domingo, 2 de março de 2008

O vi(o)lão dos músicos

Meu violão no canto da cozinha: de lá, não saiu

Há poucos minutos voltei de um dia cheio. Na parte diurna, uma festa tradicional (sob o meu ponto de vista), com cervejas, amigos, casais e, claro, o bom e velho rock. Uma banda ao vivo, com direito a uma canjas minhas. Uma realização para um sábado ordinário.

Horas depois, estava em uma outra festa, com amigos diferentes. Como antes estava com o violão no evento anterior, levei-o para o encontro posterior. Eis que chego lá e me deparo com o famoso jogo guitar hero, do Playstation. Na verdade, nem era o tal, mas uma versão superior, guitar band. Nessa, não apenas é possível "tocar" a "guitarra", mas também a "bateria". Isso mesmo, havia uma pequena imitação de bateria no local. A guitarra, em ótimo acabamento, trazia um "fender" assinado. Coisa fina.

Já havia ouvido falar do tal jogo, mas nunca tinha o visto na prática ou tentado. Dessa vez consegui. E "toquei", de forma bem-sucedida até, uma versão de Wanted Dead or Alive, do Bon Jovi, na "guitarra". A canção é a original mesmo.

Não é necessário dizer que o game foi um sucesso em absolutamente a noite toda. Não houve música ambiente, como em festas normais. No lugar dela, o que tocou foram as mesmas sete ou oito músicas que estavam disponíveis no game. E aí eu senti a diferença para a festa anterior.

Jogos como guitar hero transformam qualquer um em músico, mesmo quando é o mais lesado em termos de conhecimentos de instrumentos musicais. Não é necessário saber tocar, basta decorar as cores e bater no tempo certo. É uma espécie de democratização virtuosa da música. Ali, qualquer um pode tocar.

Mas e nós, músicos (mesmo que de fim-de-semana), como ficamos?

Apesar da dona da festa ter aceitado com interesse o meu violão, ele não saiu do lugar a noite toda. A sensação da festa foi a tela da televisão e a fila que se formava para assumir um lugar, ora na "bateria", "guitarra" ou microfone - sim, microfone também era uma opção. E o jogo ensinava até como entrar no tempo certo de Should I Stay or Should I Go, uma das executadas à exaustão na noite.

Confesso que, para mim, foi uma decepção. Sou uma pessoa ligada em tecnologia, mas ela até agora não havia me incomodado - até agora. Jogos como esse colocam em segundo plano alguém com um violão ou mesmo uma banda. Afinal, porque as pessoas que não tocam nem campainha vão querer ouvir, se elas mesmo podem tocar?

Talvez seja a impressão errada, mas foi o que aconteceu nessa noite. Felizes dos que jogam games como Guitar Hero. "Isso será o sucessor do karaoke", disse um dos presentes a mim.

Do jeito que a coisa anda, eu já fico feliz que não seja o sucessor, em longo prazo, da música.

4 comentários:

Caru disse...

Eu só tenho uma coisa a dizer:
"Luís, pode sair da guitarra e deixar o povo tocar?"... O "guitar hero" pode perfeitamente entrar na sequência da frase.
Só isso.

Beijos saudosos

Anônimo disse...

Conheci o Guitar Hero esse fim de semana e ADOREI!!! hahahah
Ok ok não é só pra contrair, é viciante!
Hoje de tarde me peguei pesquisando o preço do PS2 e da tal guitarra...

Anônimo disse...

Ah vai, até que é divertido! Assim não monopoliza a atenção da geral para apenas um rockstar.
Enfim, é só ficar mais uns 5 anos sem ouvir Should I Stay or Should I Go que tá tudo certo.

Beijos

Anônimo disse...

Salvem os conservatórios!...hehehe...

Thiago