O último post do ano...
Termino o blog em 2008 com uma breve nota do mês. Dezembro, que já costuma ser um mês intenso pelas festividades, caprichou este ano. Foi talvez o mês mais longo que já tive. Quem viveu o mês comigo vai se identificar. Feliz ano novo!
Viajei
Com a vista
Me encantei
Briguei
Beijei
Fui socialista
Me apaixonei
Me frustrei
Trabalhei
Ganhei
Perdi
Ri
Sumi
Disse não
Me posicionei
Reencontrei
Lutei
Me iludi
Sofri pelo que não vivi
E ainda assim, amei o quanto sofri
Adoeci
Curei
E recaí
Me reaproximei
Fui ao camarote
Acudi
E bebi
Cantei
Toquei
Ensaiei
Desafinei
Mandei em si
Quando era em ré
E mesmo assim
Fui aplaudido de pé
Descansei
Entrei em uma conga
Fui criança
Chorei e pensei
No quanto gosto de vocês
Mais uma vez
Obrigado pelo mês
Obrigado pela vida
Este poema tem um fim
Mas vocês, parte de mim
Continuam ao meu lado
Na próxima manhã adormecida
P.S.: Enquanto escrevo, aproveito para escutar algumas músicas inéditas do Elvis (sim, ainda não ouvi todas) que estão em um CD dinamarquês que chegou hoje aqui em casa...:-)
quarta-feira, 31 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Diários de Cocotaxi - Dois brasileiros em Cuba - Parte III e final
Fachada do hotel tomado por Fidel Castro no início da revolução: estávamos hospedados em pura história
Havana Libre: o hotel da revolução
Em Havana, a aula cultural começou pelo próprio hotel. O Habana Libre é o prédio mais alto da cidade, com 27 andares. Na época em que foi contruído, em 1958, era o maior da América Latina. Não ficamos no último andar, obviamente (estávamos no 8º), mas a vista, postada no capítulo II dessa saga, vale muito a pena.
O Havana Libre nem sempre teve esse sugestivo nome. Até 1958, ano I de sua construção, ele era chamado de Havana Hilton. Teve um papel fundamental no período da Revolução Cubana, em 1959. No lobby do hotel, diversas fotos remontam a época de guerra, com imagens dos soldados no restaurante ou deitados no saguão principal.
O quarto 2223, em especial, possui uma mística maior. Ele é o quarto onde costumava ficar Che Guevara - sim, sempre ele - e seus companheiros de revolução. Fomos até o quarto em questão, mas confesso que não tinha nada demais, era apenas mais um corredor. Portanto, não tirei fotos do local.
Carros | De volta às ruas, outra marca registrada de Havana e Cuba salta aos olhos: a frota. Os carros de Havana são absolutamente únicos. São divididos em três gerações: os mais antigos, dos anos 1940 e 1950, foram comprados antes da revolução e passam de pais para filhos. A segunda são marcadas pelos carros soviéticos. A Lada era a principal montadora a suprir Cuba com carros durante os tempos da Guerra Fria, em especial entre 1970 e 1980. A terceira geração são de carros modernos.
É impressionante ver carros como um Chevrolet "rabo de peixe" de 1950 - ou menos - andando em (aparentes) boas condições por todos os lados. É uma estranha sensação de uma surreal e frustrante volta no tempo. Frustrante por a associação estar incompleta. Carros como aqueles são vistos em filmes como De Volta para o Futuro, mas em Havana somente os carros condizem. O restante, prédios e pessoas, estão sucateados e sofrem com a ação do tempo sem conservação alguma.
Como os carros não podem ser comprados, eles vão trocando de mãos. O Dodge 1950 que andamos (vide foto) era da avó do motorista. A manutenção é difícil, o que dá aos cubanos o título informal de "melhores mecânicos do mundo". A frota é toda dividida por cores de placas, que representam desde turistas e exército até governo e carros particulares. Os únicos que podem comprar carros novos são - de novo - esportistas, médicos ou artistas.
Salsa | Cuba é um país com vocação para a música. A salsa está presente o dia inteiro, em pequenos e velhos rádios ou em bailes noturnos. Para os turistas, claro, chegam sempre cantantes tocando os clássicos da música cubana. Destaque para "Comandante Che Guevara" (que pode ser ouvida aqui) e "Guantanamera", escrita em homenagem a uma moça de Guantânamo, base militar no litoral de Cuba.
Aproveitei para quebrar uma antiga escrita: nunca havia tocado violão fora do Brasil. Eis que, dado momento, na beira do mar, um dos artistas de rua veio tocar para ganhar uns trocados. Aproveitei para pedir o violão e fiz, ali na rua e na frente de dezenas de cubanos, uma bela versão de "Boate Azul", regravada recentemente nas vozes de Bruno e Marrone e escrita por Benedito Onofre - sim, claro que eu tocaria um Elvis, mas acho que em Cuba, poderia não soar bem. :-)
Muitos me perguntam se eu fui ao Buena Vista Social Club. Descobri - apenas lá - que não se trata de um local específico, mas de uma banda. Eles não tocam sempre no mesmo lugar, e não consegui assistí-los. Mas a influência de Compay Segundo, morto em 2003, é enorme. Compay é um dos maiores ídolos da música cubana e fotos dele estão presentes em diversos quadros, sempre acompanhado de um café e de um puro.
Saí de Cuba com o espírito rejuvenescido e cheio de idéias. Junto, porém, uma pequena frustração. Cuba é um país fantástico e gostaria muito de ficar por lá mais tempo. Fica fácil a impressão de que fazer um livro sobre Cuba seria algo muito estimulante e renderia boas e saborosas páginas.
Um dia, quem sabe, isso acontece.
P.S: ah, e o cocotaxi do título? Ei-lo aqui. Trata-se de outra atração pitoresca da ilha. Basicamente, o Cocotaxi é uma moto com dois lugares traseiros, sem cinto, sem segurança alguma, mas obrigatório pra quem está lá. Demos uma volta no Cocotaxi de noite. Ele certamente não passa de 50 km/h, lembrando em muito também um kart.
Em Havana, a aula cultural começou pelo próprio hotel. O Habana Libre é o prédio mais alto da cidade, com 27 andares. Na época em que foi contruído, em 1958, era o maior da América Latina. Não ficamos no último andar, obviamente (estávamos no 8º), mas a vista, postada no capítulo II dessa saga, vale muito a pena.
O Havana Libre nem sempre teve esse sugestivo nome. Até 1958, ano I de sua construção, ele era chamado de Havana Hilton. Teve um papel fundamental no período da Revolução Cubana, em 1959. No lobby do hotel, diversas fotos remontam a época de guerra, com imagens dos soldados no restaurante ou deitados no saguão principal.
O quarto 2223, em especial, possui uma mística maior. Ele é o quarto onde costumava ficar Che Guevara - sim, sempre ele - e seus companheiros de revolução. Fomos até o quarto em questão, mas confesso que não tinha nada demais, era apenas mais um corredor. Portanto, não tirei fotos do local.
Carros | De volta às ruas, outra marca registrada de Havana e Cuba salta aos olhos: a frota. Os carros de Havana são absolutamente únicos. São divididos em três gerações: os mais antigos, dos anos 1940 e 1950, foram comprados antes da revolução e passam de pais para filhos. A segunda são marcadas pelos carros soviéticos. A Lada era a principal montadora a suprir Cuba com carros durante os tempos da Guerra Fria, em especial entre 1970 e 1980. A terceira geração são de carros modernos.
É impressionante ver carros como um Chevrolet "rabo de peixe" de 1950 - ou menos - andando em (aparentes) boas condições por todos os lados. É uma estranha sensação de uma surreal e frustrante volta no tempo. Frustrante por a associação estar incompleta. Carros como aqueles são vistos em filmes como De Volta para o Futuro, mas em Havana somente os carros condizem. O restante, prédios e pessoas, estão sucateados e sofrem com a ação do tempo sem conservação alguma.
Como os carros não podem ser comprados, eles vão trocando de mãos. O Dodge 1950 que andamos (vide foto) era da avó do motorista. A manutenção é difícil, o que dá aos cubanos o título informal de "melhores mecânicos do mundo". A frota é toda dividida por cores de placas, que representam desde turistas e exército até governo e carros particulares. Os únicos que podem comprar carros novos são - de novo - esportistas, médicos ou artistas.
Salsa | Cuba é um país com vocação para a música. A salsa está presente o dia inteiro, em pequenos e velhos rádios ou em bailes noturnos. Para os turistas, claro, chegam sempre cantantes tocando os clássicos da música cubana. Destaque para "Comandante Che Guevara" (que pode ser ouvida aqui) e "Guantanamera", escrita em homenagem a uma moça de Guantânamo, base militar no litoral de Cuba.
Aproveitei para quebrar uma antiga escrita: nunca havia tocado violão fora do Brasil. Eis que, dado momento, na beira do mar, um dos artistas de rua veio tocar para ganhar uns trocados. Aproveitei para pedir o violão e fiz, ali na rua e na frente de dezenas de cubanos, uma bela versão de "Boate Azul", regravada recentemente nas vozes de Bruno e Marrone e escrita por Benedito Onofre - sim, claro que eu tocaria um Elvis, mas acho que em Cuba, poderia não soar bem. :-)
Muitos me perguntam se eu fui ao Buena Vista Social Club. Descobri - apenas lá - que não se trata de um local específico, mas de uma banda. Eles não tocam sempre no mesmo lugar, e não consegui assistí-los. Mas a influência de Compay Segundo, morto em 2003, é enorme. Compay é um dos maiores ídolos da música cubana e fotos dele estão presentes em diversos quadros, sempre acompanhado de um café e de um puro.
Saí de Cuba com o espírito rejuvenescido e cheio de idéias. Junto, porém, uma pequena frustração. Cuba é um país fantástico e gostaria muito de ficar por lá mais tempo. Fica fácil a impressão de que fazer um livro sobre Cuba seria algo muito estimulante e renderia boas e saborosas páginas.
Um dia, quem sabe, isso acontece.
P.S: ah, e o cocotaxi do título? Ei-lo aqui. Trata-se de outra atração pitoresca da ilha. Basicamente, o Cocotaxi é uma moto com dois lugares traseiros, sem cinto, sem segurança alguma, mas obrigatório pra quem está lá. Demos uma volta no Cocotaxi de noite. Ele certamente não passa de 50 km/h, lembrando em muito também um kart.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
O fenômeno Madonna
(e a lei de Gerson chata)
(e a lei de Gerson chata)
Terminada a etapa final do show da Madonna, a cantora americana se vai, com um pouco mais de dinheiro no bolso, enquanto os problemas brasileiros ficam. Nada contra a artista, diga-se, que fez o que qualquer outro faz. Mas muito contra, sim, nossa própria cultura.
Moro a poucas quadras do Morumbi. Ou seja, já estou habituado a conviver com finais de campeonato, eventos religiosos ou megaconcertos (incluindo o da própria Madonna, em 1993). Longe dos problemas brasileiros, ela não tem culpa alguma do nosso próprio comportamento. Nas ruas, lixo e mais lixo. Na frente do estádio e arredores, assaltos; a polícia que diz que "não é possível fazer nada". Confusão e caos. Nas ruas, "guardadores" de carro cobrando até R$ 200 (sim, isso mesmo) para estacionar na rua.
Em momentos como esse, é fácil sentir vergonha do nosso país. Uma população que vive sob a eterna "lei de Gerson", sempre querendo, de alguma forma, levar vantagem. Longe de mim ignorar os problemas vividos por outras culturas. Longe de mim perder o ainda existente orgulho de ter nascido aqui. Também não sou santo e nem sempre exemplo.
Mas que, de vez em quando é complicado, é.
domingo, 21 de dezembro de 2008
O fenômeno Madonna
(e a parte antropológica legal)
(e a parte antropológica legal)
Quando voltei de viagem, semana retrasada, soube que teria de ir ao show da Madonna. Sim, teria. Pois meu cliente é um dos patrocinadores do evento. Passei a semana inteira cheio de preconceitos. Confesso que o interesse era mínimo. Não sou fã da Madonna e conheço apenas as músicas mais famosas.
