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domingo, 7 de outubro de 2012

Diário dos Andes - Parte 1

Zooógico de Santiago

Como de costume, não poderia deixar de escrever sobre minha última peripécia internacional. Desta vez, o local escolhido foi o Chile, que se dividiu em Santiago e seus arredores, além do deserto do Atacama, com uma breve passagem pela Bolívia também.

A ideia do post é retratar um pouco alguns locais interessantes deste país que, confesso, me surpreendeu bastante. Sim, nas aulas de geografia que temos quando criança, pensamos no Chile apenas como aquela "tripa" comprida e fina que percorre parte da América do Sul. Bem, essa tripa é bem comprida, na verdade. Sim, o Chile ainda é bem pequeno para se percorrer "horizontalmente" no mapa. De Santiago à praia, por exemplo, não leva nem duas horas. Mas há bastante para se conhecer por lá.

Bom, a viagem se dividiu da seguinte maneira:

Parte  - Santiago, duração de sete dias
Parte 2 - Atacama, duração de seis dias
Parte 3 - Santiago de novo, três dias

Como são muitas coisas para compartilhar, vou até certo ponto aqui, depois paro e continuo em um novo post.

Começo dizendo que o Chile nunca me atraiu. Nunca foi um país que desejei visitar. Mas, por favorecimentos interessantes (parentes que por lá vivem e milhas), pareceu interessante. Em Santiago, tivemos estadia gratuita e confortável, o que barateou e muito a viagem.

Devo dizer que Santiago foi uma grata surpresa. É enorme! Não esperava uma cidade com tanta estrutura e carros. Sim, carros. Se você é de São Paulo como eu, irá se acostumar rapidamente com o trânsito de Santiago. A diferença é que, por lá, ele acontece quase que exclusivamente nos horários de rush, enquanto que em Sampa toda hora e dia pode ter trânsito.

De uma maneira geral, a cidade parece ter requintes europeus, mas com menos partes históricas e monumentos. As avenidas também não são largas e planejadas, mas há viadutos, alças de acessos e túneis enormes que atravessam longos trechos de Santiago.

Sim, há a poluição. Santiago é mundialmente conhecida por sua poluição de níveis alarmantes. Não apenas por culpa deles, mas pela topografia da cidade. Ela é inteiramente cercada pelas montanhas dos famosos Andes. E não é  brincadeira. A barreira física realmente impede que o ar circule. Há um parque lá, bem no alto, em que se pode ver a estátua de uma virgem e ter uma boa visão da cidade. Ali, fica claro como a poluição paira sobre a população de Santiago:

Mancha: em Santiago, é proibido usar lareira por conta da poluição

Bem, de novo, pra quem é de São Paulo, não é nada que nos impeça de viver normalmente. Sim, o ar fica um pouco mais seco e árido, somada à altitude. Mas em 1 dia você já acha que viveu lá a vida inteira.

Clima
Santiago tem um clima bem agradável dependendo da época do ano. No auge do inverno mais rigoroso, pode até nevar, mas você sobrevive. Fui no meio de setembro. Ainda estava frio, mas um bom casaco, um gorro e luvas eventuais já ajudam.

O dinheiro chileno é meio confuso. Não vale tanto como o nosso, mas também não vale pouco. A moeda lá é o peso chileno. Tudo vale muito. Isso porque os números são gigantes. Qualquer coisinha custa 3 mil pesos chilenos, o que lembra os mais antigos (eu incluso) do período pré-real no Brasil, quando um refrigerante custava 3.500 cruzeiros. É mais ou menos a mesma coisa, só que sem a inflação. E para converter esse valor em reais? Em linhas gerais, 1000 pesos chilenos valem 2 dólares, que valem mais ou menos 4 reais. Ou seja, a regra é cortar os zeros e multiplicar por 4 para ter uma noção.

Santiago é bastante cara. Mas não tão cara quanto o Brasil. É preciso garimpar. Roupas, algumas valem a pena. Peças de cozinha e banheiro valem muito. Bebidas, mais ainda. Vodkas de qualidade custam algo como 25 reais no supermercado.

Roteiro
Durante a semana em Santiago, eis o que fizemos, mais ou menos:

Com uma vista dessas, qualquer refeição fica boa
Isla Negra - A mais ou menos duas horas de Santiago, na praia. É onde fica a casa de Pablo Neruda. Na verdade uma das três casas, já que tem outra em Valparaíso e a de Santiago. Dizem, no entanto, que a de Isla Negra é a mais legal. A viagem foi incrível. Almoçamos no próprio restaurante que fica na casa, com uma maravilhosa vista para a praia. Comida boa, ótimo atendimento e ambiente inesquecível. Um dos melhores momentos de toda a viagem.


Traga seu churrasco, bebidas e nós damos a estrutura
Santuario de la Naturaleza - Uma grata surpresa. Um parque no meio de uma reserva ambiental, esse local na beira de um riacho possui dezenas de churrasqueiras erguidas em tijolos, além de mesas e bancos. A ideia é ir com seu carro levando comidas e mantimentos para passar um dia maravilhoso por lá. Não é longe da cidade, mas o suficiente para descansar ainda mais. Há uma cobrança pequena para entrada no parque, totalmente aceitável.

Valle Nevado - Sim, não dá pra ir a Santiago e não dizer que esquiou né? Bem, pelo menos isso foi o que tentamos. Eu nunca tinha visto neve, que dirá ter um esquí no pé. Durante o dia que passei na neve, fiquei impressionado e revoltado: impressionado com o talento de algumas crianças. Revoltado com o esporte em si: as montanhas de neve devem ser apreciadas apenas. Não sei quem foi que achou que aquilo lá era um esporte.

Tudo é incômodo. Além do óbvio frio, há o calor por usar tanta roupa. Ceroulas, calças, blusas, camisetas, tudo isso vai por baixo de uma grossa roupa para esquiar. Junta-se a isso uma bota que também poderia ser chamada de tortura: uma peça pesada, que deixa seu pé absolutamente imóvel ("precisa ser assim ou você pode quebrar o pé"). Se esquiar com a bota já é ruim, andar com ela é uma tarefa hercúlea. Descer uma escada lembra aquela clássica cena do robô gigante em Robocop tentando descer uma escada.

Valle Nevado: sim, é lindo. Mas como cansa...

Claro que tudo não acaba por aí. Você ainda precisa carregar aquela merda de esqui por onde anda. Sim, pq não é o dia inteiro que você estará com ele nos pés. Ah, carregue também aqueles dois pauzinhos que ficam caindo o tempo todo. Que saco.

Esquiar é difícil. Com apenas 5 ou 6 horas de diversão, nem tentei fazer aulas. Foi um fiasco. Um colega me ensinou rapidamente como descer. Mas não ensinou como levantar  no meio da descida. Resultado: na primeira pirambeira, caí. Como não conseguia levantar, desci a rampa inteira à pé mesmo.

Importante: leve água, protetor solar e um bom óculos escuros (resistente, claro). A neve queima bastante. Ah, outra coisa: o caminho para chegar ao Valle Nevado é tortuoso. 35 curvas numeradas seguidas de mais 18 numeradas (não me pergunte pq eles não somaram). Todas as curvas são íngremes, apertadas e com um barranco do lado. Controle-se para não ficar enjoado durante o trajeto. Mas fique tranquilo pq a volta é ainda pior: afinal, é descida - e com o barranco (e a fria morte) a metros. Se estiver dirigindo, faça-o com muito cuidado.

Por enquanto é isso. A qualquer momento volto com mais um diário dos Andes! Espero que curtam!

terça-feira, 12 de junho de 2012

Viajando com um smartphone

Há algumas semanas, voltei de uma viagem à Europa. Voltei com a vontade de escrever isso no blog da empresa que represento, a Nokia, mas decidi não misturar canais e, portanto, escrevo isso do meu blog pessoal.

