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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte final - Caracas, favelas e Chávez


Você sabia que o nome "Venezuela" vem de "pequena Veneza"? Então, isso não tem nada a ver com o resto do texto. Nossa parada final em terras venezuelana foi a capital federal, Caracas. E, de certa forma, o lugar que menos alimentávamos expectativas. Todos que já conheciam a cidade deixaram claro que ela não tinha muito a oferecer. Com base nas informações, reservamos apenas dois dias para a estadia.

Nossa expectativa, de certa forma, se confirmou. Caracas lembra muito a parte ruim do Rio de Janeiro. Muitas favelas, enormes, incríveis, espalhadas por serras longas e altas. A ida do aeroporto ao hotel também me associou à volta do litoral paulistano. Uma enorme rodovia, cercada por serras, e favelas espalhadas. Leva-se um tempo para chegar à porção boa da cidade. Deixo aqui um vídeo, que fiz no banco de trás do táxi, que mostra bem a quantidade e tamanho das favelas em Caracas.

O hotel que ficamos, o Pestana, é altamente recomendável. Hotel cinco estrelas, uma piscina na cobertura invejável e quarto de altíssima qualidade. Nas ruas, os postes têm os fios aterrados. Não há buracos no asfalto, nem motoboys. E a gente tem aquela sensação de "por que só na minha cidade...?" (momento desabafo). A frota de carros é relativamente boa, a maioria dos veículos vindo dos EUA mesmo. E os ônibus são uma piada. O metrô é muito bom, bem parecido com o de São Paulo. Mas espalhado de cartazes do Chávez. E é proibido tirar fotos...

Chávez

E, já que começamos nesse tema, vamos lá. Desde o primeiro post sobre a Venezuela, ainda não falei de Hugo Chávez. Foi proposital. Deixei tudo para o último texto. Embora só fale nele agora, conversamos sobre o tema com venezuelanos desde o primeiro dia de viagem. Primeiro, para sentir o que achavam do polêmico líder. Seriam apaixonados por ele? Seguidores fieis? Teriam alguma opinião formada? O detestariam, talvez?

Sim, o detestam. Prezamos por conversas com os locais por todos os países que vamos. E por lá não foi diferente. De taxistas aos hóspedes em Isla Margarita, todos são unânimes: Chávez está acabando com o país. Eis algumas das frases que ouvimos:

"Chávez é um imbecil que está no poder. Ele cria leis estúpidas apenas para mostrar que pode fazer o que quiser".


"Esse animal acabou com a minha carreira. Era um funcionário público há mais de vinte anos, e perdi tudo por causa dele. Minha esposa e eu temos de trabalhar como taxistas para nos sustentar."


"Chávez não é militar. Não é político. Não é ditador. É um idiota no poder".


Tudo seguia mais ou menos nessa linha. No caso de Isla Margarita, tivemos a oportunidade de conversar bastante com os abastados venezuelanos que por lá estavam. Muitos pensam deixar o país. Não concordam com a política de Chávez em nenhuma maneira. Entre as críticas, mais curiosas, estava a mudança do fuso horário: a Venezuela tem uma diferença de 1 hora e meia em relação ao Brasil. Pois é. Apenas o Irã e um país asiático quebram o fuso em meia hora. A razão, dizem as pessoas que falaram conosco, era "garantir mais tempo na escola para as crianças".

As mudanças de Chávez

Chávez também mudou o nome do país, para República Bolivariana da Venezuela. Idolatra Simón Bolívar, o conquistador de países como Colômbia, Venezuela e Panamá. Chávez muda nome de praças e parques. Troca-os por nomes de heróis políticos. Chávez determinou que toda cidade venezuelana tenha ao menos uma praça de nome Simón Bolívar. E com um obrigatório busto do herói no meio dela.

Chávez trocou o dinheiro dos venezuelanos. E cortou três zeros. Agora, estão com o bolívar fuerte, sendo que 1 Bf. equivale a 1000 bolívares. Alguma semelhança com um passado muito recente nosso?

Pois é. A Venezuela em algumas coisas lembra o Brasil dos anos 1980. Incerteza econômica, muita inflação, taxas de especulação, mercado negro, overnight e outros nomes que já não fazem parte do nosso repertório econômico doméstico.

Nas ruas de Caracas, ainda é possível ver a influência histórica dos EUA. Redes de fast food americanas estão espalhadas por todos os cantos (muito mais do que aqui). Grifes de roupas norte-americanas aparecem em qualquer shopping. Termos em inglês são comuns.

Resta saber quanto tempo vai levar para que elas saiam dali.