Mas, de graça e com tantas regalias, até dá pra gente se divertir. No camarote Nokia / Claro, havia de tudo, desde massagens relaxantes até fotomontagens e confortáveis almofadões. Uma pulseira mágica - ah, como eu adoro essas pulseirinhas que dão acesso aos lugares - permitia que fôssemos à pista, onde estava a galera, e voltássemos a qualquer momento. Assim, deu pra encarar um pouco o calor humano com a galera lá no olho do furacão, e quando batesse a vontade, voltar para escolher alguma bebida entre caipiroscas de melancia com gengibre, tangerina com manjericão e afins.
Como disse, tinha um texto imaginário pronto para criticar a Madonna. Era apenas uma questão de tempo. Mas não é que ela me surpreendeu? Pois é. Admito que dancei, bastante, em algumas músicas. Claro, vale lembrar que o fato de estar em um confortável camarote, com bebidas e comidas inclusas, ajudou muito em todo o processo. Mas, como uma amiga minha me lembrou, já tive mordomias similares em outros eventos e não dancei. A Madonna conseguiu isso. E também acabou com a minha voz.
Sobre o show? Claro que teve playback. Claro que os efeitos visuais impressionam e dão uma senhora roupagem às músicas. Claro que é um pouco estranho ir a um show e não ver uma banda tocando atrás do artista principal - de fato, o único instrumento que vi na noite foi uma guitarra na mão dela de vez em quando.
Mesmo assim, trata-se de um megaevento muito interessante e, no mínimo, legal de incluir no currículo. Justificável para as centenas de fãs fazerem de tudo para ir e correrem em direção à pista em lágrimas? Não, definitivamente. Mas fã é fã, e é melhor não tentar entender, apenas manter distância se necessário.
Deixo aqui um breve registro fotográfico da tarde e noite no Estádio. Ainda colocarei outro post sobre a Madonna, mas esse fica pro meio da semana.
Mas, de graça e com tantas regalias, até dá pra gente se divertir. No camarote Nokia / Claro, havia de tudo, desde massagens relaxantes até fotomontagens e confortáveis almofadões. Uma pulseira mágica - ah, como eu adoro essas pulseirinhas que dão acesso aos lugares - permitia que fôssemos à pista, onde estava a galera, e voltássemos a qualquer momento. Assim, deu pra encarar um pouco o calor humano com a galera lá no olho do furacão, e quando batesse a vontade, voltar para escolher alguma bebida entre caipiroscas de melancia com gengibre, tangerina com manjericão e afins.
Como disse, tinha um texto imaginário pronto para criticar a Madonna. Era apenas uma questão de tempo. Mas não é que ela me surpreendeu? Pois é. Admito que dancei, bastante, em algumas músicas. Claro, vale lembrar que o fato de estar em um confortável camarote, com bebidas e comidas inclusas, ajudou muito em todo o processo. Mas, como uma amiga minha me lembrou, já tive mordomias similares em outros eventos e não dancei. A Madonna conseguiu isso. E também acabou com a minha voz.
Sobre o show? Claro que teve playback. Claro que os efeitos visuais impressionam e dão uma senhora roupagem às músicas. Claro que é um pouco estranho ir a um show e não ver uma banda tocando atrás do artista principal - de fato, o único instrumento que vi na noite foi uma guitarra na mão dela de vez em quando.
Mesmo assim, trata-se de um megaevento muito interessante e, no mínimo, legal de incluir no currículo. Justificável para as centenas de fãs fazerem de tudo para ir e correrem em direção à pista em lágrimas? Não, definitivamente. Mas fã é fã, e é melhor não tentar entender, apenas manter distância se necessário.
Deixo aqui um breve registro fotográfico da tarde e noite no Estádio. Ainda colocarei outro post sobre a Madonna, mas esse fica pro meio da semana.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Um pouco de Buenos Aires em São Paulo
Antes do último post sobre Cuba, uma mudança (leve) de ares: saio da terra de Fidel, mas ainda não volto ao Brasil totalmente.
Nunca foi a Buenos Aires? Já foi, quer ir de novo mas a crise global não permite? Seja qual for a sua opção, se tiver interesse em conhecer (ou relembrar) um pouco o ambiente portenho sem sair de São Paulo, vá ao Che Bárbaro. Localizado no "coração" da Vila Madalena (lembram desse post?), na R. Harmonia, o local abriu há menos de 1 mês e preza por duas características fortes: o excelente atendimento e os detalhes fiéis à capital do Tango.
Não tive a oportunidade de jantar no local, portanto não avaliei os pratos. Mas fiz questão de pedir uma empanada de carne (R$ 3,50), que estava incrivelmente semelhante a uma argentina. O dono do local, Alberto, recebe os convidados na porta. Não se deixe enganar pela primeira impressão. O Che (aliás, nome sugestivo para este blog em meio a tantas menções de Cuba, diga-se) é grande em profundidade e possui uma área no fundo temática da famosa "boca" argentina: paredes pintadas com as mesmas cores e falsas sacadas dão um ar nostálgico a quem já conheceu essa famosa - e turística - parte de Buenos Aires.
Se for, não deixe de pedir um vinho argentino ou - o que foi meu caso - uma legítima Quilmes, com direito a garrafa de 1,5 litro (R$ 14,00), como é normal por lá.
Serviço
Restobar Che Bárbaro
11 | 2691-7628
R. Harmonia, 277 - Vila Madalena
Nunca foi a Buenos Aires? Já foi, quer ir de novo mas a crise global não permite? Seja qual for a sua opção, se tiver interesse em conhecer (ou relembrar) um pouco o ambiente portenho sem sair de São Paulo, vá ao Che Bárbaro. Localizado no "coração" da Vila Madalena (lembram desse post?), na R. Harmonia, o local abriu há menos de 1 mês e preza por duas características fortes: o excelente atendimento e os detalhes fiéis à capital do Tango.
Não tive a oportunidade de jantar no local, portanto não avaliei os pratos. Mas fiz questão de pedir uma empanada de carne (R$ 3,50), que estava incrivelmente semelhante a uma argentina. O dono do local, Alberto, recebe os convidados na porta. Não se deixe enganar pela primeira impressão. O Che (aliás, nome sugestivo para este blog em meio a tantas menções de Cuba, diga-se) é grande em profundidade e possui uma área no fundo temática da famosa "boca" argentina: paredes pintadas com as mesmas cores e falsas sacadas dão um ar nostálgico a quem já conheceu essa famosa - e turística - parte de Buenos Aires.
Se for, não deixe de pedir um vinho argentino ou - o que foi meu caso - uma legítima Quilmes, com direito a garrafa de 1,5 litro (R$ 14,00), como é normal por lá.
Serviço
Restobar Che Bárbaro
11 | 2691-7628
R. Harmonia, 277 - Vila Madalena
sábado, 13 de dezembro de 2008
Diários de Cocotaxi - Dois brasileiros em Cuba - Parte II
Acredite: essa foto foi tirada em troca de 3 xampus
Acredite: essa foto foi tirada em troca de 3 xampus
Havana: uma rica pobreza
Saímos de Varadero contaminados com o pior do capitalismo: o desperdício, o luxo totalmente desigual e abundância exagerada. Logicamente que lembrávamos o país onde estávamos, mas é fácil esquecer de questões sociais quando a média de piñas coladas ao dia era de 15 - eu disse a média.
Não demorou muito para o cenário mudar. E menos ainda para sacarmos nossas câmeras digitais - ou, no meu caso, o celular. Havana é um cartão postal 24h. Qualquer esquina possui um atrativo para fotógrafos - amadores ou profissionais. A cidade mescla um colorido vivo com um cinza pobre, tudo isso somado a um cenário tipicamente tropical. Salsa tocando o tempo todo, pessoas de chapéus panamá e palmeiras fazem você ter vontade de registrar tudo e dá a impressão de que você está dentro de um videogame. Mas é tudo real.
E a realidade do cubano não é fácil. Com um salário médio de 15 pesos, eles dependem do turismo para complementar suas rendas. Um quilo de carne custa 11 pesos, portanto, é possível imaginar o quanto eles admiram dinheiro vindo de visitantes. Até pouco tempo, moradores do país não podiam comprar microondas, DVDs ou itens secundários. A única maneira era os trazendo de fora. Porém, são poucos os que podem sair do país. Apenas médicos, artistas ou esportistas, além de pessoas ligadas ao governo, claro, podem viajar para fora de Cuba.
A saúde em Cuba é sempre motivo de orgulho no país. Junto com a educação, são dois benefícios gratuitos aos cidadãos. A mortalidade infantil é menor do que nos Estados Unidos. Mesmo assim, estima-se que atualmente 31 mil médicos de Cuba trabalhem fora do país. Em cuba, é possível conseguir agendar - e fazer - uma ressonância magnética em questão de minutos.
Fidel y El Che| A adoração ao "nuestro comandante" Fidel Castro é latente. Seja por meio de cartazes e placas ou ao conversar com a população mesmo. Um cubano diz, até com um certo orgulho, que ninguém sabe onde está Fidel. "Ele vive escondido por questões de segurança", explica. Segundo suas razões, Fidel já foi vítima de exatos 637 tentativas de homicídio por parte da CIA, órgão de segurança do governo dos Estados Unidos. "E estão todas documentadas", complementa.
Fidel não está sozinho na lista de heróis cubanos. Junto dele, José Martín também é bastante citado como um dos responsáveis pela revolução de 1959 que tirou Fulgêncio Batista do poder. Porém, os dois são superados de longe por um nome que tem imagem quase tão conhecida como Jesus Cristo: Ernesto Che Guevara.
"El" Che está presente em praticamente toda esquina de Havana. Quando não é seu famoso rosto acompanhado da boina e da estrela, são suas frases famosas ou cartões postais com fotos inusitadas, como o argentino (sim, Che nasceu na Argentina) fazendo a barba ou ocioso em um sofá. Nas eternas feiras de artesanato, ele é, de longe, o mais representado. A foto de Che está em camisetas, quadros, caixas de charutos, ímãs e onde mais imaginar - basta lembrar que, em 2007, Gisele Bündchen desfilou com o rosto do revolucionário em seu biquíni (um dos maiores antagonismos possíveis, aliás).
O maior rosto de Che em Cuba está no Instituto de Educação em Havana, na Praça da Revolução. Ele próprio costumava frequentar o prédio para estudar. Em sua homenagem, o imenso semblante famoso, seguido da frase "hasta la vitoria sempre". O tamanho impressiona, e também dá a noção exata do quanto esta pessoa de gestos questionáveis ganhou uma fama que ultrapassa facilmente o que ele representou em vida.
Quer distância dos heróis de Cuba pela TV? Esqueça.
A televisão de Cuba se resume a três canais. O canal oficial do estado e dois canais educacionais. Em ambos, não há intervalos comerciais com propagandas consumistas. Apenas mensagens de apoio ao governo e lembretes de que, em janeiro próximo, comemoram-se 50 anos "de la revolución".
"Chaves" o dia inteiro? | Assistir a TV em Havana é uma árdua tarefa. Durante boa parte do dia, desfiles e homenagens militares tomam espaço da programação. Os telejornais são um capítulo à parte: matérias sobre visitas e agenda do atual comandante do país, Raúl Castro, levam quase meia hora. As cenas do que ele fez no dia vão ao ar de forma bruta, quase sem edição. Discursos são exibidos quase na íntegra. Uma das cenas me chamou a atenção em especial: mostrava uma pequena garota, com não mais que 11 ou 12 anos, entregando uma carta dirigida à Fidel ao irmão Raúl. Ao passar a carta, apenas disse "espero que nosso comandante se recupere logo", caindo então em prantos. Chocante.
