Algumas pessoas escrevem tão bem que, até mesmo em reclamações, conseguem encantar seus leitores. É o caso de Carlos Dias, nesta reclamação à montadora GM por um problema que teve com seu carro. Com os devidos créditos, reproduzo aqui a carta do jornalista à empresa:
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Um conceito equivocado de Parceria - Carlos Dias
Senhores (as),
Dirijo-me aos senhores já desesperançado de ter um atendimento à altura da General Motors do Brasil, indignado como consumidor de ser abordado com “parceiro” da montadora quando da compra de uma Montana no final do ano passado. Parceiro do que e de quem?, questiono, iluminando os fatos que se seguem:
1) No final do ano passado adquiri o veículo Montana em uma concessionária na Zona Leste, placa DRR 0943, Chassi 9BGXL80GO6C138516. Decisão de compra feita, aliás, pelo atrativo dos 3 anos de garantia que a GM concede.
2) Fui informado no ato da compra que, caso houvesse qualquer problema no veículo, de qualquer sorte, contaria com o apoio da rede de concessionárias e me seria facultado carro reserva para locomoção em casos mais graves até que se findasse o conserto. Nunca isto ocorreu, fiquei na promessa. Ponto.
3) Por decisão pessoal instalei um kit GNV no veículo em uma das mais renomadas empresas deste setor em São Paulo.
4) Não em função da instalação do gás, longe disto, começou o meu périplo na concessionária GM do viaduto Pedroso. Visitei a concessionária para revisão da partida a frio do veículo pelo menos uma cinco vezes. Em todas, sublinho o todas, fui mal atendido e não tive o problema resolvido. Inclusive uma carta foi enviada ao ombudsman da GM, anterior a esta.
5) O meu carro simplesmente não pega pela manhã. Na última vez que estive na concessionária, no sábado, a forma com que fui atendido beirou a galhofa, honestamente. Ao chegar à concessionária depois de uma árdua negociação com o sr. William, chefe da garagem, deparei-me com um mecânico fazendo uma ligação com a minha bateria em outro carro, a popular “chupeta”. Sem que isto tenha sido de longe autorizado por mim.
Na sequência sou informado que nada fora feito no meu automóvel, nenhuma peça substituída. Aliás, este é um ponto crucial: insistir de forma cabal para que fossem feitas trocas no sistema de injeção eletrônica, o módulo com problemas, a partida a frio. Afinal, reza no meu contrato, troca de peças caso não fosse resolvido o problema. Tudo foi feito – desde “resetar” módulo até limpeza sabe-se lá do que -, mas nunca a troca de peças que, insisto, está previsto contratualmente.
Mais: fui informado que por conta da instalação do kit gás perderia a garantia sobre qualquer problema relacionado ao sistema de injeção eletrônica. Em nenhum momento foi-me informada situação estapafúrdia como esta, tampouco listada no manual do proprietário. Pedi, inclusive, que o chefe da garagem da Itororó me apontasse o item alusivo a isto e tive respostas do gênero: “está no manual de 2006, não de 2005”; “há esta menção (de um termo que nada faz qualquer ilação com kit gás)”.
A justifica que me deram nesta última passagem é que faltava combustível no compartimento de partida a frio e que testes tinham sido efetuados. Ora, após uma semana frustrada de pegar o carro, que só funcionava no módulo gás diga-se de passagem, mais que óbvio que o combustível deste módulo gastasse. Qualquer leigo entenderia isto.
A cereja no bolo no mar de explicações nebulosas que obtive era de que havia marcas de camundongo – isto mesmo, um rato!– que poderia ter corroído ou causar algum dano no motor ou sistema elétrico. Só a título de informação, meu carro fica em garagem coberta onde resido e no estacionamento da Câmara Americana de Comércio, a Amcham, onde trabalho, local frequentado muito pelo senhor Ray Young, a quem conheço e, imagino, desinformado sobre os serviços prestados nas concessionárias.
O carro aparentemente pega nas atuais circunstâncias. Mas até quando? Vou precisar findar a garantia para pagar um novo sistema de injeção eletrônica porque a GM se nega a fazê-lo? Privo-me da promessa de um carro reserva feito no ato da compra para um check-up geral no carro, que desejo e anseio?
Que soluções a GM me aponta para sanar o meu transtorno, o prejuízo que tive de ir e vir nas cinco ou mais idas à concessionária? Que espécie de parceria vocês apregoam que fica no mar da retórica somente?
Atenciosamente,
De um consumidor indignado.
CARLOS DIAS
Managing Editor
Amcham-American Chamber of Commerce
São Paulo - Brazil
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