sexta-feira, 16 de março de 2007

A Frustração Humana


A frustração faz parte do dia-a-dia de todos: como lidar com isso?

(Antes de se iniciarem no texto, convido-os a clicar na imagem [abrindo-a em uma nova janela, claro], e que a analisem melhor, ampliada)

Hoje recebi um e-mail muito interessante. Tão interessante, de fato, que decidi abrir mão das "obras" do blog, e deixar esse último post antes que o site tenha seu novo (e a aguardado) visual.

O e-mail falava do "Princípio 90/10". Ele diz, por meio de um exemplo bem cotidiano, que 1o% da sua vida está relacionado com o que se passa com você, enquanto 90% se relacionam à forma como você reage ao que se passa (ou seja, aos 10% restantes).

Na prática, isso significa que, se você encarar toda situação ruim de maneira negativa, vai carregar isso e levar para os outros.
Se você ficar mal humorado quando encontrar alguém que não quer, irá guardar o mal humor dentro de você e fazer pior o seu dia.

Nem sempre temos tudo que queremos. E aí entram meus comentários sobre a foto acima, que encontrei após uma despretensiosa busca no Google. Um jovem Ayrton Senna, ainda com sonhos de ser campeão mundial, em um raro momento de solidão, acompanhada de um sentimento de impotência e frustração.

Um Ayrton Senna que um dia era meu grande ídolo. Meu herói de adolescência, minha meta, meus parâmetros de conquista, obstinação e garra - palavras que tão bem combinam com a Fórmula 1 e o brasileiro. Sentado aos pés de sua Lotus, à pé, parece olhar para o horizonte, como quem enxerga o sonho que tinha naquele momento se distanciar; estar tão longe quanto as montanhas que fazem o deslumbrante fundo da imagem.

Sua Lotus, imponente e majestosa, estampa a imagem e faz o contrate com o amarelo brilhante de seu capacete, ali, vazio, sem a essência que o tornou imagem de vitória e patriotismo. Para um piloto de Fórmula 1, nada é pior do que ver seu bólido colorido sem funcionamento. Não há maior frustração para um profissional desse esporte do que ser abandonado pelo carro que tanto confia; que passou pela revisão de tarimbados engenheiros e profissionais bem pagos.

E nós, meros mortais, como lidamos com a frustração?

Outro exemplo de hoje. Uma outra grande amiga me contou um pouco do seu dia-a-dia: lidar com pacientes terminais. Sua missão: ajudá-los, de alguma maneira, a enfrentar o que lhes resta com o minimo de dignidade. Uma tarefa árdua e fascinante ao mesmo tempo.

Hoje, minha chefe me sorriu latindo. E eu ainda reclamo disso? Não. Faço pior. Deixo isso dentro de mim, e ainda repasso aos demais. Faço das tripas coração para que todos saibam de seus pecados e imperfeições.

Bobagem. Somos todos imperfeitos. Sempre seremos.
Somos também mesquinhos. Somos imediatistas, e egoístas demais, até.

Como ter a cabeça para enfrentar um "não"? A negação chega logo antes da frustração.
Acho que a foto sintetiza um pouco, nos traços do rosto de Senna, do que sentimos: ódio, arrependimento, angústia, estagnação, dúvida.

Nossa maior dúvida é saber se um dia deixaremos de tê-las.

Até a volta.

LJ

3 comentários:

Elis Monteiro e Guilherme disse...

Bonito texto, mocinho :-)
E a foto é linda demais, apesar de triste...

Caru disse...

Acho que a parte mais difícil e o que faz a gente querer guardar tudo e evitar os "nãos" é a velha preocupação de "o que os outros vão pensar".
A gente abre mão da nossa felicidade pra poupar os outros. Grrr!!!

Anônimo disse...

Lindo e provocativo...
O texto é provocativo no que move e comove...a foto coube na medida!
Adorei!