domingo, 23 de agosto de 2009

Valência, terra de brasileiros*
Em dois anos, dois brasileiros levaram. Quem será ano que vem?



No meio da década de 1980, a Hungria era um país bem familiar dos brasileiros. Lá, entre 1986 e 1988, Nelson Piquet e Ayrton Senna ganharam as três primeiras edições do então recém chegado Grande Prêmio da Hungria. Vários anos depois, o mesmo pode estar se desenhando em Valência, local que busca alcançar o status de Mônaco na Fórmula 1, com organização impecável, acabamento superior, facilidade de acesso e potencial turístico enorme. Em 2008, ano de estreia do circuito, Felipe Massa levou.

E não é que agora chegou a vez dele? Rubens Barrichello, o rei das declarações polêmicas, o eterno açoitado por imprensa e torcida (incluindo este colunista que vos escreve), logo ele, deu a centésima vitória brasileira nas pistas da mais famosa categoria do automobilismo. Vitória que contou com a perfeita fórmula talento + sorte. Talento porque Barrichello foi rápido quando precisou. Superou seus adversários no melhor estilo F-1 moderna – com ultrapassagens durante o reabastecimento. E sorte já que, quando não conseguiu alcançar o líder Lewis Hamilton, contou com uma providencial falha na segunda parada do inglês. Barrichello é a prova viva de que, se a F-1 abraça pilotos cada vez mais novos, os veteranos ainda têm seu valor. Veteranos como...

...Schumacher.

Já assistiram o lamentável “Em Alta Velocidade”, com Sylvester Stallone? No filme, o brasileiro Memo Moreno sofre um acidente. Para substituí-lo, eles resolvem trazer de volta o veterano e antigo campeão da categoria, Joe Tanto (claro, o Stallone). No filme, o ator que dá vida a Rocky e Rambo faz bonito, passeando nas pistas e ajudando o companheiro a conquistar o título da temporada. A vida real, porém, pode ser muito mais cruel.

O heptacampeão Michael Schumacher provavelmente não lembrou desse filme (quem lembra?), mas sabe que fama não ganha corrida quando voltou atrás, há alguns dias, e desistiu de tomar o lugar de Felipe Massa. Alegou dores no pescoço. Verdade ou não, tenho certeza que o alemão corria o risco de manchar o currículo em uma pista difícil. No lugar de correr um risco desnecessário, jogou a bomba para o pobre Luca Badoer – que, coitado, foi tão mal que até doeu. Se o roteiro for cumprido, Schumacher pode ter adiado seu marqueteiro retorno para pistas mais familiares, como Spa, onde é recordista de vitórias, ou Monza, onde é rei. Monza que, dizem, aguarda a chegada de...

...Alonso.

Na pausa da Fórmula 1, os boatos cresceram. Muitos colocam Kimi Räikkönen fora da Ferrari, para ceder lugar ao espanhol. Claro, todos negam, mas quando começam a falar demais de um assunto, é sinal de que tem algo pra valer na jogada. Alonso e Massa na mesma equipe? Longe de mim ser patriota, mas se o brasileiro voltar guiando do mesmo jeito que parou, será um páreo duro pro espanhol. Enquanto isso, sobrou para o ex-companheiro, Nelsinho...

...Piquet.

Nelsinho já mostrou em categorias menores que tem talento. Não é de se jogar fora e merece novas oportunidades na Fórmula 1. No entanto, está na hora de sair da barra da calça do pai e andar por méritos próprios.

Encerro esta coluna de análises amontoadas com a ótima notícia de que a temporada 2010 termina com o reabastecimento, reativado em 1994. Na época, a decisão foi criada para equilibrar a temporada, que vinha de dois anos (1992 e 93) dominados por apenas uma equipe. No cenário atual, o reabastecimento não era mesmo necessário mais. Já foi tarde.


*coluna publicada em dia de corrida no site UOL Interpress Motor. Para ver as anteriores, clique aqui.

Um comentário:

Mari disse...

Oi Lú!

Adorei o texto! Até chorei com a vitória do Rubinho. Foi lindo! Ele chorando, todo emocionado. Muito bom começar o domingo assim. O duro foi ter que aguentar Galvão gritando, esperneando, secando e tenho cria durante toda a corrida. E para completar ele anuncia o "novo arranjo" do tema da vitória.

Beijos