sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Polêmica no Santo Paulo


Veja o discurso de abertura no cardápido: a casa é para todos, e não somente são-paulinos

Estive com o pessoal da empresa há pouco no Santo Paulo Bar, citado neste mesmo blog há alguns dias. Diferente da experiência passada, o almoço de hoje foi bem polêmico: a conta atrasou, chegou com erros de cálculo, pedidos demorados e por aí vai. Muito chato, mas com bom humor e comida boa até passa, já que estávamos em uma galera bem grande - por pouco, mas passa.

A grande polêmica aconteceu porque, em dado momento, o sistema de som do bar, que rolava com músicas ambientes e tal, começou a tocar o hino do São Paulo F.C. Alguns convidados, em sua maioria não são-paulinos, sentiram-se agredidos com a música. Outros aceitaram. Eu mesmo, também achei um pouco "over" tocar o hino do clube ali. Detalhe: a música tocou mais de uma vez, dando a impressão de que, a cada 1 hora ou algo assim, ela se repete.

A polêmica estava criada: o local era a casa e "coração" (lembram?) do clube, o bar é temático do clube e tudo ali gira em torno do São Paulo. Então, por que não tocar o hino? A reprodução da música que melhor representa o time apenas é uma extensão de todo aquele ambiente dedicado.

Por outro lado, outros sentiram que o hino era demais. Ora, o objetivo do São Paulo é atingir clientes para seu bar, independente do clube - vejam o que está escrito no cardápio, na foto de abertura do post (clique nela para ampliar). Se a intenção é atrair torcedores em geral, tocar o hino pode soar agressivo. "Não volto aqui nunca mais", disse um dos presentes na mesa.

Tocando o hino, o São Paulo está exegerando na dose e perdendo potenciais clientes? Ou a atitude é mais do que normal em se tratando daquele local?

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Mi, sol. Dó


Sonho com uma música. Ela não tem fim, mas seu começo também é nebuloso. Ela empolga, mas só depois de um tempo. Ela não tem tempo definido, nem tem dó. Sonho com uma música que rege minha alma, mas ao mesmo tempo desafina meu tom de clamor. Sonho com essa canção; sonho com um uníssono que consiga unir mente e pensamento. Sonho com o tom em si, sonho com sustenidos de certeza.

Sonho com uma música perfeita, que seja irremediavelmente irreconhecível. Sonho com uma nota apenas, que com centenas de ostinatos, alcancem o diapasão de meu outrora. Sonho com virtudes e acordes. Sonho que um dia não acorde. Sonho com um verso interminável. Com um quê de fuga, com um grave de sol. Sonho com um refrão de esperança, com interlúdios, sorriso de criança.

Sonho que minha canção terá rima e será pobre; terá erros e será pentatônica. Sonho que misture drama com a explosão de um olhar; que vibre lá, mas jamais deixe ré cética. Sua ligadura terá sinfonia. Ainda assim, será possível chorar ao cantar. Sua melodia, harmoniosa, tenebrosa, ouvidos de quem afina.

Não será preciso metrónomo. De fato, nem mesmo o ritmo de valsas será capaz de acompanhá-la. Sua suave batida encantará aos mais exigentes. Seus timbres profundos e agudos penetrarão por dermes, epidermes, endodermes. Uma modulação de sorrisos como o que você viu quando se apaixonou. Seu clímax lhe lembrará o primeiro toque. Soará como uma serenata que jamais ouviu; na altura em que entrar uma oitava acima, você estará no sétimo céu.

Por fim, terminará como jamais começou. A música que eu tanto sonho silenciará, sublime, sensível, certa de que seu sustenido soou a mais bela sonata aos bons ouvidos e bigornas que foram sussurados pela indecente música dos apaixonados.

*A foto foi feita em Cuba, em um velho restaurante de Havana

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Mosquitos preferem quem assiste TV a cabo?


Alguém além de mim já reparou no anormal número de propaganda de repelentes que preenche os intervalos de diversos canais pagos?