Já trabalho com telefonia celular há alguns anos - quase oito, na verdade. De lá pra cá, uma revolução aconteceu nesse mercado - e continua acontecendo. Nunca tive, porém, a experiência de realmente usar um produto fora do país, durante uma viagem. No exterior, meus celulares sempre se limitaram a, no máximo, serem usados como câmeras. E isso quando as câmeras em celulares já estavam muito boas, o que não aconteceu até pouco tempo.

Pois bem, nesta viagem resolvi utilizar bastante meu aparelho. A começar pela internet. Afinal, smartphone sem internet nos dias de hoje é mais ou menos como computador desconectado. Fica meio estranho, né? Então, aderi ao plano TIM Passport, para usar internet fora do Brasil sem preocupação.

Qual foi o produto usado por lá? Levei dois. smarts e um acessório. O Nokia N9 foi meu companheiro inseparável durante quase toda a jornada. Como backup, um Lumia 800, mas que nem precisou sair da mochila. Junto com ambos, mais um item essencial: um carregador portátil. Funciona de maneira simples: você deixa esse carregador portátil, pouco maior que um cartão de crédito, carregando durante a noite no hotel. Aí, ao longo do dia, se a bateria do seu celular acabar, é só conectar o carregador nele e voilá, ele carrega como se estivesse na tomada. O carregador não foi usado todo dia, mas vale prevenir, né? Os smartphones avançaram muito mais do que as baterias, então, ter uma carta na manga desse tipo é fundamental para você não ficar na mão - tecnologicamente falando.

O que mais levei? Uma câmera fotográfica dedicada - a câmera de 8 megapixels do meu telefone cobria a maioria dos momentos, mas na hora em que o zoom é importante, ela fez diferença. Além disso, gravar vídeos no celular também consome bastante bateria - então, a câmera também ajudava nessas horas. E, finalmente, um fone de ouvido, daqueles que entram na orelha (legado do querido N900).

Antes de embarcar, também pensei em outros pontos: carregar meu telefone com aplicativos que seriam úteis. Bem, sabemos que o forte do N9 não é sua oferta de apps, vasta como a do iPhone ou Android, mas ele deu pro gasto. Primeiro, e principalmente, pelo Nokia Mapas. E falarei dele daqui a pouco. Também baixei um app para fotos panorâmicas e um guia de viagens. No Lumia 800, levei o Trip Advisor instalado, que acabou não sendo necessário.

Bem, o meu smartphone foi bastante útil de diversas formas, então vou elencá-las de acordo com a prioridade. Vale lembrar que, sendo este um post pessoal, minhas opiniões são absolutamente isentas de favorecimento à Nokia, ok? Desta forma, o que falo a seguir é o que realmente acredito, e não "papo de vendedor".

Mapas - sem dúvida, o uso do GPS foi incrivelmente agradável e gostosamente surpreendente. A solução de mapas da Nokia é altamente eficaz - afinal, a empresa é dona da NAVTEQ, empresa de base de dados de mapas. Ou seja, a solução está dentro de casa.

Dirigindo em São Paulo, o principal uso do GPS acontece na orientação por voz, em português e com nomes de ruas. Ajuda muito no trânsito e já me faz lembrar com distância da época em que usava aqueles pesados guias de ruas embaixo do banco do carro. Mas, no exterior, o esquema foi outro. Afinal, eu usei os mapas, essencialmente, caminhando.

A primeira vantagem: os mapas estão dentro da memória do aparelho. Antes de viajar, em casa e conectado ao Wi-Fi, entrei no aplicativo de mapas e baixei as cidades que visitaria (Londres e Paris). Isso significa que, para ver os mapas, não precisei conectar na internet. Os mapas funcionaram totalmente offline. Muita gente que não entende muito de tecnologia acha que usar o GPS significa conectar à internet. Qual a resposta? Depende. Se o seu smartphone usa o Google Maps (a maioria é assim), aí você vai precisar se conectar para baixar os mapas. O Google Maps no celular é bem rápido, mas você precisa ter uma conexão ilimitada de dados ou terá um susto quando ver a conta (ou precisa ter um plano de dados ilimitado).

Se o seu smartphone é Nokia, você não precisará de internet para ver os mapas. E, para isso, é só verificar se as configurações dos mapas estão offline ou online. A internet é usada em combinação com o GPS, no modo online, apenas para "apressar" a localização do aparelho pelos satélites. Mas, vou te dizer, usei o Nokia Mapas na Europa, sem conexão, e ele me achava em questão de segundos.

Além da localização, o Nokia Mapas também me ajudou a encontrar locais de interesse. Era só digitar o nome do restaurante ou da rua e pronto, ele me indicava onde estava. Com uma solução de GPS, foi bem gostoso "se perder" nas ruas de Paris e Londres. De maneira simples, eu apenas olhava onde estava no mapa, onde queria chegar e saía caminhando. Resultado: apenas no primeiro dia de Paris, andei 26 quilômetros!

Resumindo: dá pra usar GPS em viagens? . Prático, rápido e barato, mas cheque como ele funciona antes de embarcar. Recomendado.

Câmera - Se o seu smartphone tem uma câmera boa, aproveite. É uma mão na roda tirar fotos com o próprio telefone em vez de ter que ficar carregando um trambolho no pescoço. O trambolho faz fotos mais elaboradas? Faz. Mas também serve como crachá ("sou turista!") e é grande demais. O mais barato de tirar as fotos mesmo foi usar o aplicativo Nokia Panorama. Ele faz fotos panorâmicas bem fácil: basta tirar uma foto, começar a girar o telefone para direita, esquerda, pra cima ou pra baixo, e ele vai automaticamente encaixando a imagem sem precisar apertar mais nada.

Ficam incríveis. Na verdade, acho que o mais legal mesmo é fazer as fotos, já que é complicado imprimir fotos panorâmicas, né? Sou um fã desse tipo de imagem desde os tempos em que usava o Sony Ericsson W800, o primeiro Walkman. Na época, a câmera já conseguia encaixar três imagens juntas na câmera, então sensacional com seus 2 megapixels (estamos falando de 2005). Fui para Memphis em 2006, fiz fotos panorâmicas e imprimi algumas. Ficaram ótimas, estão até hoje lá na gaveta, sem um porta-retrato que tenha o tamanho apropriado...

Se você não usa um Nokia, veja se sua câmera já não tem esse aplicativo. Se não tiver, procure na loja de apps. Eles são vários e comuns de achar.

Ainda sobre fotos, vale lembrar que, a não ser que você tenha um Nokia PureView (aquele com 41 megapixels), provavelmente suas fotos noturnas não ficarão boas com o smartphone. Quando escurecer, portanto, não arrisque: na hora de uma foto boa, de preferência à câmera dedicada e seu flash Xenon. A maioria dos smartphones hoje possui flash LED. É bom? É, mas não chega perto do flash Xenon, muito mais potente.

(Diferenças: o flash LED é contínuo, pode ser usado como lanterna ou para fazer vídeos de noite. Tem potência menor, mas ilumina de forma ininterrupta. Flash Xenon: tem alcance e luz muito mais fortes que o LED, porém é rápida e instantânea.)

Exemplo de foto panorâmica de Londres: visual incrível com pouca utilidade (mas e daí?)

Resumindo: dá para usar a câmera do smartphone em uma viagem? . Funciona bem e cobre 98% das ocasiões, exceto em lugares mto fechados ou de noite. Aí, prefira uma câmera dedicada.

Música - Antes da viagem, enchi meu aparelhinho azul com músicas diversas. Coloquei até os clássicos do Tião Carreiro e Pardinho, prevendo que ficaria com saudade das modas de viola brasileiras. Me imaginava andando pelas ruas da europa com meu fone de ouvido e empolgado pelas canções de casa.

Não foi nada disso que aconteceu. Praticamente não ouvi música nenhuma. Primeiro, por um motivo simples: são músicas que já tinha. Não queria ouvir coisa velha. Segundo: queria ouvir o meu novo velho mundo. Queria escutar idiomas. Andar por Londres é escutar 8 idiomas em um quarteirão - e isso me enchia de empolgação. Não sei francês, mas queria ouvir os franceses falando. Queria cheirar, ouvir, tocar e sentir a cultura de lá, entendeu?