Epílogo: termino a série Venezuela com a foto abaixo. O cenário? Uma favela, ao fundo. Mas, de noite, parece quase mágico. Foi a foto mais bonita que fiz em Caracas. Talvez não mostre a beleza real na tela de seus computadores. Mas aqui vai (clique na imagem para ampliar).


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido

Parênteses - a resposta à carta

A agência respondeu em uma carta que continha, incusive, erros de português: eles concordam 100% com minhas reclamações, tanto que irão remover o hotel de seu portfólio. Parte 1 concluída - vamos acabar com aquele resort!

Para amenizar o nosso desconforto, eles oferecem, a preço de custo, uma viagem a qualquer local operado por eles. Agora eu me pergunto: vale a pena? Pois, para ter essa compensação, preciso necessariamente gastar mais um bom dinheiro, certo? Devo aceitar? Devo recusar? Se sim, o que devo exigir?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido


Parte II - Isla Margarita, um resort infernal e o paraíso das compras

Quando saímos de Los Roques, após 3 dias de intenso sol, mar, praia e bronzeados como nunca (leia-se "rosas dos pés à cabeça"), encaramos com muito otimismo o período em Isla Margarita. Sabíamos que, apesar dos transtornos iniciais, seria uma experiência bacana.

Transtornos? Sim, deixe-me contextualizar a coisa. Antes da viagem, tudo já estava certo e pago. Em Margarita, ficaríamos no Hesperia Isla Margarita. Cinco estrelas, praia quase exclusiva, além do regime "all inclusive", aquele maravilhoso sistema em que você pode comer e beber o que quiser o dia inteiro, tudo na faixa.

Pois bem. Uma ou duas semanas antes da viagem, fomos informados que haveria uma cumbre (cúpula, em espanhol) do Chávez, e que portanto ele estava tomando o resort Hesperia Isla Margarita inteiro para ele. Assim, simplesmente. Os hóspedes que já estavam reservados para ficar lá simplesmente ficaram sem hotel!

Nossa agência de viagens nos explicou o ocorrido, e nos deu como opção mudarmos para o resort Hesperia Playa el Agua, da mesma rede, um pouco mais afastada e quatro estrelas - portanto, 1 a menos do que pagamos. Antes de aceitar, pedimos uma compensação qualquer para eles. E, resumindo, o hotel nos prometeu uma "atenção especial".

Não falarei aqui como foi a experiência em Margarita. Apenas vou reproduzir abaixo o e-mail que mandei ao agente de viagens, após o retorno. Vejam e constatem como, quando quero, consigo ser bastante chato:

Caro Geronimo, bom dia.

Escrevo para lhe passar um pouco do que foram as férias na Venezuela ao lado do Lucas. Como sempre, o serviço de transfer entre os vários locais que estivemos foram impecáveis. Simpatia e bom atendimento nesse quesito. Los Roques nos surpreendeu positivamente com sua beleza, apesar das constantes quedas de luz no local - algo relativamente normal por lá. Caracas, em uma passagem rápida, também foi uma boa experiência, incluindo o hotel Pestana, certamente um dos mais belos que já fiquei. Tudo muito bom.

Isso, porém, não apaga o que passamos no resort Hesperia Playa El Agua, justamente o trecho mais longo da viagem - e o local que contávamos mais para nos divertir. Encontramos erros em diversos âmbitos: atendimento, comida, frequência, localização, agilidade, acomodações, etc. Ao longo do e-mail, irei detalhar melhor.

Essas falhas já seriam frustrantes tivéssemos, de fato, reservado aquele resort. Porém, ficava pior quando lembrávamos que havíamos pago por um resort 5 estrelas e estávamos em um 4. E irritava quando sabíamos que o resort prometeu-nos uma "atenção especial".

Pois sinto lhe informar que essa atenção especial foi, na verdade, uma falta de atenção especial. A seguir explico em tópicos.

- Comida: comida de péssima qualidade, em pouca quantidade. No dia em que chegamos, um dos três restaurantes estava fechado para reformas, sem que tivéssemos sido informados. Com um local a menos, a conta é fácil: os demais funcionando estavam sempre lotados, com filas imensas, péssimo atendimento. As opções de bebida em um deles era suco estilo "tang" de laranja ou morango, acredite. No café da manhã, ovos mexidos e outros itens típicos desta refeição acabavam em minutos; pratos e tigelas estavam lascados e rachados; não havia colher, em mais de uma ocasião; a música executada nos auto-falantes dos locais pulava, indicando o CD riscado - e mesmo assim não trocavam. Os pães eram servidos sem pegador: os hóspedes escolhiam com a mão - alguns deles pegavam e devolviam.

