terça-feira, 31 de março de 2009

Nova coluna sobre F-1

Tem coluna nova minha sobre a polêmica abertura da temporada de F-1 lá no UOL Interpress Motor. Para acessar, cliquem aqui.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Gran(díssimo) Torino

É melhor não incomodar esse tipo de vizinho

Para as gerações mais novas (e eu me incluo aqui, de certa forma), falar em Clint Eastwood é lembrar de filmes western que ninguém hoje em dia vê ou, pensando nos dias atuais, filmes de ação com um tom "cabeça", diferentes de filmes de ação comuns feitos para arrecadar dinheiro - a maioria deles, com o ator atrás das câmeras.

Muita gente não viu, portanto, o veterano ator em filmes a la Clint Eastwood. E esse termo não tem explicação. Só assistindo para entender o que é ver Eastwood como ator em seus filmes de ação. Eu não peguei Clint no auge, mas já assisti alguns de seus clássicos, como Por uns Dólares a Mais ou Fuga de Alcatraz. Pois bem, voltei do cinema ontem e acabo de incluir Gran Torino entre eles.

Depois de um hiato de quatro anos, o veterano volta a atuar em frente às câmeras. E aí, no português, claro, o esquema é outro: o cara é foda! Clint dá um show de interpretação atuando do jeito que mais gosta. Durão mas fiel a sua idade, armado sempre que pode, com frases de impacto que soam perfeitas na voz rouca dele. Clint está armado e perigoso. O ator dá um show no papel de um velho ranzinza e norte-americano demais em meio a uma perigosa vizinhança de Michigan.

Em momentos como esse fica clara, claríssima, a diferença entre atores desse nível e charlatões menores, que se passam por atores de ação, mas são verdadeiros anjos pertos da interpretação de Clint. E o cara tem quase 80 anos!

Confesso que dois motivos me levaram a ver este filme no cinema: primeiramente, circula uma notícia de que este foi o último filme de Clint como ator. Então era bom correr antes que fosse tarde demais. O segundo, ligado diretamente ao primeiro: eu nunca havia visto um filme do ator na poltrona de uma sala de cinema. E algumas coisas a gente tem que fazer antes que nos arrependamos (outro exemplo? Ir a um show do Roberto Carlos, o que já fiz e registrei no blog no distante 2006). Achei que era interessante contar aos netos que já assisti Clint Eastwood no telão. Algo que meu avô fez, meu pai fez e eu também queria fazer.

Fica aqui, portanto, a dica: não perca Gran Torino. Clint Eastwood, aos 79 anos, digno de Oscar, mais durão do que nunca.

sábado, 28 de março de 2009

Burlando o cidade limpa


Cruzamento na Av. Francisco Morato: o esqueleto de anúncio continua lá mais de 1 ano após o Cidade Limpa

Quando a lei Cidade Limpa entrou em vigor, aquelas pessoas que davam folhetos imobiliários no semáforo tiveram que parar de fazê-lo. E como aquilo era irritante...Eu sempre recusei. Da mesma forma, placas e tabuletas com anúncios de apartamentos também sumiram (demoraram, mas sumiram).

Então, as pessoas começaram a se "vestir" com as tabuletas....

Nova baixa. Isso não pegou. Agora, as bandeiras e faixas voltaram. Incrivelmente, peguei um grupo de garotas agitando bandeiras lisas. Isso mesmo, sem propagandas. Tudo para enganar a lei....A tabuleta ficava escondida, no fundo...

quinta-feira, 26 de março de 2009

Cidadania, eu quero uma pra viver


A pessoa acima não podia parar um pouco mais pro lado esquerdo da foto, e assim permitir o estacionamento de dois carros no local.

Não, não. De forma cruel e gelada, ela preferiu ocupar o espaço de duas vagas. Justamente o espaço onde existem as tão disputadas sombras.

Cidadania, eu quero uma pra viver.

terça-feira, 24 de março de 2009

Um clássico


Estava no hospital outro dia para um exame de rotina e peguei "Caverna do Dragão" na sala de espera. Um verdadeiro clássico. E, quando digo que os desenhos de hoje não são a mesma coisa, será que eu estou velho, os desenhos realmente pioraram ou é uma combinação das duas coisas?

sexta-feira, 20 de março de 2009

Escrever sobre F-1 está difícil atualmente...

Olha, vou levar um tempo para escrever sobre F-1 de novo aqui. Quando escrevi sobre a ida de Bruno Senna à categoria, tudo mudou e a equipe fechou. Quando escrevi sobre o fim da Honda e a saída de Barrichello, novas mudanças e surge a Brown GP com Rubinho no cockpit.

Agora, posto algo sobre a polêmica mudança no sistema de pontos da categoria e, pronto, tudo vai por água abaixo e o velho e tradicional sistema volta a valer (não ficou sabendo?).