Resumindo: Dá pra ouvir música durante viagens? Dar, até dá. Mas eu achei absolutamente desnecessário quase o tempo todo. Só ouvi uma coisa ou outra durante uma viagem de trem.

Internet - Viajando pela primeira vez com um pacote de dados ao exterior, a experiência foi diferente. Afinal, ter acesso ao Facebook, Twitter e demais pragas sociais seria o máximo. Bem, até foi legal, mas só no começo.

A impressão é que as pessoas gostam de colocar suas fotos de viagens o Facebook só para os outros verem - não pq realmente querem fazer aquilo. E a coisa é meio como uma febre. Quando vi, estava desesperado conectado ao Twitter e Face apenas para dizer pra todo mundo que estava no Louvre ou qualquer ouro lugar.

Resultado: depois de dois dias conectado em Paris, desencanei. Ver e-mail? Estava de férias. Ver as novidades dos meus amigos no Facebook? Pra quê? Melhor gastar horas andando, andando e vivendo a viagem. Além do mais, smartphone conectado significa uma diminuição considerável na bateria. A única exceção, no restante da viagem, ficou por conta do Foursquare - esse é vício mesmo, admito. Como o pacote do TIM Passport cobra do usuário apenas quando ele usa os dados no exterior, deixei para me conectar ao Foursquare apenas quando tivesse uma rede Wi-fi gratuita disponível (e bati meu recorde de pontos em uma semana!).

Resumindo: dá pra usar dados de internet no exterior? Dar, até dá. As operadoras estão criando ofertas interessantes, como essa da TIM. Mas leve em consideração se você realmente precisa disso. Amigos meus inundam nossas timelines com fotos de cada momento de suas viagens, em tempo real. Você quer se conectar ou só aparecer? Pense nisso antes de tomar sua decisão.

Há outras características interessantes que eu poderia detalhar, como os jogos, o bloco de anotações, os contatos, mas o post já está imenso.

Se tiverem dúvidas, comentários ou questões técnicas, comentem!




terça-feira, 10 de novembro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte final - Caracas, favelas e Chávez


Você sabia que o nome "Venezuela" vem de "pequena Veneza"? Então, isso não tem nada a ver com o resto do texto. Nossa parada final em terras venezuelana foi a capital federal, Caracas. E, de certa forma, o lugar que menos alimentávamos expectativas. Todos que já conheciam a cidade deixaram claro que ela não tinha muito a oferecer. Com base nas informações, reservamos apenas dois dias para a estadia.

Nossa expectativa, de certa forma, se confirmou. Caracas lembra muito a parte ruim do Rio de Janeiro. Muitas favelas, enormes, incríveis, espalhadas por serras longas e altas. A ida do aeroporto ao hotel também me associou à volta do litoral paulistano. Uma enorme rodovia, cercada por serras, e favelas espalhadas. Leva-se um tempo para chegar à porção boa da cidade. Deixo aqui um vídeo, que fiz no banco de trás do táxi, que mostra bem a quantidade e tamanho das favelas em Caracas.

O hotel que ficamos, o Pestana, é altamente recomendável. Hotel cinco estrelas, uma piscina na cobertura invejável e quarto de altíssima qualidade. Nas ruas, os postes têm os fios aterrados. Não há buracos no asfalto, nem motoboys. E a gente tem aquela sensação de "por que só na minha cidade...?" (momento desabafo). A frota de carros é relativamente boa, a maioria dos veículos vindo dos EUA mesmo. E os ônibus são uma piada. O metrô é muito bom, bem parecido com o de São Paulo. Mas espalhado de cartazes do Chávez. E é proibido tirar fotos...

Chávez

E, já que começamos nesse tema, vamos lá. Desde o primeiro post sobre a Venezuela, ainda não falei de Hugo Chávez. Foi proposital. Deixei tudo para o último texto. Embora só fale nele agora, conversamos sobre o tema com venezuelanos desde o primeiro dia de viagem. Primeiro, para sentir o que achavam do polêmico líder. Seriam apaixonados por ele? Seguidores fieis? Teriam alguma opinião formada? O detestariam, talvez?

Sim, o detestam. Prezamos por conversas com os locais por todos os países que vamos. E por lá não foi diferente. De taxistas aos hóspedes em Isla Margarita, todos são unânimes: Chávez está acabando com o país. Eis algumas das frases que ouvimos:

"Chávez é um imbecil que está no poder. Ele cria leis estúpidas apenas para mostrar que pode fazer o que quiser".


"Esse animal acabou com a minha carreira. Era um funcionário público há mais de vinte anos, e perdi tudo por causa dele. Minha esposa e eu temos de trabalhar como taxistas para nos sustentar."


"Chávez não é militar. Não é político. Não é ditador. É um idiota no poder".


Tudo seguia mais ou menos nessa linha. No caso de Isla Margarita, tivemos a oportunidade de conversar bastante com os abastados venezuelanos que por lá estavam. Muitos pensam deixar o país. Não concordam com a política de Chávez em nenhuma maneira. Entre as críticas, mais curiosas, estava a mudança do fuso horário: a Venezuela tem uma diferença de 1 hora e meia em relação ao Brasil. Pois é. Apenas o Irã e um país asiático quebram o fuso em meia hora. A razão, dizem as pessoas que falaram conosco, era "garantir mais tempo na escola para as crianças".

As mudanças de Chávez

Chávez também mudou o nome do país, para República Bolivariana da Venezuela. Idolatra Simón Bolívar, o conquistador de países como Colômbia, Venezuela e Panamá. Chávez muda nome de praças e parques. Troca-os por nomes de heróis políticos. Chávez determinou que toda cidade venezuelana tenha ao menos uma praça de nome Simón Bolívar. E com um obrigatório busto do herói no meio dela.

Chávez trocou o dinheiro dos venezuelanos. E cortou três zeros. Agora, estão com o bolívar fuerte, sendo que 1 Bf. equivale a 1000 bolívares. Alguma semelhança com um passado muito recente nosso?

Pois é. A Venezuela em algumas coisas lembra o Brasil dos anos 1980. Incerteza econômica, muita inflação, taxas de especulação, mercado negro, overnight e outros nomes que já não fazem parte do nosso repertório econômico doméstico.

Nas ruas de Caracas, ainda é possível ver a influência histórica dos EUA. Redes de fast food americanas estão espalhadas por todos os cantos (muito mais do que aqui). Grifes de roupas norte-americanas aparecem em qualquer shopping. Termos em inglês são comuns.

Resta saber quanto tempo vai levar para que elas saiam dali.

Epílogo: termino a série Venezuela com a foto abaixo. O cenário? Uma favela, ao fundo. Mas, de noite, parece quase mágico. Foi a foto mais bonita que fiz em Caracas. Talvez não mostre a beleza real na tela de seus computadores. Mas aqui vai (clique na imagem para ampliar).


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte II - Isla Margarita, um resort infernal e o paraíso das compras

Quando saímos de Los Roques, após 3 dias de intenso sol, mar, praia e bronzeados como nunca (leia-se "rosas dos pés à cabeça"), encaramos com muito otimismo o período em Isla Margarita. Sabíamos que, apesar dos transtornos iniciais, seria uma experiência bacana.

Transtornos? Sim, deixe-me contextualizar a coisa. Antes da viagem, tudo já estava certo e pago. Em Margarita, ficaríamos no Hesperia Isla Margarita. Cinco estrelas, praia quase exclusiva, além do regime "all inclusive", aquele maravilhoso sistema em que você pode comer e beber o que quiser o dia inteiro, tudo na faixa.

Pois bem. Uma ou duas semanas antes da viagem, fomos informados que haveria uma cumbre (cúpula, em espanhol) do Chávez, e que portanto ele estava tomando o resort Hesperia Isla Margarita inteiro para ele. Assim, simplesmente. Os hóspedes que já estavam reservados para ficar lá simplesmente ficaram sem hotel!

