segunda-feira, 10 de maio de 2010

Para ajudar Schumacher, vale tudo


Estava devendo uma coluna sobre Michael Schumacher este ano. Afinal, confesso que fui um dos empolgados quando veio a notícia oficial de que o alemão estaria de volta às pistas da F-1 em 2010. Nostálgico que sou, é o máximo para mim ver um piloto que estava nos grids de 1991 e regressa em 2010. Uma volta de um campeão digna dos cinemas, das eternas lutas de Rocky Balboa.

Mas se a realidade imita a arte, nem sempre o contrário acontece. E o que vimos nas primeiras quatro corridas do ano foi uma realidade bem diferente do que estávamos acostumados, em relação à Schumacher: dificuldade para domar o carro, constantes classificações e chegadas atrás do companheiro e, o pior, ultrapassagens de todos, por todos os lados.

Depois da etapa chinesa, a coisa começou a ficar pior. Foi justamente nessa corrida que ele levou o maior número de ultrapassagens. No intervalo de três semanas sem GP, o agente do piloto, Willi Weber, afirmou que estava mais fácil achar uma virgem de 50 anos do que conseguir um patrocinador para Schumacher. Do outro lado, o alemão procurava se esquivar das críticas do público e cobranças da imprensa. Vinha afirmando que estava na F-1 para se divertir, e estava conseguindo fazer isso.

De fato, o heptacampeão não tem mais o que provar. Ele já superou todos os recordes significantes da categoria. Claro, ele sempre terá de conviver com as costumeiras análises que dizem que o piloto não teve rivais a altura depois da morte de Senna. Mas isso é muito subjetivo.
O que não se discute são resultados. E os de Schumacher, neste começo de ano, foram péssimos.

Coincidentemente, após o GP em Xangai a Mercedes anunciou que faria diversas mudanças no carro – que incluíam não só os famosos dutos para saída de ar – a invenção da vez -, mas detalhes como alterações no eixo do carro e aerodinâmica. Também foi nessa época que Michael admitiu que estava enfrentando problemas na condução do seu carro, e que não estava bem adaptado – enquanto, vale lembrar, o seu companheiro, o jovem Nico Rosberg, parecia totalmente pronto e já havia inclusive conquistado um pódio.

Chegamos ao fim do GP da Espanha, e o que vemos? Michael Schumacher chegou em quarto. Fez sua melhor corrida no ano. Segurou Jenson Button brilhantemente, foi arrojado e por pouco não teve um pódio. Rosberg? Um apagado 13º lugar, problemas em todo o fim de semana (largou atrás de Schumacher também) e uma declarada dificuldade para controlar o carro em sua nova versão.

Some dois mais dois para chegar a sua conclusão. Será que a Mercedes está disposta a modificar tanto o carro apenas para que Michael Schumacher possa dirigi-lo melhor, mesmo sabendo que não será o formato preferido pelo companheiro Rosberg – que vem conquistando bons resultados?

Some dois mais dois.

RETA OPOSTA

Frita Massa
Quatro vencedores em cinco corridas. Realmente, a F-1 está com um aparente equilíbrio, mesmo com uma vantagem considerável da Red Bull. Mas chamou a atenção o péssimo desempenho de Felipe Massa na Espanha – certamente o pior entre todos que postulam o título. Difícil aceitar que o brasileiro não conseguiu um bom acerto do carro em uma pista tão bem entendida por pilotos e equipes. Me parece algo errado com ele mesmo.

Cena sem brilho
Gostaria de entender até que ponto vale a pena para a carreira de Bruno Senna estar a bordo de um carro que anda quase na mesma velocidade dos carros da GP2. Aquela imagem do piloto indo reto na quarta curva do cirtcuito foi vexatória. Acho que era hora da família Senna refletir bem sobre isso.

Sonolenta Espanha
À parte da briga entre Button e Schumacher, o GP da Espanha foi medíocre. Sem novidades, claro. Desde 1991, quando entrou para o calendário, é assim. Quando será que vão perceber que essa pista é chata demais e só serve mesmo para testar?

domingo, 2 de maio de 2010

Alice e o IMAX - Maravilha mesmo foi quando o filme acabou

O filme que vou retratar a seguir não foi minha primeira experiência com cinema 3D - claro, nessa fase moderna. No início dos anos 1990, cheguei a ver A Hora do Pesadelo com aqueles óculos de plásticos verdes e vermelhos). Mas foi minha primeira experiência ruim - nem sempre teremos apenas coisas bonitas pra contar...

O primeiro filme 3D que vi foi há cerca de 1 mês, o tal de Como Caçar Dragões (ou algo assim). Muito divertido. Adorei a experiência com os óculos e fiquei fã do formato de cinema.

Naquela mesma sessão, me chamou a atenção o trailer de Alice no País das Maravilhas. Na verdade, fiquei tão encantado com as imagens do filme que decidi assistí-lo, e melhor: na sala iMax (seria da Apple?), a suposta melhor sala de São Paulo (já tinha tentado ver o Avatar lá, mas nunca tinha ingresso disponível).

O ingresso foi comprado com quase três semanas de antecedência para uma sessão de sábado à noite.

Sobre o filme: Alice vale a pena pela fotografia. Belíssimo, com cenários psicodélicos, viagens mentais e proporções que você só consegue ver lá. Mas, infelizmente, ainda não é esse o fator mais importante em uma obra gravada em vídeo. Mesmo em um filme cercado por toda a tecnologia ou em um MPEG caseiro, o que importa mesmo é a história. E a história de Alice é tão chata que eu quase dormi.

Os primeiros 15 minutos do filme, após Alice entrar na terra maluca, são de descobertas. Afinal, vale explorar ao máximo a tecnologia 3D no mundo tão bem criado por Tim Burton e seu time. Mas, passado esse encantamento com os personagens e cenários curiosos, acaba a graça. A trama é parada, pastel, sem andamento. Os diálogos são lentos e arrastados. Me parece que a Disney pediu um filme a Tim Burton apenas para explorar o 3D. "A história? Crie qualquer coisa". Em suma: chato, muito chato. Só o 3D e a imaginação de Tim Burton não foram suficientes.

Sobre a sala: minha péssima avaliação do filme teve uma séria contribuição: o conforto não oferecido pela sala iMax (ou IMAX) do Bourbon. Estava no melhor (teoricamente) lugar do cinema: última fileira, bem no meio. Uma tela gigante mostra-se a sua frente. E a vinheta do iMAX mostra que o som e a imagem são realmente de primeira. Mas, assim como a Disney esqueceu do básico (a trama), o Bourbon esqueceu do que mais interessa - o conforto.

As cadeiras são apertadas, grudadas. Mal há espaço para dobrar as pernas corretamente sem que seu joelho já encoste na poltrona da frente. Em determinado momento, movido pelo cansaço do filme, tive algo próximo a uma sensação de claustrofobia. E, naquele cenário curioso, de vez em quando eu tirava os óculos 3D para olhar a plateia. Todos usando o acessório, pareciam seres hipnotizados.

Resumindo, é isso: se for ver o filme, o faça com ressalvas. E, se for à sala IMAX...não vá. Há salas 3D excelentes em São Paulo por preços menores e mais conforto.