quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O dilema de Rubens Barrichello


Com 264 grandes prêmios nas costas, Rubens Barrichello já passou por tudo que alguém pode passar na Fórmula 1, com exceção do título: ultrapassou, foi ultrapassado, humilhou, foi humilhado, chorou por alegria e tristeza; viu lendas nascerem e morrerem ao seu lado. Empolgou e desiludiu um país. Foi uma esperança e motivo de risos. Teve oportunidades de ser campeão, protagonizou e passou por mero coadjuvante. Tudo várias vezes.

Agora, após quase 16 anos de janela, o brasileiro se vê em uma nova posição: a da possível aposentadoria. Sua equipe, a Honda, ainda não se manifestou sobre o interesse no brasileiro para a temporada de 2009. Sem contrato assinado, ele pode ficar sem carro, o que inevitavelmente significaria o fim de sua passagem pelo mais importante mundo do automobilismo.

Barrichello é o único elo de ligação nas pistas entre a Fórmula 1 que temos hoje, quase 2.0 e orientalizada, e a outra categoria, que um dia foi chamada de tecnológica, do tempo que iniciou. Em 1993, ano de seu debute, os maiores nomes na categoria eram Ayrton Senna e Alain Prost. A equipe a ser seguida era a Williams, hoje em frangalhos. Nigel Mansell e Nelson Piquet (o pai) eram lembranças recentes e constantes rumores de possíveis retornos. Schumacher? Em 93, o alemão ainda era uma estrela em ascenção, com apenas 1 vitória no currículo e na - extinta - Benneton.

Foi-se a caravana. Entre todos os nomes presentes naquele Grande Prêmio da África do Sul de 1993, quando Barrichello começou, ele é o único que ainda está no grid. Até Schumacher já parou. E, agora, frente a uma ameaça de aposentadoria forçada, o brasileiro confessa que não está preparado para abandonar o circo.

Imagino o que se passa pela cabeça do piloto. Como acontece com a maioria dos profissionais, a hora de parar é sempre difícil e evitada ao máximo. Mas ela chega, inevitavelmente. Faltam apenas três corridas para o término da atual temporada. Longe dos holofotes, Rubinho aguarda por uma, apenas uma vaga que o credencie para mais um ano. Até lá, seu discurso e sua gana seguirão os mesmos.

Mas o resto? Quanta diferença...

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