Nossa agência de viagens nos explicou o ocorrido, e nos deu como opção mudarmos para o resort Hesperia Playa el Agua, da mesma rede, um pouco mais afastada e quatro estrelas - portanto, 1 a menos do que pagamos. Antes de aceitar, pedimos uma compensação qualquer para eles. E, resumindo, o hotel nos prometeu uma "atenção especial".

Não falarei aqui como foi a experiência em Margarita. Apenas vou reproduzir abaixo o e-mail que mandei ao agente de viagens, após o retorno. Vejam e constatem como, quando quero, consigo ser bastante chato:

Caro Geronimo, bom dia.

Escrevo para lhe passar um pouco do que foram as férias na Venezuela ao lado do Lucas. Como sempre, o serviço de transfer entre os vários locais que estivemos foram impecáveis. Simpatia e bom atendimento nesse quesito. Los Roques nos surpreendeu positivamente com sua beleza, apesar das constantes quedas de luz no local - algo relativamente normal por lá. Caracas, em uma passagem rápida, também foi uma boa experiência, incluindo o hotel Pestana, certamente um dos mais belos que já fiquei. Tudo muito bom.

Isso, porém, não apaga o que passamos no resort Hesperia Playa El Agua, justamente o trecho mais longo da viagem - e o local que contávamos mais para nos divertir. Encontramos erros em diversos âmbitos: atendimento, comida, frequência, localização, agilidade, acomodações, etc. Ao longo do e-mail, irei detalhar melhor.

Essas falhas já seriam frustrantes tivéssemos, de fato, reservado aquele resort. Porém, ficava pior quando lembrávamos que havíamos pago por um resort 5 estrelas e estávamos em um 4. E irritava quando sabíamos que o resort prometeu-nos uma "atenção especial".

Pois sinto lhe informar que essa atenção especial foi, na verdade, uma falta de atenção especial. A seguir explico em tópicos.

- Comida: comida de péssima qualidade, em pouca quantidade. No dia em que chegamos, um dos três restaurantes estava fechado para reformas, sem que tivéssemos sido informados. Com um local a menos, a conta é fácil: os demais funcionando estavam sempre lotados, com filas imensas, péssimo atendimento. As opções de bebida em um deles era suco estilo "tang" de laranja ou morango, acredite. No café da manhã, ovos mexidos e outros itens típicos desta refeição acabavam em minutos; pratos e tigelas estavam lascados e rachados; não havia colher, em mais de uma ocasião; a música executada nos auto-falantes dos locais pulava, indicando o CD riscado - e mesmo assim não trocavam. Os pães eram servidos sem pegador: os hóspedes escolhiam com a mão - alguns deles pegavam e devolviam.

Fomos almoçar no primeiro dia um pouco mais tarde e encontramos filés de frango frios embalados com filme plástico. Hambúrgueres tostados demais, pães em falta...

- Lobby: de longe, muito longe, o pior que já estive. Sem ar condicionado, aberto, infernal de quente, com um terrível atendimento no balcão. Não sabiam de nossa famosa "atenção especial" quando fizemos o check-in; não respeitaram a fila quando fizemos o check out; o wi-fi não funcionou; não havia um bar no local. Onde ele funcionava, apenas uma faixa amarela de interdição, lembrando aquelas cenas policiais dos EUA. Sim, o bar principal também estava fechado.

- Bares: mais um exemplo do atendimento deplorável deste resort. As bebidas eram boas, mas a agilidade não existia. Mal humor, indisposição e constante falta de ingredientes. Em uma ocasião, fomos pedindo as bebidas, uma a uma, para checar qual havia. Tudo acabava: suco de laranja, tequila, côco. O bar da piscina central, que fechava todos os dia 1 de manhã (não havia um bar 24h), parava de atender 15 minutos antes. Quando cheguei 0h45 ao local para pedir bebidas, nos serviram cervejas, dizendo que iam fechar. Quando insisti dizendo que ainda não era hora de fechar, foram ríspidos e falaram que tudo já havia acabado (no balcão, todas as bebidas já estavam guardadas, claro). Um desleixo com o cliente que nunca vi em qualquer hotel.

- Quarto: o atendimento nele era lamentável. Faltavam toalhas todos os dias. Em um deles, tivemos que ligar mais de uma vez, pois horas haviam passado e nada chegou. A limpeza era mal feita e a acomodação tinha um claro cheiro de mofo.

- Atividades diárias: a música que tocava nas piscinas era a mesma, todos os dias. As atividades noturnas eram fracas: limitavam-se a shows de dança típicos, sem qualquer interação com o público. Durante o dia, apenas vôlei na água e um concurso de dança. Tudo acontecia sempre no mesmo local, um palco ao lado da piscina, dando ao hóspede uma sensação de rotina, justamente o que ele não quer em um resort.

- Mentira: a equipe de monitores organizou uma balada para os hóspedes: transfer ida e volta mais entrada para a Kamyl Beach. Nos convenceram, dizendo que seria a melhor da região e estaria cheia. Pagamos, certos de que valeria a pena. Chegando ao local, estava vazio, às moscas. Perguntamos a eles se a disco Frog's, que nos indicaram, estava melhor. Nos disseram que não, que estava vazia pois ficava em região militarizada. Fomos conferir mesmo assim, e surpresa: a balada estava cheia, lotada e agitada.

- Frequência: justamente o que não queríamos. Casais aos montes, crianças e idosos. Em cinco dias de resort, eram raras as ocasiões em que víamos grupos de amigos ou amigas jovens, que não fossem casais. Ou seja, a ideia de ir a um resort divertido, com agitação e pessoas para conhecer foi pelo ralo.

Pior, a frequência era notadamente simples: 95% de venezuelanos de classe média com suas família. Éramos os únicos brasileiros e pouquíssimos estrangeiros estavam conosco. Após o bar da piscina fechar, 1 da manhã (ou 15 minutos antes, como vi), o resort ficava em silêncio sepulcral. Não havia nenhuma turma de jovens disposto a curtir a noite.

Resumindo: sei que tínhamos a opção de postergar nossa viagem em razão da Cumbre que tomou nosso hotel. Sei também que este mesmo evento prejudicou um pouco a situação normal na ilha. Mesmo assim, confiantes nas nossas exigências e nas trocas de e-mail, fomos certos de que o resort 4 estrelas seria tão bom quanto o 5. Acreditamos nas palavras de todos os fornecedores envolvidos, especialmente você, a julgar pela ótima experiência que tivemos em Cuba, dezembro passado.

Não foi o que tivemos.

Já me disseram que resorts no regime "all inclusive" caracterizam-se pela quantidade, e não qualidade. Concordo que a proposta seja outra, mas não aceito falta do mínimo de qualidade. Pagamos um bom preço por isso - de fato, pagamos por algo que não tivemos de forma dupla: um resort 5 estrelas e essa misteriosa e desaparecida atenção especial que, reitero, não aconteceu em nenhum momento durante todos os cinco dias em que lá estivemos.

Sem mais, espero por um esclarecimento e alguma forma de compensar a experiência que passamos no esquecível resort citado.

Obrigado,
Luís Joly

Entenderam agora como foi a experiência em Isla Margarita? Alguns detalhes adicionais: por causa da maldita cumbre do Chávez, o fim de semana que estávamos lá teve a cidade toda militarizada e lei seca. Nas poucas baladas que fomos, tudo estava às moscas. Claro, no resort ainda podíamos beber, mas o que havia para fazer naquele lugar? Para compensar essa frustração, só mesmo uma coisa podia nos ajudar.

Compras
Nem tudo estava perdido em Isla Margarita. Soubemos, pouco antes de embarcar, que toda a cidade é tax-free, ou seja, isenta de impostos em suas lojas. E, no segundo dia do hotel, achamos o shopping Sambil, um palácio do consumo, com 250 lojas, inclusive as maiores grifes dos EUA e Europa.

