A cruel análise da Futurecom e mais sobre assessores de imprensa
Confesso que passei os últimos dias pensando qual seria o post seguinte ao do mundo RP, que gerou tanta polêmica e bateu o recorde de comentários. Afinal, fica a vontade de que as pessoas se interessem da mesma maneira. Já tinha alguns posts prontos, mas os deixei na gaveta para seguir em um assunto similar e fechar - pelo menos por algum tempo - esse assunto.
Semana passada terminou a Futurecom, feira de telecom e tecnologia que eu comentei aqui rapidamente há dois ou três posts. Um ambiente terrível, se me permitem dizer. Freqüento a Futurecom desde 2005, sendo a segunda vez pela Nokia. O local da feira mudou (nos outros anos, foi em Florianópolis e agora foi no Expo Transamérica, em SP), mas o sentimento continua o mesmo.
A foto acima foi tirada na Sala de Imprensa do local, apenas para servir como tema para este post, que já vinha sendo elaborado desde lá. Antesala, sendo mais preciso. Já que no local existe um espaço para os assessores de imprensa (jornalistas? RPs??) e uma sala exclusiva para jornalistas que trabalham em redação. O detalhe mágico: para chegar à sala dos jornalistas, é necessário atravessar toda a sala dos assessores.
E aí já viu, né? Basta aparecer alguém com o crachá com a cor de imprensa (verde, se não me engano) que os assessores partem para cima dele(a) como abutres em cima de cadáveres. E o detalhe do crachá é fulminante. As pessoas não se olham nos olhos. Dirigem-se primeiro aos crachás. Para qual veículo você escreve, que empresa está representando, qual a sua "categoria". Uma espécie de coleira corporativa.
Sempre saio de feiras como a Futurecom acabado e abalado. E não só fisicamente (algo plausível pelo fato de andarmos todos os dias e comermos muito mal). O abalo maior é emocional mesmo. Aquela antesala de assessores mais parece a antesala do inferno. É possível sentir uma atmosfera pesada, um clima ruim, quando entramos ali e vemos dezenas de assessores sentados, sem ter o que fazer, esperando suas caças passarem em busca de um computador ou uma mesa para escrever seus textos.
Se fosse possível, veríamos nuvens negras pairando sobre a cabeça de vários.
Sinto mais pelos assessores de pequenas empresas. Note-se: muitas vezes pequenas no estande e nas ações no país, mas enormes nas cobranças para o pobre assessor. Daí vem a má fama dos que tentam a qualquer custo colocar a Cabelereiros Dalva* na Gazeta Mercantil ou emplacar a líder mundial em semi-condutores para geladeiras vermelhas na capa da Veja só porque o diretor de marketing está no Brasil.
Para conseguir isso, perseguem os jornalistas, fingem simpatia, ligam, retornam, correm e, se necessário, fazem malabarismo no semáforo. Lamentável.
Na edição do ano passado, uma jornalista do Valor Econômico correu quando me viu - na direção contrária. Isso mesmo, correu. Ela nunca terá idéia de como aquilo me abalou.
Felizmente, essa desgraça corporativa só acontece uma vez por ano. Felizmente, meu cliente entende que essas táticas citadas, nem de longe, são a melhor estratégia para conseguir um espaço na mídia. Felizmente, tudo já acabou e eu posso me respeitar de novo.
Infelizmente, ano que vem tem outra - e é provável que eu esteja lá.
*Crédito de Robson Melendre
Semana passada terminou a Futurecom, feira de telecom e tecnologia que eu comentei aqui rapidamente há dois ou três posts. Um ambiente terrível, se me permitem dizer. Freqüento a Futurecom desde 2005, sendo a segunda vez pela Nokia. O local da feira mudou (nos outros anos, foi em Florianópolis e agora foi no Expo Transamérica, em SP), mas o sentimento continua o mesmo.
A foto acima foi tirada na Sala de Imprensa do local, apenas para servir como tema para este post, que já vinha sendo elaborado desde lá. Antesala, sendo mais preciso. Já que no local existe um espaço para os assessores de imprensa (jornalistas? RPs??) e uma sala exclusiva para jornalistas que trabalham em redação. O detalhe mágico: para chegar à sala dos jornalistas, é necessário atravessar toda a sala dos assessores.
E aí já viu, né? Basta aparecer alguém com o crachá com a cor de imprensa (verde, se não me engano) que os assessores partem para cima dele(a) como abutres em cima de cadáveres. E o detalhe do crachá é fulminante. As pessoas não se olham nos olhos. Dirigem-se primeiro aos crachás. Para qual veículo você escreve, que empresa está representando, qual a sua "categoria". Uma espécie de coleira corporativa.