A TV que tínhamos no hotel, logicamente, possuía alguns outros canais com aspecto mais global. Um deles foi fenomenal: a TV Venezuela. Foi outro susto ver, de forma mais próxima, o que acontece com Hugo Chávez por lá. Não é difícil imaginar que ele pretende ser um novo Fidel. O canal possui mais intervalos do que programação. Neles, são exibidos clipes de músicas feitas especialmente para apoiar Chávez. Rock, salsa, bolero... É uma espécie de MTV comunista. Entre um solo de guitarra e outro, entravam trechos de discursos do presidente da Venezuela, em especial repetindo a frase "Uh ah, Chávez no se vá". Assustador e instigante ao mesmo tempo.
Quer saber mais? Aguarde outro post. O texto já está muito grande...
Não demorou muito para o cenário mudar. E menos ainda para sacarmos nossas câmeras digitais - ou, no meu caso, o celular. Havana é um cartão postal 24h. Qualquer esquina possui um atrativo para fotógrafos - amadores ou profissionais. A cidade mescla um colorido vivo com um cinza pobre, tudo isso somado a um cenário tipicamente tropical. Salsa tocando o tempo todo, pessoas de chapéus panamá e palmeiras fazem você ter vontade de registrar tudo e dá a impressão de que você está dentro de um videogame. Mas é tudo real.
E a realidade do cubano não é fácil. Com um salário médio de 15 pesos, eles dependem do turismo para complementar suas rendas. Um quilo de carne custa 11 pesos, portanto, é possível imaginar o quanto eles admiram dinheiro vindo de visitantes. Até pouco tempo, moradores do país não podiam comprar microondas, DVDs ou itens secundários. A única maneira era os trazendo de fora. Porém, são poucos os que podem sair do país. Apenas médicos, artistas ou esportistas, além de pessoas ligadas ao governo, claro, podem viajar para fora de Cuba.
A saúde em Cuba é sempre motivo de orgulho no país. Junto com a educação, são dois benefícios gratuitos aos cidadãos. A mortalidade infantil é menor do que nos Estados Unidos. Mesmo assim, estima-se que atualmente 31 mil médicos de Cuba trabalhem fora do país. Em cuba, é possível conseguir agendar - e fazer - uma ressonância magnética em questão de minutos.
Fidel y El Che| A adoração ao "nuestro comandante" Fidel Castro é latente. Seja por meio de cartazes e placas ou ao conversar com a população mesmo. Um cubano diz, até com um certo orgulho, que ninguém sabe onde está Fidel. "Ele vive escondido por questões de segurança", explica. Segundo suas razões, Fidel já foi vítima de exatos 637 tentativas de homicídio por parte da CIA, órgão de segurança do governo dos Estados Unidos. "E estão todas documentadas", complementa.
Fidel não está sozinho na lista de heróis cubanos. Junto dele, José Martín também é bastante citado como um dos responsáveis pela revolução de 1959 que tirou Fulgêncio Batista do poder. Porém, os dois são superados de longe por um nome que tem imagem quase tão conhecida como Jesus Cristo: Ernesto Che Guevara.
"El" Che está presente em praticamente toda esquina de Havana. Quando não é seu famoso rosto acompanhado da boina e da estrela, são suas frases famosas ou cartões postais com fotos inusitadas, como o argentino (sim, Che nasceu na Argentina) fazendo a barba ou ocioso em um sofá. Nas eternas feiras de artesanato, ele é, de longe, o mais representado. A foto de Che está em camisetas, quadros, caixas de charutos, ímãs e onde mais imaginar - basta lembrar que, em 2007, Gisele Bündchen desfilou com o rosto do revolucionário em seu biquíni (um dos maiores antagonismos possíveis, aliás).
O maior rosto de Che em Cuba está no Instituto de Educação em Havana, na Praça da Revolução. Ele próprio costumava frequentar o prédio para estudar. Em sua homenagem, o imenso semblante famoso, seguido da frase "hasta la vitoria sempre". O tamanho impressiona, e também dá a noção exata do quanto esta pessoa de gestos questionáveis ganhou uma fama que ultrapassa facilmente o que ele representou em vida.
Quer distância dos heróis de Cuba pela TV? Esqueça.
A televisão de Cuba se resume a três canais. O canal oficial do estado e dois canais educacionais. Em ambos, não há intervalos comerciais com propagandas consumistas. Apenas mensagens de apoio ao governo e lembretes de que, em janeiro próximo, comemoram-se 50 anos "de la revolución".
"Chaves" o dia inteiro? | Assistir a TV em Havana é uma árdua tarefa. Durante boa parte do dia, desfiles e homenagens militares tomam espaço da programação. Os telejornais são um capítulo à parte: matérias sobre visitas e agenda do atual comandante do país, Raúl Castro, levam quase meia hora. As cenas do que ele fez no dia vão ao ar de forma bruta, quase sem edição. Discursos são exibidos quase na íntegra. Uma das cenas me chamou a atenção em especial: mostrava uma pequena garota, com não mais que 11 ou 12 anos, entregando uma carta dirigida à Fidel ao irmão Raúl. Ao passar a carta, apenas disse "espero que nosso comandante se recupere logo", caindo então em prantos. Chocante.
A TV que tínhamos no hotel, logicamente, possuía alguns outros canais com aspecto mais global. Um deles foi fenomenal: a TV Venezuela. Foi outro susto ver, de forma mais próxima, o que acontece com Hugo Chávez por lá. Não é difícil imaginar que ele pretende ser um novo Fidel. O canal possui mais intervalos do que programação. Neles, são exibidos clipes de músicas feitas especialmente para apoiar Chávez. Rock, salsa, bolero... É uma espécie de MTV comunista. Entre um solo de guitarra e outro, entravam trechos de discursos do presidente da Venezuela, em especial repetindo a frase "Uh ah, Chávez no se vá". Assustador e instigante ao mesmo tempo.
Quer saber mais? Aguarde outro post. O texto já está muito grande...
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Diários de Cocotaxi - dois brasileiros em Cuba -Parte I
Não tente entender, apenas clique, amplie e aprecie: esta certamente foi a
foto mais bela tirada na viagem
Varadero: o capitalismo dentro do socialismo
Confesso que venho tentando, desde os momentos em que ainda estava em Havana, escolher uma palavra, ou ao menos uma frase curta, que definisse um pouco o que foi a viagem. Junto do amigo que foi comigo, criamos algumas teorias ao longo de nossa rápida jornada por Cuba. E as melhores definições que encontramos foram "surreal", "contrastante", ou ainda "uma aula de sociologia na prática". Porém, nenhuma conseguirá retratar de forma fiel (ou seria fidel?) o que sentimos por lá.
Cuba é o país dos contrastes. O país que mistura sensações opostas e discrepantes em questão de metros. Lugares onde a beleza é tão irrequieta, instigante e irritante quanto a miséria exposta. Um lugar parado no tempo, o mais próximo que alguém mais jovem pode chegar de viver nos anos 1950.
Capitalismo Selvagem | Após uma rápida passagem pelo já conhecido Panamá, nossa primeira parada foi em Varadero. Constantemente chamada de “a praia mais bonita do mundo”, Varadero fica na província de Matanzas, nome dado em razão da forma como os espanhóis chegaram ao local na época de sua descoberta - sim, os índios foram sendo mortos um a um. Isso é a primeira coisa que destaco em Cuba. Tudo, do período da colonização aos tempos atuais, gira em torno de guerra, sangue, conquistas bélicas e grandes batalhas. Os monumentos, as praças, o hino, a filosofia e, claro, a postura política do país.
O embargo dos EUA à Cuba é o segundo ponto a ser destacado. Não há Coca-Cola, há Tu Cola. Não existe Mc Donald's, há hambúrgueres comuns. O bloqueio é constantemente citado pelos cubanos, seja por meio de conversas com os locais ou por gigantescos outdoors e faixas que culpam os Estados Unidos pelo terrorismo. Curiosamente, a bandeira da terra de Tio Sam está no aeroporto, junto com as demais. A situação vivida por Cuba atualmente nos faz pensar até que ponto a culpa é exclusivamente do embargo, ou deles mesmo por se isolarem? Certamente não consegui a resposta em tão pouco tempo de viagem.
Varadero é o maior dos contrastes, por se tratar quase uma Disney cubana. É um paraíso capitalista hipócrita no meio de uma terra em clara queda. Os resorts no local usam o sistema "all inclusive" (tudo incluso), o que leva você a tornar-se, como dizíamos, um "porco capitalista" em poucos dias. Afinal, é tudo de graça, o dia inteiro. Nosso trabalho era, basicamente, ir do quarto para a praia ou para a piscina ricamente decorada com pontes. Sempre, claro, parando nos diversos bares para pegar uma bebida - piña colada, cuba libre, fondo del mar e daikiri estavam entre os mais consumidos, além é claro, do tradicional mojito. Na entrada do hotel, um enorme cartaz remonta o início de 1990, quando "nuestro comandante" Fidel Castro inaugurou o hotel. Por meio de Varadero, fica claro o investimento do país em turismo, uma das principais fontes de renda após o término da Guerra Fria.
Não há muito que dizer de Varadero e dos dias no resort. Além da constante exposição ao sol, as atividades recreativas de sempre. Torneios de pingue-pongue, aulas de salsa, campeonato de dardo (que ganhei), aulas de drink e baladas noturnas davam a nós a difícil missão de passar o tempo no Caribe. O sol se encarregou de nos dar a cor dourada que é quase impossível de não conseguir.
A oferta de bebidas era tamanha que em dado momento a piña colada tornou-se um veneno. Procurávamos uma bebida ou um prato diferente para tomar (ou comer) junto com as diversas cartelas de Engov que iam se esgotando aos poucos. Basicamente, passávamos os dias ligeiramente - ou excessivamente - bêbados.
Los Puros | Entre um passeio e outro, os cubanos (funcionários) sempre tentavam nos vender algo. Fosse o famoso rum cubano (añejo blanco do Havana Club) ou los puros (como são chamados os charutos por lá), tudo era oportunidade para vendas. "En mis manos, és más barato", diziam insistentemente. Para um cubano, qualquer chance de renda extra vale muito a pena, o que nos leva ao terceiro assunto, a situação financeira.
Os turistas em Cuba não podem usar o dinheiro do país, o peso cubano. Para os de fora, são passados os pesos convertibles, dinheiro que vale quase tanto quanto o euro. Portanto, quem espera gastar pouco, como em cidades como Buenos Aires ou Montevidéu, irá se frustrar. Um peso convertido vale 450 pesos cubanos. O salário médio, em Cuba, é de 10 pesos. Cartões de crédito raramente são aceitos - quando isso acontece, não podem ser emitidos por bancos americanos. Números como esse explicam por que eles ficam tão felizes ao receber 1 ou 2 pesos de turistas - um médico em Cuba recebe, normalmente, 15 pesos.
A pobreza da população vai além da necessidade de dinheiro. O regime usado por Fidel Castro só dá algo quando extremamente necessário. Não há abastados em Cuba – ou no socialismo. Logo, os itens mais pedidos pela população são os de higiene. Isso mesmo. Munido dessa informação antes de embarcar, levei comigo dezenas de xampus de hotel, daqueles pequenos, recolhidos em viagens anteriores e jamais usados. Se eles gostaram? Basta dizer que voltei sem nenhum. "Hoy voy a bañarme", me disse um dos presenteados. Foi emocionante.
Com a missão de descansar e desconectar do mundo completa, dois bronzeados brasileiros foram à Havana para os últimos três dias antes do retorno a São Paulo. E foram os três dias mais intensos da viagem.
Mas isso fica para outro post. Aguardem por mais textos e fotos.
Confesso que venho tentando, desde os momentos em que ainda estava em Havana, escolher uma palavra, ou ao menos uma frase curta, que definisse um pouco o que foi a viagem. Junto do amigo que foi comigo, criamos algumas teorias ao longo de nossa rápida jornada por Cuba. E as melhores definições que encontramos foram "surreal", "contrastante", ou ainda "uma aula de sociologia na prática". Porém, nenhuma conseguirá retratar de forma fiel (ou seria fidel?) o que sentimos por lá.
