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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Viva Elvis – Quase uma decepção, quase incrível

É difícil analisar um álbum que, na verdade, foi criado originalmente para servir de suporte a um verdadeiro show de luzes, acrobacias e pessoas da estrutura do Cirque Du Soleil. A música que acompanha esses shows é, na verdade, uma trilha sonora que é inteiramente concebida para ser perfeitamente sincronizada com cada momento da apresentação ao vivo.

Mas, como a maioria de nós, mortais, não pretende ir para Las Vegas em breve, nos resta analisar apenas o CD Viva Elvis, do circo citado, e que serviu de trilha sonora para o show homônimo.

Para começar, fica claro que Viva Elvis, o show, foi inspirado no espetáculo Love, dos Beatles, um sucesso mundial. Só isso já faz o esquema todo perder alguns pontos. Não é de hoje que o marketing do quarteto de Liverpool está alguns passos à frente do feito para o Rei do Rock.

A segunda decepção aparece com o número de músicas. Apenas 13 faixas estão no disco. Duas (Love Me Tender) são repetidas. E três são curtas, apenas introduções ou interlúdios. Ou seja, restam 10 faixas para realmente curtir.

Qualquer DJ ou músico atual sabe a dificuldade que é mexer em versões de Elvis Presley. Nos últimos anos, a Sony BMG apostou nessa ficha com Presley. Tudo começou com a bem sucedida A Little Less Conversation, um lado B do cantor que foi hit mundial graças a uma campanha durante a Copa do Mundo de 2002. Depois disso, a escolhida foi Rubberneckin´, uma boa música de 1969. O sucesso não foi o esperado.

A terceira tentativa, em 2008, foi com as músicas natalinas do Rei. Elvis Christmas Duets foi o primeiro álbum dueto do artista – neste caso, apenas com cantoras do cenário country norte-americano. Além das vozes femininas, todo o instrumental foi refeito. O resultado foi satisfatório.

Agora chega Viva Elvis, o álbum, em lançamento mundial. Segundo o responsável pelas novas versões da música (não lembro o nome dele agora), esta seriam as músicas de Elvis se fossem gravadas atualmente. Bem, Viva Elvis é um disco cheio de erros e com alguns acertos – acertos que, é verdade, quase compensam o álbum todo.

Mesmo os mais entusiastas dos fãs de Presley não poderão negar que não faltou pesquisa. As músicas incluem diálogos raros de Elvis, entrevistas, trechos de diversas músicas e gritos, murmúrios ou gargalhadas do cantor. Pelo menos houve esforço.

Inicialmente, vamos a uma análise mais detalhada, faixa por faixa. Após isso, o veredito final (se você estiver com pressa, já vá para o resumo no fim do texto).

Opening – uma ótima sacada começar o show com o tema de “2001: Uma Odisseia no Espaço”. Como muitos sabem, essa era a maneira de Elvis iniciar seus shows durante quase toda sua carreira na década de 1970. A abertura é cercada de inserções de vozes do próprio Elvis, retiradas de outras músicas e até de filmes. Para o fã, dá uma boa impressão, como falei: mostra que os responsáveis pelo disco pesquisaram.

Blue Suede Shoes – Elvis voltou aos palcos, após anos fazendo apenas filmes, em 1969. Na ocasião, escolheu Blue Suede Shoes, um antigo hit, para abrir as músicas. Porém, não espere nada parecido aqui. Todos os instrumentos originais foram retirados. Ficou apenas a voz do cantor. A nova Blue Suede Shoes talvez não agrade os fãs ou os defensores do tradicionalismo, mas não há como negar que a música ficou repaginada e atual. Uma gaita muito bem tocada combina com uma guitarra mais pesada e uma bateria forte. Só ficou a voz de Presley. Vale a pena e é uma boa abertura.

