Back to Black
Amy: Branca com voz de negra (mais uma)
Em qualquer atividade da vida, a comparação é inevitável. Todo dia, surgem novos Pelés, Ayrton Sennas, Chacrinhas e afins. E o mesmo acontece na música.
Talvez por isso Amy Winehouse tenha dado de ombros quando disseram que seu estilo lembrava o da memorável e cativante Billie Holiday. Tal qual a americana, esta britânica de apenas 24 anos também encanta por sua voz rouca, negra e anasalada.
Pois os tempos mudaram, os costumes também, mas a filosofia continuou a mesma. Sam Philips, o lendário dono da Sun Records, berço do Rock'n Roll e Rythm'n Blues dos anos 1950, disse uma vez: "Se eu encontrar um branco que tenha voz de negro, ganharei 1 milhão de dólares". Ganhou muito mais quando achou Elvis Presley, mas isso é outra história.
Amy Winehouse era apenas um nome que soava bonito até outro dia, não fosse um CD que surgiu por acidente em meu carro, fruto do esquecimento do meu irmão. E Amy ficou lá por vários dias, em uma mídia que não continha nenhuma identificação. Por acaso invadiu o som do carro. E, depois disso, foi paixão nos primeiros acordes.
O disco em questão, Back to Black, é recente, de 2006. Contém apenas 10 canções, número relativamente baixo em uma época onde iPods de 80GB circulam por aí. Mas são 10 belas canções. Amy é conhecida na Inglaterra por seus problemas com bebida. Fruto de marketing ou não, ela transpôe, de forma cínica e provocativa, esses problemas para suas canções.
E faz isso logo na primeira frase da primeira canção, Rehab. O título não é sem querer. Ela fala justamente da insistência da família em interná-la em uma clínica de reabilitação, mas ela se recusa. Recusa sim, mas com muito funk, soul e metais cirurgicamente inseridos na música.
Destaque tbm para a canção 2, I'm No Good, em que ela se auto-declara no good para um possível ex-namorado. Uma farra, com uma batida de bateria muito envolvente.
Amy Winehouse conseguiu me surpreender. Mesmo em um cenário musical cercado de Avrils, Josses, Norahs e Corinnes, Amy corre por fora. Pode não roubar a cena, mas definitivamente tentará levar o champagne.
Nenhum comentário:
Postar um comentário