Cuba é o país dos contrastes. O país que mistura sensações opostas e discrepantes em questão de metros. Lugares onde a beleza é tão irrequieta, instigante e irritante quanto a miséria exposta. Um lugar parado no tempo, o mais próximo que alguém mais jovem pode chegar de viver nos anos 1950.
Capitalismo Selvagem | Após uma rápida passagem pelo já conhecido Panamá, nossa primeira parada foi em Varadero. Constantemente chamada de “a praia mais bonita do mundo”, Varadero fica na província de Matanzas, nome dado em razão da forma como os espanhóis chegaram ao local na época de sua descoberta - sim, os índios foram sendo mortos um a um. Isso é a primeira coisa que destaco em Cuba. Tudo, do período da colonização aos tempos atuais, gira em torno de guerra, sangue, conquistas bélicas e grandes batalhas. Os monumentos, as praças, o hino, a filosofia e, claro, a postura política do país.
Varadero, no entanto, esconde tudo isso muito bem, de uma forma quase americana. Essa região do país é simplesmente fechada para cubanos. Sim, um cubano não pode ir a Varadero (assim como não pode sair do país), a não ser que trabalhe ali. No local, dezenas de resorts recebem os abastados turistas de diversas partes do mundo. Durante meus cinco dias no Sol Palmeiras, conheci pessoas da Rússia, Argentina, Brasil, França, Alemanha, Canadá, Portugal, México e Espanha, entre outros. Só não havia, claro, originários dos Estados Unidos, que vale lembrar, são proibidos de ir à Cuba.
O embargo dos EUA à Cuba é o segundo ponto a ser destacado. Não há Coca-Cola, há Tu Cola. Não existe Mc Donald's, há hambúrgueres comuns. O bloqueio é constantemente citado pelos cubanos, seja por meio de conversas com os locais ou por gigantescos outdoors e faixas que culpam os Estados Unidos pelo terrorismo. Curiosamente, a bandeira da terra de Tio Sam está no aeroporto, junto com as demais. A situação vivida por Cuba atualmente nos faz pensar até que ponto a culpa é exclusivamente do embargo, ou deles mesmo por se isolarem? Certamente não consegui a resposta em tão pouco tempo de viagem.
Varadero é o maior dos contrastes, por se tratar quase uma Disney cubana. É um paraíso capitalista hipócrita no meio de uma terra em clara queda. Os resorts no local usam o sistema "all inclusive" (tudo incluso), o que leva você a tornar-se, como dizíamos, um "porco capitalista" em poucos dias. Afinal, é tudo de graça, o dia inteiro. Nosso trabalho era, basicamente, ir do quarto para a praia ou para a piscina ricamente decorada com pontes. Sempre, claro, parando nos diversos bares para pegar uma bebida - piña colada, cuba libre, fondo del mar e daikiri estavam entre os mais consumidos, além é claro, do tradicional mojito. Na entrada do hotel, um enorme cartaz remonta o início de 1990, quando "nuestro comandante" Fidel Castro inaugurou o hotel. Por meio de Varadero, fica claro o investimento do país em turismo, uma das principais fontes de renda após o término da Guerra Fria.
Não há muito que dizer de Varadero e dos dias no resort. Além da constante exposição ao sol, as atividades recreativas de sempre. Torneios de pingue-pongue, aulas de salsa, campeonato de dardo (que ganhei), aulas de drink e baladas noturnas davam a nós a difícil missão de passar o tempo no Caribe. O sol se encarregou de nos dar a cor dourada que é quase impossível de não conseguir.
A oferta de bebidas era tamanha que em dado momento a piña colada tornou-se um veneno. Procurávamos uma bebida ou um prato diferente para tomar (ou comer) junto com as diversas cartelas de Engov que iam se esgotando aos poucos. Basicamente, passávamos os dias ligeiramente - ou excessivamente - bêbados.
Los Puros | Entre um passeio e outro, os cubanos (funcionários) sempre tentavam nos vender algo. Fosse o famoso rum cubano (añejo blanco do Havana Club) ou los puros (como são chamados os charutos por lá), tudo era oportunidade para vendas. "En mis manos, és más barato", diziam insistentemente. Para um cubano, qualquer chance de renda extra vale muito a pena, o que nos leva ao terceiro assunto, a situação financeira.
Os turistas em Cuba não podem usar o dinheiro do país, o peso cubano. Para os de fora, são passados os pesos convertibles, dinheiro que vale quase tanto quanto o euro. Portanto, quem espera gastar pouco, como em cidades como Buenos Aires ou Montevidéu, irá se frustrar. Um peso convertido vale 450 pesos cubanos. O salário médio, em Cuba, é de 10 pesos. Cartões de crédito raramente são aceitos - quando isso acontece, não podem ser emitidos por bancos americanos. Números como esse explicam por que eles ficam tão felizes ao receber 1 ou 2 pesos de turistas - um médico em Cuba recebe, normalmente, 15 pesos.
A pobreza da população vai além da necessidade de dinheiro. O regime usado por Fidel Castro só dá algo quando extremamente necessário. Não há abastados em Cuba – ou no socialismo. Logo, os itens mais pedidos pela população são os de higiene. Isso mesmo. Munido dessa informação antes de embarcar, levei comigo dezenas de xampus de hotel, daqueles pequenos, recolhidos em viagens anteriores e jamais usados. Se eles gostaram? Basta dizer que voltei sem nenhum. "Hoy voy a bañarme", me disse um dos presenteados. Foi emocionante.
Com a missão de descansar e desconectar do mundo completa, dois bronzeados brasileiros foram à Havana para os últimos três dias antes do retorno a São Paulo. E foram os três dias mais intensos da viagem.
Mas isso fica para outro post. Aguardem por mais textos e fotos.
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
De volta de Cuba
As coisas estão corridas, por isso deixo aqui apenas um post rápido após as férias antes de algo mais detalhado. Férias que, aliás, não foram somente em Varadero, mas também em Havana, ou La Habana, capital da terra de Fidel Castro.
Foi a viagem da diversidade. Formada de tantos adjetivos contrastantes que realmente não sei por onde começar. Por enquanto, seguem algumas fotos, e já aviso aos leitores que saberão muito de Cuba pelos próximos posts.
Foi a viagem da diversidade. Formada de tantos adjetivos contrastantes que realmente não sei por onde começar. Por enquanto, seguem algumas fotos, e já aviso aos leitores que saberão muito de Cuba pelos próximos posts.
domingo, 30 de novembro de 2008
A foto que prometi
Olhem uma das "bandas" do Nokia Trends (clique para ampliar). Conseguem ver o que está no palco? Quatro notebooks (três brancos, um preto)! Desculpem o saudosismo, mas o que houve com uma boa guitarra, violão, vozes, piano?
A tecnologia que nos facilita a vida também nos destrói...
A tecnologia que nos facilita a vida também nos destrói...
Segue a tradição - Nokia Trends 2008
(ou "meu primeiro post bêbado")
Assim como no ano passado, escrevo diretamente da sala de imprensa do Nokia Trends. Dessa vez, porém, ligeiramente alterado no que diz respeito ao estado alcóolico. Provavelmente, é a primeira vez que escrevo um post neste blog enquanto bêbado. Irei me arrepender do que aqui está escrito? Só saberei na manhã seguinte.
Amanhã, aliás, postarei uma foto muito interessante tirada aqui no evento. Evento que, aliás, continua como no ano passado. O famoso "barulho" eletrônico permanece. Mas tudo bem, já esperava isso. O importante é que as bebidas seguem inclusas, o que ajuda a aguentar o som.
No mais, esse post termina por aqui, declinando consideravelmente a qualidade dos últimos textos, não é mesmo (hic)?
(ou "meu primeiro post bêbado")
Assim como no ano passado, escrevo diretamente da sala de imprensa do Nokia Trends. Dessa vez, porém, ligeiramente alterado no que diz respeito ao estado alcóolico. Provavelmente, é a primeira vez que escrevo um post neste blog enquanto bêbado. Irei me arrepender do que aqui está escrito? Só saberei na manhã seguinte.
Amanhã, aliás, postarei uma foto muito interessante tirada aqui no evento. Evento que, aliás, continua como no ano passado. O famoso "barulho" eletrônico permanece. Mas tudo bem, já esperava isso. O importante é que as bebidas seguem inclusas, o que ajuda a aguentar o som.
No mais, esse post termina por aqui, declinando consideravelmente a qualidade dos últimos textos, não é mesmo (hic)?
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Play it, James
Fica difícil descrever o turbilhão de emoções em torno do show de James Burton ontem. Mesmo assim tentarei, certo de que minhas palavras jamais chegarão sequer perto do que passei.
Nasci após a morte de Elvis. Sendo assim, já tornou-se impossível ir a um show dele. Tive que me contentar com shows gravados ao vivo e itens similares. Em muitos desses shows, era comum a expressão de Elvis Play it, James, (toque, James) quando o seu guitarrista principal estava pra fazer um solo.
Na noite de ontem tive a oportunidade de ver como eram esse solos de perto. Muito perto. O show de James foi destaque, primeiramente, pela localização. Meu irmão conseguiu a melhor mesa do local. A mesa que todos invejavam, a mesa que barões do café e reis do gado gostariam de estar - mas não estavam. Claro que, para nos acompanhar nessa missão, estava um bom litro de Jim Beam.
Nossa posição era simplesmente a mais próxima do guitarrista. Isso tornou fácil a missão de conseguir dezenas de fotos e vídeos, e em alguns momentos até conversar com ele ou ouvir os demais membros da banda se esforçando para seguir os compassos do astro. Fato era: ali estava o homem que, por tantos anos, correu os Estados Unidos ao lado de Elvis e dos demais membros da banda. Bem mais velho, claro, mas still rocking! Levei algumas músicas para me dar conta do quanto aquilo representou pra mim e do privilégio que era ouvir, de tão perto, o homem que acompanhou o Rei do Rock.
Segundo motivo? As músicas. Confesso que imaginava sair de lá um pouco desapontado. Esperava que Burton tocasse apenas os clássicos mais manjados de Presley, como Hound Dog e Blue Suede Shoes. No entanto, vimos algo mesclado entre poucos clássicos e alguns lados B. Vimos um James Burton extremamente humilde, muito tranquilo no palco, claramente se divertindo, fazendo um som espetacular em meio àquele universo de costeletas dos fãs de Elvis.
Algumas das músicas tocadas na noite foram:
- Got a lot livin' to Do
- Blueberry Hill / I Can't Stop Loving You
- Little Sister
- Don't Be Cruel
- Baby, what you want me to do?
- Whole lotta Shakin' Goin' On
- Polk Salad Annie (excerpt)
- Johnny B. Goode
- Suzie Q
- Pretty Woman (excerpt)
- There Goes my Baby
- Walk a Mile in my Shoes
- The Wonder of You
Destaque também para a banda, que acompanhou Burton com maestria e tocou muito.
O terceiro fato especial da noite veio pela emoção de um ocorrido em particular. Não gosto de revelar aqui lances muito pessoais, mas não posso deixar de registrar isto. Meu irmão, desde o começo do show, pedia por uma palheta de James Burton. "James, could you give me a pick?", dizia. "Maybe later" (talvez mais tarde), respondeu o guitarrista.
A essa altura - alcóolica inclusive -, somente o fato de James Burton ter trocado uma frase com ele já era suficiente, mas o caso foi além. Duas ou três músicas depois, meu irmão insistiu: "James, don't forget my pick!" (James, não esqueça minha palheta!). E não é que o o músico nascido em Louisianna sacou da palheta que estava usando e a jogou para meu irmão?
Tal fato já teria sido único, não fosse o adendo do meu irmão ter me dado a palheta segundos depois. Palheta que, agora, está aqui na minha frente e certamente será enquadrada em um futuro breve. Obrigado, irmão!
