domingo, 9 de dezembro de 2007

Mudando (mas só um pouco) meus conceitos sobre "música" eletrônica

Escrevendo agora da Sala de Imprensa do Nokia Trends, montada na biblioteca do Memorial da América Latina. Vim para cá por pura obrigação, sem ter o menor interesse em participar de um evento cujo mote principal é a "música" que eu tanto já critiquei: a tão aclamada "música eletrônica". Pois é. Ironia do destino, esta é a melhor forma que a Nokia encontrou para dar vazão ao seu tema "a música nos conecta". Conecta, pois sim, a todos menos ao seu assessor.

À primeira vista, parecia um conjunto de toldos simples. Mas, com o meu cliente especial, eu não podia me enganar. Mais uma vez, a Nokia superou minhas expectativas. O Nokia Trends, dizem, está menor do que nos anos anteriores. Eu nunca vim antes, então não posso comparar. Mas, mesmo assim, posso afirmar que a estrutura continua invejosa perante o que provavelmente fariam meus antigos clientes, símbolos de um passado que me lembra outras imagens e tons.

Não, caro leitor, eu não me tornei amante de música eletrônica ("mas isso é óooobvio"), e tampouco fui contra o que já escrevi neste próprio blog há alguns meses. Continuo achando a "música" eletrônica, uma combinação de barulhos. Mas, dependendo da banda, os resultados não são dos piores. No caso, me prendi mais a duas bandas, "Van She" e "Underground Resistance". Nunca ouvi falar nelas antes, para mim eram apenas mais nomes desse mundo que sempre evitei. Porém, fiquei positivamente surpreso quando as ouvi. Especialmente com a segunda banda citada. Combinação de saxofones com baixos, guitarras, e - acredite - vocais. "Uma mistura de jazz e blues", exagerou um jornalista que estava na pista comigo.

Deu até pra dançar. Agora, por exemplo, não sei qual banda está no palco. Talvez seja a esperada "She Wants Revenge". Mas daqui, da acalentante Sala de Imprensa, enquanto passo os dedos pelo reluzente teclado Dell provavelmente novo, constato que o som também não é ruim.

Vejam só, ontem mesmo estive no Little Darling, o famoso Classic Rock de Moema. Não, não há a menor e mais remota chance de comparação. Dancei com gosto lá. Cantei as letras junto. Como sempre acontece, saí pingando. E as pessoas lá dançavam com um sorriso no rosto. Em baladas eletrônicas, o que conta mais é a pose, e o lado "conceitual" de parecer um pouco depressivo enquanto se dança. Corpos balançam de lá pra cá, os cabelos esticados com a "chapinha" vão contornando e dando formas a lábios que não sorriem, apenas divagam ouvindo os repetidos tuns e tuns da canção executada por computadores portáteis com amplificadores mamutes. Definitivamente, não é meu lugar (mas acho que já disse isso aqui antes).

O cheiro de cigarro permanece. Ele provavelmente será sentido pelos usuários da biblioteca que passarem por aqui amanhã procurando Machado de Assis. Em vez do acolhedor cheiro de mofo dos livros centenários, encontrarão o misto de alcatrão, nicotina e tantas outras substâncias - dizem até, veneno de rato. Mas o cigarro não vem ao caso. Daqui da improvisada (mas bem montada) Sala de Imprensa do Nokia Trends, digo e reafirmo: música eletrônica não é pra mim. Mas ela conseguiu perder menos pontos do que o usual.

E esses pontos vão pra Nokia (adoro meu cliente).

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