quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Estación Sur

Não é Buenos Aires, mas quebra o galho
Faz tempo que não escrevo sobre experiência gastronômicas aqui no blog. Então, provavelmente inspirado pelo belo blog Comidas já Comidas, da amiga Luciana Ferraz, resolvi reativar a seção - mas sem o menor propósito de concorrência ou periodicidade, afinal, este blog segue sendo um diário, mal atualizado, mal acessado e sem pretensões algumas de ser mais do que é (essa pretensão até já existiu no passado, mas isso é outra história).

Dada a explicação, hoje fui com amigos ao Estación Sur, um restaurante argentino no bairro do Morumbi. Ele é novo, abriu há menos de seis meses no bairro, mas que já tem, há mais de dez anos, uma unidade no elegante bairro dos Jardins. Apesar de localizado no Morumbi, não se engane. A região não é das melhores. Ele fica em uma rua semi-residencial, com oficinas mecânicas ao lado, uma praça mal conservada na frente e uma via de alto movimento. É daqueles que você olha e pensa "'não vai pegar". Talvez por isso, resolvemos ir logo, antes que feche (maldade).

A chegada já não foi convidativa. Há poucos espaços para estacionar e o manobrista cobra a bagatela de 15 reais para deixar o carro. Lógico, fomos atrás de uma vaga em uma rua próxima. Resolvido o primeiro dilema, fomos ao próximo: havia um vegetariano entre nós. Checamos se serviam ali pratos sem carne. Sim, servem.

Aconchegante, o Estación Sur contrasta com o restante da rua, como citado. Com cara de novo, bem arrumado, pintado e projetado pelo arquiteto Delfor Brion, capricha no interior, que inclui salas com ambientação portenha e itens trazidos de Buenos Aires. Mas, divide o quarteirão com mecânicos e prédios descompromissados. É difícil passar na rua e não estranhar algo tão bonito perto de imóveis velhos. Ao entrar, vê-se que o trabalho de decoração foi bem montado. Há um espaço externo, para fumantes (cadê a fiscalização?), um interno sem ar condicionado e um terceiro salão, climatizado, com uma TV. Em todas as paredes, como era de se esperar, menções à terra de Maradona. Além do próprio, fotos de outras personalidades do país.

Quadro ressaltando a tradicional humidade argentina - foto de Rubia Pria

Escolhemos o salão climatizado. Cardápio à mão, eu já tinha sido avisado: o local não é barato. E não é mesmo. Os pratos individuais saem na faixa de 60, 70 reais. Juro. Felizmente, durante a semana existe a opção de saborear um prato executivo, que varia entre carnes como baby beef, frango e chorizo, além de massas como ravióli e gnocchi. Esses pratos executivos acompanham salada, batata frita (com exceção das massas) e uma sobremesa, e o preço deles gira em torno de 35 reais.

Começando pela salada: fraca. Bem fraca. Alface, tomate e cebola apenas, todos jogados em um pote, sem tempero. Nem comi inteira. Só para cortar a salada, foi um martírio. Para tempero, havia apenas azeite, vinagre e sal. Uma decepção. Eu faria algo (bem) melhor em casa com os mesmos ingredientes.


O prato principal demorou a chegar. Meus amigos pediram truta e gnocchi. Eu, em um restaurante argentino, não poderia pedir algo que não fosse carne. E fui de baby beef. Interessante: quando pedi ao garçom a carne mal passada, ele me mostrou fotos de vários tipos de ponto de carne, para que eu entendesse bem como era a mal passada. Nunca tinha visto isso.

O prato chegou e eu gostei. No que diz respeito ao principal, a carne, estava muito boa, mal passada, tenra, suculenta e com pouca gordura. A batata frita estava boa, mas não era nada demais - me lembrou, na verdade, as batatas fritas congeladas de pacote. Infelizmente, a fome foi tamanha que esqueci de tirar a foto na hora que o prato chegou. Mas antes tarde do que mais tarde. No caso de você estar perguntando o que está na parte de baixo do prato, é meia truta que eu dividi com uma "truta" minha (nossa, essa foi péssima).

Por fim, a sobremesa. Ah, a sobremesa. Como não lembrar das inúmeras viagens a Buenos Aires e dos passeios com helados pelo Puerto Madero? Ou da época de infância, quando, a duras penas, conseguíamos um raro alfajor da Havana? Nossa, como aqueles alfajores eram deliciosos, únicos, raros. Quem mais aqui achou que eles simplesmente perderam a graça com a chegada ao Brasil? De qualquer forma, pedi mesmo um doce de leite na panqueca, que estava bom, muito bom. Não comi o doce de leite todo. Uma pessoa na mesa jura que era o Salamandra, que é um bom doce de leite. Eu não consegui dizer se é ou não, mas certamente não era brasileiro. Valeu a pena.

A brincadeira toda, junto com uma água com gás, saiu 42 reais por pessoa. Caro? Sim. Mas, em uma cidade onde tudo é caro e já estamos achando normal pagar valores absurdos, até que vá lá. Só que, se você for no fim de semana, prepare o bolso, pois os almoços executivos não serão oferecidos. Ah, aceita VR.

Abaixo, mais algumas fotos do restaurante que, certamente, não é o melhor argentino da cidade, mas também não é o pior. E, pra quem gosta de lugares afastados da bagunça, esse é ideal. Adelante (sério, Luís, esse foi seu final de post? Horrível)!

Estación Sur