domingo, 22 de julho de 2007

(reprodução de artigo publicado no site http://www2.uol.com.br/interpressmotor/)


Grande, Enorme Prêmio da Europa



O GP da Europa de 2007 nos lembra como é bom assistir corridas de Fórmula 1


Sagrada, sagrada chuva. Chuva que nos dá a água, fundamental para vida no planeta. Menos altruísta, a chuva mencionada nesta coluna deu, sem falsos exageros, uma das melhores corridas de Fórmula 1 dos últimos tempos. Chuva que conseguiu transformar um Grande Prêmio da Europa, na verdade, em mais que grande; enorme, gigante. Um enorme prêmio para todos os fãs de automobilismo.

Corridas com pista molhada são sempre um colírio para os olhos de todo fã de Fórmula 1. Afinal, o melhor nesses casos é sempre a imprevisibilidade da coisa. Na chuva, tudo muda, os melhores podem ser apenas bons, e os (aparentemente) medíocres aparecem como abelhas no mel.

Se, para o piloto é um Deus-nos-acuda, para os simples mortais que vêem a prova, é normalmente a melhor corrida da temporada.

Aguaceiro no início da prova, carros batendo no trator, rodadas e saídas de pista. Há quem diga que o circuito editado de Nürburgring, versão modesta da lendária pista de 22km, esteja ultrapassada. Porém, é normalmente lá onde acontecem as melhores corridas do ano. Também é onde os grandes pilotos se destacam.

Fernando Alonso e Felipe Massa protagonizaram a melhor disputa de posição do ano. E Alonso saiu rugindo para todos que Felipe exagerou. Talvez seja o próprio espanhol o exagerado, que até agora, só não criou problemas com Raikkonen entre os 4 maiores do ano. Mas, do jeito que a coisa anda, basta o finlandês atravessar seu caminho para ele soltar os cachorros à imprensa mais uma vez.

A chuva que tirou a vitória de Felipe Massa, a poucas voltas do fim, foi preço barato que nós, brasileiros, pagamos para ver um final de corrida ainda mais emocionante. Massa teve postura de campeão do início ao fim do evento. E isso inclui a forma como tentou, agressivamente, segurar Fernando Alonso nas voltas finais. E também o bate-boca após a corrida, em que vimos claramente Fernando Alonso comemorando, de forma até um pouco falsa, a vitória.

Massa, como bom brasileiro, situou-se no limite da diplomacia – mas, se fosse preciso, para o diabo com ela.

Chuva que ainda deu a oportunidade dos coadjuvantes fazerem boas provas. Deu ao novato Markus Winkelhock, da nanica Spyker, chance de conduzir o pelotão na liderança em sua primeira corrida. Deu à esforçada Red Bull Racing um lugar ao pódio com Mark Webber. Deu a Lewis Hamilton – OK, ele não deveria ser um coadjuvante, mas foi – uma corrida, finalmente, fora do padrão inglês que ele segue.

Após o terrível acidente no treino de sábado, Hamilton ainda voltou para correr no dia seguinte. Deu show em toda a corrida e, no fim, sequer chegou à zona de pontuação, terminando apenas uma posição a frente de seu lugar original no grid. Resultado injusto para quem teve tantos percalços no fim-de-semana, mas excelente para dar ao campeonato novos ares de disputa acirrada.

No pódio, enquanto cumprimentava friamente Fernando Alonso, Michael Schumacher provavelmente devia pensar como ele teria se saído nesta corrida. Acho que todos nós imaginamos como.

Mas, será que isso importa agora?


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Calota na pista
Por pouco a calota solta de uma Renault não faz (mais) estrago na corrida. Massa passou raspando por ela, e a organização demorou muito para retirar o objeto do traçado.

Corridas memoráveis em situação similar

A etapa de hoje nos fez lembrar de outros momentos na história recente da Fórmula 1: Interlagos, 1993, quando uma tromba d’água tirou Alain Prost da prova. Brasil novamente, em 2003, com direito a resultado errado no fim da prova; e Spa, em 1998, a largada conturbada e a última vitória de Damon Hill.

O xerife de Nürburg (ou o Dunga da Fórmula 1)
Que Michael Schumacher nasceu a poucos quilômetros da pista alemã, todos sabem. Que venceu cinco vezes no circuito, tudo bem. Que é dono de praticamente todos os recordes na categoria, OK. Mas precisava usar aquelas estrelas na camisa?!

sábado, 14 de julho de 2007

(reprodução de matéria minha na edição de julho da Revista CRASH)

A Vida Como ela é (ou como gostariam que fosse)

Desde o início dos tempos, o ser humano sonha com o ideal. Traduzindo a idéia para os dias de hoje, buscamos o(a) companheiro(a) ideal, o carro ideal, a casa e o emprego dos sonhos. No entanto, essa difícil idealização sempre tromba com a realidade que cada um vive em seu dia-a-dia: imperfeições, broncas do chefe, vazamento de água no banheiro e espinhas no dia "daquela" balada.