That’s All Right – Essa já é um pouco mais complicada. That’s All Right é considerada por muitos especialistas o marco zero do rock’n roll. Gravada em 1954, praticamente um monumento do rock. Mexer com uma gravação dessas pode ser uma heresia, não importa o que façam. No entanto, para quem não se importa com nada disso, o resultado também ficou bacana. Alguns instrumentos originais foram mantidos. Embora a voz de Elvis seja da versão original, eles a misturam com versões ao vivo do cantor, e a introdução foi tirada da famosa versão acústica de 1968. Se ficou pior que a original? Acho que sim. Mas é bem mais provável que esta consiga animar uma festa, enquanto a de 1954, nem tanto.

Heartbreak Hotel­ – Aqui eles acertaram bastante o ponto. A música ficou bem mais moderna, mas sem perder a essência. Mesmo quase 50 anos após a gravação dessa música, instrumentos como o piano foram mantidos, o que mostra o impressionante poder que essa canção teve na época que foi gravada.

Love Me Tender – O primeiro grande erro do disco. Pessoalmente, eu acho que Love Me Tender jamais deveria ser incluída no set list. É uma música íntima, gravada apenas com voz e violão, e que foi perfeita daquela maneira. Qualquer tentativa de atualizar uma música como essas soará como uma grande ofensa. Até hoje, aceitei apenas uma versão de Love Me Tender: a de Tony Bennet, gravada ao vivo em um tributo a Elvis, em 1994.

O erro fica ainda maior pois, junto com Elvis, está uma cantora. Honestamente, não me dei ao trabalho sequer de saber quem é. Simplesmente não combina. Elvis entoa os versos dessa canção quase suspirando. A voz feminina inserida não mostra relação alguma. Absolutamente descartável.

King Creole – No Brasil, essa música, que dá título ao filme homônimo de 1957, não é tão conhecida. O resultado do trabalho deles ficou bastante interessante. O baixo, que dá vazão à música, ficou bem mais forte, vivo e presente. O solo espichou um pouco, mas manteve o mesmo estilo. Talvez a única crítica à música sejam as vozes femininas que acompanham Elvis no refrão. Elas não só cobrem a voz dele, como mudam o tempo original da canção. Mas, de novo, para quem não é fã, ficou bem mais interessante. Ponto.

Bossa Nova Baby – Definitivamente a melhor música do disco. Não há o que questionar aqui. Consegue superar a versão original, de longe. A voz de Presley ganhou força, assim como todo o conjunto da música. Dançante, empolgante, rítmica, agitada. Bossa Nova Baby foi composta nos anos 1960, e mostra um pouco a ignorância dos norte-americanos, que usaram o título de bossa nova em uma canção que nada tem a ver com o ritmo brasileiro. Mas, curiosidades históricas à parte, levante e dance. Vale muito a pena.

Burning Love – Após a energizante bossa nova, Burning Love deveria acompanhar o ritmo. Mas não consegue. Ainda prefiro a versão original. Não ficou ruim, mas é relativamente fraca.

Memories – Seria interessante ver como ficaria uma versão moderna de Memories, um clássico do 68 Comeback Special. No entanto, a faixa, instrumental, é apenas uma introdução para a catástrofe maior que vem a seguir.

Can’t Help Falling In Love – Uma obra-prima das baladas românticas, e totalmente arruinada. Os produtores de Viva Elvis resolveram mexer em um dos maiores sucessos de Presley e simplesmente a destruíram. Primeiro porque, assim como Love Me Tender, não há como melhorar a versão original, de 1961. Segundo, porque novamente adicionaram uma voz feminina. Que, além de não acertar a letra da música, não segue o estilo original gravado pelo cantor. O resultado é uma música sem identidade, que começa lenta, apenas com o violão, mas absorve uma bateria eletrônica, uma cantora aguda demais e não diz a que veio. Presley interpreta a canção como uma balada calma e com tons havaianos. A moça do dueto acha que está cantando com Mariah Carry. Confesso que tive dificuldades de ouvir até o final.

You’ll Never Walk Alone – Muitos não sabem, mas a faceta religiosa de Elvis Presley era poderosa. O artista gravou vários álbuns gospel ao longo da carreira, que lhe resultaram em prêmios Grammy. Porém, alto lá. Esse verdadeiro hino espiritual também é apenas uma introdução para a faixa seguinte. Lamentável.