Raid, Protex e SBP são algumas das marcas que me lembro agora. Canais como Warner Channel, Fox, FX e Sony são os mais atacados pelos insetos. E, como na TV a cabo nada se cria, tudo se reprisa, as propagandas estão lá o tempo in-tei-ro. Bastam alguns minutos para ver os bichinhos, sempre no formato de desenho animado, tentando picar o desprotegido filho da família que dorme despreocupadamente.

E os comerciais são bizarros.

Um deles mostra uma mãe saindo do trabalho e ligando pro marido: "Querido, liga o forno e passa o SBP na casa". Quem faz isso?! Segundos depois, a casa aparece envolta em uma redoma virtual que impede a presença de qualquer invasor não desejado. Quando a patroa chega, entra pela porta e abre um sorriso, sentindo a proteção que é terrível para os insetos. Para os insetos.

Em outra, a criança veste as roupas de trabalho do pai, médico, e dá uma aula de como se proteger aos colegas. Eis que chega o doutor papai, um ator tão ruim que machuca, para passar as mensagens do produto e terminar dizendo de forma canastrona: "agora me dá minhas coisas que o papai precisa trabalhar!"

A pior talvez seja a dos mosquitos animados, liderados pelo mosquito da dengue. Maior que os demais, o Aedes tem o abdômen definido e músculos por todo o corpo (?). Voando pela casa sem proteção, os mosquitos ainda verificam os itens tecnológicos da casa. "Olha, tem até laptop. Quanta tecnologia e nenhuma proteção!", brada um dos pequeninos pernilongos.

Comerciais mal produzidos à parte, queria saber qual a razão do fenomenal interesse por essas empresas pelo consumidor da TV paga. Ok, trata-se de um público mais segmentado e de melhor nível aquisitivo, mas por que só eles? E os demais ramos da indústria? Não investem?

Tanto repelente assim em tão poucos canais é terrível para o telespectador. Para o telespectador.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Conhecendo o Santo Paulo

No Santo Paulo, você tem a sensação de como é dar um cartão amarelo (ou vermelho) pra alguém

O almoço de hoje foi em um local onde já deveríamos ter ido há muito tempo: o Santo Paulo. Para quem não conhece, o Santo Paulo é o bar temático instalado dentro do Estádio do Morumbi. Como o local do meu trabalho é relativamente perto, resolvemos dar uma passada lá e, enfim, conhecer (levamos juntos um palmeirense e um corinthiano).

As imagens no fim do post descrevem bem como é o local, mas farei ainda uma descrição breve. A comida é muito boa, assim como o atendimento. O movimento estava bom - nada lotado, mas também não estava vazio. Claro, todo o local é decorado com temas do São Paulo. Símbolos, jogadores famosos, camisas, placares históricos, qualquer motivo é suficiente para estar ali.

A casa é especializada em sanduíches, mas também tem saladas e pratos maiores. Algo bem legal: eles fazem os sanduíches famosos que sempre são vendidos justamente ao redor do estádio - por exemplo, o famoso pernil com cebola e pimentão. Criativos: para chamar o garçom, levante um cartão amarelo que está na mesa. Já para pedir a conta, use o cartão vermelho.

Eu pedi um Burger italian (R$ 23,00), que vem com molho de tomate, lascas de parmesão e rúcula em um sanduíche pequeno na aparência, mas saboroso e surpreendente no sabor. O hambúrguer de 210g dá conta do recado. As batatas fritas são bem feitas e recheadas (a porção sai por R$ 11,00). Para happy hours, o chopp Sol vale R$ 4,00.

Ao lado do bar, ainda há uma megaloja da Reebok com materiais do São Paulo e da própria marca. E, mais ao fundo, meio isolada, uma livraria. Diz o São Paulo que a idéia é tornar o Morumbi um pequeno shopping. Acho que começaram bem.

