem certeza, sem ser terno
Rimo quem não soma silhuetas
E pesco um infantil amor interno

Faço figas por um pouco de sal
Acendo velas que não derretem o mal
Crio percepções e as ilumino com sol
Agarrado à vida, só a corda e só cal

Permaneço sisudo apaixonado
Enlouquecido, endiabrado
Animado e deprimido
Sigo sem talento, sigo aquele alento
Sem ritmo, sem prova, sem prosa
Com rosa, com tosa e pergaminho

Sigo histórico e imortal
Em cada palavra, registro o mal
A mando, amando, avanço
Pioneiro conservador
Visto a virtude que me vela
Vejo pelo vão de minh'alma
Uma vela que se acende
Um vazio que me anima
E uma vida que me espera

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Mallu Magalhães e Marcelo Camelo

O casal no palco: Mallu variava entre violões e instrumentos de percussão

Ontem estive na festa de três anos da Rolling Stone no Brasil, realizada no Bourbon Street. Aquelas celebridades de sempre (Paulo Ricardo?), Vesgo, Silvio, trabalho de RP e as atrações: Marcelo Camelo com a namorada Mallu Magalhães & banda e, depois, Macaco Bong (oi?).

Não fiquei para ouvir o Macaco Bong que, me disseram depois, faz um som instrumental dos melhores. Peguei apenas, em local super privilegiado, o show do Camelo e da Mallu.

Foi interessante ouvir a tal da Mallu Magalhães. Há um enorme tumulto em volta da moça desde que ela começou a fazer sucesso pelo MySpace, há alguns anos. E, agora que a ouvi ao vivo, posso dizer que o fenômeno maior é mesmo o sucesso pela Web 2.0 do que o talento necessariamente.

Mallu Magalhães não é ruim, não me entenda mal. Só não tem sal. Quase não se ouve a voz da moça. Seu estilo de tocar violão é quase pós-estudantil. Seus acordes são básicos, basicamente parecidos com o que faço quando toco (sou um músico amadoríssimo nas horas vagas). Alguns replicam dizendo que ela tem apenas 17 anos. Ora, existem artistas de 13 anos com mais desenvoltura e qualidade musical que ela.

Além da limitação musical, ela é tremendamente insegura no palco. Ao lado do experiente Camelo, ela torna o namorado em uma espécie de pai; quando não estava com o violão em mãos, ela pegava diversos instrumentos de percussão que estavam ao lado. Parecia com medo de usá-los. Antes de qualquer tentativa, olhava sempre para Camelo procurando um olhar de aprovação. E, quando arriscava um primeiro boing ou priii, olhava novamente para o vocalista do Los Hermanos para saber se estava certo.

Marcelo "João Gilberto" Camelo reclama pra plateia

Alguns dizem que o jeito timido de Mallu é tipo. Eu não acredito. Ela é realmente uma moça tímida. Foi feita para tocar apenas com seu violão, em um ambiente silencioso - justamente o que não havia ontem. Além da banda bem completa que os acompanhava, o público de fato não deu muita atenção à banda e falava bastante durante o show. Chegando ao ponto do próprio Camelo encurtar a apresentação por conta disso. "Ensaiamos pesado durante 1 semana para este show, mas o público não parece interessado em nos ouvir. Sem problemas, podem beber e comer e a gente para", disse o vocalista. Não houve vaias. Mas foi o comentário da noite em todo o bar.

Não vou julgar a atitude de Camelo, deixo isso para vocês.

Finalizo com o que comecei: Mallu Magalhães não é um talento ou gênio como falam, é apenas um ótimo case de como a forma de vender, consumir e compartilhar música mudou. Além das características até aceitáveis para sua jovem idade já mencionados (insegurança, timidez), ela tem uma voz muito fraca (em alguns momentos, não era possível ouví-la) e possui uma limitação musical muito grande para alguém com a notoriedade dela. Mas parece que isso tudo é justamente o que faz com que ela tenha sucesso, não?

Vai entender...

Abaixo mais imagens do show.


O polêmico set list já era curto e foi diminuído por decisão de Marcelo Camelo

Na última música, Camelo tirou a amada para dançar enquanto a banda encerrava


Mallu Magalhães se divertindo com um dos instrumentos: esse, uma espécie de sanfona, ela mal tocou

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Achando Escondido

"Escondido" é o nome de uma cidade próxima de onde nasceu J J Cale

Como já falei aqui anteriormente, nada é melhor do que nascer ignorante. É uma dádiva a gente não saber tudo. E um enorme prazer ir aprendendo aos poucos, especialmente quando menos se espera.

Uso muito esssa lógica no campo musical, onde tenho modesto conhecimento. Vou descobrindo, sem pressa, novas e (especialmente) velhas bandas. Pois foi pelas bandas de um amigo mineiro que este CD chegou ao meu conhecimento: The Road To Escondido, de Eric Clapton e J. J. Cale (2006).

