domingo, 7 de outubro de 2012

Diário dos Andes - Parte 1

Zooógico de Santiago

Como de costume, não poderia deixar de escrever sobre minha última peripécia internacional. Desta vez, o local escolhido foi o Chile, que se dividiu em Santiago e seus arredores, além do deserto do Atacama, com uma breve passagem pela Bolívia também.

A ideia do post é retratar um pouco alguns locais interessantes deste país que, confesso, me surpreendeu bastante. Sim, nas aulas de geografia que temos quando criança, pensamos no Chile apenas como aquela "tripa" comprida e fina que percorre parte da América do Sul. Bem, essa tripa é bem comprida, na verdade. Sim, o Chile ainda é bem pequeno para se percorrer "horizontalmente" no mapa. De Santiago à praia, por exemplo, não leva nem duas horas. Mas há bastante para se conhecer por lá.

Bom, a viagem se dividiu da seguinte maneira:

Parte  - Santiago, duração de sete dias
Parte 2 - Atacama, duração de seis dias
Parte 3 - Santiago de novo, três dias

Como são muitas coisas para compartilhar, vou até certo ponto aqui, depois paro e continuo em um novo post.

Começo dizendo que o Chile nunca me atraiu. Nunca foi um país que desejei visitar. Mas, por favorecimentos interessantes (parentes que por lá vivem e milhas), pareceu interessante. Em Santiago, tivemos estadia gratuita e confortável, o que barateou e muito a viagem.

Devo dizer que Santiago foi uma grata surpresa. É enorme! Não esperava uma cidade com tanta estrutura e carros. Sim, carros. Se você é de São Paulo como eu, irá se acostumar rapidamente com o trânsito de Santiago. A diferença é que, por lá, ele acontece quase que exclusivamente nos horários de rush, enquanto que em Sampa toda hora e dia pode ter trânsito.

De uma maneira geral, a cidade parece ter requintes europeus, mas com menos partes históricas e monumentos. As avenidas também não são largas e planejadas, mas há viadutos, alças de acessos e túneis enormes que atravessam longos trechos de Santiago.

Sim, há a poluição. Santiago é mundialmente conhecida por sua poluição de níveis alarmantes. Não apenas por culpa deles, mas pela topografia da cidade. Ela é inteiramente cercada pelas montanhas dos famosos Andes. E não é  brincadeira. A barreira física realmente impede que o ar circule. Há um parque lá, bem no alto, em que se pode ver a estátua de uma virgem e ter uma boa visão da cidade. Ali, fica claro como a poluição paira sobre a população de Santiago:

Mancha: em Santiago, é proibido usar lareira por conta da poluição

Bem, de novo, pra quem é de São Paulo, não é nada que nos impeça de viver normalmente. Sim, o ar fica um pouco mais seco e árido, somada à altitude. Mas em 1 dia você já acha que viveu lá a vida inteira.

Clima
Santiago tem um clima bem agradável dependendo da época do ano. No auge do inverno mais rigoroso, pode até nevar, mas você sobrevive. Fui no meio de setembro. Ainda estava frio, mas um bom casaco, um gorro e luvas eventuais já ajudam.

O dinheiro chileno é meio confuso. Não vale tanto como o nosso, mas também não vale pouco. A moeda lá é o peso chileno. Tudo vale muito. Isso porque os números são gigantes. Qualquer coisinha custa 3 mil pesos chilenos, o que lembra os mais antigos (eu incluso) do período pré-real no Brasil, quando um refrigerante custava 3.500 cruzeiros. É mais ou menos a mesma coisa, só que sem a inflação. E para converter esse valor em reais? Em linhas gerais, 1000 pesos chilenos valem 2 dólares, que valem mais ou menos 4 reais. Ou seja, a regra é cortar os zeros e multiplicar por 4 para ter uma noção.

Santiago é bastante cara. Mas não tão cara quanto o Brasil. É preciso garimpar. Roupas, algumas valem a pena. Peças de cozinha e banheiro valem muito. Bebidas, mais ainda. Vodkas de qualidade custam algo como 25 reais no supermercado.