O sonho de viver uma vida perfeita começou a tomar forma quando a Linden Lab foi criada. O ano: 1999. Naquele momento, Philip Rosedale, um antigo executivo da Real Networks, apostou em um sistema 3D onde ele pudesse criar o seu mundo. Sete anos depois, o mundo já não é mais exclusividade dele, e o Second Life conta com residentes de mais de 100 países ao redor do mundo.

Calma lá Para você, que não entendeu do que estamos falando ainda, vai uma explicação: O Second Life, como diz o nome em inglês, é uma segunda vida. Nessa vida, você cria um personagem, chamado de avatar. Ele terá nome, sobrenome, e…vive! Não, o Second Life não é um jogo, com fases a serem vencidas e missões; é uma vida alternativa.

O dicionário define avatar como processo metamórfico; transformação, mutação. E é mais ou menos isso. O avatar, no SL, costuma ser sempre a versão idealizada de seu criador real. Talvez por isso, quando se passeie por lá, existam tantos homens “bombados” e mulheres saídas de um desfile de modelos – claro, nem tudo são flores, e você precisa suar pra melhorar sua aparência também no SL, como veremos mais abaixo.

A definição do Second Life é simples: um metaverso. Sacou? Não? Pois um metaverso nada mais é que um universo alternativo, ou seja, um mundo paralelo onde você pode ser você mesmo, ou (na maioria das vezes) uma pessoa – teoricamente – mais interessante.

The Sims Ao entrar no Second Life, a comparação com o famoso game The Sims é inevitável – a começar pelos gráficos, relativamente parecidos. Porém as semelhanças acabam aí. “Second Life é melhor pois você interage com pessoas reais, e não com o computador”, ressalta Wendell Raphael de Oliveira, 17, moderador da comunidade Second Life no Orkut, a “oficial” sobre o metaverso. Atualmente, são mais de 20 mil membros na comunidade. Wendell considera-se um “veterano” na vida secundária. O usuário já está lá desde 2004, e modera com orgulho a comunidade. “Já criei um tira-dúvidas com mais de 100 perguntas, mas mesmo assim surgem questões novas todos os dias”, afirma.

Como brasileiro é mesmo chegado a uma novidade tecnológica que envolva relacionamentos – vide a matéria sobre o próprio Orkut na última edição da CRASH – não demorou muito para o assunto começar a chegar por aqui. Foi quando a Kaisen Games, ao lado do IG, decidiu comprar os direitos do site para o Brasil. Com a aquisição, o país foi o primeiro – após os Estados Unidos, logicamente – a ter uma entrada exclusiva ao site. O lançamento, prometido para o fim de 2006, só aconteceu em abril deste ano. Hoje, já é possível fazer até compras em reais.

Compras? Sim. Embora seja possível viver e se divertir gratuitamente no SL, também dá pra gastar – e ganhar – dinheiro. Isso explica, aliás, a entrada de várias empresas no metaverso. Os investidores apostam no sucesso do SL no Brasil. Atualmente, o SL já envolve mais de 200 mil habitantes brasileiros, de um total de 6 milhões de internautas. “O SL está modificando a maneira como as pessoas se relacionam na rede”, diz Emiliano de Castro, diretor de marketing do grupo responsável. Embaixadas virtuais são criadas. Já existe até uma sede do PSDB por lá. Universidades, sites de notícias e revistas têm suas versões no metaverso: onde isso vai parar?

Câmbio Flutuante As entradas de tantas empresas e corporações acabam criando a falsa impressão de que o SL é uma mina de ouro para qualquer pessoa fazer a vida – seja virtual ou real. “Conheço muita gente que gasta mais lá do que cá”, diz Wendell. A versão nacional do SL permite compras em reais, que são convertidos para a moeda “local”, o KC$ (Kaisen Cash), facilitando a vida dos usuários – antes, era necessário comprar Linden Dólares. Até o fechamento da edição, um real comprava 1000 KC$ - mas, com a queda do dólar, tudo pode acontecer.

Piadas à parte, apesar do dinheiro rolar solto, Wendell, como um usuário experiente, alerta para as dificuldades por lá – pelo jeito, a crise não rola só por aqui. “Assim como na vida real, conseguir emprego no SL também é complicado”. As barreiras, inclusive, dão chance para que os crimes também aconteçam no mundo virtual. Já há notícias de drogas virtuais, assalto a carros, golpes e até estupro no SL.

Isso, porém, não tira os brasileiros da tela do computador. Assim como o Orkut e o You Tube, o Second Life parece ser a próxima onda. E alguns chegam ao extremo para trazer o avatar o mais próximo possível do mundo real.