Suspicious Minds – Eis uma música interessante. Diferente da maioria das anteriores, ela foi gravada em 1969, quando o cenário musical já era um pouco mais semelhante ao atual (se comparado com o fim dos anos 1950). Eu gostei. Bem diferente da versão original, com algumas mudanças no tempo da música e uma batida interessante.

Love Me Tender 2010 - Suspicious deveria ser a última selecionada, mas como não se deram por contente, resolveram incluir outra. Ah, mais um dueto. Agora com a cantora latina Thalia. Bem, minha opinião permanece. Mas a Thalia pelo menos foi mais sutil em sua interpretação e ficou mais próxima da versão original. Não vale a pena, mas não é uma tragédia.

Resumo

O que fica? Bem, Viva Elvis não faz nem cócegas ao disco que, originalmente, o inspirou (Love, dos Beatles). São poucas músicas e, quando você começar a se animar, já terá acabado. Ainda assim, é um trabalho válido e uma nova forma de ouvir algo velho. Claro, o resultado deve ser muito melhor quando inserido a uma apresentação em Las Vegas do Cirque Du Soleil.

Para fãs de música em geral, fica um gostinho de “quero mais”. Seria interessante ver um trabalho similar em outras músicas do artista. Elvis Presley tem um vastíssimo repertório de lados B, no estilo Bossa Nova Baby, que poderiam ser explorados. Quem sabe esse disco seja uma forma de começarem a notar isso.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Elvis cantando uma música brasileira

Montagem? Holograma? Não, é verdade. No extenso repertório da carreira de Elvis, houve espaço para uma música escrita por um brasileiro. A canção "Almost in Love" é, na verdade, uma versão de uma bossa nova nacional, escrita por Luís Bonfá (ironicamente, anos antes Elvis tinha gravado uma canção chamada "Bossa Nova Baby", mas escute para ver que, de bossa nova, não tinha nada :-).

"Almost in Love" foi usada em um dos últimos filmes de Presley, Live a Little, Love a Little (1968). A música ainda serviu como título de um álbum, lançado dois anos depois, em 1970. Repare como a marca registrada da bossa nova brazuca está na música, especialmente na introdução. E como a voz de Elvis casa bem com o gênero, só nos fazendo imaginar como teriam sido outras versões ("The Girl From Ipanema", talvez?) com ele.

Enjoy!



quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O último post do ano...

Termino o blog em 2008 com uma breve nota do mês. Dezembro, que já costuma ser um mês intenso pelas festividades, caprichou este ano. Foi talvez o mês mais longo que já tive. Quem viveu o mês comigo vai se identificar. Feliz ano novo!

Viajei
Com a vista
Me encantei
Briguei
Beijei
Fui socialista
Me apaixonei
Me frustrei
Trabalhei
Ganhei
Perdi
Ri
Sumi
Disse não
Me posicionei
Reencontrei
Lutei
Me iludi
Sofri pelo que não vivi
E ainda assim, amei o quanto sofri
Adoeci
Curei
E recaí
Me reaproximei
Fui ao camarote
Acudi
E bebi
Cantei
Toquei
Ensaiei
Desafinei
Mandei em si
Quando era em ré
E mesmo assim
Fui aplaudido de pé
Descansei
Entrei em uma conga
Fui criança
Chorei e pensei
No quanto gosto de vocês
Mais uma vez
Obrigado pelo mês
Obrigado pela vida
Este poema tem um fim
Mas vocês, parte de mim
Continuam ao meu lado
Na próxima manhã adormecida

P.S.: Enquanto escrevo, aproveito para escutar algumas músicas inéditas do Elvis (sim, ainda não ouvi todas) que estão em um CD dinamarquês que chegou hoje aqui em casa...:-)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Play it, James

Fica difícil descrever o turbilhão de emoções em torno do show de James Burton ontem. Mesmo assim tentarei, certo de que minhas palavras jamais chegarão sequer perto do que passei.

