sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Viagens em uma mesa


P O E I R A

Pensei, olhando e imaginando ruidosa alegria. Porém, o esperado indicou raridade atípica. Pesando os efêmeros indícios, recolhi alma.

S O L I D Ã O

Sabe o leve indicador da anomalia? Sobrou-o, latejando, intrínseco. Desviei a outros, saí ouvindo lorotas, imaginando diariamente a ordem.

P E N S A M E N T O

Pisei em nuvens, só amei mulheres enigmáticas. Nulo, tolo, opaco. Pitaco errado, nada saiu a meu encanto, nunca tive o peso esperado no suor.

A rotatória

Na volta para a casa, ele resolveu refletir e revirar. Enquanto o motorista cuidava da vistoria com o caminho, vislumbrou, incógnito, para a janela. Via tudo, não enxergava nada. Via apenas a distância metafórica proporcionada entre aquele vidro e a vida. Vedava tudo que de mais havia. Valia pouco no que mais devia. Valia a pena uma veste que, mal vista, pouco era ouvida. Mas teve a devida vazão, já que ventava feio e o que ainda não vira, não viria mais.

Não respondeu a nada. Pouco restou daquele rapaz no roteiro que os separava de ruas em remendos, de ruído, de relances, de retratos mal rasgados. Emperrou na rotatória, recuou na moratória. Rugiu, mas não rangeu. De graça, roeu apenas um mirrado perrengue que, sabia, renderia muito menos que rubricas arregaçadas.

Quando chegou, cegou-se com sua incerteza. Sentiu-se confuso com o que a casa lhe cedeu. Sucos vencidos, carnes não comidas, cadeiras carcomidas e seu constante calafrio quando o cético medo lhe acuava. Caiu em si. Era cedo para chorar. Mas caia a escuridão. E não cabia mais sentidos. Chorou mesmo assim, encolhido em sua insensível insignificância.

4 comentários:

Caru disse...

VRC... sempre uma incógnita!

Luís Joly disse...

A ideia é essa!

Vitor disse...

perplexo, como sempre.

Anônimo disse...

Enigmático !!!!!!
Porem,bonito.
Um tanto triste.
No entanto, tem muito de voce.