“Aproveito as oportunidades que vão surgindo ao longo de minha vida”, diz Sofia Platthy, um avatar do Second Life. A personagem, desempregada, chama a atenção pela beleza. Loira com o cabelo escorrido, olhos azuis brilhantes, um corpo escultural. Sofia possui um perfil próprio no Orkut, onde exibe suas formas na banheira no seu álbum de fotos. Entre os amigos, somente avatares. Ela também possui MSN, onde se comunica com mais residentes do SL. Sofia, que para se virar no metaverso faz bicos como “acompanhante”, quase nada tem a ver com sua criadora real, que se identificou como Cacau. A “dona” de Sofia fica até 3 horas por dia em frente ao computador. “A vida de Sofia gira em torno daquilo que não é possível na minha”, confessa a internauta.

Esse tipo de comportamento é normal? Para uma especialista em psicologia, que preferiu não se identificar, o problema maior ocorre quando a vida no virtual começa a se tornar mais importante que a real. Claro, tudo pode acabar se tornando uma grande moda, algo habitual no mundo da Internet. Na busca pelo ideal, as pessoas fazem como Sofia, e buscam os que lhe falta do lado de cá da tela. “Imagine quantas beldades no SL não são, na verdade, homens”, alerta Wendell, que jamais tentou um relacionamento sério no SL por conta do receio. Sofia, por exemplo, está atrás de um namorado.

Alguém se candidata?

INVADIMOS O SECOND LIFE

Enquanto o conselho editorial da CRASH avalia se vale a pena criar uma edição da revista no mundo virtual (risos), eu estive pelo Second Life durante alguns dias. A entrada, porém, não foi tão simples como eles alardeiam. Apesar de um computador relativamente bom em casa, tive de recorrer a um MAC de um colega. Minha placa 3D, apesar de moderna, não era compatível com os requisitos mínimos do sistema.

Superada a primeira barreira, entrar no Second Life não é complicado. Basta acessar o site
www.secondlifebrasil.com.br, ir em ‘cadastre-se’ e escolher um nome – os sobrenomes são fixos, e há uma lista deles disponível. Para evitar sobrecargas, o site aceita um número máximo de inscrições por dia. Isso significa que, para este repórter, só foi possível o cadastro após uns bons dias de tentativa. Também é necessário fazer o download do “client” (leia-se software), que tem cerca de 10mb.

Para os muquiranas de plantão, é bom lembrar que é possível usufruir do metaverso sem pagar por isso. Apenas pagam quem quiser bens “materiais” por lá, como ilhas, tênis, celulares e carros, entre outros.

Com o nome de Todd Holmer, finalmente comecei a circular pelo SL, e pude saciar um pouco minha curiosidade. O começo é interessante, e há uma lembrança imediata do The Sims, embora o ponto de vista do game seja melhor. O mundo do SL é todo dividido em ilhas. Os mais ricos podem até comprar uma. Não sei bem em que ilha estava quando comecei, mas tive minha primeira decepção com a velocidade do metaverso. Apesar de um belo Mac em mãos, sem uma conexão à internet decente – o que justamente era o caso -, o movimento do personagem é lento e irritante. Na ilha, as pessoas andam de cá para lá. Vê-se de tudo: punks, carecas e góticos. A grande maioria, claro, é de jovens, homens e mulheres, extremamente atraentes (segundo o padrão de beleza em que estamos hoje). Claro, a beleza também é relativa por conta dos gráficos, que deixam um pouco a desejar.

O grande barato quando se está no SL pelos primeiros minutos é clicar no botão “voar”. Isso mesmo, voar. O SL realiza um dos maiores sonhos do homem, e com apenas um clique, você sai voando pelos quatro cantos livremente – claro, só é preciso tomar cuidado para não trombar em ninguém. Mas as maiores surpresas ainda estão em solo.

Como por exemplo, quando vi uma moça vagando “da maneira que veio ao metaverso” (ou seja, nua). Minha curiosidade, digamos, jornalística, foi inevitável, e tive que puxar um papo com ela. A conversa foi breve, já que outros homens lutavam por sua companhia. A razão da nudez era simples: ela procurava roupas novas pra comprar.

Apesar dos problemas, o Second Life é a melhor forma que os humanos encontraram até hoje de tentar idealizar suas vidas. Viver um mundo perfeito, onde tudo é o ideal, a beleza é perfeita, as pessoas não morrem, não sentem sono nem fome.

Na década de 1950, Nelson Rodrigues publicava semanalmente sua coluna no jornal “A Última Hora”. A coluna, chamada de A Vida como ela é, rendeu diversos livros e até hoje é tema em especiais de televisão, teatro e cinema. Nelson, falecido em 1980, infelizmente não teve tempo de ver a bolha da Internet, que gerou fenômenos como o Second Life. No entanto, mesmo meio século atrás, ele conseguia vislumbrar a vida de forma real, em seu cotidiano mais puro e impreciso.