Desse jeito, anda difícil palpitar, viu. Basta dizer que meu blog não é referência recente pro assunto: a era Senna continua, Piquet e Senna não correrão juntos e o sistema de pontos não mudou.

quarta-feira, 18 de março de 2009

O monstro do trânsito

Difícil acreditar que este vídeo seja de 1950. Soa mais atual do que nunca...

terça-feira, 17 de março de 2009

Mudança radical. E necessária

Agora o campeão da Fórmula 1 é definido pelo número de vitórias, e não mais pelos pontos, conforme está saindo pela Internet toda. Simples assim: ao final da temporada, quem tiver vencido mais leva. Se o número de vitórias for igual, aí sim valem os pontos como critério de desempate.

Todo mundo agora comenta que, se o critério tivesse sido usado no ano passado, o campeão teria sido Massa. Bem, essas coisas de "se" não devem ser levadas a sério. O regulamento de 1988, por exemplo, era bem controverso, e Senna foi campeão mesmo com menos pontos que Prost.

Enfim, gostei bastante da decisão. As últimas temporadas foram boas, mas a mudança no número de pontos há alguns anos não tinha caído bem. Antigamente, o vencedor levava 10 pontos e o segundo, 6. Mudaram, e até o ano passado, o primeiro faturava 10 e o segundo, 8. Ou seja, era muito confortável para o segundo colocado ficar ali em vez de correr o risco de ultrapassar e, quem sabe, perder tudo (foi o caso de Kimi Räikkönen, campeão em 2007 com menos vitórias e vários pódios).

A temporada começa dia 29, na Austrália, provavelmente uma das mais esperadas dos últimos tempos devido a esse (e outros) anúncios, além, é claro, do atual equilíbrio da categoria. E, enquanto ela não chega, deixo aqui, para quem não viu, uma das melhores brigas da F-1 recente. Felipe Massa X Robert Kubica na última volta do GP do Japão de 2007, durante chuva torrencial. Vale a pena!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sensação ruim # 3


Os últimos dias tinham sido complicados. Desde que voltara de férias, sempre terminava tudo de manhã correndo. Não tinha tempo para ler seu jornal com calma, para tomar um bom café, sequer para escovar os dentes. Chegar atrasado ao serviço tornara-se um desapontante hábito, que normalmente não fazia parte de sua rotina.

Pensando nisso e em qualidade de vida, decidiu então sacrificar míseros 10 minutos de seu sono em prol de mais tempo antes do trabalho. Ficou decidido que não seria mais 07h45, mas 07h35 a hora de despertar. Muito melhor, pensou. Mas, claro, só se saberia o resultado na hora do teste em si.

E ela chegou. Dia seguinte. 07h35, o velho toque de despertar anunciava, via seu celular, que era hora de mais um dia "de branco", como diziam seus pais. Acordou sonolento, como costumeiramente, mas lembrou-se rapidamente da sua nova resolução. E assim agiu durante o banho. Não vou demorar para ver se meu teste deu certo, pensava o rapaz enquanto ensaboava-se com força, mirabolando quase como um cientista prestes a descobrir uma importante cura.

Tudo dava certo. O banho, a toalha era a boa, e até o cabelo estava de bom humor aquele dia. Deu pouco trabalho para ficar como seu dono queria. Vestiu logo uma roupa, já olhando para o relógio e feliz por ver que seu plano estava funcionando à perfeição. Seria um dia inesquecível.

Desceu para o café ainda mais vibrante porque seu copo já estava cheio com o suco de laranja, até a boca. Em volta, papeis soltos de jornais do dia, que ele, enfim, teria tempo para, demoradamente, saborear enquanto comia e bebia sem preocupações com o relógio de pássaros a sua frente. Começaria pelo suco, que já estava cheio mesmo, para molhar a boca. O pão viria depois, quentinho e no ponto que ele gostava.

Não deu.

Quando foi pegar o copo de suco, úmido pela quantidade exacerbada de laranjas expremidas e depositadas ali, ele escorregou de sua mão de forma cruel, quase franciscana: a bebida foi parar perfeitamente em seu colo, molhando de uma só vez, no caminho, sanduíche, toalha, mesa, cadeira, camiseta, jeans e demais indumentárias masculinas.

Claro, havia pessoas ao seu redor, prontas para ajudar, rir ou ao menos esboçar uma reação. Não. Com um gesto com os dois braços, ele sinalizou"não falem nada". A casa permaneceu muda, enquanto o som da laranja fermentando em contato com o algodão das roupas era o máximo que se ouvia. Naquela fração de segundo, pensou em tudo que havia planejado, agora derramado ao chão como leite. A laranja, metáfora para sua vida, confusa, esparramada. Nada dava certo, tudo agia ao contrário do que queria. Que diabos, nada dá certo comigo, lamuriou. Pensou em chorar, apenas. Em desistir de sua vida e começar outra.

Em vez disso, subiu e tomou mais um banho (chegando atrasado ao trabalho de novo).

terça-feira, 10 de março de 2009

Sensação ruim # 2



Por que fui dormir tão tarde, pensava enquanto tentava, de forma atabalhoada, se vestir. Não dá tempo de tomar banho, vai assim mesmo. Calça e camisa social, cinto e sapatos que pouco combinavam. Isso não era o importante. Tinha uma reunião de negócios logo cedo e havia perdido a hora. Em sua cabeça, as atividades corridas que protagonizava eram apenas divididas com imagens de seu superior, pensativo, lamentando com a cabeça o atraso do funcionário - no caso, ele.

