Já trabalho com telefonia celular há alguns anos - quase oito, na verdade. De lá pra cá, uma revolução aconteceu nesse mercado - e continua acontecendo. Nunca tive, porém, a experiência de realmente usar um produto fora do país, durante uma viagem. No exterior, meus celulares sempre se limitaram a, no máximo, serem usados como câmeras. E isso quando as câmeras em celulares já estavam muito boas, o que não aconteceu até pouco tempo.
Pois bem, nesta viagem resolvi utilizar bastante meu aparelho. A começar pela internet. Afinal, smartphone sem internet nos dias de hoje é mais ou menos como computador desconectado. Fica meio estranho, né? Então, aderi ao plano TIM Passport, para usar internet fora do Brasil sem preocupação.
Qual foi o produto usado por lá? Levei dois. smarts e um acessório. O Nokia N9 foi meu companheiro inseparável durante quase toda a jornada. Como backup, um Lumia 800, mas que nem precisou sair da mochila. Junto com ambos, mais um item essencial: um carregador portátil. Funciona de maneira simples: você deixa esse carregador portátil, pouco maior que um cartão de crédito, carregando durante a noite no hotel. Aí, ao longo do dia, se a bateria do seu celular acabar, é só conectar o carregador nele e voilá, ele carrega como se estivesse na tomada. O carregador não foi usado todo dia, mas vale prevenir, né? Os smartphones avançaram muito mais do que as baterias, então, ter uma carta na manga desse tipo é fundamental para você não ficar na mão - tecnologicamente falando.
O que mais levei? Uma câmera fotográfica dedicada - a câmera de 8 megapixels do meu telefone cobria a maioria dos momentos, mas na hora em que o zoom é importante, ela fez diferença. Além disso, gravar vídeos no celular também consome bastante bateria - então, a câmera também ajudava nessas horas. E, finalmente, um fone de ouvido, daqueles que entram na orelha (legado do querido N900).
Antes de embarcar, também pensei em outros pontos: carregar meu telefone com aplicativos que seriam úteis. Bem, sabemos que o forte do N9 não é sua oferta de apps, vasta como a do iPhone ou Android, mas ele deu pro gasto. Primeiro, e principalmente, pelo Nokia Mapas. E falarei dele daqui a pouco. Também baixei um app para fotos panorâmicas e um guia de viagens. No Lumia 800, levei o Trip Advisor instalado, que acabou não sendo necessário.
Bem, o meu smartphone foi bastante útil de diversas formas, então vou elencá-las de acordo com a prioridade. Vale lembrar que, sendo este um post pessoal, minhas opiniões são absolutamente isentas de favorecimento à Nokia, ok? Desta forma, o que falo a seguir é o que realmente acredito, e não "papo de vendedor".
Mapas - sem dúvida, o uso do GPS foi incrivelmente agradável e gostosamente surpreendente. A solução de mapas da Nokia é altamente eficaz - afinal, a empresa é dona da NAVTEQ, empresa de base de dados de mapas. Ou seja, a solução está dentro de casa.
Dirigindo em São Paulo, o principal uso do GPS acontece na orientação por voz, em português e com nomes de ruas. Ajuda muito no trânsito e já me faz lembrar com distância da época em que usava aqueles pesados guias de ruas embaixo do banco do carro. Mas, no exterior, o esquema foi outro. Afinal, eu usei os mapas, essencialmente, caminhando.
A primeira vantagem: os mapas estão dentro da memória do aparelho. Antes de viajar, em casa e conectado ao Wi-Fi, entrei no aplicativo de mapas e baixei as cidades que visitaria (Londres e Paris). Isso significa que, para ver os mapas, não precisei conectar na internet. Os mapas funcionaram totalmente offline. Muita gente que não entende muito de tecnologia acha que usar o GPS significa conectar à internet. Qual a resposta? Depende. Se o seu smartphone usa o Google Maps (a maioria é assim), aí você vai precisar se conectar para baixar os mapas. O Google Maps no celular é bem rápido, mas você precisa ter uma conexão ilimitada de dados ou terá um susto quando ver a conta (ou precisa ter um plano de dados ilimitado).
Se o seu smartphone é Nokia, você não precisará de internet para ver os mapas. E, para isso, é só verificar se as configurações dos mapas estão offline ou online. A internet é usada em combinação com o GPS, no modo online, apenas para "apressar" a localização do aparelho pelos satélites. Mas, vou te dizer, usei o Nokia Mapas na Europa, sem conexão, e ele me achava em questão de segundos.
Além da localização, o Nokia Mapas também me ajudou a encontrar locais de interesse. Era só digitar o nome do restaurante ou da rua e pronto, ele me indicava onde estava. Com uma solução de GPS, foi bem gostoso "se perder" nas ruas de Paris e Londres. De maneira simples, eu apenas olhava onde estava no mapa, onde queria chegar e saía caminhando. Resultado: apenas no primeiro dia de Paris, andei 26 quilômetros!
Resumindo: dá pra usar GPS em viagens? Dá. Prático, rápido e barato, mas cheque como ele funciona antes de embarcar. Recomendado.
