quinta-feira, 8 de maio de 2008

O fim apropriado na cobertura do caso "da menina Isabella"


Ontem a Rede Globo encerrou (espero) com chave de “ouro” o irritante, exaustivo e repetitivo caso Isabella. Durante a transmissão da partida entre São Paulo e Atlético Nacional pela Copa Santander Libertadores, a emissora decidiu interromper completamente a transmissão do jogo para exibir imagens dos pais da menina sendo levados para a delegacia. Imagens de um camburão, no escuro, com centenas de desocupados na rua, em uma noite fria, bradando os previsíveis gritos de “assassino” e outros insultos.

Como uma deliciosa ironia, saiu um gol do São Paulo justamente durante a transmissão interrompida. Sendo assim, para quem não possui o canal pago SporTV, a única opção foi escutar o gol do São Paulo pelo rádio, já que nem isso sensibilizou a emissora carioca a, pelo menos, exibir a tela dividia em duas. Não, o caso “da menina Isabella” recebeu atenção total, com menosprezo aos telespectadores que deixaram de comprar ingressos para o Morumbi, buscando assistir à partida no conforto de seu lar (acredito que é natural para todos que não estou comparando a importância de uma partida de futebol com um assassinato, ok? A questão aqui é outra).

Torço para que o acontecimento de ontem - como mencionei na primeira linha - tenha sido ao menos o primeiro passo rumo ao fim dessa gananciosa e mesquinha denominada “cobertura jornalística”. Todas as emissoras usaram e abusaram de um caso trágico. O que era no início, sim, prestação de serviços, tornou-se um martírio diário nas TVs, revistas e jornais. Ao ponto da própria Globo, com seu famoso “padrão de qualidade” (sic), dedicar uma manhã inteira ao caso, sem intervalos comerciais, algo que ela nunca havia feito.

Para encerrar o assunto, creio que a atitude da Globo ontem foi apenas o complemento disso tudo. Afinal, um acontecimento que é levado ao extremo desde o início só poderia se encerrar de forma errônea e exacerbada mais uma vez: com desrespeito ao telespectador, com exagero, inutilidade e exploração barata.

3 comentários:

Rodrigo Padron disse...

Luis, como já havia dito a vc, entendo que o peso dado pela imprensa - exagerado na minha avaliação - ao caso Isabella no dia da partida do São Paulo foi proporcional ao espaço que este fato tem recebido da mídia, desde o seu início.

Não quero frustrar as expectativas de ninguém, mas avalio este caso ainda consumirá muitas horas de trabalho jornalístico e continuará entrando em nossas casas pela TV, internet e mídia impressa.

Abs,

Rodrigo Padron

Anônimo disse...

Fala Joly, é somente Nacional (Club Nacional de Football), e não Atlético Nacional. E concordo com o Padron; a coisa vai longe ainda. Até mais.

Luís Joly disse...

Opa, valeu. Vou arrumar lá.