Escovou o dente muito rápido. O perfume, mal teve tempo de passar por um ligeiro spray. Pescoço e pulso esquerdo, está pronto. Desce correndo as escadas. Dá tempo para comer, discute consigo mesmo mentalmente. Talvez uma granola? Não, melhor não.

Batendo as mãos no bolso, corre para fazer o check list final. Carteira? Documento? Celular? Cartão corporativo? Carteira? Carteira! Diabos, onde está a carteira? Subiu, pulando dois degraus a cada um, em busca do item mais importante do dia. Somente a carteira perdida já seria ruim, mas ele a achou.

Ah, que bom. Parte do peso saiu de seus ombros degrau abaixo, mas voltaram logo. Estou atrasado! Chave do carro, atravessou a porta loucamente, não se dando ao trabalho sequer de tocar na aldrava. A chave apenas serviria para trancar a porta. Correu em direção ao carro e, de relance, olhou o horário no painel antes de inserir o objeto metálico no contato. Até que não estou tão atrasado, pensou. Iria dar tempo, afinal.

Não deu.

Algum infeliz havia usado o carro na noite anterior. E, lamentavelmente, deixara o bólido amador com o tanque na reserva. Aquela foi a hora em que pensou em amaldiçoar todos os podres que tomavam aquela atitude. Quis sair da garagem e acelerar de forma assassina pelas ruas da lotada cidade. Raivoso, espumante, nada mais importava. A reunião e seu chefe podiam explodir. Tudo que ele faria seria dizer a tudo e a todos o quanto queria matar e morrer.

Em vez disso, foi ao posto e mandou completar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sensação ruim # 1


O trânsito estava terrível. Pior ainda, pertinho de casa, tinha um dos carros mais lentos a sua frente. Ele chegou cansado e exausto em casa. Abriu a geladeira e viu aquela revigorante embalagem de água de côco, com o sugestivo título de "Kerococo". O calor fatigante que antes invadira seu carro sem ar-condicionado já lhe havia tirado quase todas as forças. Restava forças, agora, apenas para ir ao armário, pegar um copo longo e enchê-lo com a gelada bebida que sai do fruto, mas que estava ali, tão fácil, tão simples, tão suculenta e necessária.

Enquanto ia em direção ao eletrodoméstico branco e gelado, já imaginava-se sorvendo aquele precioso líquido que tão bem faz a um corpo humano desidratado - justamente a situação vivida por ele no momento.

Não deu.

Ao contrário do que muitos podem pensar, a embalagem não estava vazia. Pior. Estava com apenas um gole, um pequeno gole, algo que não seria capaz sequer de chegar até a garganta sem que ele já pedisse por mais. E, claro, não havia mais. Imaginou quem seria o responsável por tamanha atrocidade de deixar apenas um gole de água de côco sobrando na geladeira. Perguntava por quê o infeliz não havia ao menos a tomado toda. Tivesse feito isso, pelo menos ele não estaria passando pelo que passou agora, e tampouco teria criado tanta expectativa.

Frustrado, teve por alguns instantes a fúria que somente passa pela cabeça dos loucos e insanos, mentalmente desequilibrados. Viu-se rasgando aquele papelão reciclável até não poder mais, virando o que mais havia por perto, buscando nada mais do que expressão e destruição, até que alguém mais forte conseguisse segurá-lo.

Em vez disso, foi pro quarto e tomou um banho.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Trecho de um livro que não existe


Naquele momento, ele sabia que estava se despedindo. Sim, a viagem tinha volta, mas a amizade não. Eles já não eram mais as mesmas pessoas. O tempo, sempre ele, havia cobrado caro. O preço a pagar era o distanciamento de ambos.

Um chope ainda não machucava ninguém. Foram então. Triste notar, sem que nenhum dos dois precisasse falar, que as barbas em seus rostos escondiam um doce constrangimento. O silêncio de repente passou a ser um constante incômodo. O presente, um forte inimigo. O passado, o acalentante elo que os prendia.

Você ainda está com aquela moça, perguntou um deles. O outro explicou, de forma rápida, que há muitos meses ele já havia terminado o breve relacionamento. Nossa, ele não sabe mais nada do que está acontecendo comigo, pensou enquanto respondia. A solução eterna era apelar para velhas e batidas piadas. Que um dia haviam sido motivo para falta de ar de tanto rir. Anos depois, serviam como uma triste muleta para outra falta: em vez de ar, faltava assunto.

Poucos copos e o encontro acabava. Não sabiam quando se veriam de novo. Nem se. Pálido, o rosto de um exibia um sorriso nervoso, um olhar distante que um dia já tinha sido mútuo. Porém, os tempos de viagem mudaram.

Um frio cumprimento selou o chope. Gelado como a bebida, o rápido tapinha nas costas intercalou com outro na região do abdômen. Não choraram. Não havia motivo para isso. Estava tudo bem.

Somente os dois sabiam que não era verdade.