sábado, 29 de março de 2008

Ainda sobre Balestre (e como estamos ficando velhos...)

Em tempo: na última sexta-feira, quando soube da morte do ex-dirigente, comentei com a primeira pessoa ao lado, no caso, o estagiário do time de Nokia. Pois não é que ele não sabia quem era o Balestre? Mais do que isso, ele sequer sabia de todo o episódio de Suzuka, e da batida entre Senna e Prost, ou mesmo quantos títulos Ayrton detinha.

Tive (imaginem se não gostei) de dar uma rápida aula sobre a F-1 da época, quem era quem e o que tinha ocorrido na mencionada corrida do Japão. O rapaz ficou até interessado. Mas me chocava ver sua reação ao me ouvir - ele realmente estava sabendo daquilo pela primeira vez!

O pior foi constatar que o motivo da ignorância não era falta de cultura ou esquecimento. Ele simplesmente desconhecia a história pois tinha apenas três anos quando ela aconteceu....
Jean Marie Balestre (1921-2008)

Morreu aos 86 anos Jean Marie Balestre, ex-presidente da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Mas isso você encontra com mais informações em diversos portais de notícia. O objetivo deste blog, afinal, não é informar, mas sim registrar.

Esse senhor nascido na França, sempre com uma cara rabugenta e com óculos garrafais, foi a primeira pessoa que eu me lembro de odiar. A palavra é forte, sei disso. Mas na infância tudo ocorre de forma superlativa, autêntica e sem preconceitos. Balestre, para os que não sabem, foi o maior inimigo que Ayrton Senna teve na Fórmula 1. Muito além de Prost, Mansell ou Schumacher, apenas rivais na pista.

Em 1989, então com nove anos, descobri, graças ao citado falecido, que as pessoas eram manipuladoras. E muito. Àquela época, Fórmula 1 era tudo pra mim. Acompanhava as corridas, como faço hoje, mas com muito mais paixão. Claro, além do fato do Brasil ser então dignamente representado (bons tempos), a idade contribuía para que aquilo ganhasse tons ainda mais lúdicos para mim.

Foi com a Fórmula 1 que passei as primeiras madrugadas propositadamente acordado, desde os seis anos, quando havia corridas na Austrália e no Japão. Em 88, assisti e gravei, no revolucionário e cheirando a novo videocassete, a vitória que deu o título de Ayrton - sempre ao lado do meu pai.

E, em 1989, vi aquela sujeira feita por Alain Prost, também ao vivo - para os mais jovens ou desmemoriados, vejam o resumo da corrida aqui. Diga-se, a sujeira maior não foi de Prost, que fechou a porta buscando causar o fim da corrida e seu eventual título. A verdadeira manobra ilegal ocorreu nos bastidores, entre os "homens de terno e gravata", como dizia Galvão Bueno à época.

Balestre desclassificou Senna da corrida por ter cortado caminho pela chicane após a batida com Prost. Um motivo pífio e ridículo, já que Senna claramente não levou vantagem nenhuma ao cortar a curva. Apenas foi empurrado pelos fiscais para não ocupar a pista enquanto estava parado - uma questão de segurança.

O presidente da FIA, porém, decidiu punir Senna mesmo assim. Lembro-me bem dos momentos que mostraram Senna impedido de subir ao pódio, resignado, olhando para o vazio. E de seu depoimento, na corrida da Austrália alguns dias depois, quando revelou ter considerado abandonar a carreira. Como resultado, o brasileiro não levou o título de 1989.

Mais do que isso, Ayrton foi obrigado a "reconhecer" seu erro, ou perderia os direitos de correr na F-1 em 1990. Ele correu, e foi campeão. Mas as consequências do ocorrido no Japão surtiram efeitos até para novas gerações - quem não se lembra de Schumacher em suas manobras para o desfecho do título, em 1994 e 97?

Jean Marie Balestre claramente usou seu poder para favorecer o compatriota Alain Prost. De uma certa forma, ele seguiu os passos de Prost, que tinha o apelido "professor". Balestre foi para mim um mestre. Me mostrou que existem pessoas no mundo que agem por interesses - e usam meios obscuros para atingir seus objetivos.

A lição foi aprendida. Que descanse em paz, Balestre. Você não fará falta.

domingo, 23 de março de 2008

Brasil, o País dos postes

Foto e efeito feitos por um Nokia N82. Local: Câmara Americana de Comércio

quarta-feira, 19 de março de 2008

Chaves - Terror na Vila

Não costumo dar muita atenção às edições que fazem do Chaves, normalmente sempre alusivas à drogas ou coisas do tipo, e com redublagens tosquíssimas. Mas essa que me mandaram vale muito a pena. Criado pelo usuário "Ramone66", do You Tube, o triste é que, como todo bom trailer, dá vontade de ver o "filme".

quarta-feira, 12 de março de 2008

Sua chance de ganhar um Nokia N95


Que me desculpem a propaganda do meu cliente, mas o concurso é bom. "Transforme seu celular em um N95", ou seja, pegue aquele seu celular velhinho e caindo aos pedaços, e faça uma montagem dele criativa, embutindo nele as várias funções do N95, como câmera de 5 megapixels, GPS, games, Internet, mapas, etc...