Fomos almoçar no primeiro dia um pouco mais tarde e encontramos filés de frango frios embalados com filme plástico. Hambúrgueres tostados demais, pães em falta...

- Lobby: de longe, muito longe, o pior que já estive. Sem ar condicionado, aberto, infernal de quente, com um terrível atendimento no balcão. Não sabiam de nossa famosa "atenção especial" quando fizemos o check-in; não respeitaram a fila quando fizemos o check out; o wi-fi não funcionou; não havia um bar no local. Onde ele funcionava, apenas uma faixa amarela de interdição, lembrando aquelas cenas policiais dos EUA. Sim, o bar principal também estava fechado.

- Bares: mais um exemplo do atendimento deplorável deste resort. As bebidas eram boas, mas a agilidade não existia. Mal humor, indisposição e constante falta de ingredientes. Em uma ocasião, fomos pedindo as bebidas, uma a uma, para checar qual havia. Tudo acabava: suco de laranja, tequila, côco. O bar da piscina central, que fechava todos os dia 1 de manhã (não havia um bar 24h), parava de atender 15 minutos antes. Quando cheguei 0h45 ao local para pedir bebidas, nos serviram cervejas, dizendo que iam fechar. Quando insisti dizendo que ainda não era hora de fechar, foram ríspidos e falaram que tudo já havia acabado (no balcão, todas as bebidas já estavam guardadas, claro). Um desleixo com o cliente que nunca vi em qualquer hotel.

- Quarto: o atendimento nele era lamentável. Faltavam toalhas todos os dias. Em um deles, tivemos que ligar mais de uma vez, pois horas haviam passado e nada chegou. A limpeza era mal feita e a acomodação tinha um claro cheiro de mofo.

- Atividades diárias: a música que tocava nas piscinas era a mesma, todos os dias. As atividades noturnas eram fracas: limitavam-se a shows de dança típicos, sem qualquer interação com o público. Durante o dia, apenas vôlei na água e um concurso de dança. Tudo acontecia sempre no mesmo local, um palco ao lado da piscina, dando ao hóspede uma sensação de rotina, justamente o que ele não quer em um resort.

- Mentira: a equipe de monitores organizou uma balada para os hóspedes: transfer ida e volta mais entrada para a Kamyl Beach. Nos convenceram, dizendo que seria a melhor da região e estaria cheia. Pagamos, certos de que valeria a pena. Chegando ao local, estava vazio, às moscas. Perguntamos a eles se a disco Frog's, que nos indicaram, estava melhor. Nos disseram que não, que estava vazia pois ficava em região militarizada. Fomos conferir mesmo assim, e surpresa: a balada estava cheia, lotada e agitada.

- Frequência: justamente o que não queríamos. Casais aos montes, crianças e idosos. Em cinco dias de resort, eram raras as ocasiões em que víamos grupos de amigos ou amigas jovens, que não fossem casais. Ou seja, a ideia de ir a um resort divertido, com agitação e pessoas para conhecer foi pelo ralo.

Pior, a frequência era notadamente simples: 95% de venezuelanos de classe média com suas família. Éramos os únicos brasileiros e pouquíssimos estrangeiros estavam conosco. Após o bar da piscina fechar, 1 da manhã (ou 15 minutos antes, como vi), o resort ficava em silêncio sepulcral. Não havia nenhuma turma de jovens disposto a curtir a noite.

Resumindo: sei que tínhamos a opção de postergar nossa viagem em razão da Cumbre que tomou nosso hotel. Sei também que este mesmo evento prejudicou um pouco a situação normal na ilha. Mesmo assim, confiantes nas nossas exigências e nas trocas de e-mail, fomos certos de que o resort 4 estrelas seria tão bom quanto o 5. Acreditamos nas palavras de todos os fornecedores envolvidos, especialmente você, a julgar pela ótima experiência que tivemos em Cuba, dezembro passado.

Não foi o que tivemos.

Já me disseram que resorts no regime "all inclusive" caracterizam-se pela quantidade, e não qualidade. Concordo que a proposta seja outra, mas não aceito falta do mínimo de qualidade. Pagamos um bom preço por isso - de fato, pagamos por algo que não tivemos de forma dupla: um resort 5 estrelas e essa misteriosa e desaparecida atenção especial que, reitero, não aconteceu em nenhum momento durante todos os cinco dias em que lá estivemos.

Sem mais, espero por um esclarecimento e alguma forma de compensar a experiência que passamos no esquecível resort citado.

