terça-feira, 27 de outubro de 2009

A mando

Olho para o vazio do futuro
Cheio e inseguro
Olho para tudo ao meu redor
Vejo sonhos, sentimentos, bem melhor
Meço meus medos e fujo do mesmo
Mas sempre esbarro no medo

Torço por um mundo sem postes
Vivo um dilema de fortes
Crio ilusões em volta de mim
E, sei que no mais acaba tudo
Como sempre foi, sempre sujo
Em volta de um mesmo fim

Sofro por paixões que não vieram
Sinto pena de quem vive-as em um sonho
Sonho com tristezas de um inverno
Vivo sem certeza, sem ser terno
Rimo quem não soma silhuetas
E pesco um infantil amor interno

Faço figas por um pouco de sal
Acendo velas que não derretem o mal
Crio percepções e as ilumino com sol
Agarrado à vida, só a corda e só cal

Permaneço sisudo apaixonado
Enlouquecido, endiabrado
Animado e deprimido
Sigo sem talento, sigo aquele alento
Sem ritmo, sem prova, sem prosa
Com rosa, com tosa e pergaminho

Sigo histórico e imortal
Em cada palavra, registro o mal
A mando, amando, avanço
Pioneiro conservador
Visto a virtude que me vela
Vejo pelo vão de minh'alma
Uma vela que se acende
Um vazio que me anima
E uma vida que me espera

2 comentários:

Vitor disse...

ando com dificuldade de encontrar minhas inspirações aqui dentro. Sorte que, aí fora, ainda existem ótimas fontes!

Adorei a penúltima estrofe. Aliás, adorei todas. Mas essa, em especial, me ganhou pelo tom.

Anônimo disse...

Lindo. Como sempre.