Roteiro
Durante a semana em Santiago, eis o que fizemos, mais ou menos:

Com uma vista dessas, qualquer refeição fica boa
Isla Negra - A mais ou menos duas horas de Santiago, na praia. É onde fica a casa de Pablo Neruda. Na verdade uma das três casas, já que tem outra em Valparaíso e a de Santiago. Dizem, no entanto, que a de Isla Negra é a mais legal. A viagem foi incrível. Almoçamos no próprio restaurante que fica na casa, com uma maravilhosa vista para a praia. Comida boa, ótimo atendimento e ambiente inesquecível. Um dos melhores momentos de toda a viagem.


Traga seu churrasco, bebidas e nós damos a estrutura
Santuario de la Naturaleza - Uma grata surpresa. Um parque no meio de uma reserva ambiental, esse local na beira de um riacho possui dezenas de churrasqueiras erguidas em tijolos, além de mesas e bancos. A ideia é ir com seu carro levando comidas e mantimentos para passar um dia maravilhoso por lá. Não é longe da cidade, mas o suficiente para descansar ainda mais. Há uma cobrança pequena para entrada no parque, totalmente aceitável.

Valle Nevado - Sim, não dá pra ir a Santiago e não dizer que esquiou né? Bem, pelo menos isso foi o que tentamos. Eu nunca tinha visto neve, que dirá ter um esquí no pé. Durante o dia que passei na neve, fiquei impressionado e revoltado: impressionado com o talento de algumas crianças. Revoltado com o esporte em si: as montanhas de neve devem ser apreciadas apenas. Não sei quem foi que achou que aquilo lá era um esporte.

Tudo é incômodo. Além do óbvio frio, há o calor por usar tanta roupa. Ceroulas, calças, blusas, camisetas, tudo isso vai por baixo de uma grossa roupa para esquiar. Junta-se a isso uma bota que também poderia ser chamada de tortura: uma peça pesada, que deixa seu pé absolutamente imóvel ("precisa ser assim ou você pode quebrar o pé"). Se esquiar com a bota já é ruim, andar com ela é uma tarefa hercúlea. Descer uma escada lembra aquela clássica cena do robô gigante em Robocop tentando descer uma escada.

Valle Nevado: sim, é lindo. Mas como cansa...

Claro que tudo não acaba por aí. Você ainda precisa carregar aquela merda de esqui por onde anda. Sim, pq não é o dia inteiro que você estará com ele nos pés. Ah, carregue também aqueles dois pauzinhos que ficam caindo o tempo todo. Que saco.

Esquiar é difícil. Com apenas 5 ou 6 horas de diversão, nem tentei fazer aulas. Foi um fiasco. Um colega me ensinou rapidamente como descer. Mas não ensinou como levantar  no meio da descida. Resultado: na primeira pirambeira, caí. Como não conseguia levantar, desci a rampa inteira à pé mesmo.

Importante: leve água, protetor solar e um bom óculos escuros (resistente, claro). A neve queima bastante. Ah, outra coisa: o caminho para chegar ao Valle Nevado é tortuoso. 35 curvas numeradas seguidas de mais 18 numeradas (não me pergunte pq eles não somaram). Todas as curvas são íngremes, apertadas e com um barranco do lado. Controle-se para não ficar enjoado durante o trajeto. Mas fique tranquilo pq a volta é ainda pior: afinal, é descida - e com o barranco (e a fria morte) a metros. Se estiver dirigindo, faça-o com muito cuidado.

Por enquanto é isso. A qualquer momento volto com mais um diário dos Andes! Espero que curtam!

Um comentário:

Vitor Vieira disse...

Cara, legal ver o seu entusiamo e bom humor com a neve! Parece que você gostou mesmo da experiência de esquiar e de tudo mais!

Deveria, entretanto, ter treinado um pouco mais no ring de gelo do shopping Eldorado antes de embarcar!