Dica final 1: em dias de jogos, eles também funcionam. Mas o esquema é diferente: por R$ 150, você pode comer e beber à vontade (bebidas alcóolicas não inclusas), podendo chegar duas horas antes e sair até duas horas depois do término da partida.

Dica final 2: leve uma blusa, mesmo que te digam o contrário. O vento que vem do estádio é muito frio. No bar há uma proteção de plástico, mas não é suficiente.

Serviço
Santo Paulo Bar - 3742-4432
www.santopaulobar.com.br

Eis algumas fotos.


Na entrada, é possível jogar um pebolim; TVs espalhadas sempre mostram esporte


O bar interno: símbolo do São Paulo estilizado


A vista, claro, é o estádio, que parece ainda maior quando vazio


Nas escadas, placares de vitórias famosas do tricolor paulista

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A posse de Obama

Há poucos posts, falei sobre quantas coisas mudaram entre 2001 e hoje. Entre elas, está a era Bush, que enfim chega ao fim. Absolutamente lamentável uma gestão que valorizou a guerra e criou um novo Vietnã.

Hoje um artigo fantástico está na "Folha de S. Paulo", escrito por Gideon Rachman, do "Financial Times", e traduzido por Paulo Migliacci. Leiam, vale a pena.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2001200902.htm (para assinantes UOL/Folha)

Ou aqui mesmo:

Um caso em que o homem é a mensagem

Hoje, ao pronunciar seu discurso de posse, Obama poderá manter as generalizações que inspiraram tanta gente. Mas, quando ele estiver no poder, isso vai mudar.

Governar é escolher. Como presidente, Obama por fim será julgado não pelo que é ou pelo que diz, mas sim pelo que faz

Hoje Barack Obama finalmente terá a chance de dizer alguma coisa memorável. Essa afirmação pode parecer ranzinza, já que estou falando de um homem elogiado como um dos grandes oradores de sua era. No entanto, Obama aperfeiçoou a arte de soar maravilhoso sem dizer grande coisa.

Eu estive no estádio em que Obama fez seu discurso de aceitação da candidatura presidencial, na Convenção Nacional do Partido Democrata, em agosto. Foi hipnótico, comovente. Mas, estranhamente, não lembro coisa alguma do que ele disse.

Essa amnésia é um sintoma bastante comum. Uma consulta rápida a colegas revela que a única frase do novo presidente que ficou alojada de forma indelével em nosso cérebro coletivo foi o "yes, we can". Alguns poucos mencionaram "mudança em que se pode acreditar".

Hoje, quando ele fizer seu discurso de posse em Washington, Obama sem dúvida fascinará sua audiência uma vez mais. Também terá a chance de enfim fazer um discurso cujas sentenças ressoem na história. Mas talvez seja mais sábio para ele deixar isso de lado. Pois, no caso de Barack Obama, o homem é a mensagem. Obama inspira não por conta de qualquer coisa que diga, mas simplesmente por ser quem é.

Michael Gerson, redator de discursos para o presidente George W. Bush, disse que, quando leu os discursos de posse de todos os presidentes, se tornou óbvio para ele que o tema central da história americana é a questão racial. Só por subir ao palanque como o primeiro presidente negro dos EUA, Obama está enviando uma mensagem de mudança.

Mas não é apenas a etnia de Obama que envia uma mensagem. Mesmo nos casos em que não diz nada de memorável, o domínio que tem sobre a linguagem e sua evidente inteligência oferecem um alívio depois da balbuciante falta de articulação de Bush.

Durante a campanha, Obama enviou outra mensagem por manter a calma durante o colapso em Wall Street, enquanto seu rival, John McCain, se debateu melodramaticamente com o tema. Obama se comportou de modo presidencial. O novo presidente tem consciência de que suas qualidades elusivas só reforçam seu poder político. No prólogo de "A Audácia da Esperança", ele escreveu que serve "como uma tela vazia na qual pessoas de inclinações políticas diferentes projetam suas opiniões".