Agora, chegam as notícias de que crime, drogas e desemprego chegam também ao castelo de areia virtual do SL. Pena. O escritor daria boas risadas ao saber disso.

terça-feira, 10 de julho de 2007

TT on the Party, em São Paulo, mostra novas versões do Coupé da Audi

Na porta de entrada, pouco mais de 50 manobristas esperam, em fila. Trata-se do TT On the Party, evento realizado na noite da última quinta-feira para o lançamento oficial do TT Coupé, que contou com quase 1.500 pessoas.

Os manobristas vão recebendo convidados em seus belos carros - muitos deles, da própria Audi. Mas não tão belos quanto as principais estrelas da noite. Os novos modelos TT Coupé estão expostos no grande salão, nas cores preto e prata.

A primeira versão do Audi TT foi lançada em 1998. Em menos de seis meses já era considerado um ícone de esportividade e tornou-se um modelo cult do segmento de cupês esportivos, fato que marcou um novo momento para a montadora alemã.

Por aqui o evento, claro, chamou a atenção. Muita bebida e alguns petiscos. As festas da Audi são sempre famosas, e costumam mesmo atrair algumas celebridades. Pode não ter sido a melhor balada feita pela montadora, mas certamente foi interessante. Entre os famosos, a lista passou por Glória Maria, apresentadora do Fantástico, chegou a Edmundo (o animaaaal) e foi até o irreverente Sérgio Mallandro.

Apesar do lançamento, o maior anúncio da noite chegou somente após algumas horas da madrugada. Sem muito alarde, o Audi TT Roadster foi exibido pela primeira vez publicamente no Brasil.

O Roadster tem como diferença básica para o Coupé o fato de ser conversível. No mais, possui algumas mudanças, como as barras laterais de proteção com acabamento em alumínio, composição de carroceria produzida em alumínio e aço (que proporciona uma sensível redução no peso do veículo) e capota automática. Será comercializado no Brasil a partir de setembro, ainda sem preço sugerido.

Assim como no Audi TT Coupé, o TT Roadster apresenta também motor quatro cilindros 2.0 Turbocharged TSFI, com sistema de injeção direta de gasolina FSI, o que garante ao esportivo uma potência de 200 cv. O carro acelera de 0 a 100 Km em 6,5 segundos e atinge velocidade máxima de 237 km/h.

Na noite da apresentação, o veículo, em vermelho, desceu de uma previsível rampa ao fundo do salão. Mais do que o carro, chamou a atenção as efusivas dançarinas que se esfregavam pelo capô do carro.

A cereja no bolo de descobertas aconteceu na ante-sala do banheiro. Meu celular recebeu materiais publicitários via bluetooth. Papel de parede, protetor de tela, enfim, tudo alusivo à empresa alemã. Teve até um game, em que o Roadster cruza o sul do Brasil pela Rodovia Régis Bittencourt.

Pelo menos no jogo, ela não tem buracos.

domingo, 1 de julho de 2007

Fracasso Americano

Não costumo escrever muito sobre futebol. Na verdade, esta é a primeira vez em que usarei este blog para isso. Mas, sou mais um dos cento e tantos milhões em ação, portanto, deixo aqui uma reflexão sobre o cenário futebolístico atual.

Ver a Copa América é um pouco patético. Há alguns dias, assisti, se não me engano, a Uruguai X Bolívia. Não me lembro quanto foi o jogo. Talvez zero a zero. O que me lembro, certamente, é da falta de futebol apresentado pelos dois times. A deficiência técnica chegou a tal ponto que até os comentaristas na emissora, que normalmente não usam o termo "ruim" para definir a partida durante o intervalo objetivando não espantar o telespectador, não resistiram. Foram todos unânimes em admitir que aquela era uma péssima partida.

Além da deficiência técnica, fica clara - cristalina, eu diria - o contraste entre, por exemplo, a Eurocopa e o nosso torneio. No jogo apresentado na foto acima, por exemplo (crédito UOL), o segundo tempo atrasou. A razão? A rede estava furada. E o juíz simplesmente não sabia como agir. Foi lá um auxiliar, com uma espécie de fio sobressalente, ajudar a fazer uma famosa "gambi", para que o furo fosse remendado. Claro, com o auxílio do goleiro brasileiro, e sob a visão dos demais jogadores. O jeitinho venezuelano.

À parte disso, o momento da seleção brasileira é pífio. Mas, não entrarei nesses méritos, já que a concorrência é grande.

A Copa América é um grande atestado de que, por aqui, só se salva o Brasil e a Argentina mesmo. Mas nós ainda estamos atrás de nossos hermanos: em Buenos Aires não há postes.