Esse CD estava sendo tocado durante uma pequena reunião de amigos. E me chamou a atenção o blues gostoso e melódico, cheio de ritmo, acalentador e instigante ao mesmo tempo. Fui atrás da capinha e decorei o nome.

Nem sabia quem era J. J. Cale. Algumas pesquisas depois, fiquei sabendo que ele é o composito de Cocaine, um dos maiores sucessos de Clapton, entre outros. Na verdade, o estilo famoso de Clapton é bastante inspirado em Cale. Road to Escondido nasceu em 2003, quando Clapton pediu que Cale produzisse um álbum para ele. Conversa vai e vem, os dois decidiram gravar juntoso. Cale levou sua banda para trabalhar no disco e acabou dominando - não sozinho, já que uma série de músicos famosos trabalharam no CD. Ele é o compositor de 11 das 14 músicas do disco.

Porém, não estranhe se você não conseguir diferenciar Clapton de Cale. A voz, o estilo de cantar o blues e até alguns solos são bem parecidos. Algo até esperado, considerando que um meio que se inspirou no outro.

Road to Escondido é um daqueles discos de blues que dificilmente vai frustrar alguém. O som é gostoso de ouvir. Solos bem feitos, um teclado de fundo que anima e batidas lentas e rápidas. Ao contrário do famoso Riding With The King, em que Clapton junta-se a B.B King, neste CD você vai encontrar um blues com uma pegada mais country. Menos sacana, menos direta, mais discreta e suave. O CD abre com Danger, e logo você se pergunta quem está cantando. As duas vozes soam calmantes e simbióticas. Porém, recomendo que você, antes de ouvir o CD inteiro, pule para a faixa 7, de nome It's Easy. Que gostosa! Um ritmo contagiante, eu adorei.

O álbum, fiquei sabendo, levou o Grammy de 2008 como melhor disco de blues contemporâneo. Pra quem ficou interessado, a melhor notícia: encontrei um CD 2 em 1 com The Road to Escondido e Back Home, álbum de Clapton de 2005, por apenas R$ 12,90! Onde? Na Videolar.com. Acessa lá e procura.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O amor e ódio por Barrichello

O cara não dá uma dentro no Brasil - mas a gente adora ele assim mesmo...

Talvez não exista na história do esporte brasileiro – e talvez não venha a existir – alguém que desperte sentimentos tão contrastantes em nossa torcida. O brasileiro ama o Rubinho. Porém, mais do que amá-lo, gosta mesmo é de falar mal dele. Falar mal do Barrichello é um esporte nacional. Afinal, são 17 anos com uma constante frustração, que começou a ganhar corpo após a morte de Ayrton Senna. Todo ano acontece a mesma coisa. Mas, todo ano, lá está a torcida, de novo esperançosa, de novo na expectativa. Firme e forte.

Neste domingo, em Interlagos, nosso Rubinho seguiu à risca o cardápio dos últimos anos. Nos animou no sábado para derrubar domingo. E, claro, após a prova, deu sua declaração bizarra do dia. Diz que saiu da pista com o “dever cumprido”. Eu fico me imaginando qual era esse dever: largar da pole e conseguir terminar a prova atrás do rival que saiu de 14º, além de perder a chance de ser campeão em solo nacional? Se era esse, ele não só cumpriu o dever como ganhou palma de ouro ao perder o segundo lugar no campeonato para Sebastian Vettel.

No meio do ano, escrevi uma coluna que falava da estrela de um piloto. Estrela? Sim, aquele “algo mais” que somente poucas pessoas têm. Aquilo que os diferencia da reles maioria – e isso vale para todos os setores da vida. Existe gente muito competente. Outros são oportunistas, ou têm sorte. Mas somente alguns são predestinados a brilhar.

Barrichello prova seu talento a cada corrida. A cada ano. Neste, em especial, mostrou uma maturidade ainda maior, mesclada com uma experiência que só a idade traz. “É um veterano com a vontade de um jovem de vinte e poucos anos”, me disse Nick Fry, o chefe de Rubens. De fato, o piloto da Brawn é elogiado às tampas por onde se passa no grid. Os mais jovens o invejam por ainda estar tão competitivo; os mais velhos não conseguem acompanhar o ritmo. O próprio Michael Schumacher declarou, após a corrida, que não deveria ter parado. Será que viu Barrichello disputando título e se arrependeu?

Tudo isso, no entanto, não adiantou para fazer com que Rubens Barrichello seja campeão. Ou, de forma mais humilde, para que apenas vença uma única vez a corrida de Interlagos. Vou ao GP do Brasil regularmente desde 1997. Na ocasião, Rubens estreava na Stewart e ainda era jovem. As críticas pós-corrida, no entanto, eram as mesmas de hoje. Em 1999, lembro-me quando ele ultrapassou Eddie Irvine, na Ferrari, na nossa frente. Comemoramos como se fosse gol.