Obrigado,
Luís Joly

Entenderam agora como foi a experiência em Isla Margarita? Alguns detalhes adicionais: por causa da maldita cumbre do Chávez, o fim de semana que estávamos lá teve a cidade toda militarizada e lei seca. Nas poucas baladas que fomos, tudo estava às moscas. Claro, no resort ainda podíamos beber, mas o que havia para fazer naquele lugar? Para compensar essa frustração, só mesmo uma coisa podia nos ajudar.

Compras
Nem tudo estava perdido em Isla Margarita. Soubemos, pouco antes de embarcar, que toda a cidade é tax-free, ou seja, isenta de impostos em suas lojas. E, no segundo dia do hotel, achamos o shopping Sambil, um palácio do consumo, com 250 lojas, inclusive as maiores grifes dos EUA e Europa.

E aqui vai uma dica importante para quem vai à Venezuela: a taxa de câmbio por lá é controlada pelo governo, em outras palavras, é a taxa oficial: 1 dólar que valem 2,1 bolívares fuertes. Porém, ninguém usa essa taxa. Os venezuelanos possuem um limite para compra dólares ou euros e, portanto, os compram no mercado paralelo. Nas ruas, nas lojas e afins, era possível trocar 1 dólar por até 6 bolívares fuertes. Em euros, é ainda mais vantajoso. Alguns locais chegam a trocar 100 euros por 900 bolívares (mais do que o salário mínimo deles, de 800 bolívares).

Com o dinheiro nas mãos, fomos às compras. E vale muito a pena, gente. Muito melhor que os famosos outlets de Nova Iorque (nunca fui) ou similares. Mas, claro, a vantagem só existe se você pagar em dinheiro. Caso opte pelo cartão de crédito, você irá pagar pela taxa de câmbio oficial. Ainda haverá vantagem, mas nao tão grande. Pra gente foi até melhor. Saberemos que o cartão de crédito não vai nos assustar no mês seguinte...

Alguns exemplos? Calças da Diesel por 100 reais. Bermudas da Tommy por 40 reais. Camisas da Moose por 30 reais...E por aí vai.

Como o período em Margarita não foi nada demais, não há um link para fotos. Apenas algumas, que incluí abaixo, além da montagem inicial. Nos vemos na terceira e última parte da série Venezuela, que irá abordar a capital, Caracas.

Em tempo: ainda não recebemos a compensação da agência de viagens. Quando a conseguirmos, eu atualizo o post.

A vista do nosso quarto: uma das piscinas do resort

O teto do shopping com as 250 lojas

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Venezuela, um país dividido


Começo agora uma sequência de textos e fotos sobre minha experiência de 10 dias na Venezuela.

Parte 1 - Los Roques, um paraíso com calor infernal

A primeira questão que entra em cena aqui é o destino de uma forma geral. Muitas pessoas me perguntaram o que tinha de bom para fazer na Venezuela, e por que eu escolhi justamente aquele local. Para essas pessoas, eu digo: não sei muito bem. É a brochante verdade: escolhi a Venezuela pelo pacote incluir três destinos em um, e pelo preço relativamente bom. Além do mais, eu tinha milhas para ir até lá sem pagar nada. Gostaria de dizer que havia um quê político e cultural na escolha, mas não. Até havia, mas bem pouco. Eu queria era descansar mesmo.

Minha viagem foi dividida em três trechos, sendo o primeira deles, Los Roques (veja o quão insignificante é Los Roques neste mapa). Logicamente, não há um vôo direto SP - Los Roques, ou seja, você deve chegar a Caracas primeiro (fomos usando milhagens da TAM. Com 20 mil voc~e chega lá).

Los Roques, em poucas palavras, é um paraíso na Terra. Um paraíso com um calor dos infernos. As fotos mostram o lado paraíso melhor que os textos. Já o calor, eu não desejo pra ninguém que não esteja em uma piscina ou em uma bela praia.

Los Roques é um parque ecológico. Um arquipélago isolado no meio do mar do Caribe. Sem barulho, sem festas, sem bagunça, baladas, noites caribenhas ou muita gente. Apenas o estonteante mar, com diversos tons de azul e verde, a límpida e brilhante areia, e o sol - muito sol.

Apenas a ilha central de Los Roques é habitada. Lá, além das pousadas e casebres, há uma pista - no caso, o aeroporto.

Ao chegar em Los Roques, você provavelmente irá se decepcionar. A água próxima à pista exala um cheiro não muito agradável, e você começa a se pensar se valeu a pena ir até tão longe. Você não vê uma praia incrível logo de cara, e a coisa piora quando você decide dar uma volta pela ilha. As praias são todas usadas para ancorar lanchas, e neste momento você se pergunta "mas onde está a praia?"

