domingo, 30 de agosto de 2009

Raul Seixas e (mais) uma versão
de Elvis Presley. Plágio?



Será que a imprensa noticia apenas o que interessa? Explico: nos últimos tempo, faz barulho (literalmente) a tal música inédita do Raul Seixas, "Gospel". Teria sido encontrada em um dos baús do Raul e criada a partir da sua voz com um arranjo do Frejat. Fiquei curioso em ouvir a faixa com um cuidado especial. Não sou fã de Raul Seixas - na verdade, nem gosto muito dele -, mas respeito o pioneirismo do cara e até dou uma chance por ele ser um fã declarado de Elvis (aliás, o fundador do primeiro fã clube de Elvis no Brasil).

Comecei a ouvir a tal "Gospel" no celular de um amigo. Bastaram alguns pouco segundos para a melodia ficar familiar. Já ouvi isso antes, pensei. Mais um pouco e pronto! Eu conheço essa música! É uma versão de "Working on The Building", um gospel de Elvis gravado por volta de 1961 e presente no disco "His Hand in Mine", inteiro composto por temas sacros. Não por acaso, aliás, o nome da faixa de Raul recebeu o sugestivo nome, imagino.

Não tive a oportunidade de ver, no disco lançado com a nova faixa do Raul, os créditos da música. Será que eles mencionam ali que trata-se de uma versão? Será um plágio? Pelo que imagino, quando Raul Seixas gravou essa música, não estava pensando em colocá-la no mercado. Portanto, a culpa não foi dele, mas dos artistas que a transformaram em algo comercial - isso, claro, se nenhuma menção existir no encarte.

De qualquer forma, não seria a primeira vez. O parceiro de Raul, Paulo Coelho, já adimitiu no passado que ele e o maluco beleza haviam copiado a música "I Was Born About Ten Thousand Years Ago" (ouça aqui), também gravada por Presley, e a transformaram no hit "Eu nasci há dez mil anos atrás" (sic). Segundo o escritor, foi uma cópia mesmo, mas que agora já ficou pra trás.

Se alguém souber como está o crédito da música no encarte do disco, agradeço se comentar aqui. E se souber de algum veículo de imprensa que mencionou esse fato, também. Afinal, muito se falou dessa música, mas não vi ninguém mencionar que ela é uma cópia descarada de um lado B (aqui no Brasil) do Rei do Rock.

Descarada é exagero? Pois deixo para seus ouvidos compararem. Notem como o arranjo inicial das duas é IGUAL e até o coral que canta ao fundo é bastante similar.

Versão do Raul:



A original do Elvis:

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Alguém viu essa coisa ridícula?

Só para complementar o post de alguns dias atrás sobre a música brasileira, alguém viu essa atrocidade gravada pela Uanessa Camargo?

Eu me pergunto quem teve a estapafúrdia ideia de transformar a filha do Zezé di Camargo em uma Shakira & cia (essa foi a única que lembrei) tabajara? Eu não conheço a Uanessa e, pelo que vi, este clip é velho, mas duvido que ela de fato esteja fazendo esse tipo de música e cantando com esse cara estranhíssimo porque gosta da coisa. Isso é um marketing barato, raso, remendado e revoltante.

O pior é saber que deve ter muita, muita gente que gosta desse tipo de coisa - só o fato dela ter gravado mostra que há mercado.

Uanessa Camargo não cai no meu conceito. Já que ela nunca, de fato, teve algum. Agora ela só ficou devendo mais. Essa palhaçada que ela gravou consegue ser quase tão imbecil quanto a tentativa de Rita Lee de transformar "I Wanna Hold Your Hand" em um baião, ou do Lulu Santos em afirmar que MC Leozinho causou o mesmo impacto nele que os Beatles, ou de Paulo Ricardo quando assassinou gravou "Imagine".

Aliás, são tantos momentos ruins que dão um post dedicado a isso. Em breve crio um.

Abaixo, fique com este verdadeiro filme de terror disfarçado de música.

domingo, 23 de agosto de 2009

Valência, terra de brasileiros*
Em dois anos, dois brasileiros levaram. Quem será ano que vem?