E aqui vai uma dica importante para quem vai à Venezuela: a taxa de câmbio por lá é controlada pelo governo, em outras palavras, é a taxa oficial: 1 dólar que valem 2,1 bolívares fuertes. Porém, ninguém usa essa taxa. Os venezuelanos possuem um limite para compra dólares ou euros e, portanto, os compram no mercado paralelo. Nas ruas, nas lojas e afins, era possível trocar 1 dólar por até 6 bolívares fuertes. Em euros, é ainda mais vantajoso. Alguns locais chegam a trocar 100 euros por 900 bolívares (mais do que o salário mínimo deles, de 800 bolívares).

Com o dinheiro nas mãos, fomos às compras. E vale muito a pena, gente. Muito melhor que os famosos outlets de Nova Iorque (nunca fui) ou similares. Mas, claro, a vantagem só existe se você pagar em dinheiro. Caso opte pelo cartão de crédito, você irá pagar pela taxa de câmbio oficial. Ainda haverá vantagem, mas nao tão grande. Pra gente foi até melhor. Saberemos que o cartão de crédito não vai nos assustar no mês seguinte...

Alguns exemplos? Calças da Diesel por 100 reais. Bermudas da Tommy por 40 reais. Camisas da Moose por 30 reais...E por aí vai.

Como o período em Margarita não foi nada demais, não há um link para fotos. Apenas algumas, que incluí abaixo, além da montagem inicial. Nos vemos na terceira e última parte da série Venezuela, que irá abordar a capital, Caracas.

Em tempo: ainda não recebemos a compensação da agência de viagens. Quando a conseguirmos, eu atualizo o post.

A vista do nosso quarto: uma das piscinas do resort

O teto do shopping com as 250 lojas

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido


Começo agora uma sequência de textos e fotos sobre minha experiência de 10 dias na Venezuela.

Parte 1 - Los Roques, um paraíso com calor infernal

A primeira questão que entra em cena aqui é o destino de uma forma geral. Muitas pessoas me perguntaram o que tinha de bom para fazer na Venezuela, e por que eu escolhi justamente aquele local. Para essas pessoas, eu digo: não sei muito bem. É a brochante verdade: escolhi a Venezuela pelo pacote incluir três destinos em um, e pelo preço relativamente bom. Além do mais, eu tinha milhas para ir até lá sem pagar nada. Gostaria de dizer que havia um quê político e cultural na escolha, mas não. Até havia, mas bem pouco. Eu queria era descansar mesmo.

Minha viagem foi dividida em três trechos, sendo o primeira deles, Los Roques (veja o quão insignificante é Los Roques neste mapa). Logicamente, não há um vôo direto SP - Los Roques, ou seja, você deve chegar a Caracas primeiro (fomos usando milhagens da TAM. Com 20 mil voc~e chega lá).

Los Roques, em poucas palavras, é um paraíso na Terra. Um paraíso com um calor dos infernos. As fotos mostram o lado paraíso melhor que os textos. Já o calor, eu não desejo pra ninguém que não esteja em uma piscina ou em uma bela praia.

Los Roques é um parque ecológico. Um arquipélago isolado no meio do mar do Caribe. Sem barulho, sem festas, sem bagunça, baladas, noites caribenhas ou muita gente. Apenas o estonteante mar, com diversos tons de azul e verde, a límpida e brilhante areia, e o sol - muito sol.

Apenas a ilha central de Los Roques é habitada. Lá, além das pousadas e casebres, há uma pista - no caso, o aeroporto.

Ao chegar em Los Roques, você provavelmente irá se decepcionar. A água próxima à pista exala um cheiro não muito agradável, e você começa a se pensar se valeu a pena ir até tão longe. Você não vê uma praia incrível logo de cara, e a coisa piora quando você decide dar uma volta pela ilha. As praias são todas usadas para ancorar lanchas, e neste momento você se pergunta "mas onde está a praia?"

Não estão ali. A ilha principal de Los Roques - e a maior - serve apenas para morar. Diversas casas, no estilo cabanas. Moradores locais misturam-se com turistas - muitos da Europa - o tempo todo. A região é segura. Não há eletricidade por cabos. Toda a luz da ilha vem por meio de gerador a díesel. De forma que é bastante comum o local ficar sem luz constantemente.

No chuveiro, não existe a torneira para água quente. Apenas fria. Um problema? Não, uma dádiva. Com pouca fonte de eletricidade, quase não existem casas com ar condicionado. E o calor é forte - mas bota forte nisso. No meu quarto, um ventilador de teto não era suficiente para acalmar os ânimos. Ou seja, entrar no chuveiro frio era a melhor maneira de ter um alívio rápido e fácil.

Ficamos na pousada Macondo, um aconchegante local com cerca de 4 cômodos. Administrado por um casal de italianos que chegaram à ilha há 5 anos, a hospitalidade é tamanha que você se sente rapidamente um parente distante dos dois. Café da manhã, almoço e jantar inclusos - e uma comida muito boa (acho que a esposa deve ter sido chef na Itália).

No pacote que compramos para Los Roques, havia "passeios". E são eles que valem o local fazer a pena. Na manhã do dia seguinte, nos levaram ao cais, cercados por pelicanos, lanchas e turistas. Uma das lanchas te espera. Embarquei nela, onde passeamos pelo meio do oceano até nos deixarem em uma ilhota, daquelas de tirinhas de jornal, bem pequena mesmo. Linda. Muito linda. Água transparente, peixes aos seus pés. Sol. Muito sol. O piloto desembarca, monta um guarda-sol, cadeiras e um enorme dispositivo térmico. Isso umas 10h. Vão embora, prometendo te buscar umas 17h.

Aí, o trabalho é acostumar-se com uma visão encantadora da ilha e do mar. De novo, os convido a ver as fotos no fim do post. Certamente as praias mais bonitas que já vi. Na embalagem térmica? Cervejas, almoço, lanches e água. O suficiente para você curtir o dia. Claro, com muito protetor solar.

No segundo dia, o passeio foi ainda melhor, pois fizemos mergulho. Infelizmente, minha câmera não podia ser usada embaixo d'água, então fica apenas na memória o verdadeiro show que vi no oceano. No momento em que caí na água, já usando a máscara, me surpreendi com toda a vida que estava abaixo de meus pés. Me senti em um documentário aquático. Foi sem dúvida a experiência mais rica de toda a viagem e altamente recomendável.

Detalhe: soubemos depois que o passeio para as ilhas mais longes não estão inclusos. Ou seja, tivemos de pagar para ir até a ilha dos mergulhos. Além de pagar o aluguel do equipamento de mergulho. Ainda assim, abra o bolso: vale a pena e nosso dinheiro vale mais (falaremos do dinheiro venezuelano mais pra frente).

A essa altura, vocês se perguntam duas coisas: a) estava tão quente assim? e b) com quem você foi? Pois digo que estava quente sim. Usamos protetor direto, reaplicando o tempo todo, e ao fim do segundo dia estávamos vermelhos como todo turista norte-americano bobo. Tivemos de cancelar o passeio do terceiro dia para não arruinar as férias.

E, sobre a segunda questão, estive em Los Roques com um velho amigo de viagens - o mesmo que foi comigo para Cuba e me conhece desde criança. Apesar disso, Los Roques é bem mais recomendado para casais. Ou até para uma Lua de Mel. O cenário é incrível. Em todas as ilhotas, há uma pequena loja, onde pode-se comprar bebidas a mais - não são caras - ou um petisquinho. No mais, é curtir o sol e a água transparente cercada de peixes.

Em breve volto para falar de Isla Margarita, onde o esquema mudaria - baladas, festa, resort all inclusive e comida farta, tudo isso somado aos velhos companheiros, o sol, a praia, o mar.

Abaixo incluí uma seleção das melhores fotos. Como sabem, cliquem para ampliar. Quer ver as outras? Clique aqui.

O que dizer? Toda foto virava um cartão postal instantâneo

No momento em que chegamos, com um carregador levando nossas malas: vila simples, toda de areia

Essa é a ilha do segundo dia: maravilhosa

Fim de tarde do primeiro dia: o pôr do sol mais belo que já presenciei

Esta é a placa no "aeroporto"

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


De volta!