A verdade é que amamos Rubinho. Amamos o que ele fez no sábado. E como conseguiu a pole nos segundos finais. Amamos sua caricata simpatia, suas bizarras declarações, sua sambadinha e até uma aparente teimosia em não aceitar a aposentadoria.

Mas também odiamos o Rubinho. Odiamos como ele freqüentemente chega atrás do companheiro de equipe. E como consegue encontrar erros que só ocorrem com ele. Odiamos suas bizarras declarações. Temos vergonha da sambadinha e imaginamos quando ele aceitará a aposentadoria e dará lugar a alguém mais jovem – incluindo o Bruno Senna.

Mas deixe estar. Em 2010, Barrichello estará conosco, novamente em Interlagos. Novamente vamos amá-lo no sábado. Odiá-lo no domingo. E criticá-lo na segunda.

Conversando com Bruno Senna

Emerson Fittipaldi e Bruno Senna no paddock de Interlagos

Bruno Senna não vê problemas em ser companheiro de equipe de Nelsinho Piquet

Na manhã da corrida, em Interlagos, Bruno Senna conversou rapidamente comigo. No papo, falou sobre a possibilidade de ser companheiro de equipe de Nelsinho Piquet, na estreante Manor, uma das equipes que ingressam à F-1 em 2010. "Não o conheço tão bem, mas não teria problema nenhum com isso", afirmou. Sobre as negociações que conduz, Senna diz que fala com algumas equipes e espera anunciar algo em breve. E, apesar de não ter problemas com Piquet, ele acha que o piloto demitido da Renault dificilmente terá uma nova oportunidade na categoria máxima do automobilismo. "Eu acho difícil. As equipes ainda têm muito receio em associar seus nomes aos dele (Nelsinho). Sei que ele está tentando algo, mas muita gente ainda não está confortável para contar com ele", finalizou.

Bruno Senna negocia com algumas equipes na Fórmula 1. Além da Manor, o brasileiro sobrinho de Ayrton Senna conversa com Campos e Force India.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido

Parênteses - a resposta à carta

A agência respondeu em uma carta que continha, incusive, erros de português: eles concordam 100% com minhas reclamações, tanto que irão remover o hotel de seu portfólio. Parte 1 concluída - vamos acabar com aquele resort!

Para amenizar o nosso desconforto, eles oferecem, a preço de custo, uma viagem a qualquer local operado por eles. Agora eu me pergunto: vale a pena? Pois, para ter essa compensação, preciso necessariamente gastar mais um bom dinheiro, certo? Devo aceitar? Devo recusar? Se sim, o que devo exigir?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte II - Isla Margarita, um resort infernal e o paraíso das compras

Quando saímos de Los Roques, após 3 dias de intenso sol, mar, praia e bronzeados como nunca (leia-se "rosas dos pés à cabeça"), encaramos com muito otimismo o período em Isla Margarita. Sabíamos que, apesar dos transtornos iniciais, seria uma experiência bacana.

Transtornos? Sim, deixe-me contextualizar a coisa. Antes da viagem, tudo já estava certo e pago. Em Margarita, ficaríamos no Hesperia Isla Margarita. Cinco estrelas, praia quase exclusiva, além do regime "all inclusive", aquele maravilhoso sistema em que você pode comer e beber o que quiser o dia inteiro, tudo na faixa.

Pois bem. Uma ou duas semanas antes da viagem, fomos informados que haveria uma cumbre (cúpula, em espanhol) do Chávez, e que portanto ele estava tomando o resort Hesperia Isla Margarita inteiro para ele. Assim, simplesmente. Os hóspedes que já estavam reservados para ficar lá simplesmente ficaram sem hotel!

Nossa agência de viagens nos explicou o ocorrido, e nos deu como opção mudarmos para o resort Hesperia Playa el Agua, da mesma rede, um pouco mais afastada e quatro estrelas - portanto, 1 a menos do que pagamos. Antes de aceitar, pedimos uma compensação qualquer para eles. E, resumindo, o hotel nos prometeu uma "atenção especial".

Não falarei aqui como foi a experiência em Margarita. Apenas vou reproduzir abaixo o e-mail que mandei ao agente de viagens, após o retorno. Vejam e constatem como, quando quero, consigo ser bastante chato:

Caro Geronimo, bom dia.

Escrevo para lhe passar um pouco do que foram as férias na Venezuela ao lado do Lucas. Como sempre, o serviço de transfer entre os vários locais que estivemos foram impecáveis. Simpatia e bom atendimento nesse quesito. Los Roques nos surpreendeu positivamente com sua beleza, apesar das constantes quedas de luz no local - algo relativamente normal por lá. Caracas, em uma passagem rápida, também foi uma boa experiência, incluindo o hotel Pestana, certamente um dos mais belos que já fiquei. Tudo muito bom.