Para participar, você deve se inscrever no site www.area95.com.br. Após o cadastro, será convidado a enviar uma foto (normal ou montagem) e/ou vídeo ao site sobre como transformar o seu celular em um Nokia N95 – vale, por exemplo, empilhar listas telefônicas, videogame, uma câmera digital e um mapa de papel em volta de um celular.

As imagens e vídeos irão para avaliação. Assim que aprovadas, ficarão disponíveis para votação dos demais usuários do site - haverá também a opção de indicá-la para um amigo votar. As 50 mais votadas serão encaminhadas para uma comissão julgadora, que selecionará as mais originais para ganhar diversos prêmios. O autor da melhor foto e/ou vídeo ganhará um Nokia N95.

Ah sim, eu não poderei ajudar ninguém a ganhar, OK?

sábado, 8 de março de 2008

A cobiçada solidão de um sábado à noite

Cedo da noite, ainda. Pouco passou de 23 horas. Lá fora, o mundo se prepara para mais uma noite de bagunça, como em todo fim-de-semana. Sedução, sexo, sujeira, sorrisos, suor. Aqui, na solidão do meu quarto, não poderia estar mais feliz. Ligações chegam, mas eu as ignoro. Programas existem. Amigos, também. Mas são esquecidos. Impotentes, perdem para o meu impagável programa de sábado à noite.

Nota-se, não é o estado de namorar ou não namorar que muda nosso comportamento. Temos nosso espírito e alma, que vem muito antes de uma segunda pessoa. Bebida, amigos, gritaria, oceanos que não vão secar. E nada disso vai mudar. Ainda assim, tem dia que uma boa música, idéias na cabeça, palavras no papel, um bom filme, mesmo que já visto e revisto ao longo da vida...Tem dias, e noites, que isso é o que chamamos de ideal.

Sim, já disseram que todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite. Não escondo o que procuro. Mas também não sei ainda o que é. Querência, bem-me-quer, inquietude, queixas. O que sei é que, pra hoje, a melhor pedida é encontrar "Um lugar chamado Notting Hill" na TV de novo. Emocionar-se com a cena final, de novo. Ter esperanças, de novo.

De nada.
De novo.
Devaneio,
desnorteio.
Dez nuvens,
dezenas de dados,
desdenho o destino.

domingo, 2 de março de 2008

O vi(o)lão dos músicos

Meu violão no canto da cozinha: de lá, não saiu

Há poucos minutos voltei de um dia cheio. Na parte diurna, uma festa tradicional (sob o meu ponto de vista), com cervejas, amigos, casais e, claro, o bom e velho rock. Uma banda ao vivo, com direito a uma canjas minhas. Uma realização para um sábado ordinário.

Horas depois, estava em uma outra festa, com amigos diferentes. Como antes estava com o violão no evento anterior, levei-o para o encontro posterior. Eis que chego lá e me deparo com o famoso jogo guitar hero, do Playstation. Na verdade, nem era o tal, mas uma versão superior, guitar band. Nessa, não apenas é possível "tocar" a "guitarra", mas também a "bateria". Isso mesmo, havia uma pequena imitação de bateria no local. A guitarra, em ótimo acabamento, trazia um "fender" assinado. Coisa fina.

Já havia ouvido falar do tal jogo, mas nunca tinha o visto na prática ou tentado. Dessa vez consegui. E "toquei", de forma bem-sucedida até, uma versão de Wanted Dead or Alive, do Bon Jovi, na "guitarra". A canção é a original mesmo.

Não é necessário dizer que o game foi um sucesso em absolutamente a noite toda. Não houve música ambiente, como em festas normais. No lugar dela, o que tocou foram as mesmas sete ou oito músicas que estavam disponíveis no game. E aí eu senti a diferença para a festa anterior.

Jogos como guitar hero transformam qualquer um em músico, mesmo quando é o mais lesado em termos de conhecimentos de instrumentos musicais. Não é necessário saber tocar, basta decorar as cores e bater no tempo certo. É uma espécie de democratização virtuosa da música. Ali, qualquer um pode tocar.

Mas e nós, músicos (mesmo que de fim-de-semana), como ficamos?

Apesar da dona da festa ter aceitado com interesse o meu violão, ele não saiu do lugar a noite toda. A sensação da festa foi a tela da televisão e a fila que se formava para assumir um lugar, ora na "bateria", "guitarra" ou microfone - sim, microfone também era uma opção. E o jogo ensinava até como entrar no tempo certo de Should I Stay or Should I Go, uma das executadas à exaustão na noite.

Confesso que, para mim, foi uma decepção. Sou uma pessoa ligada em tecnologia, mas ela até agora não havia me incomodado - até agora. Jogos como esse colocam em segundo plano alguém com um violão ou mesmo uma banda. Afinal, porque as pessoas que não tocam nem campainha vão querer ouvir, se elas mesmo podem tocar?

Talvez seja a impressão errada, mas foi o que aconteceu nessa noite. Felizes dos que jogam games como Guitar Hero. "Isso será o sucessor do karaoke", disse um dos presentes a mim.

Do jeito que a coisa anda, eu já fico feliz que não seja o sucessor, em longo prazo, da música.