No improviso | Como se isso já não fosse suficiente, J.B. (como o próprio Elvis o chamava) ainda nos foi mais atencioso. Entre um intervalo de uma música e outra, pedi a ele (sim, era possível falar com o sujeito) que tocasse Polk Salad Annie, o clássico de Elvis roubado de Tony Joe White e já citado aqui. Burton queria tocar, mas a banda que o acompanhava não sabia. Ainda assim, insisti, em inglês, pedindo que ele apenas tocasse a introdução tão famosa da música.
E não é que ele tocou?! A platéia veio abaixo quando ele começou o riff central de Polk Salad. Não só a platéia, diga-se, mas também a banda, que claramente não sabia tocar aquela música e não conseguiu acompanhar o guitarrista. Acompanhado de um pequeno grupo de fãs, cantamos a música no gogó, ao som da Fender de James Burton. A música não durou mais que 20 segundos, claro, mas foi o suficiente para nos deixar sem voz, causar aplausos estrondosos e entrar para o YouTube, como podem ver abaixo (o vídeo acaba subitamente já que a bateria do celular morreu na hora).
No fim, James jogou a segunda palheta que estava usando. E quem a pegou? Meu irmão!... Agora, para evitar polêmicas, cada um tem sua própria palheta.
No fim, James jogou a segunda palheta que estava usando. E quem a pegou? Meu irmão!... Agora, para evitar polêmicas, cada um tem sua própria palheta.
Se não será jamais possível ir a um show de Presley, esse foi o mais próximo que consegui. E valeu cada acorde, cada centavo e foto tirada. Play it, James...always!
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Natal sem Simone: a análise de
Elvis Presley Christmas Duets
Elvis Presley Christmas Duets
Wynonna Judd, uma das vozes ao lado de Elvis: "As pessoas sempre me
perguntam com quem eu mais gostaria de cantar junto. Minha resposta sempre foi 'Elvis'...claro"
Um dia após o post sobre o disco do Elvis, o álbum chegou em casa pelo correio. Portanto, aproveito o assunto para deixar aqui uma análise mais detalhada do álbum - que, aliás, saiu US$ 17.00, já com fretes e taxas de entrega pela Amazon.com.
Ouvi ontem no caminho de casa. A primeira impressão foi um ligeiro desapontamento. Em sua maioria, os duetos davam a impressão de over. Afinal, se as músicas com Elvis já soavam fantásticas, por que deveriam adicionar uma outra voz ali? Então - detalhe crucial - esqueci que eu sou um fã. E, como fã, ficaria incomodado com alguém "mexendo" nas músicas do meu cantor favorito. Isto resolvido, deixei de lado meus preconceitos e ouvi o disco de novo.
Para quem não quer ler o texto até o fim, eis o resumo: chega de Natal com Simone!! Surge, enfim, um novo álbum festivo, excelente e com motivos de sobra para encerrar a era "então é Natal", um período negro em que a cantora baiana rompeu todas as barreiras do bom senso e tentou transformar o período mais alegre do ano em uma agrura musical constante com tendências suicidas.
Meu maior dilema para apreciar e entender o álbum de Presley foi: como fazer um dueto póstumo em músicas que já possuem diversos backing vocals? O caso não foi bem resolvido em algumas faixas. É o caso do hino americano do Natal, O Come All Ye Faithful, com Olivia Newton-John (sim, a mesma de Grease). A música em si já possui tantas vozes do coral que a participação de Olivia fica confusa na música. Ela parece jogada no meio de um grupo de cantores e pouco consegue se destacar.
Felizmente, ela foi uma exceção no tracklist.
O primeiro atrativo que chama a atenção em Elvis Presley Christmas Duets é o retrabalho das canções. Todas foram refeitas, restando em alguns casos somente a voz de Elvis. Novos pianos, baterias, violinos e arranjos de fundo dão uma nova e fresca roupagem para canções já um pouco surradas. É o caso da belíssima I'll Be Home For Christmas, um clássico que ganhou tons de Sinatra com um piano mais sensual e direito a um solo.
Silent Night, a versão gringa da nossa Noite Feliz, é um bom exemplo de como este CD vai ficando melhor a cada reprodução. Não gostei na primeira vez. Melhorou na segunda. E foi paixão a partir da terceira vez. Não conheço a Sara Evans (que divide a canção com Presley), mas sei que ela fez um trabalho incrível ali como segunda voz para o Rei do Rock. O mesmo em White Christmas, outro clássico, desta vez ao lado de Amy Grant. O nervoso blues Merry Christmas, Baby ganha uma longa versão de 8 minutos - a gravadora decidiu usar o take completo de Elvis em vez do editado e mais comuns nos últimos CDs de Natal.
O destaque entre os duetos, certamente, fica para Santa Claus is Back in Town, outro blues, com Wynonna Judd. A voz rouca e grave da cantora casou perfeitamente com este sucesso gravado em 1957, mas que nunca soou tão atual. Com novos instrumentos e batidas, a qualidade de som é tão cristalina que você chega a ouvir a retomada de fôlego de Presley entre um verso e outro.
Faixas bônus | O CD inteiro é composto de 13 faixas, sendo 10 delas com parcerias, sempre com cantoras do universo country. As três restantes entram como extras e permanecem só com Elvis, mas também com novos e surpreendentes arranjos. Destaque para The First Noel, que sempre teve magnitude para ser profunda e apaixonante, mas nunca convenceu. Agora, Presley e seu coral ganham cordas que entram na sua alma conseguem arrepiar o ouvinte até o verso final. Essa vale aumentar.
De uma forma geral, o CD compensa o investimento, tanto para especializados em Elvis ou não. Vale a compra, importante dizer, não só pelos duetos, mas muito também pelos arranjos e qualidade de som aprimorados que modernizaram as canções.
E atenção: prepare-se, quando (e se) ouvir, para lágrimas. Na noite do dia 24, será fácil cair aos prantos ouvindo certas faixas este CD. Ou então, volte para a Simone... e nunca me convide para sua festa de Natal.
Ouvi ontem no caminho de casa. A primeira impressão foi um ligeiro desapontamento. Em sua maioria, os duetos davam a impressão de over. Afinal, se as músicas com Elvis já soavam fantásticas, por que deveriam adicionar uma outra voz ali? Então - detalhe crucial - esqueci que eu sou um fã. E, como fã, ficaria incomodado com alguém "mexendo" nas músicas do meu cantor favorito. Isto resolvido, deixei de lado meus preconceitos e ouvi o disco de novo.
Para quem não quer ler o texto até o fim, eis o resumo: chega de Natal com Simone!! Surge, enfim, um novo álbum festivo, excelente e com motivos de sobra para encerrar a era "então é Natal", um período negro em que a cantora baiana rompeu todas as barreiras do bom senso e tentou transformar o período mais alegre do ano em uma agrura musical constante com tendências suicidas.
Meu maior dilema para apreciar e entender o álbum de Presley foi: como fazer um dueto póstumo em músicas que já possuem diversos backing vocals? O caso não foi bem resolvido em algumas faixas. É o caso do hino americano do Natal, O Come All Ye Faithful, com Olivia Newton-John (sim, a mesma de Grease). A música em si já possui tantas vozes do coral que a participação de Olivia fica confusa na música. Ela parece jogada no meio de um grupo de cantores e pouco consegue se destacar.
Felizmente, ela foi uma exceção no tracklist.
O primeiro atrativo que chama a atenção em Elvis Presley Christmas Duets é o retrabalho das canções. Todas foram refeitas, restando em alguns casos somente a voz de Elvis. Novos pianos, baterias, violinos e arranjos de fundo dão uma nova e fresca roupagem para canções já um pouco surradas. É o caso da belíssima I'll Be Home For Christmas, um clássico que ganhou tons de Sinatra com um piano mais sensual e direito a um solo.
Silent Night, a versão gringa da nossa Noite Feliz, é um bom exemplo de como este CD vai ficando melhor a cada reprodução. Não gostei na primeira vez. Melhorou na segunda. E foi paixão a partir da terceira vez. Não conheço a Sara Evans (que divide a canção com Presley), mas sei que ela fez um trabalho incrível ali como segunda voz para o Rei do Rock. O mesmo em White Christmas, outro clássico, desta vez ao lado de Amy Grant. O nervoso blues Merry Christmas, Baby ganha uma longa versão de 8 minutos - a gravadora decidiu usar o take completo de Elvis em vez do editado e mais comuns nos últimos CDs de Natal.
O destaque entre os duetos, certamente, fica para Santa Claus is Back in Town, outro blues, com Wynonna Judd. A voz rouca e grave da cantora casou perfeitamente com este sucesso gravado em 1957, mas que nunca soou tão atual. Com novos instrumentos e batidas, a qualidade de som é tão cristalina que você chega a ouvir a retomada de fôlego de Presley entre um verso e outro.
Faixas bônus | O CD inteiro é composto de 13 faixas, sendo 10 delas com parcerias, sempre com cantoras do universo country. As três restantes entram como extras e permanecem só com Elvis, mas também com novos e surpreendentes arranjos. Destaque para The First Noel, que sempre teve magnitude para ser profunda e apaixonante, mas nunca convenceu. Agora, Presley e seu coral ganham cordas que entram na sua alma conseguem arrepiar o ouvinte até o verso final. Essa vale aumentar.
De uma forma geral, o CD compensa o investimento, tanto para especializados em Elvis ou não. Vale a compra, importante dizer, não só pelos duetos, mas muito também pelos arranjos e qualidade de som aprimorados que modernizaram as canções.
E atenção: prepare-se, quando (e se) ouvir, para lágrimas. Na noite do dia 24, será fácil cair aos prantos ouvindo certas faixas este CD. Ou então, volte para a Simone... e nunca me convide para sua festa de Natal.
domingo, 23 de novembro de 2008
Marketing natalino
Elvis Presley adorava o Natal. Todo fim de ano, Graceland era decorada de forma rica e alegre. Talvez por isso (e também para faturar algum), todo ano surge algum "novo" disco do cantor de Natal. Nova, claro, só a roupagem. Pois as músicas sempre serão as mesmas, alternando apenas a temática.
Para este ano, porém, surgiu algo diferente. Chega para o Natal (não sei se disponível no Brasil ainda) o álbum "Elvis Christmas Duets", o primeiro de duetos do cantor. Foram escolhidos alguns nomes do universo country feminino para dividir os clássicos natalinos de Presley - entre eles, Leann Rimes, a mesma que está no excelente álbum (já citado aqui) de Bon Jovi, Lost Highway.
Confesso que fiquei decepcionado com a ausência de Norah Jones. Ok, ela não é country do ponto de vista comercial, mas tem uma vertente muito interessante para o gênero e possui uma gravação incrível de "Are You Lonesome Tonight?" (escute aqui). Os demais nomes também não são conhecidos do grande público - ou então, eu preciso ouvir mais música country.
Para promover o disco, a gravadora do Rei do Rock fez algo parecido com o que rolou na final de um dos milhares de "American Idol" dos EUA há alguns meses. Você lembram quando Celine Dion dividiu o palco com Elvis para cantar "If I Can Dream", dando a total impressão de que ele estava no palco ao lado dela? Aquilo foi tão assustador como emocionante.
Pois então vejam isso e fiquem estupefatos com o que a tecnologia pode fazer (caso não consigam ver o vídeo abaixo, cliquem aqui).
Para este ano, porém, surgiu algo diferente. Chega para o Natal (não sei se disponível no Brasil ainda) o álbum "Elvis Christmas Duets", o primeiro de duetos do cantor. Foram escolhidos alguns nomes do universo country feminino para dividir os clássicos natalinos de Presley - entre eles, Leann Rimes, a mesma que está no excelente álbum (já citado aqui) de Bon Jovi, Lost Highway.
