terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Trecho de um livro que não existe

Ele a beijou como se fosse aquela a primeira vez. Nos lábios, um sabor já conhecido, porém com sensação de inédito. No sentimento, apenas a certeza de que saudades haviam sido superadas. Sabiam que não seriam certeiros como sempre, mas tinham a sorrateira suspeita de que duraria mais que uma estação. Somente pela forma como sorriam, era fácil somar suas semânticas, subtraindo a solidão de outrora. Suavam em suas almas, mas seus semblantes não deixavam de transparecer tamanha salvação, sumamente superada. Agora, soltavam ao mundo um serelepe senão. Afinal, se não fosse pelo surpreendente beijo, de que mais sofreriam, se não por amor?

Sorte? Talvez apenas sonho, que de tão sorrateiro um dia subiu pelas sombras de um romântico por suas vistas, e ele, de tão inocente, nem sequer suspeitou.

2 comentários:

Caru disse...

Dá pra me mandar e-mail, me ligar ou aparecer em casa? hehehe...

Vitor disse...

Suspeito (também) que tenha sido proposital. Se for esse o caso, que brilhante jogo de palavras. Se não for, há uma coincidência igualmente brilhante nas palavras do seu texto, meu caro.