Isso, porém, não apaga o que passamos no resort Hesperia Playa El Agua, justamente o trecho mais longo da viagem - e o local que contávamos mais para nos divertir. Encontramos erros em diversos âmbitos: atendimento, comida, frequência, localização, agilidade, acomodações, etc. Ao longo do e-mail, irei detalhar melhor.

Essas falhas já seriam frustrantes tivéssemos, de fato, reservado aquele resort. Porém, ficava pior quando lembrávamos que havíamos pago por um resort 5 estrelas e estávamos em um 4. E irritava quando sabíamos que o resort prometeu-nos uma "atenção especial".

Pois sinto lhe informar que essa atenção especial foi, na verdade, uma falta de atenção especial. A seguir explico em tópicos.

- Comida: comida de péssima qualidade, em pouca quantidade. No dia em que chegamos, um dos três restaurantes estava fechado para reformas, sem que tivéssemos sido informados. Com um local a menos, a conta é fácil: os demais funcionando estavam sempre lotados, com filas imensas, péssimo atendimento. As opções de bebida em um deles era suco estilo "tang" de laranja ou morango, acredite. No café da manhã, ovos mexidos e outros itens típicos desta refeição acabavam em minutos; pratos e tigelas estavam lascados e rachados; não havia colher, em mais de uma ocasião; a música executada nos auto-falantes dos locais pulava, indicando o CD riscado - e mesmo assim não trocavam. Os pães eram servidos sem pegador: os hóspedes escolhiam com a mão - alguns deles pegavam e devolviam.

Fomos almoçar no primeiro dia um pouco mais tarde e encontramos filés de frango frios embalados com filme plástico. Hambúrgueres tostados demais, pães em falta...

- Lobby: de longe, muito longe, o pior que já estive. Sem ar condicionado, aberto, infernal de quente, com um terrível atendimento no balcão. Não sabiam de nossa famosa "atenção especial" quando fizemos o check-in; não respeitaram a fila quando fizemos o check out; o wi-fi não funcionou; não havia um bar no local. Onde ele funcionava, apenas uma faixa amarela de interdição, lembrando aquelas cenas policiais dos EUA. Sim, o bar principal também estava fechado.

- Bares: mais um exemplo do atendimento deplorável deste resort. As bebidas eram boas, mas a agilidade não existia. Mal humor, indisposição e constante falta de ingredientes. Em uma ocasião, fomos pedindo as bebidas, uma a uma, para checar qual havia. Tudo acabava: suco de laranja, tequila, côco. O bar da piscina central, que fechava todos os dia 1 de manhã (não havia um bar 24h), parava de atender 15 minutos antes. Quando cheguei 0h45 ao local para pedir bebidas, nos serviram cervejas, dizendo que iam fechar. Quando insisti dizendo que ainda não era hora de fechar, foram ríspidos e falaram que tudo já havia acabado (no balcão, todas as bebidas já estavam guardadas, claro). Um desleixo com o cliente que nunca vi em qualquer hotel.

- Quarto: o atendimento nele era lamentável. Faltavam toalhas todos os dias. Em um deles, tivemos que ligar mais de uma vez, pois horas haviam passado e nada chegou. A limpeza era mal feita e a acomodação tinha um claro cheiro de mofo.

- Atividades diárias: a música que tocava nas piscinas era a mesma, todos os dias. As atividades noturnas eram fracas: limitavam-se a shows de dança típicos, sem qualquer interação com o público. Durante o dia, apenas vôlei na água e um concurso de dança. Tudo acontecia sempre no mesmo local, um palco ao lado da piscina, dando ao hóspede uma sensação de rotina, justamente o que ele não quer em um resort.

- Mentira: a equipe de monitores organizou uma balada para os hóspedes: transfer ida e volta mais entrada para a Kamyl Beach. Nos convenceram, dizendo que seria a melhor da região e estaria cheia. Pagamos, certos de que valeria a pena. Chegando ao local, estava vazio, às moscas. Perguntamos a eles se a disco Frog's, que nos indicaram, estava melhor. Nos disseram que não, que estava vazia pois ficava em região militarizada. Fomos conferir mesmo assim, e surpresa: a balada estava cheia, lotada e agitada.

- Frequência: justamente o que não queríamos. Casais aos montes, crianças e idosos. Em cinco dias de resort, eram raras as ocasiões em que víamos grupos de amigos ou amigas jovens, que não fossem casais. Ou seja, a ideia de ir a um resort divertido, com agitação e pessoas para conhecer foi pelo ralo.

Pior, a frequência era notadamente simples: 95% de venezuelanos de classe média com suas família. Éramos os únicos brasileiros e pouquíssimos estrangeiros estavam conosco. Após o bar da piscina fechar, 1 da manhã (ou 15 minutos antes, como vi), o resort ficava em silêncio sepulcral. Não havia nenhuma turma de jovens disposto a curtir a noite.