Nasci após a morte de Elvis. Sendo assim, já tornou-se impossível ir a um show dele. Tive que me contentar com shows gravados ao vivo e itens similares. Em muitos desses shows, era comum a expressão de Elvis Play it, James, (toque, James) quando o seu guitarrista principal estava pra fazer um solo.

Na noite de ontem tive a oportunidade de ver como eram esse solos de perto. Muito perto. O show de James foi destaque, primeiramente, pela localização. Meu irmão conseguiu a melhor mesa do local. A mesa que todos invejavam, a mesa que barões do café e reis do gado gostariam de estar - mas não estavam. Claro que, para nos acompanhar nessa missão, estava um bom litro de Jim Beam.

Nossa posição era simplesmente a mais próxima do guitarrista. Isso tornou fácil a missão de conseguir dezenas de fotos e vídeos, e em alguns momentos até conversar com ele ou ouvir os demais membros da banda se esforçando para seguir os compassos do astro. Fato era: ali estava o homem que, por tantos anos, correu os Estados Unidos ao lado de Elvis e dos demais membros da banda. Bem mais velho, claro, mas still rocking! Levei algumas músicas para me dar conta do quanto aquilo representou pra mim e do privilégio que era ouvir, de tão perto, o homem que acompanhou o Rei do Rock.

Segundo motivo? As músicas. Confesso que imaginava sair de lá um pouco desapontado. Esperava que Burton tocasse apenas os clássicos mais manjados de Presley, como Hound Dog e Blue Suede Shoes. No entanto, vimos algo mesclado entre poucos clássicos e alguns lados B. Vimos um James Burton extremamente humilde, muito tranquilo no palco, claramente se divertindo, fazendo um som espetacular em meio àquele universo de costeletas dos fãs de Elvis.

Burton e sua Fender: à vontade, tocando muito e na nossa frente!

Algumas das músicas tocadas na noite foram:

- Got a lot livin' to Do
- Blueberry Hill / I Can't Stop Loving You
- Little Sister
- Don't Be Cruel
- Baby, what you want me to do?
- Whole lotta Shakin' Goin' On
- Polk Salad Annie (excerpt)
- Johnny B. Goode
- Suzie Q
- Pretty Woman (excerpt)
- There Goes my Baby
- Walk a Mile in my Shoes
- The Wonder of You

Destaque também para a banda, que acompanhou Burton com maestria e tocou muito.

O terceiro fato especial da noite veio pela emoção de um ocorrido em particular. Não gosto de revelar aqui lances muito pessoais, mas não posso deixar de registrar isto. Meu irmão, desde o começo do show, pedia por uma palheta de James Burton. "James, could you give me a pick?", dizia. "Maybe later" (talvez mais tarde), respondeu o guitarrista.

A essa altura - alcóolica inclusive -, somente o fato de James Burton ter trocado uma frase com ele já era suficiente, mas o caso foi além. Duas ou três músicas depois, meu irmão insistiu: "James, don't forget my pick!" (James, não esqueça minha palheta!). E não é que o o músico nascido em Louisianna sacou da palheta que estava usando e a jogou para meu irmão?

Tal fato já teria sido único, não fosse o adendo do meu irmão ter me dado a palheta segundos depois. Palheta que, agora, está aqui na minha frente e certamente será enquadrada em um futuro breve. Obrigado, irmão!

No improviso | Como se isso já não fosse suficiente, J.B. (como o próprio Elvis o chamava) ainda nos foi mais atencioso. Entre um intervalo de uma música e outra, pedi a ele (sim, era possível falar com o sujeito) que tocasse Polk Salad Annie, o clássico de Elvis roubado de Tony Joe White e já citado aqui. Burton queria tocar, mas a banda que o acompanhava não sabia. Ainda assim, insisti, em inglês, pedindo que ele apenas tocasse a introdução tão famosa da música.

E não é que ele tocou?! A platéia veio abaixo quando ele começou o riff central de Polk Salad. Não só a platéia, diga-se, mas também a banda, que claramente não sabia tocar aquela música e não conseguiu acompanhar o guitarrista. Acompanhado de um pequeno grupo de fãs, cantamos a música no gogó, ao som da Fender de James Burton. A música não durou mais que 20 segundos, claro, mas foi o suficiente para nos deixar sem voz, causar aplausos estrondosos e entrar para o YouTube, como podem ver abaixo (o vídeo acaba subitamente já que a bateria do celular morreu na hora).