Obama parece estar conseguindo realizar o mesmo truque no resto do mundo. Ele é ainda mais popular no exterior do que no seu país. Mas o restante do mundo tampouco tem em que se apoiar. As pessoas sabem que Obama parece um homem ponderado, que é negro, que se opôs à Guerra do Iraque e que acredita em diálogo. E sabem que ele não é Bush.

Esse ponto é crucial. A eleição presidencial revelou não apenas uma tensão entre dois Estados Unidos que Obama prometeu reconciliar -o liberal [progressista] e o conservador. Ela também revelou a divisão entre o excepcionalismo e o universalismo americanos.

O excepcionalismo americano gostaria de manter o país isolado do restante do mundo.
Caso o país seja governado por excepcionalistas, tenderá à introspecção, adotará controles de fronteira mais severos, aumentará as tarifas e venerará ainda mais as Forças Armadas.

Já o universalismo envolve um país que contempla o resto do mundo com atenção e prospera em função de suas conexões com ele. Com um pai queniano, uma infância passada em parte na Indonésia e um segundo nome (Hussein) que o vincula ao Oriente Médio e ao mundo islâmico, Obama parece personificar um país muito diferente daquele que Bush representa com seu estilo texano monocultural.

Portanto, no exterior como em seu país, o novo presidente dos EUA é uma "tela vazia" na qual as pessoas projetam suas visões. Hoje, ao pronunciar seu discurso de posse, Obama poderá manter as generalizações que inspiraram tanta gente.

Mas, quando ele estiver no poder, isso vai mudar. Governar é escolher. Como presidente, Obama por fim será julgado não pelo que é ou diz, mas sim pelo que faz.

Pichadores não são artistas


















As fotos não são minhas, mas basta um passeio por São Paulo para encontrar paisagens assim

O assunto é polêmico, mas queria falar disso há algum tempo. Sou um favorável à eliminação da poluição visual. Por isso reclamo de postes telefônicos com seus imensos e entrelaçados fios, de outdoors imensos, de lixo nas ruas, de faixas e cartazes e demais exemplos.

Pouco me pronuncei sobre o caso da pichadora Caroline Pivetta. Não sou a favor do que ela fez na Bienal, mas entendo que a parede em questão estava exposta para ser usada, e ela o fez da maneira que achou melhor. Mas, indo muito além disso, sou contra sim às pichações que empobrecem a cidade, que destroem monumentos públicos, que enfeiam fachadas e desafiam as leis da gravidade e do bom senso.

Agora pouco estava vendo um vídeo-reportagem disponível no UOL feito sobre e com os pichadores. O vídeo, infelizmente, está quebrado no meio, dá pau e trava, então nem vou pôr o link aqui. Mas, nas partes que consegui ver, havia depoimentos dos pichadores. Eis alguns:

"Quando estou lá no alto pichando, estou ouvindo meu coração, estou em paz".
"A cidade construiu 'nois', agora ela quer destruir 'nois'" (sic).
"Se a pichação existe, é porque tem alguma coisa que está errada".

É claro que tem coisa errada. E muita. São Paulo é um poço sem fim de problemas sociais crônicos, emergências, erros, corrupção jamais descoberta, negligência, falta de planejamento, descaso e miséria. Mas a forma de resolver isso não é sujando ainda mais a cidade.

Sei que estou sendo absolutamente raso e superficial, mas não quero entrar em muitos detalhes. Alguém discorda? Grafite é tão danoso quando a pichação? Ambos são formas de arte? O pichador é uma forma da cidade revelar seu lado autêntico, escondido atrás de obras turísticas e lojas caras?

domingo, 18 de janeiro de 2009

Mundo Moderno

Já escrevi aqui muitos textos que brincam com as letras, fazem um jogo de palavras (procure na tag poesias). Pois aqui está minha inspiração. Jamais achei que veria esse depoimento de novo. Incrível, bem feito, melhor interpretado. Um show que merece ser aplaudido de pé. Vejam e apreciem.




quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Entre as coisas mais lindas
que já recebi...