Resumindo: sei que tínhamos a opção de postergar nossa viagem em razão da Cumbre que tomou nosso hotel. Sei também que este mesmo evento prejudicou um pouco a situação normal na ilha. Mesmo assim, confiantes nas nossas exigências e nas trocas de e-mail, fomos certos de que o resort 4 estrelas seria tão bom quanto o 5. Acreditamos nas palavras de todos os fornecedores envolvidos, especialmente você, a julgar pela ótima experiência que tivemos em Cuba, dezembro passado.

Não foi o que tivemos.

Já me disseram que resorts no regime "all inclusive" caracterizam-se pela quantidade, e não qualidade. Concordo que a proposta seja outra, mas não aceito falta do mínimo de qualidade. Pagamos um bom preço por isso - de fato, pagamos por algo que não tivemos de forma dupla: um resort 5 estrelas e essa misteriosa e desaparecida atenção especial que, reitero, não aconteceu em nenhum momento durante todos os cinco dias em que lá estivemos.

Sem mais, espero por um esclarecimento e alguma forma de compensar a experiência que passamos no esquecível resort citado.

Obrigado,
Luís Joly

Entenderam agora como foi a experiência em Isla Margarita? Alguns detalhes adicionais: por causa da maldita cumbre do Chávez, o fim de semana que estávamos lá teve a cidade toda militarizada e lei seca. Nas poucas baladas que fomos, tudo estava às moscas. Claro, no resort ainda podíamos beber, mas o que havia para fazer naquele lugar? Para compensar essa frustração, só mesmo uma coisa podia nos ajudar.

Compras
Nem tudo estava perdido em Isla Margarita. Soubemos, pouco antes de embarcar, que toda a cidade é tax-free, ou seja, isenta de impostos em suas lojas. E, no segundo dia do hotel, achamos o shopping Sambil, um palácio do consumo, com 250 lojas, inclusive as maiores grifes dos EUA e Europa.

E aqui vai uma dica importante para quem vai à Venezuela: a taxa de câmbio por lá é controlada pelo governo, em outras palavras, é a taxa oficial: 1 dólar que valem 2,1 bolívares fuertes. Porém, ninguém usa essa taxa. Os venezuelanos possuem um limite para compra dólares ou euros e, portanto, os compram no mercado paralelo. Nas ruas, nas lojas e afins, era possível trocar 1 dólar por até 6 bolívares fuertes. Em euros, é ainda mais vantajoso. Alguns locais chegam a trocar 100 euros por 900 bolívares (mais do que o salário mínimo deles, de 800 bolívares).

Com o dinheiro nas mãos, fomos às compras. E vale muito a pena, gente. Muito melhor que os famosos outlets de Nova Iorque (nunca fui) ou similares. Mas, claro, a vantagem só existe se você pagar em dinheiro. Caso opte pelo cartão de crédito, você irá pagar pela taxa de câmbio oficial. Ainda haverá vantagem, mas nao tão grande. Pra gente foi até melhor. Saberemos que o cartão de crédito não vai nos assustar no mês seguinte...

Alguns exemplos? Calças da Diesel por 100 reais. Bermudas da Tommy por 40 reais. Camisas da Moose por 30 reais...E por aí vai.

Como o período em Margarita não foi nada demais, não há um link para fotos. Apenas algumas, que incluí abaixo, além da montagem inicial. Nos vemos na terceira e última parte da série Venezuela, que irá abordar a capital, Caracas.

Em tempo: ainda não recebemos a compensação da agência de viagens. Quando a conseguirmos, eu atualizo o post.

A vista do nosso quarto: uma das piscinas do resort

O teto do shopping com as 250 lojas

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido


Começo agora uma sequência de textos e fotos sobre minha experiência de 10 dias na Venezuela.

Parte 1 - Los Roques, um paraíso com calor infernal

A primeira questão que entra em cena aqui é o destino de uma forma geral. Muitas pessoas me perguntaram o que tinha de bom para fazer na Venezuela, e por que eu escolhi justamente aquele local. Para essas pessoas, eu digo: não sei muito bem. É a brochante verdade: escolhi a Venezuela pelo pacote incluir três destinos em um, e pelo preço relativamente bom. Além do mais, eu tinha milhas para ir até lá sem pagar nada. Gostaria de dizer que havia um quê político e cultural na escolha, mas não. Até havia, mas bem pouco. Eu queria era descansar mesmo.

Minha viagem foi dividida em três trechos, sendo o primeira deles, Los Roques (veja o quão insignificante é Los Roques neste mapa). Logicamente, não há um vôo direto SP - Los Roques, ou seja, você deve chegar a Caracas primeiro (fomos usando milhagens da TAM. Com 20 mil voc~e chega lá).

Los Roques, em poucas palavras, é um paraíso na Terra. Um paraíso com um calor dos infernos. As fotos mostram o lado paraíso melhor que os textos. Já o calor, eu não desejo pra ninguém que não esteja em uma piscina ou em uma bela praia.