Confesso que fiquei decepcionado com a ausência de Norah Jones. Ok, ela não é country do ponto de vista comercial, mas tem uma vertente muito interessante para o gênero e possui uma gravação incrível de "Are You Lonesome Tonight?" (escute aqui). Os demais nomes também não são conhecidos do grande público - ou então, eu preciso ouvir mais música country.
Para promover o disco, a gravadora do Rei do Rock fez algo parecido com o que rolou na final de um dos milhares de "American Idol" dos EUA há alguns meses. Você lembram quando Celine Dion dividiu o palco com Elvis para cantar "If I Can Dream", dando a total impressão de que ele estava no palco ao lado dela? Aquilo foi tão assustador como emocionante.
Pois então vejam isso e fiquem estupefatos com o que a tecnologia pode fazer (caso não consigam ver o vídeo abaixo, cliquem aqui).
Como Rachel Melamet me ajudou no inicio da carreira
Fiquei sabendo, há menos de um mês, que faleceu no dia 10 de junho deste ano a repórter Rachel Melamet. Aos 53 anos, ela trabalhava como repórter freela para o Diário do Comércio há algum tempo, depois de passar por diversas redações importantes.
Este é o primeiro caso, desde que comecei a trabalhar, em 2000, que alguém próximo faleceu. Rachel e eu nunca fomos amigos, mas nossas ocasionais conversas telefônicas sempre duravam vários minutos. Rachel me abriu as portas para o mundo do RP, e foi meu primeiro grande case.
No início de 2004, menos de um mês após ser efetivado, tinha como pressão conseguir matérias para meu primeiro cliente "de verdade": Check Point Technologies. Empresa de assunto árido e difícil mensuração. Líder mundial em segurança de Internet, a Check Point vende VPNs, firewalls, gateways e outros produtos e serviços com nomes tão ou mais complicados que esses.
Pois foi Rachel Melamet quem entrevistou o porta-voz que chegara ao Brasil (Bob Booth) e deu uma "senhora" matéria no Diário do Comércio, com 1/4 de página de direito até a foto do produto (algo que mais parecia uma insólita caixa de plástico).
Ao longo dos anos, Rachel sempre estava lá para salvar a pátria. Ela fez matérias para Sony Ericsson, Iomega, FedEx e foi a diversos eventos de outros clientes que tive.
Deixo aqui meu agradecimento a Rachel e meus sentimentos à família.
Este é o primeiro caso, desde que comecei a trabalhar, em 2000, que alguém próximo faleceu. Rachel e eu nunca fomos amigos, mas nossas ocasionais conversas telefônicas sempre duravam vários minutos. Rachel me abriu as portas para o mundo do RP, e foi meu primeiro grande case.
No início de 2004, menos de um mês após ser efetivado, tinha como pressão conseguir matérias para meu primeiro cliente "de verdade": Check Point Technologies. Empresa de assunto árido e difícil mensuração. Líder mundial em segurança de Internet, a Check Point vende VPNs, firewalls, gateways e outros produtos e serviços com nomes tão ou mais complicados que esses.
Pois foi Rachel Melamet quem entrevistou o porta-voz que chegara ao Brasil (Bob Booth) e deu uma "senhora" matéria no Diário do Comércio, com 1/4 de página de direito até a foto do produto (algo que mais parecia uma insólita caixa de plástico).
Ao longo dos anos, Rachel sempre estava lá para salvar a pátria. Ela fez matérias para Sony Ericsson, Iomega, FedEx e foi a diversos eventos de outros clientes que tive.
Deixo aqui meu agradecimento a Rachel e meus sentimentos à família.
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Piquet X Senna - começou!
No período de parada da Fórmula 1, os destaques ficam por conta dos testes, sejam para adequar os carros à nova temporada, sejam para avaliar novos pilotos. Eis os resultados dos testes que terminaram hoje, no circuito espanhol de Montmeló.
1º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull), 1min19s295 (75 voltas)
2º. Sébastien Bourdais (FRA/Toro Rosso), 1min19s839 (122)
3º. Sébastien Buemi (SUI/Toro Rosso), 1min20s154 (115)
4º. Gary Paffett (ING/McLaren), 1min21s140 (81)
5º. Jenson Button (ING/Honda), 1min21s387 (94)
6º. Christian Klien (AUT/BMW), 1min21s534 (88)
7º. Nick Heidfeld (ALE/BMW), 1min21s592 (106)
8º. Bruno Senna (BRA/Honda), 1min21s676 (107)
9º. Nelsinho Piquet (BRA/Renault), 1min22s148 (94)
10º. Nico Hulkenberg (ALE/Williams), 1min22s410 (52)
11º. Luca Badoer (ITA/Ferrari), 1min22s866 (120)
12º. Giancarlo Fisichella (ITA/Force India), 1min23s086 (93)
13º. Pedro de la Rosa (ESP/Force India), 1min23s103 (88)
Algo chamou a atenção, além dos três sebastiões na frente, como mencionou Fabio Seixas? Sim. Repare bem nas posições de oitavo e nono. Pois é, pela primeira vez desde a Austrália, em 1991, um Piquet e um Senna dividiram a mesma pista. Bruno, ainda em testes pela Honda para saber se será titular em 2009, ficou à frente de Nelsinho, titular da Renault há um ano.
Será que os sennistas já começarão a provocar os piquetistas?
Será que os sennistas já começarão a provocar os piquetistas?
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Dica cultural - James Burton no Brasil
Gente, fica aqui uma rápida dica cultural (que interessa muito a mim). James Burton, o guitarrista de Elvis de 1969 até sua morte, em 1977, estará no Brasil para um show. Burton esteve em todos os esgotantes shows de Presley durante sua fase final e, junto de Ronnie Tut e demais membros da banda que ficou conhecida como "TCB Band", reinventou o som do Rei do Rock e o colocou de novo na vanguarda da música da época.
É da época de James Burton como lead guitar músicas como "Burning Love", "Suspicious Minds" (ao vivo), "The Wonder of You", além de versões muito bem repaginadas de "Hound Dog" em blues e do soul sulista "Polk Salad Annie" que já citei aqui no post de Tony Joe White.
Fica aqui o registro rápido (até porque certamente irei escrever mais sobre isso depois do show). Quem quiser me encontrar, estarei lá (na mesa da frente)!
Serviço
James Burton no Brasil
27/11 às 22h
Bourbon Street
R$ 65,00
E, para os que estão em dúvida, deixo aqui um pouco do que era Burton ao lado de Presley. Eis a citada versão de "Hound Dog" em blues, gravada no Madison Square Garden, em 1972. Note como a guitarra estridente (além da bateria, devo dizer) faz toda a diferença na música.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Seis pras Dez
Não quero o sorriso mais belo
Quero o sorriso mais belo pra mim
Não quero o concreto, nem o certo
Quero o questionável que exale
No que vale de verdade
Neste vale de ilusões
Não quero arebatadoras as paixões
Quero versos quebrados de emoção
Feitos no improviso e sem razão
Feitos sem a mínima destreza
Com cor de quem muito mais almeja
Ir além da sobremesa
Quero um olhar de longa declaração
Não busco a beleza incandescente
Busco apenas mais uma ausente
A pena pra um austero
Mais que estreita, mas que seja assim
Sem culpa, apenas e tão somente
Sem desfeita, sem matriz
Só sentidos, imperfeita
Como eu há muito sempre quis
Não quero alguém com notas dez
Quero alguém da minha laia
Quero asteca, inca e mais
Mais, saiba crescer com orgulho da tez
Quero maia, quero cultura
Mas não quero biblioteca
Quero bar e soneca. Lareira, pão e lar
Salada, sorriso, luau e violão de madeira
Amizade sem agrura, união sem sepultura
Seco surrado, quero úmido
Quero vívido e volátil
Quero Paul Gerárdy
Pra viver o que não vivi
Saber de searas sem senões
Apenas espelhos d'alma e canções
Uma esperança mais retrátil
Um retrato três por quatro
Um punhado de salgadas, fato:
São as lágrimas de quem sorri.
Não quero o sorriso mais belo
Quero o sorriso mais belo pra mim
Não quero o concreto, nem o certo
Quero o questionável que exale
No que vale de verdade
Neste vale de ilusões
Não quero arebatadoras as paixões
Quero versos quebrados de emoção
Feitos no improviso e sem razão
Feitos sem a mínima destreza
Com cor de quem muito mais almeja
Ir além da sobremesa
Quero um olhar de longa declaração
Não busco a beleza incandescente
Busco apenas mais uma ausente
A pena pra um austero
Mais que estreita, mas que seja assim
Sem culpa, apenas e tão somente
Sem desfeita, sem matriz
Só sentidos, imperfeita
Como eu há muito sempre quis
Não quero alguém com notas dez
Quero alguém da minha laia
Quero asteca, inca e mais
Mais, saiba crescer com orgulho da tez
Quero maia, quero cultura
Mas não quero biblioteca
Quero bar e soneca. Lareira, pão e lar
Salada, sorriso, luau e violão de madeira
Amizade sem agrura, união sem sepultura
Seco surrado, quero úmido
Quero vívido e volátil
Quero Paul Gerárdy
Pra viver o que não vivi
Saber de searas sem senões
Apenas espelhos d'alma e canções
Uma esperança mais retrátil
Um retrato três por quatro
Um punhado de salgadas, fato:
São as lágrimas de quem sorri.
domingo, 16 de novembro de 2008
Marcos e Joaninha
Pela segunda vez no ano, fui padrinho de um casamento. Fica aqui, portanto, o registro da foto do casal no bolo, como feito no anterior (note que, em ambos os casórios, os noivos saem com seus respectivos times de coração por baixo do terno. A diferença sutil só está na posição dos times na tabela :-).
Marcos Carvalho é uma figura e tanto na minha vida. O conheci nos tempos de Jeffrey. Não estou mais lá, mas como já disse pra ele uma vez, a amizade ultrapassou os limites da empresa há muito tempo. E a Joaninha, uma querida que com certeza cuidará muito bem do maridão.
Foi uma noite agradabilíssima, em que estive sempre bem acompanhado, do começo ao fim o evento.
Marcos Carvalho é uma figura e tanto na minha vida. O conheci nos tempos de Jeffrey. Não estou mais lá, mas como já disse pra ele uma vez, a amizade ultrapassou os limites da empresa há muito tempo. E a Joaninha, uma querida que com certeza cuidará muito bem do maridão.
Foi uma noite agradabilíssima, em que estive sempre bem acompanhado, do começo ao fim o evento.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Três séries de Quinze - O dia em que fui jogado na academia
Quem me conhece, sabe. Até já fiz alguns exercícios. Era de correr na infância, joguei muito futebol na adolescência, corri de kart provavelmente umas 50 vezes na vida, mas ultimamente, o sedentarismo anda forte. Meus exercícios se limitam a parcas voltas na praça do lado de casa e esporádicas caminhadas com a cachorra. Minha ainda esbelta forma só se deve a uma afortunada condição genética e alguns sacrifícios durante a semana.
Não procuro por exercícios. Admito que cheguei ao fundo do poço do ócio físico - e estou bem assim.
Não obstante, fui "raptado" por dois amigos-da-onça na última noite de segunda-feira. O objetivo: fazer com que eu me integrasse ao "Projeto Verão 2009". Os dois também são sedentários, mas mais preocupados que eu.
E uma noite que tinha tudo para ser regada a episódios já vistos de "Friends" e "Two and a Half Men" tornou-se um martírio fransciscano. Ganhamos uma semana grátis na academia perto de casa. Francamente, quem quer ganhar algo assim?! Presente de gosto duvidoso.
Fato resumido, tive que passar por todas aquelas máquinas infernais que faziam parte de um passado distante (sim, eu frequentei academias nos loucos anos 1990). O cheiro de suor nos colchões comidos, o calor do corroído metal nas mãos, o típico ambiente formado pelos ratos de pesos e moças que acham que são cobiçadas por todo mundo no local não se comparam ao infeliz sentimento de seus músculos queimando de dor em cada uma das intermináveis e já clássicas "3 séries de 15".