Muita coisa mudou entre 2001 e hoje. O mundo era outro, tudo era bem diferente. E meu mundo também era outro. À época, ainda era um jovem adulto com visões bobas de jornalismo e sem saber direito o que fazer da vida.

Também era um alienado que pouco sabia do que se passava pelo mundo musical brasileiro. E uma pessoa muito especial me apresentou a Cássia Eller. Um pouco antes, na verdade. Foi em 1999 que fiquei sabendo quem era essa cantora. Mas foi em 2001 que ela me conquistou de vez.

Lembro quando vi o anúncio do "Acústico MTV Cássia Eller" pela primeira vez. Me chamou a atenção aquela versão mais rápida de Malandragem, com uma ritmada e animadora bateria de fundo.

Não demorou para que eu comprasse o CD, em um shopping - na verdade, comprei dois de uma vez, mas isso é outra história. E foi daqueles CDs apaixonantes, instigantes, completos e concretos, cheios de imperfeições maravilhosas. Cássia Eller sempre foi melhor ao vivo. Estava, àquela altura, atingindo apenas o início do auge de sua carreira.

Cantora de voz única, talentosa, seus discos anteriores nunca foram grandes sucessos. E não à toa. Confusos, incoerentes. A voz de Cássia ainda precisava ser domada, e suas músicas, melhor escolhidas (quem já ouviu aquela lamentável parceria com Edson Cordeiro em que ambos destroem I Can't Get No (Satisfaction) e A Rainha da Noite sabe do que eu estou falando). A parceria com Nando Reis começou a mudar isso, com o já bem-sucedido Com você, meu Mundo ficaria Completo, de 1999 (não comprei esse disco, mas o ouvi muito).

O formato Acústico MTV, em 2001, ainda tinha pano pra manga. Praticamente toda banda e artista grande dos anos 1980, por exemplo, gravou um (pense um pouco e confirme isso). Era uma boa chance de reviver antigos sucessos, se apresentar a novas gerações (leia-se "sair do ostracismo") e ainda ganhar uma grana. Vários são bem feitos e com qualidade interessante. Mas, pessoalmente, nenhum é tão rico em diversidade e sonoridade como o de Cássia Eller. Longe daquele visual masculinizado e punk que mantinha na década anterior, Cássia abre o show com o clássico francês Je ne Regret de Rien, surpreendendo a platéia e mostrando um lado até então desconhecido pra maioria.

Os sucessos que vêm a seguir apenas mostram como era possível versatilizar com a cantora. Além das releituras dos sucessos de Cazuza (Malandragem, Todo Amor que Houver nessa Vida), ela mostra personalidade com músicas da Legião Urbana (1º de Julho e Por Enquanto), flerta com sua banda favorita ao atrever-se (e sair-se bem) no hino Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, passa pelos Mutantes (Top Top), manda um hip hop (De Esquina) e ainda dá espaço pra Chico Buarque (Partido Alto), "meu verdadeiro pai", como ela diz durante o álbum.

Trata-se de um disco em que há rock, soul, blues, jazz, baladas, regionalismo e globalização. Poucos artistas no mundo, ao meu ver, conseguem juntar isso em um mesmo CD e ainda obter um resultado interessante.

A perda de Cássia Eller foi cruel, foi prematura, idiota. Cássia não teve tempo de mostrar o que poderia gravar ao mundo. Quando morreu, muitos a compararam com Elis Regina, o que é até injusto. A mãe de Maria Rita, mesmo com sua morte também precoce, conseguiu ao menos deixar um vasto e rico material. Hoje, é fácil imaginar como seria uma releitura de Cássia de outros clássicos franceses; tentar ouví-la cantando outros sucessos dos Beatles. Ou simplesmente pensar em sua voz quando saem os novos trabalhos de Nando Reis, por exemplo.