Na pressa que foram os últimos dias de trabalho, esqueci de comunicar os leitores aqui que estava de saída, de férias. E mais uma vez, para o Caribe. Pois é, baseado na ótima experiência de Cuba, resolvi ir para a Venezuela.

Portanto, aguardem uma série de posts sobre aquele país e os lugares por onde andei. A foto acima é de Los Roques.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Imagens de Taubaté

A surrada expressão "bom pra cachorro" também tem vez na terra de Monteiro Lobato

Será que a bandeira é oficial?


Não, esse não é o principal meio de transporte da cidade. Mas o cavalo estava lá, fato.


O que sobrou da fantasia ficou aí dentro.


É, eu sei, não ficou boa.


As fotos foram produzidas com o novo Nokia N97, que estou avaliando por um tempinho. Se bater vontade, escrevo um review aqui.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Nadando no Tietê



No último feriado, tive oportunidade de ir a uma fazenda no interior de São Paulo. E, melhor ainda, praticar wakeboard, ou no português claro, esquiar na água.

O esporte foi muito legal, mas o mais pitoresco foi saber que todo ele rolou no rio Tietê. Sim, isso mesmo. Praqueles lados (depois de São José do Rio Preto), ele é limpo, navegável e muito agradável. Fiz algumas fotos bem interessantes e compartilho com vocês agora.

Foi fácil imaginar como nossa qualidade de vida seria outra se os rios em São Paulo também fossem assim...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Detalhes do Carnaval de Serra Negra



No meio do Carnaval, estive em Serra Negra (fui domingo, voltei segunda. Sem trânsito e divertidíssimo).

Queria informar à comunidade da Salgueiro que agora meu coração ficou dividido. Isso tudo após, erroneamente, ter sido confundido com um dos membros da harmonia da escola Dragão Imperial, durante o desfile das escolas de Serra Negra e região (a Dragão é de Bragança Paulista).

Foi isso mesmo que aconteceu. Estava cantando alegremente o samba da escola, e no calor do momento, entrei na avenida e ninguém me barrou. Bastou o refrão se repetir 3 ou 4 vezes para eu aprender a coreografia e começar a puxar o coro da arquibancada. De repente, aquilo me contagiou e pareceu até que eu gostava de Carnaval.

Meu amigo, que estava comigo, tentou entrar na harmonia e não conseguiu. O segurança barrou. "Tudo bem, ele está comig0", eu disse ao jovem rapaz de terno preto que ganhava 30 reais por dia para fazer aquilo. Afinal, eu era da comissão.

Desfile finalizado, fomos com a escola comemorar o resultado de tanto esforço. Queria agradecer a comunidade das estâncias, a essa fantástico grupo que tanto lutou em um ano de dificuldades para montar a bateria, os carros e as coreografias. Foi muito bom. As fantasias ficaram maravilhosas e ver a platéia cantando conosco não teve preço.

Tivemos um problema com um dos carros na lombada (sim, havia uma lombada na avenida), mas acho que o brilho não foi perdido. Valeu galera! Deixo aqui o samba da escola em 2009. Terminamos em um honrado terceiro lugar (haviam 4 escolas).

G.R.F.S. DRAGÃO IMPERIAL

Terra Aqueço a Alma e perco a Calma... O Ar que Eu Respiro é Você

Compositores: Ademir do Cavaco/ Clebinho Zanini/ Edison Souza/ L.C. Genardão/ Paulo Zulu/ Roseli Zanini

Senhor, iluminai! Abençoai a existência!
Minha Azul e Rosa vem mostrar
Eu é preciso ter mais consciência

Gaia pede socorro!
A humanidade parece não ouvir
Desequilíbrio, sinal de alerta
Em evidência para o homem refletir
Geleiras derretendo com o clima esquentando
O ar mais poluído vai aos poucos sufocando
Chega de lixo e destruição
A água corre o risco de extinção
É a vida cada vez mais a perigo
Por culpa de um progresso desmedido

Eu quero o céu sempre azul
Quero rosas pelo ar
Pra perfumar nosso planeta
Obra Divina que devemos preservar

Desenvolver de maneira sustentável
Em harmonia com o meio ambiente
Nosso alimento com certeza é renovável
Sendo explorado com amor e coerência
Para um futuro mais feliz
Aqueça a alma e o coração
Vem respirar desse ideal
Não perca a calma, existe solução
Escute o grito da Família Imperial

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

...e o primeiro, com uma pergunta

Não é irônico que um drinque chamado cuba libre precise, em sua preparação, justamente da mais americana de todas as bebidas?

Só parei pra pensar nisso agora. Se alguém souber a origem do nome, por favor me avise.

Aproveito o tema também para, enfim, dar o link com algumas das melhores fotos da viagem. Não, não há 500 fotos lá. Selecionei apenas as que valem a pena. Para acessar, cliquem na imagem abaixo, ok?

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Diários de Cocotaxi - Dois brasileiros em Cuba - Parte III e final

Fachada do hotel tomado por Fidel Castro no início da revolução: estávamos hospedados em pura história

Havana Libre: o hotel da revolução

Em Havana, a aula cultural começou pelo próprio hotel. O Habana Libre é o prédio mais alto da cidade, com 27 andares. Na época em que foi contruído, em 1958, era o maior da América Latina. Não ficamos no último andar, obviamente (estávamos no 8º), mas a vista, postada no capítulo II dessa saga, vale muito a pena.

O Havana Libre nem sempre teve esse sugestivo nome. Até 1958, ano I de sua construção, ele era chamado de Havana Hilton. Teve um papel fundamental no período da Revolução Cubana, em 1959. No lobby do hotel, diversas fotos remontam a época de guerra, com imagens dos soldados no restaurante ou deitados no saguão principal.

O quarto 2223, em especial, possui uma mística maior. Ele é o quarto onde costumava ficar Che Guevara - sim, sempre ele - e seus companheiros de revolução. Fomos até o quarto em questão, mas confesso que não tinha nada demais, era apenas mais um corredor. Portanto, não tirei fotos do local.

Carros | De volta às ruas, outra marca registrada de Havana e Cuba salta aos olhos: a frota. Os carros de Havana são absolutamente únicos. São divididos em três gerações: os mais antigos, dos anos 1940 e 1950, foram comprados antes da revolução e passam de pais para filhos. A segunda são marcadas pelos carros soviéticos. A Lada era a principal montadora a suprir Cuba com carros durante os tempos da Guerra Fria, em especial entre 1970 e 1980. A terceira geração são de carros modernos.

É impressionante ver carros como um Chevrolet "rabo de peixe" de 1950 - ou menos - andando em (aparentes) boas condições por todos os lados. É uma estranha sensação de uma surreal e frustrante volta no tempo. Frustrante por a associação estar incompleta. Carros como aqueles são vistos em filmes como De Volta para o Futuro, mas em Havana somente os carros condizem. O restante, prédios e pessoas, estão sucateados e sofrem com a ação do tempo sem conservação alguma.

Como os carros não podem ser comprados, eles vão trocando de mãos. O Dodge 1950 que andamos (vide foto) era da avó do motorista. A manutenção é difícil, o que dá aos cubanos o título informal de "melhores mecânicos do mundo". A frota é toda dividida por cores de placas, que representam desde turistas e exército até governo e carros particulares. Os únicos que podem comprar carros novos são - de novo - esportistas, médicos ou artistas.

Salsa | Cuba é um país com vocação para a música. A salsa está presente o dia inteiro, em pequenos e velhos rádios ou em bailes noturnos. Para os turistas, claro, chegam sempre cantantes tocando os clássicos da música cubana. Destaque para "Comandante Che Guevara" (que pode ser ouvida aqui) e "Guantanamera", escrita em homenagem a uma moça de Guantânamo, base militar no litoral de Cuba.