Sempre saio de feiras como a Futurecom acabado e abalado. E não só fisicamente (algo plausível pelo fato de andarmos todos os dias e comermos muito mal). O abalo maior é emocional mesmo. Aquela antesala de assessores mais parece a antesala do inferno. É possível sentir uma atmosfera pesada, um clima ruim, quando entramos ali e vemos dezenas de assessores sentados, sem ter o que fazer, esperando suas caças passarem em busca de um computador ou uma mesa para escrever seus textos.
Se fosse possível, veríamos nuvens negras pairando sobre a cabeça de vários.
Sinto mais pelos assessores de pequenas empresas. Note-se: muitas vezes pequenas no estande e nas ações no país, mas enormes nas cobranças para o pobre assessor. Daí vem a má fama dos que tentam a qualquer custo colocar a Cabelereiros Dalva* na Gazeta Mercantil ou emplacar a líder mundial em semi-condutores para geladeiras vermelhas na capa da Veja só porque o diretor de marketing está no Brasil.
Para conseguir isso, perseguem os jornalistas, fingem simpatia, ligam, retornam, correm e, se necessário, fazem malabarismo no semáforo. Lamentável.
Na edição do ano passado, uma jornalista do Valor Econômico correu quando me viu - na direção contrária. Isso mesmo, correu. Ela nunca terá idéia de como aquilo me abalou.
Felizmente, essa desgraça corporativa só acontece uma vez por ano. Felizmente, meu cliente entende que essas táticas citadas, nem de longe, são a melhor estratégia para conseguir um espaço na mídia. Felizmente, tudo já acabou e eu posso me respeitar de novo.
Infelizmente, ano que vem tem outra - e é provável que eu esteja lá.
*Crédito de Robson Melendre
8 comentários:
Concordo plenamente que é horrível fazer "cobertura" de feira.
No meu início de profissão me mandavam para todas as feiras, de qualquer cliente, de qualquer cidade...Brasília, Florianópolis, Rio de Janeiro, BH, Goiânia, Salvador, Não-Me-Toque, Curitiba, entre tantas outras cidades.
Eu queria morrer, pois, apesar d'eu odiar, a agência achava que eu era uma excelente assessora de feiras! E lá ia eu. O resultado só era bom porque sempre fiz um intenso trabalho prévio e a permanência nas terríveis salas de imprensa servia para estreitar o relacionamento com os jornalistas...e funcionava já que eu não os "atacava"...E olha que a recomendação era sempre: "vai lá, corre atrás dele." Puro constrangimento!
Aliás, um pouco mais sobre os RP/Assessor x Jornalistas. Nestas mesmas salas de imprensa presenciei várias vezes jornalistas serem irônicos com os assessores RP...Como se fosse um defeito ser formado em RP; como se um RP não pudesse pesquisar, ler e escrever.
Preconceito! Ter um diploma disso ou daquilo não é premissa básica para ser um bom profissional de comunicação.
Dri Froldi
Nossa, é contrangimento mesmo...sorte nossa ter que passar bem pouco por isso...
Por essa e outras que eu acho que temos de inovar na profissão...de alguma forma......não é possível que em pleno século XXI tenhamos de fazer as mesmas coisas que nossos ancestrais faziam....a profissão nunca vai evoluir???
e mais: por agirmos dessa forma é que os clientes também fazem com que passemos constrangimentos.....o meu foi eu correr atrás de jornalistas para a coletiva do parceiro comercial do meu cliente...e olha que eu nem a agência estamos ganhando para isso....e mais: o assessor do parceiro comercial quer ver a gente pelas costas...mas o cliente estava lá: "corre, me ajuda a colocar mais gente na coletiva"....no way!!!!
Não sei como é na Futurecom, mas nas feiras de indústria, que são as que mais frequentei, a sala de imprensa fica sempre no lugar mais escondido possível. Terrível. Até parece que um kitzinho largado nas estantes empoeiradas da sala de imprensa ou dizer em 5 segundos que o diretor de marketing estará na feira na terça e na quinta das 14h às 18h, renderá uma pauta.
Feira é para o mercado, mas os assessores insistem de maneira inútil que também pode ser uma oportunidade para vender pautas. Triste.
Na Future, o local até é valorizado. Mas é um verdadeiro antro de desocupados. Os poucos computadores disponível estão sempre sendo usados. Os outros assessores ficam sentados nas mesas, olhando uns para os outros.
Alguns ainda ficam tentando achar espaço para seus press releases na corroída prateleira com todas as pastinhas de clientes. Sujos, alguns assessores "roubam" lugares mais nobres, trocando as pastas de lugar.
quer dizer que eu não poderia ter trocado a pasta do nosso cliente de lugar na prateleira? Achei que ficaria bem melhor no meio e foi para onde eu levei as nossas "pastinhas"...
Elas estavam no meio, até algum fuinha trocá-las de posição.
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