Tive a oportunidade de ir a um show da cantora, poucos meses antes de sua morte, durante a turnê do Acústico. Um dos melhores que já fui. Fiquei apenas frustrado por não ver Todo Amor que Houver nessa Vida no set list. Sem problemas. No lugar, ela mandou muito bem uma versão palhaça de Dancinha da Garrafa (aquela mesmo, do Gerasamba ou banda que o valha), o que garantiu muitos risos da platéia. E, acreditem, mesmo no formato acústico, ela não deixou de cantar Smells like Teen Spirit, do Nirvana.

Sei que um post sobre um álbum tão antigo pouco sentido faz agora. Mas, como falei, muita coisa mudou de 2001 pra cá. E o mais importante para justificar este texto: na época, eu não tinha um blog. Sei que isso são apenas palavras jogadas, mas deixo aqui meu registro. Esse disco, a pessoa especial do início do texto, tudo isso está na origens que remontam este mesmo blog.

E, entre as coisas mais lindas que já recebi, está a admiração pela música de Cássia Eller.

Obrigado!

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Desconstruindo


Ando balbuciando certezas de emoções. Falhei, gesticulei humanizando indícios juvenis, logo mais nada outrora permaneceu. Quero ruborizar santos, ter um vestígio, zumbido amoroso. Bebi cedo, desejando estrelas fajutas, gostosa harmonização injusta. Justo, lépido matuto nunca omitiu pelejos. Quis registrar saudade, triste ultimato. Vencido, zarpei.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Os pneus slick voltaram
(mas o resto, quanta diferença)



1997, último ano de uso dos pneus slick no F310B, Ferrari de 1997...

...e o recém-anunciado F60, com suas desproporcionais asas traseiras e dianteiras. Bizarro?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Encantado pela sereia do Starbucks - Parte I


O café do ponto de vista de quem não gosta de café

Esse é um post que já estava em minha mente há muito tempo e só agora conseguiu ser digitalizado. Nunca fui de visitar lugares "da moda" assim que surgem. Normalmente, costumo esperar muito, muito mesmo, até que aquilo já se estabeleça. Os exemplos são vários, mas o Starbucks é o mais interessante. E o motivo é simples.

Não bebo café. Nunca gostei, nunca vi graça, não acho o sabor interessante e ainda odeio o hálito que ele deixa, sem falar no gosto amargo na boca que implora por uma bala de menta. Café me lembra trabalho. Me lembra patéticas reuniões da minha antiga empresa que levavam horas e raramente eram produtivas. Me remete àquelas pequenas xícaras embebidas com um líquido que ora parecia preto demais, ora aguado demais. Ver minha antiga chefe tomando café era sempre lamentável. Sua boca fazia um bico que só não me incomodava mais que o pequeno barulho de quem está sugando um líquido. Enquanto a reunão seguia, posteriormente, era possível notar as marcas de batom misturadas ao provável gelado resto de bebida. Em suma, imagens e lembranças que sempre foram motivos que me repeliam a um cafezinho e me fazem até hoje ser o único a declarar "só água, por favor" no começo de reuniões (hoje, ao menos, as reuniões são úteis).

Na infância, o interesse também era pouco. Nas raras vezes em que era autorizado a sorver o líquido, o fazia com tanto açúcar que um especialista em café certamente teria um ataque caso visse aquilo. Nunca entendi a razão dessa bebida fazer sucesso por aqui. Em um país tropical, as pessoas deviam tomar água de côco, chá gelado, suco, etc. Não algo quente e que pede açúcar ou adoçante.

A primeira vez que fui a uma loja da Starbucks praticamente não conta. Foi em Miami, em 2006, época em que eu ainda não sabia absolutamente nada sobre a loja ou sobre a histórica bebida energizante. Entrei no local apenas para dizer que entrei, sabe como é isso? Olhei os cardápios, me entreti por alguns segundos e saí de lá apenas com memória suficiente para dizer no Brasil "estive em uma loja da Starbucks".