Não estão ali. A ilha principal de Los Roques - e a maior - serve apenas para morar. Diversas casas, no estilo cabanas. Moradores locais misturam-se com turistas - muitos da Europa - o tempo todo. A região é segura. Não há eletricidade por cabos. Toda a luz da ilha vem por meio de gerador a díesel. De forma que é bastante comum o local ficar sem luz constantemente.

No chuveiro, não existe a torneira para água quente. Apenas fria. Um problema? Não, uma dádiva. Com pouca fonte de eletricidade, quase não existem casas com ar condicionado. E o calor é forte - mas bota forte nisso. No meu quarto, um ventilador de teto não era suficiente para acalmar os ânimos. Ou seja, entrar no chuveiro frio era a melhor maneira de ter um alívio rápido e fácil.

Ficamos na pousada Macondo, um aconchegante local com cerca de 4 cômodos. Administrado por um casal de italianos que chegaram à ilha há 5 anos, a hospitalidade é tamanha que você se sente rapidamente um parente distante dos dois. Café da manhã, almoço e jantar inclusos - e uma comida muito boa (acho que a esposa deve ter sido chef na Itália).

No pacote que compramos para Los Roques, havia "passeios". E são eles que valem o local fazer a pena. Na manhã do dia seguinte, nos levaram ao cais, cercados por pelicanos, lanchas e turistas. Uma das lanchas te espera. Embarquei nela, onde passeamos pelo meio do oceano até nos deixarem em uma ilhota, daquelas de tirinhas de jornal, bem pequena mesmo. Linda. Muito linda. Água transparente, peixes aos seus pés. Sol. Muito sol. O piloto desembarca, monta um guarda-sol, cadeiras e um enorme dispositivo térmico. Isso umas 10h. Vão embora, prometendo te buscar umas 17h.

Aí, o trabalho é acostumar-se com uma visão encantadora da ilha e do mar. De novo, os convido a ver as fotos no fim do post. Certamente as praias mais bonitas que já vi. Na embalagem térmica? Cervejas, almoço, lanches e água. O suficiente para você curtir o dia. Claro, com muito protetor solar.

No segundo dia, o passeio foi ainda melhor, pois fizemos mergulho. Infelizmente, minha câmera não podia ser usada embaixo d'água, então fica apenas na memória o verdadeiro show que vi no oceano. No momento em que caí na água, já usando a máscara, me surpreendi com toda a vida que estava abaixo de meus pés. Me senti em um documentário aquático. Foi sem dúvida a experiência mais rica de toda a viagem e altamente recomendável.

Detalhe: soubemos depois que o passeio para as ilhas mais longes não estão inclusos. Ou seja, tivemos de pagar para ir até a ilha dos mergulhos. Além de pagar o aluguel do equipamento de mergulho. Ainda assim, abra o bolso: vale a pena e nosso dinheiro vale mais (falaremos do dinheiro venezuelano mais pra frente).

A essa altura, vocês se perguntam duas coisas: a) estava tão quente assim? e b) com quem você foi? Pois digo que estava quente sim. Usamos protetor direto, reaplicando o tempo todo, e ao fim do segundo dia estávamos vermelhos como todo turista norte-americano bobo. Tivemos de cancelar o passeio do terceiro dia para não arruinar as férias.

E, sobre a segunda questão, estive em Los Roques com um velho amigo de viagens - o mesmo que foi comigo para Cuba e me conhece desde criança. Apesar disso, Los Roques é bem mais recomendado para casais. Ou até para uma Lua de Mel. O cenário é incrível. Em todas as ilhotas, há uma pequena loja, onde pode-se comprar bebidas a mais - não são caras - ou um petisquinho. No mais, é curtir o sol e a água transparente cercada de peixes.

Em breve volto para falar de Isla Margarita, onde o esquema mudaria - baladas, festa, resort all inclusive e comida farta, tudo isso somado aos velhos companheiros, o sol, a praia, o mar.

Abaixo incluí uma seleção das melhores fotos. Como sabem, cliquem para ampliar. Quer ver as outras? Clique aqui.

O que dizer? Toda foto virava um cartão postal instantâneo

No momento em que chegamos, com um carregador levando nossas malas: vila simples, toda de areia

Essa é a ilha do segundo dia: maravilhosa

Fim de tarde do primeiro dia: o pôr do sol mais belo que já presenciei

Esta é a placa no "aeroporto"