No meio da década de 1980, a Hungria era um país bem familiar dos brasileiros. Lá, entre 1986 e 1988, Nelson Piquet e Ayrton Senna ganharam as três primeiras edições do então recém chegado Grande Prêmio da Hungria. Vários anos depois, o mesmo pode estar se desenhando em Valência, local que busca alcançar o status de Mônaco na Fórmula 1, com organização impecável, acabamento superior, facilidade de acesso e potencial turístico enorme. Em 2008, ano de estreia do circuito, Felipe Massa levou.

E não é que agora chegou a vez dele? Rubens Barrichello, o rei das declarações polêmicas, o eterno açoitado por imprensa e torcida (incluindo este colunista que vos escreve), logo ele, deu a centésima vitória brasileira nas pistas da mais famosa categoria do automobilismo. Vitória que contou com a perfeita fórmula talento + sorte. Talento porque Barrichello foi rápido quando precisou. Superou seus adversários no melhor estilo F-1 moderna – com ultrapassagens durante o reabastecimento. E sorte já que, quando não conseguiu alcançar o líder Lewis Hamilton, contou com uma providencial falha na segunda parada do inglês. Barrichello é a prova viva de que, se a F-1 abraça pilotos cada vez mais novos, os veteranos ainda têm seu valor. Veteranos como...

...Schumacher.

Já assistiram o lamentável “Em Alta Velocidade”, com Sylvester Stallone? No filme, o brasileiro Memo Moreno sofre um acidente. Para substituí-lo, eles resolvem trazer de volta o veterano e antigo campeão da categoria, Joe Tanto (claro, o Stallone). No filme, o ator que dá vida a Rocky e Rambo faz bonito, passeando nas pistas e ajudando o companheiro a conquistar o título da temporada. A vida real, porém, pode ser muito mais cruel.

O heptacampeão Michael Schumacher provavelmente não lembrou desse filme (quem lembra?), mas sabe que fama não ganha corrida quando voltou atrás, há alguns dias, e desistiu de tomar o lugar de Felipe Massa. Alegou dores no pescoço. Verdade ou não, tenho certeza que o alemão corria o risco de manchar o currículo em uma pista difícil. No lugar de correr um risco desnecessário, jogou a bomba para o pobre Luca Badoer – que, coitado, foi tão mal que até doeu. Se o roteiro for cumprido, Schumacher pode ter adiado seu marqueteiro retorno para pistas mais familiares, como Spa, onde é recordista de vitórias, ou Monza, onde é rei. Monza que, dizem, aguarda a chegada de...

...Alonso.

Na pausa da Fórmula 1, os boatos cresceram. Muitos colocam Kimi Räikkönen fora da Ferrari, para ceder lugar ao espanhol. Claro, todos negam, mas quando começam a falar demais de um assunto, é sinal de que tem algo pra valer na jogada. Alonso e Massa na mesma equipe? Longe de mim ser patriota, mas se o brasileiro voltar guiando do mesmo jeito que parou, será um páreo duro pro espanhol. Enquanto isso, sobrou para o ex-companheiro, Nelsinho...

...Piquet.

Nelsinho já mostrou em categorias menores que tem talento. Não é de se jogar fora e merece novas oportunidades na Fórmula 1. No entanto, está na hora de sair da barra da calça do pai e andar por méritos próprios.

Encerro esta coluna de análises amontoadas com a ótima notícia de que a temporada 2010 termina com o reabastecimento, reativado em 1994. Na época, a decisão foi criada para equilibrar a temporada, que vinha de dois anos (1992 e 93) dominados por apenas uma equipe. No cenário atual, o reabastecimento não era mesmo necessário mais. Já foi tarde.


*coluna publicada em dia de corrida no site UOL Interpress Motor. Para ver as anteriores, clique aqui.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O buraco em que se encontra a música nacional

Fernando Thuler escreveu um post bastante polêmico e interessante no 806. Compartilho o link aqui para vocês lerem o que ele achou da cerimônia do Prêmio Multishow...

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mato Grosso do Sul na Vila Mariana

Já fui neste belo restaurante três vezes, mas ainda não comentei aqui. Trata-se do Sobaria, uma casa sul-matogrossense no coração da Vila Mariana. Bom atendimento, comida típica e, o melhor, nunca está cheio.