No fim, James jogou a segunda palheta que estava usando. E quem a pegou? Meu irmão!... Agora, para evitar polêmicas, cada um tem sua própria palheta.

Se não será jamais possível ir a um show de Presley, esse foi o mais próximo que consegui. E valeu cada acorde, cada centavo e foto tirada. Play it, James...always!

A Fender série exclusiva de James Burton

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Natal sem Simone: a análise de
Elvis Presley
Christmas Duets

Wynonna Judd, uma das vozes ao lado de Elvis: "As pessoas sempre me
perguntam com quem eu mais gostaria de cantar junto. Minha resposta sempre foi 'Elvis'...claro"


Um dia após o post sobre o disco do Elvis, o álbum chegou em casa pelo correio. Portanto, aproveito o assunto para deixar aqui uma análise mais detalhada do álbum - que, aliás, saiu US$ 17.00, já com fretes e taxas de entrega pela Amazon.com.

Ouvi ontem no caminho de casa. A primeira impressão foi um ligeiro desapontamento. Em sua maioria, os duetos davam a impressão de over. Afinal, se as músicas com Elvis já soavam fantásticas, por que deveriam adicionar uma outra voz ali? Então - detalhe crucial - esqueci que eu sou um fã. E, como fã, ficaria incomodado com alguém "mexendo" nas músicas do meu cantor favorito. Isto resolvido, deixei de lado meus preconceitos e ouvi o disco de novo.

Para quem não quer ler o texto até o fim, eis o resumo: chega de Natal com Simone!! Surge, enfim, um novo álbum festivo, excelente e com motivos de sobra para encerrar a era "então é Natal", um período negro em que a cantora baiana rompeu todas as barreiras do bom senso e tentou transformar o período mais alegre do ano em uma agrura musical constante com tendências suicidas.

Meu maior dilema para apreciar e entender o álbum de Presley foi: como fazer um dueto póstumo em músicas que já possuem diversos backing vocals? O caso não foi bem resolvido em algumas faixas. É o caso do hino americano do Natal, O Come All Ye Faithful, com Olivia Newton-John (sim, a mesma de Grease). A música em si já possui tantas vozes do coral que a participação de Olivia fica confusa na música. Ela parece jogada no meio de um grupo de cantores e pouco consegue se destacar.

Felizmente, ela foi uma exceção no tracklist.

O primeiro atrativo que chama a atenção em Elvis Presley Christmas Duets é o retrabalho das canções. Todas foram refeitas, restando em alguns casos somente a voz de Elvis. Novos pianos, baterias, violinos e arranjos de fundo dão uma nova e fresca roupagem para canções já um pouco surradas. É o caso da belíssima I'll Be Home For Christmas, um clássico que ganhou tons de Sinatra com um piano mais sensual e direito a um solo.

Silent Night, a versão gringa da nossa Noite Feliz, é um bom exemplo de como este CD vai ficando melhor a cada reprodução. Não gostei na primeira vez. Melhorou na segunda. E foi paixão a partir da terceira vez. Não conheço a Sara Evans (que divide a canção com Presley), mas sei que ela fez um trabalho incrível ali como segunda voz para o Rei do Rock. O mesmo em White Christmas, outro clássico, desta vez ao lado de Amy Grant. O nervoso blues Merry Christmas, Baby ganha uma longa versão de 8 minutos - a gravadora decidiu usar o take completo de Elvis em vez do editado e mais comuns nos últimos CDs de Natal.

O destaque entre os duetos, certamente, fica para Santa Claus is Back in Town, outro blues, com Wynonna Judd. A voz rouca e grave da cantora casou perfeitamente com este sucesso gravado em 1957, mas que nunca soou tão atual. Com novos instrumentos e batidas, a qualidade de som é tão cristalina que você chega a ouvir a retomada de fôlego de Presley entre um verso e outro.