Los Roques é um parque ecológico. Um arquipélago isolado no meio do mar do Caribe. Sem barulho, sem festas, sem bagunça, baladas, noites caribenhas ou muita gente. Apenas o estonteante mar, com diversos tons de azul e verde, a límpida e brilhante areia, e o sol - muito sol.

Apenas a ilha central de Los Roques é habitada. Lá, além das pousadas e casebres, há uma pista - no caso, o aeroporto.

Ao chegar em Los Roques, você provavelmente irá se decepcionar. A água próxima à pista exala um cheiro não muito agradável, e você começa a se pensar se valeu a pena ir até tão longe. Você não vê uma praia incrível logo de cara, e a coisa piora quando você decide dar uma volta pela ilha. As praias são todas usadas para ancorar lanchas, e neste momento você se pergunta "mas onde está a praia?"

Não estão ali. A ilha principal de Los Roques - e a maior - serve apenas para morar. Diversas casas, no estilo cabanas. Moradores locais misturam-se com turistas - muitos da Europa - o tempo todo. A região é segura. Não há eletricidade por cabos. Toda a luz da ilha vem por meio de gerador a díesel. De forma que é bastante comum o local ficar sem luz constantemente.

No chuveiro, não existe a torneira para água quente. Apenas fria. Um problema? Não, uma dádiva. Com pouca fonte de eletricidade, quase não existem casas com ar condicionado. E o calor é forte - mas bota forte nisso. No meu quarto, um ventilador de teto não era suficiente para acalmar os ânimos. Ou seja, entrar no chuveiro frio era a melhor maneira de ter um alívio rápido e fácil.

Ficamos na pousada Macondo, um aconchegante local com cerca de 4 cômodos. Administrado por um casal de italianos que chegaram à ilha há 5 anos, a hospitalidade é tamanha que você se sente rapidamente um parente distante dos dois. Café da manhã, almoço e jantar inclusos - e uma comida muito boa (acho que a esposa deve ter sido chef na Itália).

No pacote que compramos para Los Roques, havia "passeios". E são eles que valem o local fazer a pena. Na manhã do dia seguinte, nos levaram ao cais, cercados por pelicanos, lanchas e turistas. Uma das lanchas te espera. Embarquei nela, onde passeamos pelo meio do oceano até nos deixarem em uma ilhota, daquelas de tirinhas de jornal, bem pequena mesmo. Linda. Muito linda. Água transparente, peixes aos seus pés. Sol. Muito sol. O piloto desembarca, monta um guarda-sol, cadeiras e um enorme dispositivo térmico. Isso umas 10h. Vão embora, prometendo te buscar umas 17h.

Aí, o trabalho é acostumar-se com uma visão encantadora da ilha e do mar. De novo, os convido a ver as fotos no fim do post. Certamente as praias mais bonitas que já vi. Na embalagem térmica? Cervejas, almoço, lanches e água. O suficiente para você curtir o dia. Claro, com muito protetor solar.

No segundo dia, o passeio foi ainda melhor, pois fizemos mergulho. Infelizmente, minha câmera não podia ser usada embaixo d'água, então fica apenas na memória o verdadeiro show que vi no oceano. No momento em que caí na água, já usando a máscara, me surpreendi com toda a vida que estava abaixo de meus pés. Me senti em um documentário aquático. Foi sem dúvida a experiência mais rica de toda a viagem e altamente recomendável.

Detalhe: soubemos depois que o passeio para as ilhas mais longes não estão inclusos. Ou seja, tivemos de pagar para ir até a ilha dos mergulhos. Além de pagar o aluguel do equipamento de mergulho. Ainda assim, abra o bolso: vale a pena e nosso dinheiro vale mais (falaremos do dinheiro venezuelano mais pra frente).

A essa altura, vocês se perguntam duas coisas: a) estava tão quente assim? e b) com quem você foi? Pois digo que estava quente sim. Usamos protetor direto, reaplicando o tempo todo, e ao fim do segundo dia estávamos vermelhos como todo turista norte-americano bobo. Tivemos de cancelar o passeio do terceiro dia para não arruinar as férias.

E, sobre a segunda questão, estive em Los Roques com um velho amigo de viagens - o mesmo que foi comigo para Cuba e me conhece desde criança. Apesar disso, Los Roques é bem mais recomendado para casais. Ou até para uma Lua de Mel. O cenário é incrível. Em todas as ilhotas, há uma pequena loja, onde pode-se comprar bebidas a mais - não são caras - ou um petisquinho. No mais, é curtir o sol e a água transparente cercada de peixes.

Em breve volto para falar de Isla Margarita, onde o esquema mudaria - baladas, festa, resort all inclusive e comida farta, tudo isso somado aos velhos companheiros, o sol, a praia, o mar.

Abaixo incluí uma seleção das melhores fotos. Como sabem, cliquem para ampliar. Quer ver as outras? Clique aqui.