Foi somente dois anos depois, em 2008, que tudo isso começou a mudar. À época, ganhei de cortesia do meu editor um livro que contava a história da loja. O objetivo do presente era me inspirar para escrever uma nova obra. A minha idéia nunca (ou ainda não) chegou ao papel de fato, mas pelo menos aproveitei para ler o livro - aliás, chamado "A Febre Starbucks", da Matrix Editora (escrito por um gringo, muito legal e bem traduzido).

Conforme avancei nas páginas da obra, comecei a entender um pouco mais sobre o café. O livro traz uma interessante e breve história do grão, desde os tempos antigos, quando o café foi inventado quase sem querer, até chegar, enfim, aos tempos modernos. E, claro, começa a falar dos apreciadores da bebida que moravam em Seattle (terra natal da Starbucks, do Nirvana e do Google), de como eles estavam fartos de beber um café ruim e mal feito e começaram a fazer seus próprios cafés.

Mais: o livro nos apresenta o interessante conceito do terceiro lugar. A idéia de que um café pode ser um terceiro ponto de encontro, além da casa e do trabalho. A Starbucks não foi o primeira nem a criadora da teoria, mas foi quem a popularizou de forma global (a idéia veio mesmo da Itália).

Hoje, os cafés no Brasil ficam cada vez mais populares como já são em diversos países. Um local onde pode-se "jogar conversa fora" e comer algo rápido sem o trabalho de se deslocar até sua residência ou a pressão de um ambiente corporativo. Quer o maior exemplo da popularidade do terceiro lugar? Assista Friends e note como os inseparáveis amigos estão sempre no "Central Perk", um café com clara alusão ao Starbucks.

A globalização na rua de baixo | Ainda não terminei o livro, já que sou meio lento para ler textos longos. Mas, há algum tempo, fui informado de que uma unidade da Starbucks estava se instalando a poucas quadras de casa. Confesso que fiquei perplexo. Justamente naquele momento, em que estava mergulhado na cultura do café de Seattle, uma filial daquela mesma loja do livro estava chegando ali, a poucos metros de meu lar.

Sim, a rede Starbucks tem a tradição histórica de se espalhar como vírus (em Nova Iorque, eles chegam ao ponto de terem duas lojas na mesma esquina, uma de cada lado da rua). Mas tão perto de casa? Não era possível. Tinha de ver isso de perto. E botar à prova tudo que estava lendo no livro sobre como eram criadas as unidades da Starbucks e todos os estudos girando em torno de suas caras bebidas.

E eu fui. Mas isso fica pra outro post (não ficou claro ainda que odeio textos muito grandes?)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Trecho de um livro que não existe

Ele a beijou como se fosse aquela a primeira vez. Nos lábios, um sabor já conhecido, porém com sensação de inédito. No sentimento, apenas a certeza de que saudades haviam sido superadas. Sabiam que não seriam certeiros como sempre, mas tinham a sorrateira suspeita de que duraria mais que uma estação. Somente pela forma como sorriam, era fácil somar suas semânticas, subtraindo a solidão de outrora. Suavam em suas almas, mas seus semblantes não deixavam de transparecer tamanha salvação, sumamente superada. Agora, soltavam ao mundo um serelepe senão. Afinal, se não fosse pelo surpreendente beijo, de que mais sofreriam, se não por amor?

Sorte? Talvez apenas sonho, que de tão sorrateiro um dia subiu pelas sombras de um romântico por suas vistas, e ele, de tão inocente, nem sequer suspeitou.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Para provocar os fãs da Madonna

Dêem uma olhada na brilhante brincadeira criada pelo blog Sala do Cafezinho, do blogueiro Thiago Peres.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

...e o primeiro, com uma pergunta

Não é irônico que um drinque chamado cuba libre precise, em sua preparação, justamente da mais americana de todas as bebidas?

Só parei pra pensar nisso agora. Se alguém souber a origem do nome, por favor me avise.

Aproveito o tema também para, enfim, dar o link com algumas das melhores fotos da viagem. Não, não há 500 fotos lá. Selecionei apenas as que valem a pena. Para acessar, cliquem na imagem abaixo, ok?