segunda-feira, 22 de junho de 2009

Em Silverstone, um olhar sobre o passado

Talvez fosse o momento de Max Mosley ser menos “max”


Silverstone, como muitos sabem, é a pista onde a F-1 começou. Onde, em 13 de maio de 1950, pilotos e equipes resolveram oficializar e organizar suas vontades de correr e preparar carros. Sem estrutura, sem segurança, sem (muito) dinheiro, muita gente sujou a mão de graxa. Muita gente perdeu a vida enquanto a F-1 se desenvolvia para tornar-se a categoria de carros de corrida mais conhecida em todo o mundo.

Quase sessenta anos depois, esses valores fundamentais parecem ter sido esquecidos. A Fórmula 1 hoje tem ares profissionais, é bilionária, é lucrativa e envolve milhões de pessoas, empregos e desejos. Mobiliza fãs ao redor do planeta. Não é de se admirar, portanto, que alguns nomes envolvidos na organização da categoria comecem a perder a razão. Talvez seja o caso de Max Mosley.

O presidente da FIA está no cargo desde 1991. Ajudou muito, tornou a F-1 uma categoria mais globalizada. Sua missão: aumentar a segurança e levar ao máximo a eterna busca pela competitividade, que parecia ter sido perdida com o exponencial crescimento da tecnologia. A F-1 de hoje faz aqueles tempos de Senna, Prost e Mansell parecerem uma categoria amadora.
De 2008 pra cá, Mosley colocou na cabeça que também deveria lutar na redução de custos. Isso já vinha acontecendo, mas o que era uma saudável preocupação começou a se tornar uma obsessão com a crise financeira que teve início no fim do ano passado.

Basta ligar os pontos para ver onde estamos. Em um momento onde as corridas importam menos do que os comunicados da FIA; em uma realidade onde Emirados Árabes Unidos importam mais do que a Inglaterra; em um grid onde o que mais se discute é a legalidade de difusores.

Na busca por aumentar a popularidade da categoria, Mosley perdeu-se em algum lugar no meio do caminho. Hoje, o que se vê entre o público leigo é conhecimento sobre F-1. Mas confuso, nebuloso. A indecisão repele novos admiradores, afasta patrocinadores e não fecha negócios. Com a decisão da FOTA (associação das equipes de F-1) de criar uma categoria independente no ano que vem, a missão foi realizada: todo mundo fala sobre F-1, em qualquer bar, em todas as esquinas o assunto é esse.

Ironicamente, o anúncio do racha acontece no palco onde tudo começou. Será que não vale alguém parar de olhar para o próprio umbigo e ver que os dois lados têm que ceder?
Eu não acredito em racha. Tudo seguirá como antes. Mas eu acredito que essa chatíssima disputa política vai, sim, fazer com que cabeças rolem.

Eu já escolhi a minha. E você?

RETA OPOSTA

Barba, cabelo e bigode?

Barrichello saiu da Turquia dizendo que queria fazer o “hat trick” (pole, melhor volta e vitória, por aqui chamados de “barba, cabelo e bigode”) em Silverstone. A pouca barba que vimos foi a que ele deixou. E o cabelo, menos ainda...

Massa fino

Excelente prova de Felipe Massa, ganhando várias posições e cada vez mais mostrando que é o piloto número 1 da Ferrari, mesmo sem o título do ano passado.

Só mais uma...

Cléber Machado é uma pândega narrando F-1. Ele se diverte, comete erros hilários e cria suas próprias teorias. Na Inglaterra, a melhor foi dizer que existe uma “visão barricheliana” sobre as coisas. Como será essa visão?!

*coluna publicada em dia de corrida no site UOL Interpress Motor. Para ver as anteriores, clique aqui.

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