Aproveitei para quebrar uma antiga escrita: nunca havia tocado violão fora do Brasil. Eis que, dado momento, na beira do mar, um dos artistas de rua veio tocar para ganhar uns trocados. Aproveitei para pedir o violão e fiz, ali na rua e na frente de dezenas de cubanos, uma bela versão de "Boate Azul", regravada recentemente nas vozes de Bruno e Marrone e escrita por Benedito Onofre - sim, claro que eu tocaria um Elvis, mas acho que em Cuba, poderia não soar bem. :-)

Muitos me perguntam se eu fui ao Buena Vista Social Club. Descobri - apenas lá - que não se trata de um local específico, mas de uma banda. Eles não tocam sempre no mesmo lugar, e não consegui assistí-los. Mas a influência de Compay Segundo, morto em 2003, é enorme. Compay é um dos maiores ídolos da música cubana e fotos dele estão presentes em diversos quadros, sempre acompanhado de um café e de um puro.

Saí de Cuba com o espírito rejuvenescido e cheio de idéias. Junto, porém, uma pequena frustração. Cuba é um país fantástico e gostaria muito de ficar por lá mais tempo. Fica fácil a impressão de que fazer um livro sobre Cuba seria algo muito estimulante e renderia boas e saborosas páginas.

Um dia, quem sabe, isso acontece.

P.S: ah, e o cocotaxi do título? Ei-lo aqui. Trata-se de outra atração pitoresca da ilha. Basicamente, o Cocotaxi é uma moto com dois lugares traseiros, sem cinto, sem segurança alguma, mas obrigatório pra quem está lá. Demos uma volta no Cocotaxi de noite. Ele certamente não passa de 50 km/h, lembrando em muito também um kart.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Diários de Cocotaxi - Dois brasileiros em Cuba - Parte II

Acredite: essa foto foi tirada em troca de 3 xampus

Havana: uma rica pobreza

Saímos de Varadero contaminados com o pior do capitalismo: o desperdício, o luxo totalmente desigual e abundância exagerada. Logicamente que lembrávamos o país onde estávamos, mas é fácil esquecer de questões sociais quando a média de piñas coladas ao dia era de 15 - eu disse a média.

Não demorou muito para o cenário mudar. E menos ainda para sacarmos nossas câmeras digitais - ou, no meu caso, o celular. Havana é um cartão postal 24h. Qualquer esquina possui um atrativo para fotógrafos - amadores ou profissionais. A cidade mescla um colorido vivo com um cinza pobre, tudo isso somado a um cenário tipicamente tropical. Salsa tocando o tempo todo, pessoas de chapéus panamá e palmeiras fazem você ter vontade de registrar tudo e dá a impressão de que você está dentro de um videogame. Mas é tudo real.

A vista do nosso hotel em Havana (clique para ampliar): uma ilha
capitalista em meio à pobreza


E a realidade do cubano não é fácil. Com um salário médio de 15 pesos, eles dependem do turismo para complementar suas rendas. Um quilo de carne custa 11 pesos, portanto, é possível imaginar o quanto eles admiram dinheiro vindo de visitantes. Até pouco tempo, moradores do país não podiam comprar microondas, DVDs ou itens secundários. A única maneira era os trazendo de fora. Porém, são poucos os que podem sair do país. Apenas médicos, artistas ou esportistas, além de pessoas ligadas ao governo, claro, podem viajar para fora de Cuba.

A terra dos contrastes, Havana é absolutamente única

A saúde em Cuba é sempre motivo de orgulho no país. Junto com a educação, são dois benefícios gratuitos aos cidadãos. A mortalidade infantil é menor do que nos Estados Unidos. Mesmo assim, estima-se que atualmente 31 mil médicos de Cuba trabalhem fora do país. Em cuba, é possível conseguir agendar - e fazer - uma ressonância magnética em questão de minutos.

Fidel y El Che| A adoração ao "nuestro comandante" Fidel Castro é latente. Seja por meio de cartazes e placas ou ao conversar com a população mesmo. Um cubano diz, até com um certo orgulho, que ninguém sabe onde está Fidel. "Ele vive escondido por questões de segurança", explica. Segundo suas razões, Fidel já foi vítima de exatos 637 tentativas de homicídio por parte da CIA, órgão de segurança do governo dos Estados Unidos. "E estão todas documentadas", complementa.

Fidel não está sozinho na lista de heróis cubanos. Junto dele, José Martín também é bastante citado como um dos responsáveis pela revolução de 1959 que tirou Fulgêncio Batista do poder. Porém, os dois são superados de longe por um nome que tem imagem quase tão conhecida como Jesus Cristo: Ernesto Che Guevara.

"El" Che está presente em praticamente toda esquina de Havana. Quando não é seu famoso rosto acompanhado da boina e da estrela, são suas frases famosas ou cartões postais com fotos inusitadas, como o argentino (sim, Che nasceu na Argentina) fazendo a barba ou ocioso em um sofá. Nas eternas feiras de artesanato, ele é, de longe, o mais representado. A foto de Che está em camisetas, quadros, caixas de charutos, ímãs e onde mais imaginar - basta lembrar que, em 2007, Gisele Bündchen desfilou com o rosto do revolucionário em seu biquíni (um dos maiores antagonismos possíveis, aliás).

O maior rosto de Che em Cuba está no Instituto de Educação em Havana, na Praça da Revolução. Ele próprio costumava frequentar o prédio para estudar. Em sua homenagem, o imenso semblante famoso, seguido da frase "hasta la vitoria sempre". O tamanho impressiona, e também dá a noção exata do quanto esta pessoa de gestos questionáveis ganhou uma fama que ultrapassa facilmente o que ele representou em vida.

Quer distância dos heróis de Cuba pela TV? Esqueça.

A televisão de Cuba se resume a três canais. O canal oficial do estado e dois canais educacionais. Em ambos, não há intervalos comerciais com propagandas consumistas. Apenas mensagens de apoio ao governo e lembretes de que, em janeiro próximo, comemoram-se 50 anos "de la revolución".

"Chaves" o dia inteiro? | Assistir a TV em Havana é uma árdua tarefa. Durante boa parte do dia, desfiles e homenagens militares tomam espaço da programação. Os telejornais são um capítulo à parte: matérias sobre visitas e agenda do atual comandante do país, Raúl Castro, levam quase meia hora. As cenas do que ele fez no dia vão ao ar de forma bruta, quase sem edição. Discursos são exibidos quase na íntegra. Uma das cenas me chamou a atenção em especial: mostrava uma pequena garota, com não mais que 11 ou 12 anos, entregando uma carta dirigida à Fidel ao irmão Raúl. Ao passar a carta, apenas disse "espero que nosso comandante se recupere logo", caindo então em prantos. Chocante.

A TV que tínhamos no hotel, logicamente, possuía alguns outros canais com aspecto mais global. Um deles foi fenomenal: a TV Venezuela. Foi outro susto ver, de forma mais próxima, o que acontece com Hugo Chávez por lá. Não é difícil imaginar que ele pretende ser um novo Fidel. O canal possui mais intervalos do que programação. Neles, são exibidos clipes de músicas feitas especialmente para apoiar Chávez. Rock, salsa, bolero... É uma espécie de MTV comunista. Entre um solo de guitarra e outro, entravam trechos de discursos do presidente da Venezuela, em especial repetindo a frase "Uh ah, Chávez no se vá". Assustador e instigante ao mesmo tempo.

Quer saber mais? Aguarde outro post. O texto já está muito grande...


Terminando o primeiro puro: Era apenas a primeira noite em Havana

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Ócio no Panamá

Eis o que a falta do que fazer causa nas pessoas...


sábado, 4 de outubro de 2008

Playa Bonita, Panamá

Resort fantástico e quente: umidade relativa do ar chega a 90%

Voltando do Panamá. Cansativo d
emais, mas valeu a pena conhecer um local que (provavelmente) jamais pagaria para ver (nada contra o Panamá, mas a Europa está sempre aí).