O que dizer? Toda foto virava um cartão postal instantâneo

No momento em que chegamos, com um carregador levando nossas malas: vila simples, toda de areia

Essa é a ilha do segundo dia: maravilhosa

Fim de tarde do primeiro dia: o pôr do sol mais belo que já presenciei

Esta é a placa no "aeroporto"

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


De volta!

Na pressa que foram os últimos dias de trabalho, esqueci de comunicar os leitores aqui que estava de saída, de férias. E mais uma vez, para o Caribe. Pois é, baseado na ótima experiência de Cuba, resolvi ir para a Venezuela.

Portanto, aguardem uma série de posts sobre aquele país e os lugares por onde andei. A foto acima é de Los Roques.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O círculo vicioso no caso Piquet

Ainda vou falar mais sobre o assunto, mas por enquanto queria só mostrar o círculo vicioso criado pelo escândalo Piquet X Renault.

Um diz ao outro que nada disso é verdade. O outro nega, o primeiro acusa. Não é possível concluir nada, a não ser que o resultado disso será péssimo para todos:

1. Para a F-1, que simplesmente tem um magnetismo com escândalos nos últimos tempos e perde o tom de seriedade entre novos e atuais fãs;
2. Para a família Piquet, que fica imunda em um mar de lama. Para o pai, Nelson, uma mancha no currículo e um envolvimento exagerado na carreira do filho. Para Nelsinho, um possível fim em sua curta carreira na F-1 e a imagem de se agarrar na "saia" do pai;
3. Para a Renault, que já gasta milhões todos os anos com a F-1, categoria que ela cogitava abandonar. Uma crise tão grande que ultrapassa a seara do esporte e arranha sua imagem institucional. O que nos leva de volta a...
1. F-1, por outro motivo: uma eventual saída da Renault enfraquece a categoria. Equipes como Williams e Force India pensavam em usar os motores franceses ano que vem. Agora, podem rever seus planos.

Enfim, verdade ou mentira, é ruim para todo mundo. E agora, terá de ser investigado.

domingo, 30 de agosto de 2009

Raul Seixas e (mais) uma versão
de Elvis Presley. Plágio?



Será que a imprensa noticia apenas o que interessa? Explico: nos últimos tempo, faz barulho (literalmente) a tal música inédita do Raul Seixas, "Gospel". Teria sido encontrada em um dos baús do Raul e criada a partir da sua voz com um arranjo do Frejat. Fiquei curioso em ouvir a faixa com um cuidado especial. Não sou fã de Raul Seixas - na verdade, nem gosto muito dele -, mas respeito o pioneirismo do cara e até dou uma chance por ele ser um fã declarado de Elvis (aliás, o fundador do primeiro fã clube de Elvis no Brasil).

Comecei a ouvir a tal "Gospel" no celular de um amigo. Bastaram alguns pouco segundos para a melodia ficar familiar. Já ouvi isso antes, pensei. Mais um pouco e pronto! Eu conheço essa música! É uma versão de "Working on The Building", um gospel de Elvis gravado por volta de 1961 e presente no disco "His Hand in Mine", inteiro composto por temas sacros. Não por acaso, aliás, o nome da faixa de Raul recebeu o sugestivo nome, imagino.

Não tive a oportunidade de ver, no disco lançado com a nova faixa do Raul, os créditos da música. Será que eles mencionam ali que trata-se de uma versão? Será um plágio? Pelo que imagino, quando Raul Seixas gravou essa música, não estava pensando em colocá-la no mercado. Portanto, a culpa não foi dele, mas dos artistas que a transformaram em algo comercial - isso, claro, se nenhuma menção existir no encarte.

De qualquer forma, não seria a primeira vez. O parceiro de Raul, Paulo Coelho, já adimitiu no passado que ele e o maluco beleza haviam copiado a música "I Was Born About Ten Thousand Years Ago" (ouça aqui), também gravada por Presley, e a transformaram no hit "Eu nasci há dez mil anos atrás" (sic). Segundo o escritor, foi uma cópia mesmo, mas que agora já ficou pra trás.

Se alguém souber como está o crédito da música no encarte do disco, agradeço se comentar aqui. E se souber de algum veículo de imprensa que mencionou esse fato, também. Afinal, muito se falou dessa música, mas não vi ninguém mencionar que ela é uma cópia descarada de um lado B (aqui no Brasil) do Rei do Rock.

Descarada é exagero? Pois deixo para seus ouvidos compararem. Notem como o arranjo inicial das duas é IGUAL e até o coral que canta ao fundo é bastante similar.

Versão do Raul:



A original do Elvis:

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Alguém viu essa coisa ridícula?

Só para complementar o post de alguns dias atrás sobre a música brasileira, alguém viu essa atrocidade gravada pela Uanessa Camargo?

Eu me pergunto quem teve a estapafúrdia ideia de transformar a filha do Zezé di Camargo em uma Shakira & cia (essa foi a única que lembrei) tabajara? Eu não conheço a Uanessa e, pelo que vi, este clip é velho, mas duvido que ela de fato esteja fazendo esse tipo de música e cantando com esse cara estranhíssimo porque gosta da coisa. Isso é um marketing barato, raso, remendado e revoltante.

