terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Pichadores não são artistas


















As fotos não são minhas, mas basta um passeio por São Paulo para encontrar paisagens assim

O assunto é polêmico, mas queria falar disso há algum tempo. Sou um favorável à eliminação da poluição visual. Por isso reclamo de postes telefônicos com seus imensos e entrelaçados fios, de outdoors imensos, de lixo nas ruas, de faixas e cartazes e demais exemplos.

Pouco me pronuncei sobre o caso da pichadora Caroline Pivetta. Não sou a favor do que ela fez na Bienal, mas entendo que a parede em questão estava exposta para ser usada, e ela o fez da maneira que achou melhor. Mas, indo muito além disso, sou contra sim às pichações que empobrecem a cidade, que destroem monumentos públicos, que enfeiam fachadas e desafiam as leis da gravidade e do bom senso.

Agora pouco estava vendo um vídeo-reportagem disponível no UOL feito sobre e com os pichadores. O vídeo, infelizmente, está quebrado no meio, dá pau e trava, então nem vou pôr o link aqui. Mas, nas partes que consegui ver, havia depoimentos dos pichadores. Eis alguns:

"Quando estou lá no alto pichando, estou ouvindo meu coração, estou em paz".
"A cidade construiu 'nois', agora ela quer destruir 'nois'" (sic).
"Se a pichação existe, é porque tem alguma coisa que está errada".

É claro que tem coisa errada. E muita. São Paulo é um poço sem fim de problemas sociais crônicos, emergências, erros, corrupção jamais descoberta, negligência, falta de planejamento, descaso e miséria. Mas a forma de resolver isso não é sujando ainda mais a cidade.

Sei que estou sendo absolutamente raso e superficial, mas não quero entrar em muitos detalhes. Alguém discorda? Grafite é tão danoso quando a pichação? Ambos são formas de arte? O pichador é uma forma da cidade revelar seu lado autêntico, escondido atrás de obras turísticas e lojas caras?

2 comentários:

Vitor disse...

Cara, também não sou a favor da pichação mas compreendo o motivo de sua existência. Para quem não tem outras formas de se expressar, esse é o limite que antecede à barbárie. É o último resquício de anarquia inconsciente que esses caras carregam consigo por tanto serem suprimidos. Eu também não vejo sentido e não acho que isso vá mudar alguma coisa, mas é aquela velha história: ou você resiste em vão ou desiste da guerra.

Luís Joly disse...

Nada como alguém mais centrado. Obrigado pelo comentário. Eu sou meio radical mesmo.