segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Roteiro gastronômico no feriado

Que São Paulo é palco da cultura gastronômica mundial, isso todo mundo já sabe. Que eu nunca participei dele devidamente, isso ninguém deveria saber.

Desde o fim-de-semana passado me chamou a atenção (com um certo atraso, diga-se) um nobre projeto da cerveja Bohêmia, que acontece pelo segundo ano. Trata-se do BOteco Bohêmia, um roteiro de bares espalhados pelos quatro cantos de Sâo Paulo que disputam o prêmio de "melhor petisco da cidade" (claro, melhor entre os cerca de 30 bares que estão inscritos no concurso). Funciona de maneira simples: Basta pedir o prato concorrente, e votar em uma cédula, que (espero) os garçons levam à urna.

Comecei o circuito com atraso, no bar Galinheiro Grill, na Vila Madalena. O prato lá foi uma linguiça de frango, recheada de tomate seco e ricota (isto mesmo, ricota). Veio com um pão, servida numa chapa. Mas a linguiça é fininha, e meio sem gosto. Nota 4.

Neste fim-de-semana, foi a vez do Botequim, na Pompéia. Prato: rolezinho doido. Uns mini-bifes à rolê, enroladinhos no palito (claro), com pimentão, mussarela de bufala e orégano. Bonzinho. Nota 6 (digo...). O melhor petisco do bar, no entanto, ficou por conta do prato que, segundo Theo Filipe, ficou em segundo lugar no concurso ano passado: linguiça portuguesa fatiada com cebola, pimentão e outras coisas que não me lembro.

Por último, ainda houve tempo no feriado para curtir o Bar do Arnesto, que teve o melhor petisco até o momento. A Canoa do Arnesto, carne desfiada com azeite, hortelã, alho e pimenta no pão. Teria sido melhor se o pão não estivesse um pouco velho.

Galinhada Mas o melhor - ou pior - do feriado foi mesmo o almoço de domingo. Troquei a macarronada com linguiça temperada aqui de casa por um restaurante no meio de vilas paupérrimas, atrás do Estádio do Canindé. A bordo de um C4 Pallas (avaliado em cerca de R$ 80 mil), fomos os quatro (amigos do Porto e eu) rumo ao local. O GPS que usamos não falhou. Assim que chegamos ao local, a voz com pouco sotaque carioca pronunciou: "você chegou ao local de destino". A imagem era, no começo, impressionante.

O restaurante Galinhada do Bahia foi recomendado pelo amigo jornalista que dirigia o C4 (que, vale informar, era apenas o veículo sendo testado). Ele achou o nome na revista Veja, pensando ser algo bom. E não estava errado. Horas depois, conferimos que realmente o Galinhada é um dos restaurantes mais badalados de São Paulo. Ok, ok, talvez ele não seja exatamente "badalado". Mas a hospitalidade supera tudo - e melhor, se você quiser, é possível levar carneiros, abatidos vivos no momento da compra.

O restaurante é especializado em comida típica nordestina. Mas típica mesmo. Estou falando de pirão de galinha, buchada, jerimum com carne seca, maxixi, baião de dois e por aí vai. De cara, advirto-os de que a primeira impressão talvez seja não muito positiva. Porém, ela passa. Inicialmente, pelo preço convidativo (R$ 20 o rodízio). Posteriormente, pelo excelente atendimento, que supera a má impressão ao ver as lonas que servem de telhado e o banheiro quase romano.

Comida nordestina nunca foi a minha favorita. Mas o Bahia atrai a clientela justamente por não exagerar na pimenta, algo característico da região. Você não leu errado. Artigo masculino, o Bahia é como é conhecido o dono do espaço. Reza a lenda que Bahia começou a cozinhar para amigos - ele mora no mesmo terreno. Enquanto uns comiam, o forró rolava solto com a outra turma. Com o tempo, o local tornou-se ponto de encontro de conterrâneos da Bahia pra cima. A popularidade aumentou, e o forró passou para um galpão ao lado. Mas o sucesso também permitiu que o simpático Bahia pudesse viver apenas de seu restaurante. O segredo, impresso nas dezenas de recomendações de revistas que enfei(t)am o local, ele repete para mim: "basta cozinhar com amor".

No fim, o amor nos concedeu duas rapaduras como cortesia (que algum amigo meu acabou pegando) e uma simpática foto com o ilustre Bahia que você vê ao lado. Claro, ela não fará parte da decoração do restaurante, que exibe famosos (ou quase) por todos os cantos.

Talvez não seja o melhor lugar para levar a namorada no primeiro encontro. Nem no segundo. Mas, quem sabe uns 6 meses depois, seja uma boa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sensacional!
Fica a dúvida: o q vc comeu???