Fiquei no resort Playa Bonita. Meio afastado da cidade, mas vale a pena. Lá tem tudo que você precisa, incluindo bares nas (várias) piscinas, uma praia particular, bebida, spa com massagem e muito, muito calor. Ao contrário do calor que estamos acostumados, vindo apenas do sol, lá o complicado é a umidade, que chega a 90% - bem pior do que Manaus, que fui na semana anterior. Isso ficava claro cada vez que saía do quarto do hotel, devidamente refrigerado. O "bafo" era tanto que as lentes dos óculos escuros embaçavam em questão de segundos.

Fui a trabalho, mas recomendo o local para casais. É absolutamente impossível não descansar. Redes espalhadas por todo lugar, camas instaladas na frente da praia, tudo voltado para o completo e total ócio. O preço parece convidativo (cerca de USD 170 por dia). Ah sim, a moeda local é o dólar. Todo mundo fala espanhol e inglês. A população não é lá muito bonita, mas há um ou outro que se salve. Longe do hotel, percebe-se que o Panamá ainda tem muito o que crescer. A maior parte da cidade é pobre e o boom imobiliário vivido lá, com dezenas de prédios em construção, mostra que pelo menos eles estão andando pra frente.

Passamos pelo Canal do Panamá também. Confesso que não conseguir ficar impressionado, pois a obra é tão, mas tão grande (o canal inteiro tem cerca de 80 quilômetros) que você simplesmente não consegue absorver bem a dimensão toda da coisa. Dá apenas para ver trechos do canal, como algumas eclusas. O que chamou a atenção mesmo foi o "trânsito". Na praia em que ficamos no hotel, era possível observar uma longa fila de embarcações, todas esperando sua vez de atravessar pelo canal. Vale a pena? Se vale. Se decidirem dar a volta, por toda a América do Sul, levam três meses, no mínimo. Pelo canal, são apenas 15 dias.

Abaixo, o vídeo que mostra a "fila" de navios no canal (espere algo amador, ok?).


sábado, 27 de setembro de 2008

Como transformar um vôo longo em quase interminável

Período de viagens. Estive em Manaus durante a semana para um evento corporativo. Além do desgaste vindo do cliente, do próprio evento, da imprensa e afins, alguns detalhes simples conseguem transformar horas que já seriam ruins em péssimas.

Foi o caso do vôo da ida. Uma combinação de fatores no mesmo trajeto me alimentou para o que descrevo a seguir. Manaus não é um vôo longo, quando comparado a ir pra Europa ou Estados Unidos. Mas, quando a tripulação não colabora, olha o que pode acontecer:

  • A briga pelo braço da poltrona: Os que sentam na janela ou no corredor garantem ao menos um braço da poltrona pra chamaer de seu e descansar seus antebraços. Quem está no meio tem briga dupla. Mas ninguém escapa: ao menos um braço de poltrona terá de ser disputado. E aqui dá-se início a algo como uma briga social, um embate entre cavalheiros, uma batalha civilizada. Afinal, como ninguém mais é criança para sair na pancada por um simples encosto, (mas que você quer tê-lo só para si, isso quer) que comecem os jogos! Normalmente o adversário sempre sai na sua frente. Quando você se lembra, lá está o braço do esconhecido disposto ao seu lado ocupando o que era pra ser o seu espaço. Mas, deixe estar: quando ele resolve se esticar, bocejar, coçar o nariz, repousamos rapidamente nosso cotovelo ali, como que demarcando-o como nosso território Mas, a guerra não é ganha. Pois ele ficará de olho. E se você, nem que seja por uma fração de segundo, abrir a guarda, ele tomará de volta o espaço. E assim, nesse clima bélico-pacífico, seguirá seu trajeto aéreo.
  • Mastigar de boca fechada ajuda: a TAM tem o cordial hábito de distribuir balas de leite (toffel?) antes do vôo. Saudável, não? Não, se na poltrona de trás estiver um sujeito que simplesmente não tem a habilidade de mastigar (ou chupar, mascar, o que seja) a bala com a boca fechada. Então, se você levou um fone de ouvido, essa é a hora para usá-lo. Caso contrário, conviva com essa dor.
  • Arrotos, pigarros e outras intempéries fisiológicas: havia um grupo de japoneses (sim, do Japão mesmo) indo comigo. Um deles ficou ao meu lado (o mesmo que duelou pelo braço da poltrona). E não é que o sujeito inventou um novo modo de assoar (nunca soube se é "assoar" mesmo) o nariz? Pois é, ele o fazia pra dentro. Como? Fungava, jogava pra boca, misturava tudo e engolia de novo. Nojento? Não, meu caro. Nojento é quando isso acontece o tempo todo, do seu lado e em um idioma desconhecido pelo seu ser humano.
  • A bateria imaginária: o sujeito que estava na janela levou o seu iPod, ou coisa que o valha, para ouvir suas músicas preferidas. O palco: Wembley, no ano de 1974. Você é John Bonhan, baterista do Led Zepellin. Está no trecho final de "Stairway to Heaven", onde a bateria é fundamental. Suor e alma da música estão em suas baquetas, e você dá tudo que pode! Qualquer batuque é pouco, toque como nunca! Eis que, de repente, o rapaz na poltrona da frente interrompe sua utopia musical e diz: "cara, tá incomodando legal". Pois é. Quando estiver ouvindo suas músicas no fone de ouvido, não as batuque na poltrona, na perna ou onde mais quiser. Talvez seja um pouco óbvio de lembrar isso, mas os demais presentes no avião não estão ouvindo a mesma música que você, e podem ficar um pouco irritados com seu ritmo (ou a falta dele).
  • A pessoa do lado tentando fazer amizade: frente a tantas barreiras em um mesmo vôo, algumas pessoas tentam socializar para minimizar os problemas. Uma senhora, na coluna ao lado, fez isso comigo. Fazia questão de puxar conversa cada vez que algo que a incomodava acontecia. E eu estava lá com meu fone de ouvido, tentando dormir um pouco. Assim, ao menor sinal de que eu fosse acordar, ela olhava pra mim, procurando papo. Nem as minhas respostas típicas de quem quer abreviar o diálogo ("é", "a-hã", "verdade...") não davam o recado pra pobre moça. Não tenho nada contra a simpatia gratuita. Mas algumas pessoas precisam entender que nem todo mundo quer conversar a toda e qualquer hora...
  • Idas ao banheiro: tem coisa mais chata do que um japonês que adora ir ao banheiro o tempo todo? Ainda não tenho certeza pra isso, mas que irritou, irritou. Afinal, para que ele possa chegar ao sanitário, tem que sair de sua poltrona. E, para isso, eu preciso sair do meu lugar, deixá-lo passar, e repetir a operação quando ele regressar. Imagine isso várias vezes. Incômodo, não? Acho que ele também achou, pois depois de 40 minutos de vôo ( e três idas ao banheiro), mudou de lugar.
  • Ah, as filas: qual a razão da pressa? Assim como nos cinemas, os lugares são marcados no avião! "Boa noite. Em nome da TAM, eu dou as boas-vindas ao vôo..." essas poucas palavras, ainda no saguão da embarque, bastam para que uma voluptuosa fila se forme na entrada. O mesmo ocorre na saída, ainda no avião. Mal ele parou, as pessoas já se levantam de forma apressada, atrás de suas malas, para ficar de pé, paradas, por tempos que chegam até a 10, 15 minutos. Aí, naquele silêncio só interrompido pelos som de celulares ligando, elas olham, irritadas umas para as outras, impacientes por estarem ali, de pé, esperando. Alguém ouve o "por favor, pemaneçam sentados até que o aviso de cinto de segurança se apague"? Alguns ultrapassam todos os limites. Os que estão na janela também se levantam. Mas, como não conseguem chegar até o corredor (já tomado pelos primeiros apressados), ficam curvados, em posições ridículas, esperando que a porta do avião finalmente abra. Santa paciência...
Ah, e semana que vem, o Teremos... estará no Panamá. Vamos ver o que trago de lá. Só espero que o vôo (esse sim, longo) seja melhor.