Faixas bônus | O CD inteiro é composto de 13 faixas, sendo 10 delas com parcerias, sempre com cantoras do universo country. As três restantes entram como extras e permanecem só com Elvis, mas também com novos e surpreendentes arranjos. Destaque para The First Noel, que sempre teve magnitude para ser profunda e apaixonante, mas nunca convenceu. Agora, Presley e seu coral ganham cordas que entram na sua alma conseguem arrepiar o ouvinte até o verso final. Essa vale aumentar.

De uma forma geral, o CD compensa o investimento, tanto para especializados em Elvis ou não. Vale a compra, importante dizer, não só pelos duetos, mas muito também pelos arranjos e qualidade de som aprimorados que modernizaram as canções.

E atenção: prepare-se, quando (e se) ouvir, para lágrimas. Na noite do dia 24, será fácil cair aos prantos ouvindo certas faixas este CD. Ou então, volte para a Simone... e nunca me convide para sua festa de Natal.

domingo, 23 de novembro de 2008

Marketing natalino


Elvis Presley adorava o Natal. Todo fim de ano, Graceland era decorada de forma rica e alegre. Talvez por isso (e também para faturar algum), todo ano surge algum "novo" disco do cantor de Natal. Nova, claro, só a roupagem. Pois as músicas sempre serão as mesmas, alternando apenas a temática.

Para este ano, porém, surgiu algo diferente. Chega para o Natal (não sei se disponível no Brasil ainda) o álbum "Elvis Christmas Duets", o primeiro de duetos do cantor. Foram escolhidos alguns nomes do universo country feminino para dividir os clássicos natalinos de Presley - entre eles, Leann Rimes, a mesma que está no excelente álbum (já citado aqui) de Bon Jovi, Lost Highway.

Confesso que fiquei decepcionado com a ausência de Norah Jones. Ok, ela não é country do ponto de vista comercial, mas tem uma vertente muito interessante para o gênero e possui uma gravação incrível de "Are You Lonesome Tonight?" (escute aqui). Os demais nomes também não são conhecidos do grande público - ou então, eu preciso ouvir mais música country.

Para promover o disco, a gravadora do Rei do Rock fez algo parecido com o que rolou na final de um dos milhares de "American Idol" dos EUA há alguns meses. Você lembram quando Celine Dion dividiu o palco com Elvis para cantar "If I Can Dream", dando a total impressão de que ele estava no palco ao lado dela? Aquilo foi tão assustador como emocionante.

Pois então vejam isso e fiquem estupefatos com o que a tecnologia pode fazer (caso não consigam ver o vídeo abaixo, cliquem aqui).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Dica cultural - James Burton no Brasil

Presley e Burton em 1970: sintonia musical como poucas

Gente, fica aqui uma rápida dica cultural (que interessa muito a mim). James Burton, o guitarrista de Elvis de 1969 até sua morte, em 1977, estará no Brasil para um show. Burton esteve em todos os esgotantes shows de Presley durante sua fase final e, junto de Ronnie Tut e demais membros da banda que ficou conhecida como "TCB Band", reinventou o som do Rei do Rock e o colocou de novo na vanguarda da música da época.

É da época de James Burton como lead guitar músicas como "Burning Love", "Suspicious Minds" (ao vivo), "The Wonder of You", além de versões muito bem repaginadas de "Hound Dog" em blues e do soul sulista "Polk Salad Annie" que já citei aqui no post de Tony Joe White.

Fica aqui o registro rápido (até porque certamente irei escrever mais sobre isso depois do show). Quem quiser me encontrar, estarei lá (na mesa da frente)!

Serviço
James Burton no Brasil
27/11 às 22h
Bourbon Street
R$ 65,00

E, para os que estão em dúvida, deixo aqui um pouco do que era Burton ao lado de Presley. Eis a citada versão de "Hound Dog" em blues, gravada no Madison Square Garden, em 1972. Note como a guitarra estridente (além da bateria, devo dizer) faz toda a diferença na música.


quarta-feira, 5 de novembro de 2008

As imperfeições dessa vida



Antes de começar: recomendo ler o texto ouvindo a música acima. Não se preocupe com imagens, apenas dê o play e comece a ler.