Três - com todo o respeito - o cacete! Elas mais pareciam uma progressão geométrica do inferno. Sádico, o bombado instrutor não fez questão alguma de diminuir as cargas. Pegou pesado mesmo, e enquanto eu cumpria o longo ritual, meus músculos pareciam se perguntar entre eles o por quê d'eu fazer aquilo. "Sério, estamos quietos no nosso canto. Por que mexer conosco?"
Ainda não sei a resposta. Ou seria o tal do "Projeto Verão 2009"? Não importa, pois a tréplica virá: esses mesmos músculos darão suas respostas no dia seguinte. E não será nada legal.
Não fizemos o alongamento no fim. Segundo o amável instrutor, há uma recente pesquisa na USP que mostrou que, em musculação, nada deve ser alongado, pois é "melhor assim." Fiz uma rápida pesquisa na web agora pouco e encontrei justamente o contrário. Como agora já é tarde para alongar, que me desculpem de novo: instrutor filho da puta!
Cansados, suados, destruídos, saímos de lá. Em nossas mentes, a sensação de dever cumprido. A endorfina começava agir, elevando nosso espírito. Fortes como nunca, deixamos o recinto certos de que o projeto começou da maneira apropriada. No pain, no gain, diriam os gringos. O prazer de realizar um exercício conseguiu compensar toda a dor que passamos? Não sei.
Mas o chopinho no boteco que paramos do lado de casa nunca esteve tão gelado.
Não procuro por exercícios. Admito que cheguei ao fundo do poço do ócio físico - e estou bem assim.
Não obstante, fui "raptado" por dois amigos-da-onça na última noite de segunda-feira. O objetivo: fazer com que eu me integrasse ao "Projeto Verão 2009". Os dois também são sedentários, mas mais preocupados que eu.
E uma noite que tinha tudo para ser regada a episódios já vistos de "Friends" e "Two and a Half Men" tornou-se um martírio fransciscano. Ganhamos uma semana grátis na academia perto de casa. Francamente, quem quer ganhar algo assim?! Presente de gosto duvidoso.
Fato resumido, tive que passar por todas aquelas máquinas infernais que faziam parte de um passado distante (sim, eu frequentei academias nos loucos anos 1990). O cheiro de suor nos colchões comidos, o calor do corroído metal nas mãos, o típico ambiente formado pelos ratos de pesos e moças que acham que são cobiçadas por todo mundo no local não se comparam ao infeliz sentimento de seus músculos queimando de dor em cada uma das intermináveis e já clássicas "3 séries de 15".
Três - com todo o respeito - o cacete! Elas mais pareciam uma progressão geométrica do inferno. Sádico, o bombado instrutor não fez questão alguma de diminuir as cargas. Pegou pesado mesmo, e enquanto eu cumpria o longo ritual, meus músculos pareciam se perguntar entre eles o por quê d'eu fazer aquilo. "Sério, estamos quietos no nosso canto. Por que mexer conosco?"
Ainda não sei a resposta. Ou seria o tal do "Projeto Verão 2009"? Não importa, pois a tréplica virá: esses mesmos músculos darão suas respostas no dia seguinte. E não será nada legal.
Não fizemos o alongamento no fim. Segundo o amável instrutor, há uma recente pesquisa na USP que mostrou que, em musculação, nada deve ser alongado, pois é "melhor assim." Fiz uma rápida pesquisa na web agora pouco e encontrei justamente o contrário. Como agora já é tarde para alongar, que me desculpem de novo: instrutor filho da puta!
Cansados, suados, destruídos, saímos de lá. Em nossas mentes, a sensação de dever cumprido. A endorfina começava agir, elevando nosso espírito. Fortes como nunca, deixamos o recinto certos de que o projeto começou da maneira apropriada. No pain, no gain, diriam os gringos. O prazer de realizar um exercício conseguiu compensar toda a dor que passamos? Não sei.
Mas o chopinho no boteco que paramos do lado de casa nunca esteve tão gelado.
Final de livro
Nada como viagens literárias de vez em quando. Enquanto não sai tempo e disposição pra um livro, por que não imaginar como seria o final de um?
Ela saiu tão rápido como chegou. Seus olhos, brilhavam de tristeza ao constatar que aquela era a melhor alternativa diante de tanta felicidade. Escrevendo em sua mente, os capítulos daquele romance pareciam não ter um desfecho significante; ao mesmo tempo, lágrimas de incertezas salgavam-lhe o corroído julgamento.
Ela chegou da mesma maneira que se foi. Sofrida, suada, sentida. Saiu sentindo sede, somente sustos cercavam seu semblante. Sabendo sorrir, se fingiu de feliz. Sórdida, dissimulada. Se saiu bem sucedida, cega perante ao que se passava no Sertão.
E ela amou como poderia amar.
E ela correu de quem pôde, mas seus próprios pensamentos de perto não saíam.
Ela pensou em tudo. Mas não pensou em nada que estivesse dentro do tudo que já não era nada pra ela. Teve o mundo em suas mãos, ficou com muito mais.
Valente, escondeu com toda força suas feições. O quanto pôde, ao menos. Sabia que sairia chorando, mas não se sabe o que fez. Por dentro, cicatrizes também sentiam o poder de sua decisão. Amarga, a paixão era tão vergonhosa quanto aquele lindo sorriso que, teimosamente, de sua face não corria.
Ele, morreu como poderia. Sem tragédia, sem tramóia, sem trajeto. Por dentro, custavam caro suas decisões. Por fora, barganhava seu sorriso por pouco, muito pouco. Acabou que saiu de graça, algo que de graça não teve nada.
Ela saiu tão rápido como chegou. Seus olhos, brilhavam de tristeza ao constatar que aquela era a melhor alternativa diante de tanta felicidade. Escrevendo em sua mente, os capítulos daquele romance pareciam não ter um desfecho significante; ao mesmo tempo, lágrimas de incertezas salgavam-lhe o corroído julgamento.
Ela chegou da mesma maneira que se foi. Sofrida, suada, sentida. Saiu sentindo sede, somente sustos cercavam seu semblante. Sabendo sorrir, se fingiu de feliz. Sórdida, dissimulada. Se saiu bem sucedida, cega perante ao que se passava no Sertão.
E ela amou como poderia amar.
E ela correu de quem pôde, mas seus próprios pensamentos de perto não saíam.
Ela pensou em tudo. Mas não pensou em nada que estivesse dentro do tudo que já não era nada pra ela. Teve o mundo em suas mãos, ficou com muito mais.
Valente, escondeu com toda força suas feições. O quanto pôde, ao menos. Sabia que sairia chorando, mas não se sabe o que fez. Por dentro, cicatrizes também sentiam o poder de sua decisão. Amarga, a paixão era tão vergonhosa quanto aquele lindo sorriso que, teimosamente, de sua face não corria.
Ele, morreu como poderia. Sem tragédia, sem tramóia, sem trajeto. Por dentro, custavam caro suas decisões. Por fora, barganhava seu sorriso por pouco, muito pouco. Acabou que saiu de graça, algo que de graça não teve nada.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
As imperfeições dessa vida
Antes de começar: recomendo ler o texto ouvindo a música acima. Não se preocupe com imagens, apenas dê o play e comece a ler.
Os que me conhecem bem sabem o quanto gosto de ouvir músicas do Elvis. Mas somente poucos tiveram a oportunidade de ouvir Elvis do jeito que eu gosto: procurando as imperfeições.
Talvez pareça incongruente (ou não), mas é atrás das imperfeições que estamos nessa vida. O certinho é chato, o impecável é boring, o cristalino é irritante. Nos apaixonamos pelos pequenos erros dessa vida, ou os pecadilhos, como muitos mencionam por aí. Aquelas peculiaridades que nos tornam únicos, incorretos, irresistivelmente especiais.
É assim que escuto as músicas do Elvis. Lendo a interpretação que ele coloca nas letras, procurando pelo ar renovado, pelo silêncio de um acorde. Raramente vou a encontros onde habitam fanáticos travestidos de Elvis, com óculos, macacão e costeletas que mais parecem trazidas diretamente de 1969. Alguns desses fãs já criticaram a minha ausência constante (há pelo menos cinco anos não dou as caras). Não posso culpá-los, mas jamais mudarei.
Assim como tenho minha maneira de me relacionar com Deus, também escutar o vasto repertório de Presley no meu próprio quadrado. Uma espécie de meditação musical, em que presto atenção em detalhes normalmente ignorados. O baixo, os violinos, os metais, o coral e, claro, a voz. A forma como tudo era gravado ao vivo, ali, sem grandes edições, mantendo a essência da coisa. Elvis buscando o fôlego para um novo verso, uma flauta estrategicamente harmoniosa com um jogo de vozes. O arranjo do piano que tanto sincroniza o ritmo do cantor com o resto da banda. E por aí vai...Uma viagem musical da qual não me canso. Um retiro espiritual que me faz bem, me renova e me faz um eterno apaixonado pela música.
Acredito que o mesmo vale para a vida. Afinal, se Deus está nos detalhes, é lá que devemos achar o que de melhor existe na vida. São as pequenas imperfeições que nos fazem vivos. Que nos lembram o quão incrível é ser humano, um indivíduo absolutamente único, com um universo tão complexo e rico que assusta e encanta ao mesmo tempo.
Por fim, um dos exemplos desse meu pensamento está na canção que - imagino - você está ouvindo agora, em destaque no começo do post: Early Morning Rain, de 1971. Reparou nos violões, no cuidado e nervosismo de Elvis se preocupar em colocar de forma cuidadosa a voz em uma música de tom tão grave? E na gaita, que entra de forma perfeita em momentos precisos, muitas vezes junto com o coral com músicos de fundo, que sabe acolher os demais instrumentos de forma suave e incrível?
Não? Então ouça de novo. Tenho certeza de que, agora, você vai ouvir a música de outra maneira.
Talvez pareça incongruente (ou não), mas é atrás das imperfeições que estamos nessa vida. O certinho é chato, o impecável é boring, o cristalino é irritante. Nos apaixonamos pelos pequenos erros dessa vida, ou os pecadilhos, como muitos mencionam por aí. Aquelas peculiaridades que nos tornam únicos, incorretos, irresistivelmente especiais.
É assim que escuto as músicas do Elvis. Lendo a interpretação que ele coloca nas letras, procurando pelo ar renovado, pelo silêncio de um acorde. Raramente vou a encontros onde habitam fanáticos travestidos de Elvis, com óculos, macacão e costeletas que mais parecem trazidas diretamente de 1969. Alguns desses fãs já criticaram a minha ausência constante (há pelo menos cinco anos não dou as caras). Não posso culpá-los, mas jamais mudarei.
Assim como tenho minha maneira de me relacionar com Deus, também escutar o vasto repertório de Presley no meu próprio quadrado. Uma espécie de meditação musical, em que presto atenção em detalhes normalmente ignorados. O baixo, os violinos, os metais, o coral e, claro, a voz. A forma como tudo era gravado ao vivo, ali, sem grandes edições, mantendo a essência da coisa. Elvis buscando o fôlego para um novo verso, uma flauta estrategicamente harmoniosa com um jogo de vozes. O arranjo do piano que tanto sincroniza o ritmo do cantor com o resto da banda. E por aí vai...Uma viagem musical da qual não me canso. Um retiro espiritual que me faz bem, me renova e me faz um eterno apaixonado pela música.
Acredito que o mesmo vale para a vida. Afinal, se Deus está nos detalhes, é lá que devemos achar o que de melhor existe na vida. São as pequenas imperfeições que nos fazem vivos. Que nos lembram o quão incrível é ser humano, um indivíduo absolutamente único, com um universo tão complexo e rico que assusta e encanta ao mesmo tempo.