Da última vez que fui, pedi a linguiça de maracajú, um clássico da região. Mas já comi costeletas de pacu, uma costela bovina incrivelmente macia e outras iguarias. Destaque para carnes e peixes. A maioria dos pratos vêm com mandioca cozida. Deliciosa, não deixe de colocar molho shoyu (sim, eles fazem assim daqueles lados).

Para acompanhar, peça um bom refrigerante de tereré (o chimarrão deles, gelado) e, de sobremesa, sorvetes do cerrado. Tem tanto sabo que você vai levar meia hora pra escolher. Eu fui de sorvete assado (sim, isso mesmo), mas não achei tão bom assim. Prefira o sorvete puro mesmo.


O prato: linguiça de maracajú, acompanhado de arroz, farofa, vinagrete e a mandioca cozida

Serviço

Sobraria
R. Áurea, 343 - Vila Mariana
11 5084-8014
www.sobaria.com.br

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

E o template voltou!

Sim, caro leitor, o blog voltou a ter o seu tradicional template acima (foto e animação) após um período de falhas técnicas. Estamos de volta com força total.

Você nem tinha notado que ele havia sumido, né?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Música do novo disco do Bon Jovi

Hoje saiu que o novo disco de Bon Jovi, após o bem-sucedido "Lost Highway", sai em novembro deste ano. Se chamará "The Circle".

Uma das músicas já saiu, em versão acústica. "Work for the Working Man", inspirada, segundo o cantor da banda, na crise mundial. Outro dia desses, ele mandou uma versão acústica, que você pode conferir abaixo.



Né? A introdução é igualzinha "Livin' on a Prayer", música que, aliás, falava das dificuldades financeiras dos anos 1980. Agora, a coisa ficou pior ainda...Sobrou apenas o tom da música, que é igual. Terá sido coincidência?

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Imagens de Taubaté

A surrada expressão "bom pra cachorro" também tem vez na terra de Monteiro Lobato

Será que a bandeira é oficial?


Não, esse não é o principal meio de transporte da cidade. Mas o cavalo estava lá, fato.


O que sobrou da fantasia ficou aí dentro.


É, eu sei, não ficou boa.


As fotos foram produzidas com o novo Nokia N97, que estou avaliando por um tempinho. Se bater vontade, escrevo um review aqui.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Viagens em uma mesa


P O E I R A

Pensei, olhando e imaginando ruidosa alegria. Porém, o esperado indicou raridade atípica. Pesando os efêmeros indícios, recolhi alma.

S O L I D Ã O

Sabe o leve indicador da anomalia? Sobrou-o, latejando, intrínseco. Desviei a outros, saí ouvindo lorotas, imaginando diariamente a ordem.

P E N S A M E N T O

Pisei em nuvens, só amei mulheres enigmáticas. Nulo, tolo, opaco. Pitaco errado, nada saiu a meu encanto, nunca tive o peso esperado no suor.

A rotatória

Na volta para a casa, ele resolveu refletir e revirar. Enquanto o motorista cuidava da vistoria com o caminho, vislumbrou, incógnito, para a janela. Via tudo, não enxergava nada. Via apenas a distância metafórica proporcionada entre aquele vidro e a vida. Vedava tudo que de mais havia. Valia pouco no que mais devia. Valia a pena uma veste que, mal vista, pouco era ouvida. Mas teve a devida vazão, já que ventava feio e o que ainda não vira, não viria mais.

Não respondeu a nada. Pouco restou daquele rapaz no roteiro que os separava de ruas em remendos, de ruído, de relances, de retratos mal rasgados. Emperrou na rotatória, recuou na moratória. Rugiu, mas não rangeu. De graça, roeu apenas um mirrado perrengue que, sabia, renderia muito menos que rubricas arregaçadas.

Quando chegou, cegou-se com sua incerteza. Sentiu-se confuso com o que a casa lhe cedeu. Sucos vencidos, carnes não comidas, cadeiras carcomidas e seu constante calafrio quando o cético medo lhe acuava. Caiu em si. Era cedo para chorar. Mas caia a escuridão. E não cabia mais sentidos. Chorou mesmo assim, encolhido em sua insensível insignificância.