Os que me conhecem bem sabem o quanto gosto de ouvir músicas do Elvis. Mas somente poucos tiveram a oportunidade de ouvir Elvis do jeito que eu gosto: procurando as imperfeições.

Talvez pareça incongruente (ou não), mas é atrás das imperfeições que estamos nessa vida. O certinho é chato, o impecável é boring, o cristalino é irritante. Nos apaixonamos pelos pequenos erros dessa vida, ou os pecadilhos, como muitos mencionam por aí. Aquelas peculiaridades que nos tornam únicos, incorretos, irresistivelmente especiais.

É assim que escuto as músicas do Elvis. Lendo a interpretação que ele coloca nas letras, procurando pelo ar renovado, pelo silêncio de um acorde. Raramente vou a encontros onde habitam fanáticos travestidos de Elvis, com óculos, macacão e costeletas que mais parecem trazidas diretamente de 1969. Alguns desses fãs já criticaram a minha ausência constante (há pelo menos cinco anos não dou as caras). Não posso culpá-los, mas jamais mudarei.

Assim como tenho minha maneira de me relacionar com Deus, também escutar o vasto repertório de Presley no meu próprio quadrado. Uma espécie de meditação musical, em que presto atenção em detalhes normalmente ignorados. O baixo, os violinos, os metais, o coral e, claro, a voz. A forma como tudo era gravado ao vivo, ali, sem grandes edições, mantendo a essência da coisa. Elvis buscando o fôlego para um novo verso, uma flauta estrategicamente harmoniosa com um jogo de vozes. O arranjo do piano que tanto sincroniza o ritmo do cantor com o resto da banda. E por aí vai...Uma viagem musical da qual não me canso. Um retiro espiritual que me faz bem, me renova e me faz um eterno apaixonado pela música.

Acredito que o mesmo vale para a vida. Afinal, se Deus está nos detalhes, é lá que devemos achar o que de melhor existe na vida. São as pequenas imperfeições que nos fazem vivos. Que nos lembram o quão incrível é ser humano, um indivíduo absolutamente único, com um universo tão complexo e rico que assusta e encanta ao mesmo tempo.

Por fim, um dos exemplos desse meu pensamento está na canção que - imagino - você está ouvindo agora, em destaque no começo do post: Early Morning Rain, de 1971. Reparou nos violões, no cuidado e nervosismo de Elvis se preocupar em colocar de forma cuidadosa a voz em uma música de tom tão grave? E na gaita, que entra de forma perfeita em momentos precisos, muitas vezes junto com o coral com músicos de fundo, que sabe acolher os demais instrumentos de forma suave e incrível?

Não? Então ouça de novo. Tenho certeza de que, agora, você vai ouvir a música de outra maneira.

domingo, 16 de setembro de 2007

Após uma longa (mas não tenebrosa) ausência, de volta ao blog.

Missão comprida, cumprida.

Acima, a versão muito interessante de Elvis para "Happy Day", o clássico das propagandas de margarina. Gravada durante ensaio em 1970.

terça-feira, 4 de janeiro de 2005

Artista: Elvis PresleyMúsica: Who Am I?When I think of how He came so far from gloryCame to dwell among the lowly such as ITo suffer shame and such disgraceOn Mount Calvary take my placeThen I ask myself this questionWho am I?Who am I that The King would bleed and die forWho am I that He would pray not my will, Thy LordThe answer I may never knowWhy He ever loved me soBut to that old rugged cross He'd goFor who am I?When I'm reminded of His wordsI'll leave Him neverIf you'll be true I'll give to you life foreverOh I wonder what I could have doneTo deserve God's only SonTo fight my battles until they're wonFor who am I?Who am I that The King would bleed and die forWho am I that He would pray not my will, Thy LordThe answer I may never knowWhy He ever loved me soBut to that old rugged cross He'd goFor who am I?But to an old rugged cross He'd go for, who am I?