O pior é saber que deve ter muita, muita gente que gosta desse tipo de coisa - só o fato dela ter gravado mostra que há mercado.

Uanessa Camargo não cai no meu conceito. Já que ela nunca, de fato, teve algum. Agora ela só ficou devendo mais. Essa palhaçada que ela gravou consegue ser quase tão imbecil quanto a tentativa de Rita Lee de transformar "I Wanna Hold Your Hand" em um baião, ou do Lulu Santos em afirmar que MC Leozinho causou o mesmo impacto nele que os Beatles, ou de Paulo Ricardo quando assassinou gravou "Imagine".

Aliás, são tantos momentos ruins que dão um post dedicado a isso. Em breve crio um.

Abaixo, fique com este verdadeiro filme de terror disfarçado de música.

domingo, 23 de agosto de 2009

Valência, terra de brasileiros*
Em dois anos, dois brasileiros levaram. Quem será ano que vem?



No meio da década de 1980, a Hungria era um país bem familiar dos brasileiros. Lá, entre 1986 e 1988, Nelson Piquet e Ayrton Senna ganharam as três primeiras edições do então recém chegado Grande Prêmio da Hungria. Vários anos depois, o mesmo pode estar se desenhando em Valência, local que busca alcançar o status de Mônaco na Fórmula 1, com organização impecável, acabamento superior, facilidade de acesso e potencial turístico enorme. Em 2008, ano de estreia do circuito, Felipe Massa levou.

E não é que agora chegou a vez dele? Rubens Barrichello, o rei das declarações polêmicas, o eterno açoitado por imprensa e torcida (incluindo este colunista que vos escreve), logo ele, deu a centésima vitória brasileira nas pistas da mais famosa categoria do automobilismo. Vitória que contou com a perfeita fórmula talento + sorte. Talento porque Barrichello foi rápido quando precisou. Superou seus adversários no melhor estilo F-1 moderna – com ultrapassagens durante o reabastecimento. E sorte já que, quando não conseguiu alcançar o líder Lewis Hamilton, contou com uma providencial falha na segunda parada do inglês. Barrichello é a prova viva de que, se a F-1 abraça pilotos cada vez mais novos, os veteranos ainda têm seu valor. Veteranos como...

...Schumacher.

Já assistiram o lamentável “Em Alta Velocidade”, com Sylvester Stallone? No filme, o brasileiro Memo Moreno sofre um acidente. Para substituí-lo, eles resolvem trazer de volta o veterano e antigo campeão da categoria, Joe Tanto (claro, o Stallone). No filme, o ator que dá vida a Rocky e Rambo faz bonito, passeando nas pistas e ajudando o companheiro a conquistar o título da temporada. A vida real, porém, pode ser muito mais cruel.

O heptacampeão Michael Schumacher provavelmente não lembrou desse filme (quem lembra?), mas sabe que fama não ganha corrida quando voltou atrás, há alguns dias, e desistiu de tomar o lugar de Felipe Massa. Alegou dores no pescoço. Verdade ou não, tenho certeza que o alemão corria o risco de manchar o currículo em uma pista difícil. No lugar de correr um risco desnecessário, jogou a bomba para o pobre Luca Badoer – que, coitado, foi tão mal que até doeu. Se o roteiro for cumprido, Schumacher pode ter adiado seu marqueteiro retorno para pistas mais familiares, como Spa, onde é recordista de vitórias, ou Monza, onde é rei. Monza que, dizem, aguarda a chegada de...

...Alonso.

Na pausa da Fórmula 1, os boatos cresceram. Muitos colocam Kimi Räikkönen fora da Ferrari, para ceder lugar ao espanhol. Claro, todos negam, mas quando começam a falar demais de um assunto, é sinal de que tem algo pra valer na jogada. Alonso e Massa na mesma equipe? Longe de mim ser patriota, mas se o brasileiro voltar guiando do mesmo jeito que parou, será um páreo duro pro espanhol. Enquanto isso, sobrou para o ex-companheiro, Nelsinho...

...Piquet.

Nelsinho já mostrou em categorias menores que tem talento. Não é de se jogar fora e merece novas oportunidades na Fórmula 1. No entanto, está na hora de sair da barra da calça do pai e andar por méritos próprios.

Encerro esta coluna de análises amontoadas com a ótima notícia de que a temporada 2010 termina com o reabastecimento, reativado em 1994. Na época, a decisão foi criada para equilibrar a temporada, que vinha de dois anos (1992 e 93) dominados por apenas uma equipe. No cenário atual, o reabastecimento não era mesmo necessário mais. Já foi tarde.


*coluna publicada em dia de corrida no site UOL Interpress Motor. Para ver as anteriores, clique aqui.