Câmera - Se o seu smartphone tem uma câmera boa, aproveite. É uma mão na roda tirar fotos com o próprio telefone em vez de ter que ficar carregando um trambolho no pescoço. O trambolho faz fotos mais elaboradas? Faz. Mas também serve como crachá ("sou turista!") e é grande demais. O mais barato de tirar as fotos mesmo foi usar o aplicativo Nokia Panorama. Ele faz fotos panorâmicas bem fácil: basta tirar uma foto, começar a girar o telefone para direita, esquerda, pra cima ou pra baixo, e ele vai automaticamente encaixando a imagem sem precisar apertar mais nada.
Ficam incríveis. Na verdade, acho que o mais legal mesmo é fazer as fotos, já que é complicado imprimir fotos panorâmicas, né? Sou um fã desse tipo de imagem desde os tempos em que usava o Sony Ericsson W800, o primeiro Walkman. Na época, a câmera já conseguia encaixar três imagens juntas na câmera, então sensacional com seus 2 megapixels (estamos falando de 2005). Fui para Memphis em 2006, fiz fotos panorâmicas e imprimi algumas. Ficaram ótimas, estão até hoje lá na gaveta, sem um porta-retrato que tenha o tamanho apropriado...
Se você não usa um Nokia, veja se sua câmera já não tem esse aplicativo. Se não tiver, procure na loja de apps. Eles são vários e comuns de achar.
Ainda sobre fotos, vale lembrar que, a não ser que você tenha um Nokia PureView (aquele com 41 megapixels), provavelmente suas fotos noturnas não ficarão boas com o smartphone. Quando escurecer, portanto, não arrisque: na hora de uma foto boa, de preferência à câmera dedicada e seu flash Xenon. A maioria dos smartphones hoje possui flash LED. É bom? É, mas não chega perto do flash Xenon, muito mais potente.
(Diferenças: o flash LED é contínuo, pode ser usado como lanterna ou para fazer vídeos de noite. Tem potência menor, mas ilumina de forma ininterrupta. Flash Xenon: tem alcance e luz muito mais fortes que o LED, porém é rápida e instantânea.)
Exemplo de foto panorâmica de Londres: visual incrível com pouca utilidade (mas e daí?)
Música - Antes da viagem, enchi meu aparelhinho azul com músicas diversas. Coloquei até os clássicos do Tião Carreiro e Pardinho, prevendo que ficaria com saudade das modas de viola brasileiras. Me imaginava andando pelas ruas da europa com meu fone de ouvido e empolgado pelas canções de casa.
Não foi nada disso que aconteceu. Praticamente não ouvi música nenhuma. Primeiro, por um motivo simples: são músicas que já tinha. Não queria ouvir coisa velha. Segundo: queria ouvir o meu novo velho mundo. Queria escutar idiomas. Andar por Londres é escutar 8 idiomas em um quarteirão - e isso me enchia de empolgação. Não sei francês, mas queria ouvir os franceses falando. Queria cheirar, ouvir, tocar e sentir a cultura de lá, entendeu?
Resumindo: Dá pra ouvir música durante viagens? Dar, até dá. Mas eu achei absolutamente desnecessário quase o tempo todo. Só ouvi uma coisa ou outra durante uma viagem de trem.
Internet - Viajando pela primeira vez com um pacote de dados ao exterior, a experiência foi diferente. Afinal, ter acesso ao Facebook, Twitter e demais pragas sociais seria o máximo. Bem, até foi legal, mas só no começo.
A impressão é que as pessoas gostam de colocar suas fotos de viagens o Facebook só para os outros verem - não pq realmente querem fazer aquilo. E a coisa é meio como uma febre. Quando vi, estava desesperado conectado ao Twitter e Face apenas para dizer pra todo mundo que estava no Louvre ou qualquer ouro lugar.
Resultado: depois de dois dias conectado em Paris, desencanei. Ver e-mail? Estava de férias. Ver as novidades dos meus amigos no Facebook? Pra quê? Melhor gastar horas andando, andando e vivendo a viagem. Além do mais, smartphone conectado significa uma diminuição considerável na bateria. A única exceção, no restante da viagem, ficou por conta do Foursquare - esse é vício mesmo, admito. Como o pacote do TIM Passport cobra do usuário apenas quando ele usa os dados no exterior, deixei para me conectar ao Foursquare apenas quando tivesse uma rede Wi-fi gratuita disponível (e bati meu recorde de pontos em uma semana!).
Resumindo: dá pra usar dados de internet no exterior? Dar, até dá. As operadoras estão criando ofertas interessantes, como essa da TIM. Mas leve em consideração se você realmente precisa disso. Amigos meus inundam nossas timelines com fotos de cada momento de suas viagens, em tempo real. Você quer se conectar ou só aparecer? Pense nisso antes de tomar sua decisão.
Há outras características interessantes que eu poderia detalhar, como os jogos, o bloco de anotações, os contatos, mas o post já está imenso.
Se tiverem dúvidas, comentários ou questões técnicas, comentem!