Por fim, um dos exemplos desse meu pensamento está na canção que - imagino - você está ouvindo agora, em destaque no começo do post: Early Morning Rain, de 1971. Reparou nos violões, no cuidado e nervosismo de Elvis se preocupar em colocar de forma cuidadosa a voz em uma música de tom tão grave? E na gaita, que entra de forma perfeita em momentos precisos, muitas vezes junto com o coral com músicos de fundo, que sabe acolher os demais instrumentos de forma suave e incrível?
Não? Então ouça de novo. Tenho certeza de que, agora, você vai ouvir a música de outra maneira.
domingo, 2 de novembro de 2008
Essa foi difícil
Nota rápida: todo mundo, no fundo, já esperava que Hamilton levasse o caneco. Mas, da forma como foi, doeu. Eu, que torci tanto para a chuva chegar, jamais o teria feito se soubesse desse desfecho. Ficasse monótona como estava a corrida, que seria melhor. O fim foi cruel.
Nota rápida: todo mundo, no fundo, já esperava que Hamilton levasse o caneco. Mas, da forma como foi, doeu. Eu, que torci tanto para a chuva chegar, jamais o teria feito se soubesse desse desfecho. Ficasse monótona como estava a corrida, que seria melhor. O fim foi cruel.
sábado, 1 de novembro de 2008
A cruel análise da Futurecom e mais sobre assessores de imprensa
Confesso que passei os últimos dias pensando qual seria o post seguinte ao do mundo RP, que gerou tanta polêmica e bateu o recorde de comentários. Afinal, fica a vontade de que as pessoas se interessem da mesma maneira. Já tinha alguns posts prontos, mas os deixei na gaveta para seguir em um assunto similar e fechar - pelo menos por algum tempo - esse assunto.
Semana passada terminou a Futurecom, feira de telecom e tecnologia que eu comentei aqui rapidamente há dois ou três posts. Um ambiente terrível, se me permitem dizer. Freqüento a Futurecom desde 2005, sendo a segunda vez pela Nokia. O local da feira mudou (nos outros anos, foi em Florianópolis e agora foi no Expo Transamérica, em SP), mas o sentimento continua o mesmo.
A foto acima foi tirada na Sala de Imprensa do local, apenas para servir como tema para este post, que já vinha sendo elaborado desde lá. Antesala, sendo mais preciso. Já que no local existe um espaço para os assessores de imprensa (jornalistas? RPs??) e uma sala exclusiva para jornalistas que trabalham em redação. O detalhe mágico: para chegar à sala dos jornalistas, é necessário atravessar toda a sala dos assessores.
E aí já viu, né? Basta aparecer alguém com o crachá com a cor de imprensa (verde, se não me engano) que os assessores partem para cima dele(a) como abutres em cima de cadáveres. E o detalhe do crachá é fulminante. As pessoas não se olham nos olhos. Dirigem-se primeiro aos crachás. Para qual veículo você escreve, que empresa está representando, qual a sua "categoria". Uma espécie de coleira corporativa.
Sempre saio de feiras como a Futurecom acabado e abalado. E não só fisicamente (algo plausível pelo fato de andarmos todos os dias e comermos muito mal). O abalo maior é emocional mesmo. Aquela antesala de assessores mais parece a antesala do inferno. É possível sentir uma atmosfera pesada, um clima ruim, quando entramos ali e vemos dezenas de assessores sentados, sem ter o que fazer, esperando suas caças passarem em busca de um computador ou uma mesa para escrever seus textos.
Se fosse possível, veríamos nuvens negras pairando sobre a cabeça de vários.
Sinto mais pelos assessores de pequenas empresas. Note-se: muitas vezes pequenas no estande e nas ações no país, mas enormes nas cobranças para o pobre assessor. Daí vem a má fama dos que tentam a qualquer custo colocar a Cabelereiros Dalva* na Gazeta Mercantil ou emplacar a líder mundial em semi-condutores para geladeiras vermelhas na capa da Veja só porque o diretor de marketing está no Brasil.
Para conseguir isso, perseguem os jornalistas, fingem simpatia, ligam, retornam, correm e, se necessário, fazem malabarismo no semáforo. Lamentável.
Na edição do ano passado, uma jornalista do Valor Econômico correu quando me viu - na direção contrária. Isso mesmo, correu. Ela nunca terá idéia de como aquilo me abalou.
Felizmente, essa desgraça corporativa só acontece uma vez por ano. Felizmente, meu cliente entende que essas táticas citadas, nem de longe, são a melhor estratégia para conseguir um espaço na mídia. Felizmente, tudo já acabou e eu posso me respeitar de novo.
Infelizmente, ano que vem tem outra - e é provável que eu esteja lá.
*Crédito de Robson Melendre
Semana passada terminou a Futurecom, feira de telecom e tecnologia que eu comentei aqui rapidamente há dois ou três posts. Um ambiente terrível, se me permitem dizer. Freqüento a Futurecom desde 2005, sendo a segunda vez pela Nokia. O local da feira mudou (nos outros anos, foi em Florianópolis e agora foi no Expo Transamérica, em SP), mas o sentimento continua o mesmo.
A foto acima foi tirada na Sala de Imprensa do local, apenas para servir como tema para este post, que já vinha sendo elaborado desde lá. Antesala, sendo mais preciso. Já que no local existe um espaço para os assessores de imprensa (jornalistas? RPs??) e uma sala exclusiva para jornalistas que trabalham em redação. O detalhe mágico: para chegar à sala dos jornalistas, é necessário atravessar toda a sala dos assessores.
E aí já viu, né? Basta aparecer alguém com o crachá com a cor de imprensa (verde, se não me engano) que os assessores partem para cima dele(a) como abutres em cima de cadáveres. E o detalhe do crachá é fulminante. As pessoas não se olham nos olhos. Dirigem-se primeiro aos crachás. Para qual veículo você escreve, que empresa está representando, qual a sua "categoria". Uma espécie de coleira corporativa.
Sempre saio de feiras como a Futurecom acabado e abalado. E não só fisicamente (algo plausível pelo fato de andarmos todos os dias e comermos muito mal). O abalo maior é emocional mesmo. Aquela antesala de assessores mais parece a antesala do inferno. É possível sentir uma atmosfera pesada, um clima ruim, quando entramos ali e vemos dezenas de assessores sentados, sem ter o que fazer, esperando suas caças passarem em busca de um computador ou uma mesa para escrever seus textos.
Se fosse possível, veríamos nuvens negras pairando sobre a cabeça de vários.
Sinto mais pelos assessores de pequenas empresas. Note-se: muitas vezes pequenas no estande e nas ações no país, mas enormes nas cobranças para o pobre assessor. Daí vem a má fama dos que tentam a qualquer custo colocar a Cabelereiros Dalva* na Gazeta Mercantil ou emplacar a líder mundial em semi-condutores para geladeiras vermelhas na capa da Veja só porque o diretor de marketing está no Brasil.
Para conseguir isso, perseguem os jornalistas, fingem simpatia, ligam, retornam, correm e, se necessário, fazem malabarismo no semáforo. Lamentável.
Na edição do ano passado, uma jornalista do Valor Econômico correu quando me viu - na direção contrária. Isso mesmo, correu. Ela nunca terá idéia de como aquilo me abalou.
Felizmente, essa desgraça corporativa só acontece uma vez por ano. Felizmente, meu cliente entende que essas táticas citadas, nem de longe, são a melhor estratégia para conseguir um espaço na mídia. Felizmente, tudo já acabou e eu posso me respeitar de novo.
Infelizmente, ano que vem tem outra - e é provável que eu esteja lá.
*Crédito de Robson Melendre
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
As dificuldades de um jornalista ao explicar que trabalha em RP
SITUAÇÃO 1:
- Mas então querido, me conta: o que é que você faz mesmo?
- Eu sou jornalista, tia.
- (fazendo cara de madame) Ah, que chique! E você trabalha em algum jornal ?
- Não, eu trabalho em uma assessoria de imprensa.
- Em uma o quê?
- Uma assessoria de imprensa. É uma agência de relações públicas. Nós ajudamos os jornalistas a publicar matérias e temos clientes que querem estar lá.
- (pensativa, depois mostrando falso conhecimento) Sei...sei .
- Por exemplo: meu cliente é a Nokia. Então, eu mando notícias da Nokia e sai no jornal aquela notícia.
- (esclarecida, depois bicando o café ao lado do bolo) Ah, então é publicidade, entendi.
- Não, não. Não tem nada a ver com anúncio. Nós mandamos textos para os jornalistas e eles usam as informações nas matérias deles.
- (limpando o dente com a lingua) Tá... . E, por exemplo, quanto vocês pagam por uma matéria que sai na capa?
- Não tem preço, tia. Nós mandamos as informações e ele usa como quer.
- (chocada) E como vocês ganham dinheiro então?
- O cliente paga a gente pra fazer isso.
- (resignada) Tá, entendi, querido. Quer mais bolo?
Quem aqui nunca encontrou aquela tia simples, do interior, que quer tanto saber o que o sobrinho amado está fazendo da vida depois de ficar sem vê-lo desde a infância? Em que se formou, onde trabalha, e por aí vai? Pois bem, eis dois diálogos típicos desses momentos:
SITUAÇÃO 1:
- Mas então querido, me conta: o que é que você faz mesmo?
- Eu sou jornalista, tia.
- (fazendo cara de madame) Ah, que chique! E você trabalha em algum jornal ?
- Não, eu trabalho em uma assessoria de imprensa.
- Em uma o quê?
- Uma assessoria de imprensa. É uma agência de relações públicas. Nós ajudamos os jornalistas a publicar matérias e temos clientes que querem estar lá.
- (pensativa, depois mostrando falso conhecimento) Sei...sei .
- Por exemplo: meu cliente é a Nokia. Então, eu mando notícias da Nokia e sai no jornal aquela notícia.
- (esclarecida, depois bicando o café ao lado do bolo) Ah, então é publicidade, entendi.
- Não, não. Não tem nada a ver com anúncio. Nós mandamos textos para os jornalistas e eles usam as informações nas matérias deles.
- (limpando o dente com a lingua) Tá... . E, por exemplo, quanto vocês pagam por uma matéria que sai na capa?
- Não tem preço, tia. Nós mandamos as informações e ele usa como quer.
- (chocada) E como vocês ganham dinheiro então?
- O cliente paga a gente pra fazer isso.
- (resignada) Tá, entendi, querido. Quer mais bolo?
SITUAÇÃO 2:
- Pois é meu garoto, fiquei sabendo que tu és jornalista!
- É, tio, pois é!
- (orgulhoso) Você viu só o Luisinho, Lurdes. Virou jornalista! E você é repórter?
- Não, não. Eu sou RP.
- (surpreso) Erre o quê?
- RP.
- E o que é isso?
- Relações públicas.
- (perdido) Ah então você mexe com coisa do governo.
- Não, não. RP trabalha em uma agência de comunicação.
- Tá. É propaganda, essas coisas de computador?
- Não, a gente coordena as ações de comunicação externa de um cliente.
- (resignado) Sei, sei...Então você mudou de área?
- Não, não mudei. Trabalho com comunicação ainda, em uma assessoria de imprensa a gente lida com jornalistas o tempo to...
- (curioso) Mas e aí, já casou?!
(Com contribuição do amigo Fernando Thuler)
- É, tio, pois é!
- (orgulhoso) Você viu só o Luisinho, Lurdes. Virou jornalista! E você é repórter?
- Não, não. Eu sou RP.
- (surpreso) Erre o quê?
- RP.
- E o que é isso?
- Relações públicas.
- (perdido) Ah então você mexe com coisa do governo.
- Não, não. RP trabalha em uma agência de comunicação.
- Tá. É propaganda, essas coisas de computador?
- Não, a gente coordena as ações de comunicação externa de um cliente.
- (resignado) Sei, sei...Então você mudou de área?
- Não, não mudei. Trabalho com comunicação ainda, em uma assessoria de imprensa a gente lida com jornalistas o tempo to...
- (curioso) Mas e aí, já casou?!
(Com contribuição do amigo Fernando Thuler)
Assinar:
Postagens (Atom)