(reprodução de artigo publicado no site http://www2.uol.com.br/interpressmotor/)
Grande, Enorme Prêmio da Europa
O GP da Europa de 2007 nos lembra como é bom assistir corridas de Fórmula 1
Sagrada, sagrada chuva. Chuva que nos dá a água, fundamental para vida no planeta. Menos altruísta, a chuva mencionada nesta coluna deu, sem falsos exageros, uma das melhores corridas de Fórmula 1 dos últimos tempos. Chuva que conseguiu transformar um Grande Prêmio da Europa, na verdade, em mais que grande; enorme, gigante. Um enorme prêmio para todos os fãs de automobilismo.
Corridas com pista molhada são sempre um colírio para os olhos de todo fã de Fórmula 1. Afinal, o melhor nesses casos é sempre a imprevisibilidade da coisa. Na chuva, tudo muda, os melhores podem ser apenas bons, e os (aparentemente) medíocres aparecem como abelhas no mel.
Se, para o piloto é um Deus-nos-acuda, para os simples mortais que vêem a prova, é normalmente a melhor corrida da temporada.
Aguaceiro no início da prova, carros batendo no trator, rodadas e saídas de pista. Há quem diga que o circuito editado de Nürburgring, versão modesta da lendária pista de 22km, esteja ultrapassada. Porém, é normalmente lá onde acontecem as melhores corridas do ano. Também é onde os grandes pilotos se destacam.
Fernando Alonso e Felipe Massa protagonizaram a melhor disputa de posição do ano. E Alonso saiu rugindo para todos que Felipe exagerou. Talvez seja o próprio espanhol o exagerado, que até agora, só não criou problemas com Raikkonen entre os 4 maiores do ano. Mas, do jeito que a coisa anda, basta o finlandês atravessar seu caminho para ele soltar os cachorros à imprensa mais uma vez.
A chuva que tirou a vitória de Felipe Massa, a poucas voltas do fim, foi preço barato que nós, brasileiros, pagamos para ver um final de corrida ainda mais emocionante. Massa teve postura de campeão do início ao fim do evento. E isso inclui a forma como tentou, agressivamente, segurar Fernando Alonso nas voltas finais. E também o bate-boca após a corrida, em que vimos claramente Fernando Alonso comemorando, de forma até um pouco falsa, a vitória.
Massa, como bom brasileiro, situou-se no limite da diplomacia – mas, se fosse preciso, para o diabo com ela.
Chuva que ainda deu a oportunidade dos coadjuvantes fazerem boas provas. Deu ao novato Markus Winkelhock, da nanica Spyker, chance de conduzir o pelotão na liderança em sua primeira corrida. Deu à esforçada Red Bull Racing um lugar ao pódio com Mark Webber. Deu a Lewis Hamilton – OK, ele não deveria ser um coadjuvante, mas foi – uma corrida, finalmente, fora do padrão inglês que ele segue.
Após o terrível acidente no treino de sábado, Hamilton ainda voltou para correr no dia seguinte. Deu show em toda a corrida e, no fim, sequer chegou à zona de pontuação, terminando apenas uma posição a frente de seu lugar original no grid. Resultado injusto para quem teve tantos percalços no fim-de-semana, mas excelente para dar ao campeonato novos ares de disputa acirrada.
No pódio, enquanto cumprimentava friamente Fernando Alonso, Michael Schumacher provavelmente devia pensar como ele teria se saído nesta corrida. Acho que todos nós imaginamos como.
Mas, será que isso importa agora?
RETA OPOSTA
Calota na pista
Por pouco a calota solta de uma Renault não faz (mais) estrago na corrida. Massa passou raspando por ela, e a organização demorou muito para retirar o objeto do traçado.
Corridas memoráveis em situação similar
A etapa de hoje nos fez lembrar de outros momentos na história recente da Fórmula 1: Interlagos, 1993, quando uma tromba d’água tirou Alain Prost da prova. Brasil novamente, em 2003, com direito a resultado errado no fim da prova; e Spa, em 1998, a largada conturbada e a última vitória de Damon Hill.
O xerife de Nürburg (ou o Dunga da Fórmula 1)
Que Michael Schumacher nasceu a poucos quilômetros da pista alemã, todos sabem. Que venceu cinco vezes no circuito, tudo bem. Que é dono de praticamente todos os recordes na categoria, OK. Mas precisava usar aquelas estrelas na camisa?!